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A Visão Reformada dos Primeiros Capítulos de

Gênesis.
Por: João Ricardo Ferreira de França. 1
jrcalvino9@gmail.com /jrcalvino9@hotmail.com
jrcalvino9@yahoo.com.br
Introdução:
O que há de tão especial neste assunto? O que este assunto significa
para a igreja em nossos dias? È difícil para a teologia moderna considerar
este assunto. Deixe-me sugerir porque penso que este assunto é realmente
importante para nós hoje.
Primeiro porque tenho percebido que a nossa geração de teólogos
modernos não se preocupa com o Antigo Testamento e consequentemente
não refletem sobre este tema. Estamos ainda vivendo um período de
incertezas quanto aos relatos do Gênesis.
A segunda razão é que a ciência e a teologia parecem ainda estar em
conflitos permanentes, embora, considere que são alguns homens de
ciência que estão em conflito com a Bíblia.
A terceira razão para este estudo é o fato de que os liberais ainda
continuam exercendo certa dose de influência em muitos círculos
acadêmicos de nossa época. Percebo isso pelo amplo acervo de livros de
cunho liberal sendo publicados nestes últimos anos. E muitos estudantes
de teologia conseguem absorver esse erro de forma mais fácil que a
própria verdade, isso é compreensível, pois, é mais uma prova de que a
depravação total é uma doutrina eminentemente bíblica.
A quarta razão para a existência deste estudo está no fato de que os
primeiros capítulos do Gênesis são vistos como sendo uma visão mítica do
povo judeu. Nada do que está registrado nestes capítulos, segundo os
eruditos pós-modernos, devem ser vistos como uma narrativa histórica e
verdadeira, pois, segundo eles, são apenas mitos antigos.
Por que estudar isso? A minha última resposta seria que os
primeiros capítulos do Gênesis são toda a base de uma teologia sadia. Só
se pode teologar tendo como base estes primeiros capítulos do Gênesis.
Este estudo é uma brevíssima introdução a este assunto tão cativante; e,
por falta de espaço não vamos abordar tudo o que se conhece sobre isso, o
meu desejo é que Deus use este estudo para que muitos possam apegar-se
ao Antigo Testamento com afinco e vê-lo como Palavra Infalível e Inerrante
Revelada por Deus.
O autor:
João Ricardo Ferreira de França.
Recife, 22 de junho de 2007

1
O Autor é membro da Igreja Presbiteriana do Brasil, atualmente lidera a Congregação Presbiteriana da
Sagrada Herança Reformada em Piedade – Jaboatão dos Guararapes.
I – A BASE DA REVELAÇÃO DE DEUS ESTÁ NOS PRIMEIROS
CAPÍTULOS DO GÊNESIS.

N.T

PROFETAS ESCRITOS

A LEI

Precisamos levar em consideração tal assunto a respeito dos


primeiros capítulos do Gênesis, isto porque toda a lei, é, em última
instância a base da revelação de Deus. Há uma consideração peculiar que
necessitamos fazer sobre este assunto. Quando olhamos para a figura da
pirâmide acima vemos que a Lei está na base. E ao estar nesta posição não
significa que ela seja inferior, mas significa que ela é essencial é
necessária.
Vivemos em uma época em que o dispensacionalismo2tem deflagrado
uma guerra contra a Lei de Deus, e muitos evangélicos têm abraçado esta
concepção. E talvez não considerem este assunto edificante e importante
para a igreja moderna.
A questão que levantamos é a seguinte se a Lei é a base de toda a
revelação de Deus, e se há algo nesta Lei que não é verdadeiro ou atual,
então toda a revelação de Deus está condenada. Então, a Bíblia não pode
ser confiável. Note bem, se dissermos que há certas partes na Bíblia que
não é verdade, então não temos uma Bíblia – temos um livro qualquer sem
nenhum valor.

2
O dispensacionalismo é o ensino de que há sete dispensações nas quais o homem é testado sucessivamente
para alcançar o favor de Deus quanto a salvação; é um sistema teológico que foi desenvolvido por John
Nelson Darby em 1830 e considera a Lei como já passada que não possui nenhuma aplicabilidade para a vida
da igreja hoje.
Os eruditos do liberalismo teológico3 acham que devem interpretar a
Bíblia conforme as suas regras racionalistas, e pensam que devem
conformar a Bíblia aos seus padrões puramente humanos.
Como devemos encarar os registros de Gênesis? Os liberais insistem
em dizer que os relatos são puramente mitos antigos. Alguém pode dizer
como? Será isso possível? A nossa resposta é um ressonante Não.
Os eruditos que adotam o método histórico-crítico defendem que o
livro em questão é uma produção mítica onde o politeísmo primitivo de
Israel é evidente, todavia, temos evidências contrárias a isso. Dois grandes
eruditos em Antigo Testamento, que adotam o método histórico-crítico,
disseram que “não existe em Israel nenhum mito que seja conhecido em
sua totalidade ou por referência a ele. Parece que Israel não produziu
nenhum mito, embora tivesse condições para isto, e não menos que os
outros povos do Antigo Oriente”.4 Então, tal perspectiva deve ser rejeitada.

A Lei é a base de tudo5. Por quê? Porque na concepção Reformada


existe um progresso na revelação de Deus, e, este progresso tem como
finalidade alcançar um clímax singular que é a Plena revelação de Cristo
Jesus.
Dentro do processo revelacional podemos perceber que Deus vem se
revelando ao longo da história como redentor de seu povo e que tem uma
mensagem específica para este mesmo povo. Este processo pode ser visto
da seguinte maneira:

Vemos assim um progresso onde o Novo Testamento é o clímax de


toda a revelação de Deus que nasce em Gênesis. A lei é a base para o
Novo Testamento. É exatamente isso que Cristo nos diz em Mateus 5.43-
44. O ensino sobre o amor ao próximo não algo exclusivo do Novo
Testamento, como alguns têm pensado, e nem é fruto do ensino de Cristo
somente, mas este ensino encontra a sua raiz no Pentateuco no livro de
Levítico 19.18.
Diante disso surge-nos uma outra questão: Quem deve interpretar o
Antigo Testamento? Os liberais? Os conservadores? Os neo-ortodoxos? A
resposta para isso é que a verdadeira e correta interpretação do Antigo
Testamento é o Novo Testamento. O principio reformado de interpretação
é “a Escritura interpreta a própria Escritura”.6 Vejamos alguns exemplos:
3
Para uma apresentação simples, clara e refutacional do Liberalismo Teológico recomendamos a leitura do
Livro “Modernismo e Inerrância Bíblica” do Dr. Brain Shwertley da Editora Os Puritanos.
4
George Föhrer & E.Sellin, Introdução ao Antigo Testamento, Vol.1, São Paulo: Edições Paulinas,1977.
5
Por Lei de Deus neste momento entendemos o Pentateuco.
6
Confissão de Fé de Westminster, Capítulo I seção 9.
Gênesis 12.1-3 Gálatas 3.5-8.

Romanos 1.16-17 Habacuque 2.4; Gênesis 15.6.

Essa deve ser a nossa regra de hermenêutica com relação aos


primeiros capítulos de Gênesis como de toda a Bíblia. No Gênesis temos
todas as verdades de Deus concernentes a salvação dos homens
pecadores. Se tudo começa lá como podemos negar a veracidade do que ali
está registrado?

II – O REGISTRO DA LEI É CONFESSIONAL OU REVELACIONAL?

Alguns eruditos modernos declaram que o “Gênesis é um livro


confessional, mas não é um livro que expõe a realidade”. O que isso
significa? O que se deve entender por revelação confessional? É aquela
compreensão de que os primeiro relatos do livro do Gênesis é mais uma
forma com a qual o homem decidiu contar as origens de todas as
coisas.Como os babilônios tinham a sua cosmologia (sua visão de como o
mundo foi criado), como os egípcios, os gregos com os seus mitos; do
mesmo modo, os judeus decidiram contar como ele vêem a criação , de
sorte que o muito do que está registrado no Gênesis – principalmente o
relato de Gênesis 17- tem um forte paralelo com os mitos babilônicos e isso
significa que os judeus adaptaram esses mitos (que supostamente são
mais antigos que os relatos bíblicos do Gênesis), e assim, a sua crença de
como o mundo foi criado.
Qual é a implicação disso? Isso significa que os registro do Gênesis
não são o que de fato de Deus revelou, mas são crenças peculiares de um
povo. Todavia, o entendimento reformado sobre essa questão é que os atos
registrados em todo o Antigo Testamento são revelacionais em sua
composição. O simples ato da criação é revelacional: Veja Romanos 1.18-
20.

Todos os atributos apontam para a manifestação do caráter do


criador. Quando se fala do “poder de Deus” aqui se testifica que apenas
um ser poderoso poderia criar o mundo como o concebemos.
E o termo “sua divindade” é usado no texto para indicar a natureza
divina, pois, o termo grego “theiotes” qeiothj aponta para a revelação do

7
Quanto a essa questão ver meus artigos sobre o primeiro capítulo do Gênesis.
próprio ser de Deus. Esta linguagem paulina encontra apoio no texto de
Salmos 19.1-4.
O que faz os céus? “proclamam a glória de Deus”, o verbo proclamar
no hebraico é “mesaperim” ~yriPe.s;)m.e este verbo tem o sentido de “narrar”,
“contar com exatidão”, “revelar”, “pregar”, “ser selecionado e destinado
para contar algo”. A criação é o canal no qual Deus se apresenta diante
dos homens como sendo o criador de tudo o que existe. Neste sentido
podemos dizer, sem sombra de dúvida, que a criação é puramente
revelacional. Ela não está vinculada a uma crença peculiar do judaísmo
sobre a origem de todas as coisas. Antes de tudo é a própria revelação de
Deus.
Por que é importante refletirmos sobre isso? É porque toda a nossa
teologia depende de como nós encaramos os primeiros registros de
Gênesis. Uma teologia que não leva em consideração a historicidade dos
registros de Gênesis não deve ser chamada adequadamente de teologia.

III – CONSIDERANDO ALGUMAS PASSAGENS NO GÊNESIS.

Estudando o livro do Gênesis percebemos grandes verdades que


estão contidas ali. Nos mitos babilônios e egípcios temos uma criação
realizada ou feita sem algum propósito, a criação do mundo é resultado de
intrigas entres os seres divinizados.
Mas no relato do Gênesis há uma harmonia entre as Pessoas da
Trindade que decidiram criar o mundo. No primeiro capítulo temos Deus
criando tudo para ser habitado. Veja abaixo:

Os Céus para os corpos celestes:


Sol, Lua, Estrelas.
Os mares são criados para a
habitação dos seres marinhos:
Peixes, algas, todos os que são
aquáticos.
A terra é a habitação do homem:
O homem deve gerar filhos para
povoar a. terra
Os filhos que o homem deve trazer a existência, por meio da geração,
devem adorar a Deus. A terra deve ser povoada por uma geração santa que
viverá para a glória de Deus. A criação, como um todo, deve glorificar a
Deus.
Mas há algo fundamental em Gênesis 1 é o fato de que a criação aos
olhos do Criador é muito boa. Nada é imperfeito. Tudo tem o seu lugar no
mundo criado por Deus. Há uma ordem no cosmos. Essa exatidão do
registro bíblico incomoda alguns homens de ciências. Incomoda
particularmente os evolucionistas, pois, eles alegam que tudo no início era
um caos e ficou tudo em ordem, e não o contrário. Eles não aceitam o
relato de Gênesis porque tal relato contradiz a “teoria da evolução”, o texto
do Gênesis revela a impotência e a fragilidade da evolução. Pois, neste
mesmo livro vemos a degeneração do homem, ou seja, a ordem tornando-
se desordem, é um conceito contrário ao da evolução. Isto significa que o
simples não gera o complexo. Tudo foi criado na mais perfeita harmonia.,
mas o homem pecou contra Deus e trouxe a desordem sobre o universo.
Outra verdade que precisamos considerar no relato de Gênesis é o
fato de que há três mandados divinos8 para a criatura que fizera. Estes
mandados perduram até o dia de hoje e isto significa que tais capítulos
são narrativas históricas e verdadeiras. Quais são estes mandados?
Vejamos:

1 – O Mandado Cultural: Se fizermos uma comparação entre


Gênesis 2.15 e 1.26,28 perceberemos no que consiste este mandato. A
base da cultura estava ali presente, ou seja, tudo o que uma cultura
precisa para existir está presente aqui:
a) O Trabalho: “Adão deveria cultivar o jardim”.Isto nos ensina que o
trabalho não um resultado da queda como muitos têm pregado e ensinado
em nossos dias; comer com o suor do teu rosto mostra que o trabalho
depois da queda tornou-se algo fatigante, duro e espinhoso. O trabalho é
um mandado de Deus ao homem.
b) O exercício do Governo: O homem reflete a imagem de Deus na
criação, e tem sido considerado como vice-regente do mundo. A posição
real9 de Adão neste mundo aponta para o princípio do governo, a idéia de
domínio aqui não é de exploração, mas aqui está implícito o princípio da
mordomia. Governar não é pecaminoso, mas é honroso – Deus criou Adão
com o propósito deste governar o mundo.

2- O Mandado Social: Agora chamamos a atenção do leitor para


Gênesis 2.21-24 é aqui onde temos o nascedouro da sociedade. Temos a
estrutura familiar estabelecida. A família é ordenada em termos de um
desapegar-se e unir-se a outrem. Note como Gênesis coloca as coisas:
a) A criação da mulher tem como objetivo evitar a solidão de
Adão.
O princípio extraído aqui é que o homem não é uma ilha, isolada,
sozinha sem relação com outros. O companheirismo é algo que Deus
prima em sua criação – o casamento não deve ser uma prisão para os
solteiros, mas a liberdade da amizade e cumplicidade matrimonial.
b) Que esta relação é heterossexual.

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Alguns eruditos afirmam que estes mandados não devem ser considerados como tais, pois, estão em
linguagem de promessa e de benção. Todavia, isto não anula a concepção de mandados, já que tais mandados
podem ser considerados como fruto da benção divina para a humanidade criada. A linguagem real destes
termos deve ser tomada em conexão com o sistema pactual.
9
Um bom tratamento desenvolvido sobre o conceito real de Adão é oferecido em Gerard Van Gronigem no
livro “Revelação Messiânica no Antigo Testamento” da editora Cultura Cristã.
Aqui tem sido condenado o homossexualismo de forma muito clara.
Adão se une a sua mulher. E não a outro homem, nem mesmo uma
mulher se une a outra. Mas o que está escrito é que “macho e fêmea”.

c) É uma relação monogâmica.

Não temos aqui nenhuma indicação de que o homem deveria ter


mais de uma esposa, e nem a mulher mais de um esposo. Não há espaço
para a poligamia. Deus dá um extremo valor para com a família. E com
isso está nos dizendo que a sociedade deve valorizá-la porque somente
assim a sociedade pode ser sólida neste mundo.

3 – O Mandado Espiritual: Vamos considerar Gênesis 2.16-17. Aqui


somos introduzidos ao conceito de relação entre o homem e Deus por meio
de um pacto10.Deus é visto como sendo o Soberano (como de fato Ele o é)
que exige do homem uma observância das estipulações pactuais. Vejamos
o que está envolvido neste mandado espiritual:
a) A comunicação: Adão falava com Deus (Gn 3.8-10). Havia uma
comunicação entre a criatura com o Criador. A própria ordem de Deus
para não comer da árvore aponta para esta comunicação.

b) A Obediência a uma ordem: Em Gênesis 2.16 tem a expressão


“deu esta ordem” exige de Adão uma obediência e uma conformidade para
com a Lei de Deus expressa no pacto. O pacto envolvia vida e morte. O
certamente “morrerás” no versículo seguinte indica que a vida e morte se
relacionavam com o pacto.11Por isso, exigia-se da parte que estava
pactuando com Deus (no caso Adão) uma obediência inteira, exata e
perpetua.

c) Adoração: O mandado espiritual envolve a questão da adoração


oferecida ao criador. No inicio de tudo já podemos dizer isso. Em Gênesis
2.1-3 indica que Deus cria o sábado para ser o dia de adoração, este
sábado é um memorial da criação de Deus. O sábado é instituído como dia
de culto onde Adão e sua família deveria se deleitar.
Isto pode ser demonstrado pelo uso da anologia da fé. Em Êxodo
20.8-11 temos a expressão “Lembra-te”. Do quê? Do dia de sábado para o
santificar, o uso do verbo “lembrar” aqui nos reporta para Gênesis 2.1-3.
Isso porque o sétimo dia da semana está vinculado aos seis dias da
criação, logo, Adão adorava no mesmo dia que o povo da aliança – no
sábado do Senhor. Mas por que dizemos isso? Porque Hebreus 4.10 nos
indica isso de forma muito clara. A interpretação pode ser a seguinte:

10
O pacto aqui é conhecido notoriamente como sendo o pacto de obras, o qual Adão foi colocado como
representante e responsável para obedecer.
11
Para uma definição adequada do que seja pacto recomendamos a leitura do livro: “O Cristo dos Pactos” de
O.Palmer Robertson da editora Cultura Cristã.
É necessário notar que todos os mandados foram dados antes da
queda de Adão e Eva no pecado. Isto nos diz que eles são permanentes até
o dia de hoje e não podem ser negligenciados.
Consideremos agora de forma rápida Gênesis capítulo 3. A questão
fundamental a ser tratada é se a serpente é literal ou não. Como
interpretar este capítulo? Três propostas são oferecidas:
1) Simbolicamente.
2) Literalmente.
3) Alegoricamente.

Estas são três correntes de interpretação mais usadas em nossos


dias. Como interpretar? Se adotarmos o princípio do simbolismo, iremos
cair no erro de que o texto do Gênesis é confessional – como já vimos
acima o texto não pode ser confessional. Se adotarmos o princípio
alegórico, vamos transformar os relatos de Gênesis em puros mitos ou
sagas, e assim, teremos umas estórias sem significados. Portanto, nosso
entendimento é que a melhor forma de interpretar este capítulo é
literalmente. Este capítulo pode ser dividido em três seções básicas para
um entendimento geral:

A) O JUÍZO NO ÉDEN: O pecado de Adão e Eva tenta ocultar os


atributos de Deus que a própria criação revela. Adão deseja ser
igual a Deus(vs.5). Vejamos o resultado disso tudo:
1) A expulsão do Jardim vs.23
2) A separação do seu Criador vs.9-11
3) A serpente é culpada vs 14
4) A derrota certa de Satanás vs.15

B) A MISERICÓRDIA DE DEUS NO ÉDEN:

O que era para acontecer com Adão e sua esposa? Adão deveria ser
fulminado no momento em que pecou, deveria ser morto. Pois, ele pecou
contra o Deus Supremo.
1. Deus poderia ter feito com que Eva ficasse estéril, mas disse que
Ela teria filhos só que com muitas dores. O ter filhos era um sinal de que
haveria esperança de restauração (vs.16)
2. O homem e o trabalho tinham uma relação de dureza agora vs
17-19, Deus poderia ter tirado os meios com os quais Adão pudesse
extrair o seu pão, mas Deus que é rico em misericórdia não o fez.
C) A GRAÇA DE DEUS NO ÉDEN:

Adão foi salvo? Esta pergunta tem sido pertinente a um estudo


acurado sobre Gênesis capítulo 3. Olhando para os versículos 14-15 deste
texto. O entendimento da Teologia Reformada, por ser uma teologia
pactual, é que Adão e Eva foram salvos pela graça de Deus manifestada no
Éden; Ele creu no proto-evangelho que lhe foi anunciado por Deus. No
versículo 15 Deus anuncia que haverá um grande conflito neste mundo de
duas descendências – a descendência de Deus e a descendência do diabo –
que nascem de uma única raiz, Eva (mãe de todos os seres viventes).
Deus diz que no meio desse conflito haverá um descendente que irá
resolver o problema do pecado na raça humana, haverá um resgatador. A
mensagem escatológica deste capítulo é puramente messiânica. No
contexto de morte vemos continuamente a vida. Adão contempla, pela fé, o
seu redentor – Cristo!
Considere o capítulo 4.1 temos a expressão “com auxilio do
SENHOR”. A palavra “auxílio” no hebraico pode ser “yeshu’ar” que
significa ‘ajuda’, ‘salvação’, ‘assistência’. Ou poderia ser a palavra “’ezer”
que significa “ajudar”, “auxiliar” ou “socorrer”, todavia, no hebraico a
palavra “auxílio” não aparece neste texto. Aqui foi mais uma interpretação
dos tradutores para oferecer sentido à expressão. A força do hebraico é
“adquirir um varão da parte do SENHOR”. Aqui parece indicar que Adão e
Eva estavam desejosos pelo redentor prometido. O nascimento de cada
filho tornou-se a esperança da vida. “Será que é agora que o redentor há
de nos restaurar”, será “agora que ele trará paz ao mundo”? Todas estas
indagações estavam centradas em Caim.
Mas, Abel também nasce(vs 2). O texto nos informa a respeito da
morte de Abel por parte de Caim. Por que isso? O versículo 8 nos oferece
alguma explicação. Neste mundo há duas descendências e Caim pertence
ao Maligno (1 Jo 3.8). O conflito no mundo está declarado desde o Éden.
Neste mundo existem os que vão crer em Cristo, e os que vão rejeitar a
Cristo e se levantarão contra Ele.
No capítulo 5 temos as toledotes de Adão. Os filhos de Adão são
contemplados como carregando a imagem de Adão e não a de Deus , isto
para denotar a idéia singular da queda. Notamos que Caim não entra na
Genealogia. Isso é muito lógico como já explicamos acima. Mas, Abel
também não entra. Por quê? A resposta é que Sete é o novo Abel de Adão.
A garantida de que a semente santa continuaria existindo neste mundo
estava sobre os lombos de Sete.
No capítulo 6 vemos as causas do dilúvio sendo apresentadas. O
pecado da raça humana e a degeneração do homem é a temática deste
capítulo. Mas a questão é quem são os filhos de Deus no texto?Alguns
dizem que se refere aos anjos. Mas o entendimento reformado é que aqui
temos uma referência aos filhos de Sete que se relacionaram com
mulheres que não pertenciam à aliança de Deus. O curioso neste texto é
processo do pecado destes homens, pois, o padrão é o mesmo que o da
queda em Gênesis 3, isso nos leva ao início da desordem deste mundo.
1. “vendo” (Gn 6.2; 3.6)
2. “formosas” este termo no hebraico é “Tovoth” que é o
mesmo que “bom”(Gn 6.2;3.6)
3. “Tomaram para si” (Gn 6.2; 3.6)
4. “as que lhes agradaram” (Gn.6.2; 3.6. – Agradável aos
olhos).

Conclusão: Este breve estudo nos mostrou a importância dos


primeiros capítulos do Gênesis para se ter uma teologia sólida e coesa com
a fé bíblica. Sem estes capítulos, que devem ser considerados como
históricos e fidedignos, não teremos como e porque pregar o evangelho. A
base do Novo Testamento tem sido a Thorá de Deus dada ao homem, e
uma vez negada a sua legitimidade e autenticidade termos sérias
dificuldades em apresentar o evangelho de forma poderosa e eficaz à nossa
sociedade.
É nossa convicção particular que o Livro do Gênesis fala de fato das
origens de como tudo aconteceu e neste livro encontramos a explicação da
queda, a razão da cruz , o propósito do evangelho e a missão da igreja.
Tudo está aqui bastar crermos no que nos foi revelado por Deus.

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