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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola de Belas Artes - Artes Cênicas (Indumentária)


História da Arte (Zero)
Luana de Paula Linhares Marques
Matrícula: 122138919
Período: 2022.2

“Os edifícios gregos, apesar de belos, raramente eram construídos com o objetivo de
acomodar uma grande multidão sob o seu teto; mesmo os templos eram considerados moradas
dos deuses, e não locais de agrupamento dos fiéis. Se os romanos transformaram-se num
‘povo de interiores’ devido ao clima [...], ou se o simples tamanho da população tornava
necessários os edifícios administrativos e locais de encontro, o fato é que os modelos gregos,
embora muito admirados, deixaram de ser suficientes”.
JANSON, Anthony; JANSON, H.W. Arte romana. In: Iniciação à história da arte. Trad.
Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

Discuta as relações e diferenças entre as arquiteturas grega e romana a partir da citação acima,
considerando seus aspectos sociais, culturais e estéticos. Exemplifique com obras das
respectivas civilizações.
É possível estabelecer muitos paralelos entre a arquitetura grega e romana. Diversas
linhas se cruzam, entrelaçam e se separam ao analisar as criações e influências dessas
civilizações, e as diferenças gritantes nos mostram, com clareza, duas imagens distintas e
individuais, cada uma com suas intenções, valores, ideais e tradições.

Na cultura grega, sempre foi muito forte o ideal de perfeição. A busca pelo belo e pelo
simétrico era altamente valorizada, algo que refletiu em suas construções. Os templos eram
extremamente e intencionalmente parecidos, todos seguindo uma garantida simetria, como
mostra a seguinte planta de um exemplo de templo grego:

Tal característica pode ser vista nas três ordens arquitetônicas, - termo usado somente
para se referir às ordens gregas, visto que apenas nesse período e local é possível observar
tamanha padronização de construções em questão de número de elementos e, até mesmo, das
relações entre um elemento e outro, as quais permaneciam-se constantes - que seriam Dórica,
Jônica e Coríntia.

Da mais simples para a mais ornamentada, tais ordens contavam com colunas com
caneluras que suportavam os templos gregos. Sendo uma das criações mais notáveis da
civilização grega, foi também utilizada pelos romanos em diversas construções. Um exemplo
dessa relação é o próprio Coliseu, que conta com três fileiras de meias-colunas gregas das três
ordens em toda a sua circunferência, além de também utilizar cortinas gregas em toda a
construção. Podemos citar, também, o Palácio de Diocleciano, que traz uma inovação que liga
as duas civilizações: uma estrutura com arcos ligados às colunas gregas. Os arcos triunfais
romanos também representam uma influência grega, visto que possuíam colunas gregas
emoldurando a parte frontal da construção.

Entretanto, em tais construções romanas, as colunas gregas, apesar de serem


elementos imprescindíveis, valiam apenas para a estética dos edifícios, já que, se fossem
retiradas, a estrutura permaneceria. A finalidade das colunas gregas havia mudado na
civilização romana, deixando de ser suportes para os templos, e passando a unicamente
embelezar essas criações.

A criação do arco e do sistema de abóbadas pelos romanos foi essencial para as mais
importantes construções do período, e também para as principais características da
civilização. O Panteão, templo para todos os deuses, por exemplo, é um espaço coberto, com
o teto abobadado e capaz de abrigar um grande número de pessoas. No seu interior, o espaço
parece ainda maior, devido à doma que cobre a construção, ainda deixando luz solar entrar, e
aos nichos presentes nas paredes, que dão uma forte impressão de leveza e delicadeza. É um
interior surpreendentemente harmonioso e espaçoso, justamente devido ao uso estratégico dos
elementos citados. Tais características - as quais foram planejadas por Vitrúvio no século
anterior, destinando-se às casas de banho - não são vistas nas construções gregas, que, devido
ao formato meticulosamente padronizado e à disposição das colunas, pode dar impressão de
algo pesado, como a Basílica em Pesto, devido ao modo em que as colunas foram
introduzidas e como elas se relacionam com os outros elementos da construção. Entretanto, os
gregos não possuíam a intenção romana de receber centenas de pessoas ao mesmo tempo, já
que a maioria das celebrações aconteciam ao ar livre, na frente do templo.

Com base nessas relações, é possível concluir que a civilização grega foi responsável
por diversas criações que influenciaram fortemente a civilização romana. Os romanos, que
foram os primeiros a dominar a engenharia civil com tamanha maestria, por diversas vezes
utilizaram conceitos e construções criadas por gregos para cumprirem suas próprias vontades,
baseando-se nos seus próprios valores. E, assim, inovações foram feitas por ambas
civilizações, que continuam influenciando nossa arquitetura até os dias de hoje.

REFERÊNCIAS

● JANSON, Anthony; JANSON, H.W. Iniciação à história da arte. Trad. Jefferson Luiz
Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
● WOLFFLIN, Heinrich. Conceitos Fundamentais da História da Arte. Trad. João Azenha
Junior. São Paulo: Martins Fontes, 2000
● GOMBRICH, E.H. A história da arte. Trad. Álvaro Cabral, Rio de Janeiro: LTC, 1999.

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