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LIMITES
A Teoria de Limites é fundamental no estudo de Cálculo já que as operações que constituem o
Cálculo, a derivação e a integração, têm o Limite de funções na base de suas construções.
x f (x) x f (x) Desta Tabela 1, vemos que quando x estiver próximo de 2, por
qualquer lado, f (x) estará próximo de 4. Fica claro que po-
1,000 2,000000 3,000 8,000000
demos tornar os valores de f (x) tão próximos de 4 quanto
1,500 2,750000 2,500 5,750000 desejarmos tornando x suficientemente próximo de 2.
1,900 3,710000 2,200 4,640000 Expressamos isto dizendo:
1,990 3,970100 2,010 4,030100 O limite da função f ( x) = x 2 − x + 2 é igual a 4 quando x tende
a 2.
1,999 3,997001 2,001 4,003001
Tabela 1
Figura 1. Gráfico 1.
Escrevemos
lim f ( x) = L
x→a
Em outras palavras: esta definição significa que os valores de f (x) ficam cada vez mais próxi-
mos do número L à medida que x tende ao número a (por qualquer lado), MAS x ≠ a. Na realida-
de, a não precisa sequer estar no domínio da f.
OBSERVAÇÕES IMPORTATES:
i. Devemos ressaltar que ao considerarmos o limite lim f ( x) = L , não exigimos que a per-
x→a
tença ao domínio da função. Nos casos mais interessantes que veremos neste capítulo, tem-
se que a não pertence ao domínio da f. O Exemplo 1 mostra esta situação.
ii. Mesmo que a pertença ao domínio da f, a afirmação lim f ( x) = L nada diz respeito ao
x→a
Figura 3 do Exemplo1.
x −1
Exemplo 1: Encontre o valor lim .
x →1 x2 −1
x −1
SOLUÇÃO: Observe que a função racional f ( x) = não está definida para x = 1. MAS ISTO
x2 −1
NÃO IMPORTA, pois o limite lim f (x) significa que devemos considerar x próximos de a, mas não
x→a
iguais a a. Ao construirmos uma Tabela, Tabela 2, com os valores de x se aproximando de 1 pela
esquerda (x < 1) e pela direita (x > 1), veremos que
x −1 1
lim 2
= 0 ,5 =
x →1 x −1 2
x −1
se x ≠ 1
g ( x) = x 2 − 1
2 se x = 1
Essa função g tem o mesmo limite da função f quando x tende a 1, como mostra a Figura 3. Aqui
devemos fazer a importante observação que lim g ( x) ≠ g (1 ) .
x →1
Figura 3.
SOLUÇÃO: f ( x) = sen (π x ) não está definida em x = 0. Obtendo o valor da função para alguns
números pequenos de x, temos,
f (1) = sen (π ) = 0 ; f (1 2) = sen (2π ) = 0 ; f (1 4 ) = sen (4π ) = 0 ; f (1 10) = sen (10π ) = 0
mas esta conjectura está errada. Embora f (1 n) = sen (nπ ) = 0 ∀ n ∈ Z, também é verdadeiro que
f (1 x) = sen (π 2 + 2 nπ ) = 1 sempre que x = 2 (4 n + 1 ) . Graficamente, temos, conforme Figura 4,
Figura 4.
O gráfico indica que os valores de sen (π x ) oscilam ente −1 e 1 infinitas vezes quando x tende a
zero. Portanto, lim sen (π x ) NÃO EXISTE.
x →0
SOLUÇÃO: Podemos fazer um exercício de imaginação para percebermos que quando x → 0, por
ambos os lados, temos que
lim ( x 3 + cos x) = 1
x →0
0 se x < 0
Exemplo 4: A função de Heaviside, H, é definida por H ( x) = . Graficamente:
1 se x ≥ 1
Figura 4.
Nota-se que quando x → 0 pela esquerda (x < 0), H tende a 0 e quando x → 0 pela direita (x < 0),
H tende a 1. Assim, não há um número único para o qual H tende quando x → 0. Portanto, NÃO
EXISTE o lim H (x ) .
x →0
Seja f uma função definida sobre o intervalo aberto que contém o número a, exceto
possivelmente no próprio a. Então dizemos que o limite de f (x) quando x tende a a é
L, e escrevemos:
lim f ( x) = L
x→a
Esta definição significa que a distância entre f (x ) e L pode ser arbitrariamente pequena, tornando
a distância de x a a suficientemente pequena (mas não zero). Graficamente:
Figura 5.
O lim f ( x) = L significa que para todo ε > 0 (não importando quão pequeno for o ε ) po-
x→a
demos achar δ > 0 tal que, se x estiver no intervalo aberto (a − δ, a + δ) e x ≠ a, então f (x)
estará no intervalo aberto (L − ε, L + ε).
SOLUÇÃO: Seja ε um número positivo dado. Devemos determinar um número δ tal que
(4 x − 5) − 7 < ε sempre que 0< x − 3 <δ
Prova: podemos mostrar que esta escolha de δ funciona. Dado ε > 0, escolha uma δ = ε /4. Se
0 < x − 3 < δ , então
ε
(4 x − 5) − 7 = 4 x − 12 = 4 x − 3 < 4δ = 4 = ε
4
Assim,
(4 x − 5) − 7 < ε sempre que 0< x − 3 <δ
lim (4 x − 5) = 7
x→3
Se lim f ( x) = L1 e lim f ( x) = L2 ⇒ L1 = L2
x→a x→a
Em outras palavras, o Teorema 2.1 afirma que se a função f tiver um limite L no número a, então
esse limite será o único limite de f em a.
ε
(1) 0 < x − a < δ1 ⇒ f ( x) − L1 <
2
e
ε
(2) 0< x − a < δ2 ⇒ f ( x) − L2 <
2
Agora, seja δ = min {δ 1 , δ 2 } , δ é o menor entre δ1 e δ2. Se escrevermos L1 – L2 como
L1 − L2 = L1 − f ( x) + f ( x) − L2
teremos que
L1 − L2 = L1 − f ( x) + f ( x) − L2 ≤ L1 − f ( x) + f ( x) − L2
L1 − L2 ≤ L1 − f ( x) + f ( x) − L2
14243 14243
<ε 2 <ε 2
ε ε
L1 − L2 < + =ε sempre que 0 < x − a < δ
2 2
Logo L1 = L2 .
LIMITES LATERAIS
Vimos no Exemplo 4 que a função de Heaviside tende a 0 quando x tende a 0 pela esquerda, e
tende a 1 quando x tende a 0 pela direita. Indicamos essa situação simbolicamente escrevendo:
lim H ( x) = 0 e lim H ( x) = 1
x →0 − x →0 +
O símbolo x→0 – indica que estamos considerando somente valores de x menores que 0. Da mes-
ma forma, x→0 + indica que estamos considerando somente valores de x maiores que 0.
Escrevemos
lim f ( x) = L
x→a −
e dizemos que o limite esquerdo de f (x) quando x tem a a é igual a L se pudermos tornar os valo-
res de f (x) arbitrariamente próximos de L, tornando x suficientemente próximo de a pela esquer-
da de a, x < a.
Analogamente, escrevemos
lim f ( x) = L
x→a +
e dizemos que o limite direito de f (x) quando x tem a a é igual a L se pudermos tornar os valores
de f (x) arbitrariamente próximos de L, tornando x suficientemente próximo de a pela direita de
a, x > a.
TEOREMA 2.2:
Então deve ficar claro que a desigualdade dos limites laterais, esquerdo e direito, implica na ine-
xistência do limite de uma função.
Exemplo 6: O gráfico de uma função f está na Figura 6. Use-o para estabelecer, caso exis-
tam, os seguintes limites:
Figura 6.
SOLUÇÃO:
(a) Quando x tende a 1 pela esquerda, podemos observar no gráfico da Figura 6 que a f (x) tende
a 1.
(b) Quando x tende a 1 pela direita, podemos observar na Figura 6 que a f (x) tende a 2.
(c) Portanto, como os limites laterais são diferentes quando x →1, então lim f (x) NÃO EXISTE.
x →1
(f) Portanto, como os limites laterais são iguais quando x →2, então lim f ( x) = 3 . Também po-
x→2
lim f ( x)
f ( x) x→a
4. lim = , se lim g ( x) ≠ 0
x → a g ( x) lim g ( x) x→a
x→a
6. lim c = c
x→a
7. lim x = a
x→a
8. lim x n = a n
x→a
9. lim n x = n a
x→a
Exemplo 7: Calcule o limite a seguir, usando as Propriedades dos Limites em cada passo.
lim (3 x 3 + x 2 − 1)
x→2
SOLUÇÃO:
= 27 .
OBSERVAÇÕES IMPORTATES
ii. Dada uma função racional, que é definida como o quociente de dois polinômios, também é
possível calcular o limite simplesmente fazendo a substituição direta de x = a, desde que a
esteja no domínio desta função racional.
lim f ( x) = f (a )
x→a
Funções com essa propriedade de substituição direta, chamadas de funções contínuas, se-
rão estudadas em seção posterior. Entretanto, nem todos os limites podem ser calculados pela
substituição direta ou de forma imediata e estes são os casos mais interessantes de limite.
TIPOS DE IDETERMIAÇÕES
No cálculo de limites de funções, é muito comum chegarmos a expressões indeterminadas,
o que significa que para encontrarmos o valor limite da função deveremos “levantar” a indetermi-
nação usando de técnicas algébricas. As principais indeterminações são:
0 ∞
, , 0 ⋅∞ , ∞ −∞, ∞0 , 1∞
0 0
A terminologia “indeterminação” é adequada porque significa que nada se pode afirmar sobre es-
tas expressões.
(3 + h ) 2 − 9
Exemplo 8: Calcule lim .
h →0 h
SOLUÇÃO: Como a função que está sendo tomado o valor limite é uma função racional, se defi-
nirmos f (h) = (3 + h) 2 − 9 e g (h) = h , então notaremos que não podemos aplicar a Propriedade
de Limite 4, visto que lim g (h) = 0 . Além disto, lim f (h) = 0 , então
h →0 h →0
(3 + h ) 2 − 9 f (h)
lim = lim
h →0 h h → 0 g ( h)
é uma indeterminação do tipo 0/0. Para levantar esta indeterminação, podemos fazer a seguinte
manipulação algébrica em f (h) :
f ( h ) = (3 + h ) 2 − 9 = (9 + 6 h + h 2 ) − 9 = 6 h + h 2
Portanto,
f ( h) 6 h + h2
lim = lim = lim (6 + h) = 6
h → 0 g ( h) h →0 h h →0
(3 + h ) 2 − 9
lim = lim (6 + h) = 6
h →0 h h →0
A representação gráfica dada na Figura 7 mostra a função não definida no ponto (0, 6).
Figura 7.
x
Exemplo 9: Calcule lim .
x →0 x
ção do tipo 0/0 e devemos averiguar um modo de levantar tal indeterminação. Primeiro devemos
relembrar que, pela definição de Valor Absoluto, seção 1.3, a função f é definida como
x se x≥0
f ( x) = x =
− x se x < 0
x −x
(1) lim = lim = lim − 1 = − 1
x →0− x x →0− x x →0−
x x
(2) lim = lim = lim 1 = 1
x →0+ x x →0+ x x →0+
Como os limites laterais são diferentes entre si, então, pelo Teorema 2,2, o limite solicitado NÃO
EXISTE. Ressalta-se novamente que as simplificações feitas em (1) e (2) só foram possíveis porque
estamos tomando o limite, isto é, x → 0, mas x ≠ 0.
x −2
Exemplo 10: Determine o lim .
x→4 x−4
SOLUÇÃO: A Propriedade de Limite 4 não pode ser aplicada porque lim x − 4 = 0 . Nota-se que há
x→4
x −2
F ( x) =
x−4
F ( x) =
x −2
⋅
( x + 2) =
x −4
=
1
se x ≠ 4
x−4 ( x + 2) (x − 4 )⋅ ( x +2 ) ( x +2 )
Assim,
lim 1
x −2 1 x→4 1 1
lim = lim = = =
x→4 x − 4 x→4 x +2 lim x + 2
x→4
[ ] lim x + lim 2 4
x→4 x→4
3
x −1
Exemplo 11: Determine o lim .
x →1 x −1
SOLUÇÃO: Está claro que neste limite também há uma indeterminação do tipo 0/0. Neste caso fa-
remos uma mudança de variável para facilitar a manipulação algébrica. Podemos fazer
x = t6 , t ≥ 0
3 6
3
x −1 t −1 t 2 −1
lim = lim = lim
x →1 x − 1 t →1 t6 − 1 t →1 t3 − 1
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
Determine os seguintes limites.
x2 − x + 3
1) lim . SOLUÇÃO: Não há nenhum tipo de indeterminação neste limite. Então, como
x→3 5x2 −1
x = 3 pertence ao domínio desta função irracional, basta substituir este valor na função. Isto é:
x2 − x + 3 32 − 3 + 3 9
lim = = .
x→3 5x2 −1 5 (3 2 ) − 1 44
x2 − 4x + 3
2) lim . SOLUÇÃO: Neste limite existe uma indeterminação do tipo 0/0. Entretanto,
x→3 x2 − 9
podemos fatorar tanto numerador quanto denominador na forma
x 2 − 9 = ( x + 3) ( x − 3) e x 2 − 4 x + 3 = ( x − 1) ( x − 3)
Portanto,
x2 − 4x + 3 ( x − 1) ( x − 3) ( x − 1) 1
lim = lim = lim = .
x→3 2
x −9 x → 3 ( x + 3) ( x − 3) x → 3 ( x + 3) 3
x− 3
3) lim 2
. SOLUÇÃO: Há uma indeterminação 0/0 neste limite. Para levantarmos tal
x→3 x −4x + 3
indeterminação, precisaremos racionalizar o numerador e também vamos usar a fatoração dada no
exercício anterior, ou, x 2 − 4 x + 3 = ( x − 1) ( x − 3) . Assim, podemos reescrever o limite como
x − 3 x + 3 x−3 1 1
lim 2
= lim
= lim = .
x → 3 x − 4 x + 3 x + 3 x → 3 ( x − 1) ( x − 3)( x + 3 ) x → 3 ( x − 1) ( x + 3 ) 4 3
3− 6+x
4) lim . SOLUÇÃO: Para levantarmos a indeterminação 0/0, devemos fazer
x→3 3− 6 − x
3 − 6 + x 3 + 6 + x 3 + 6 − x
lim =
x → 3 3 − 6 − x 3 + 6 + x 3 + 6 − x
(3 − x ) 3 + 6 − x
= lim (3 − x )
3 + 6 − x 3+ 6 − x 3
lim = lim − =−
x → 3 (− 3 + x ) 3 + 6 + x
x → 3 − (3 − x ) 3 + 6 + x x → 3 3 + 6 + x
3
3− 6+x 3
Portanto, lim =− .
x→3 3− 6 − x 3
3
x−3a
5) lim , a ≠0 . SOLUÇÃO: Para resolvermos este problema de limite com indetermi-
x→a x− a
nação 0/0, devemos usar a mudança de variável x = t 3 , ou t = 3 x . Quando x → a, t → 3 a . A-
gora, fazendo a substituição b = 3 a , a = b 3 , temos
3 3
3
x−3a t − 3
a t−b
lim = lim = lim
x→a x− a t→3 a
3
t −a t → b t 3 − b3
TEOREMA 2.3:
lim f ( x) ≤ lim g ( x)
x→a x→a
lim f ( x) = lim h( x) = L
x→a x→a
então, lim g ( x) = L
x→a
− x 2 ≤ x 2 sen (1 x) ≤ x 2
h( x ) = x 2 , g ( x) = x 2 sen (1 x) e f ( x) = − x 2
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
5) Encontre, quando existir, o limite. Caso não exista, explique por quê.
x+4 x−2
a) lim x + 4 b) lim c) lim
x→ − 4 x→ − 4 − x+4 x→ 2 x−2
x2 − 1
6) Seja F ( x) = .
x −1
LIMITES IFIITOS
No cálculo de limites são considerados os símbolos de mais infinito (+∞ ou ∞) e menos infinito,
(−∞), que representam quantidades de módulo infinitamente grande. É importante salientar que o
infinitamente grande não é um número real, mas sim uma tendência de uma variável, ou seja, uma
variável aumenta ou diminui sem limite. Da mesma forma, os símbolos “ +∞ ” e “ −∞ ” não repre-
sentam que o limite exista: é só uma maneira de exprimir uma forma particular de inexistência de
um limite, conforme será dada nas Definições 2.5 e 2.6 a seguir.
significa que podemos fazer os valores de f ficarem arbitrariamente grandes por meio de uma es-
colha adequada de x nas proximidades de a, mas não igual a a.
Esta definição pode ser colocada de forma mais precisa como a seguir.
DEFINIÇÃO 2.5:
Seja f é uma função definida em algum intervalo aberto que contenha o número a am-
bos os lados de a, exceto possivelmente no própria a. Então
lim f ( x) = ∞
x→ a
significa que para todo número positivo M há um número positivo correspondente δ tal que
Em outras palavras, esta definição diz que o valor de f pode ser arbitrariamente grande (maior que
qualquer número positivo M dado) tornando x suficientemente próximo de a, mas com x ≠ a. Uma
ilustração geométrica está na Figura 9.
A expressão lim f ( x) = ∞ também pode ser lida como:
x→ a
Analogamente, um tipo de limite que ocorre quando a função torna-se grande em valor absoluto,
porém negativa, quando x se aproxima de a, está definido a seguir.
DEFINIÇÃO 2.6:
Seja f é uma função definida em algum intervalo aberto que contenha o número a am-
bos os lados de a, exceto possivelmente no própria a. Então
lim f ( x) = −∞
x→ a
significa que para todo número negativo 5 há um número positivo correspondente δ tal que
Na Figura 10.a as condições de assíntota vertical que são satisfeitas são (b) e a (d). Enquanto na
Figura 10.b a condição satisfeita é a (f).
2 2
Exemplo 13: Encontre lim e lim .
x→ 2 − x − 2 x→ 2 + x − 2
SOLUÇÃO: Para valores de x menores do que 2, porém próximos, o denominador x −2 é um núme-
ro com pequeno valor absoluto, mas negativo e, portanto, 2/( x −2) é um número grande em valor
absoluto, porém negativo. Assim, intuitivamente vemos que
2
lim = −∞
x→ 2 − x−2
Isto mostra que a reta x = π /2 é uma assíntota vertical. Na realidade, o mesmo raciocínio mostra
que as retas x = (2n + 1) π 2 , onde n é um inteiro, são todas assíntotas verticais de f ( x) = tan x ,
conforme gráfico mostrado na Figura 12.
Figura 12.
0 -1,000000
±3 0,800000
± 10 0,980000
± 100 0,999200
± 1000 0,999998
Assim, quanto maior o x, mais próximo de 1 ficam os valores da função. Essa situação é expressa
na Figura 13.
Figura 13.
para indicar que os valores de f (x) ficam cada vez mais próximos de L à medida que x fica maior.
DEFINIÇÃO 2.8:
Seja a função f definida em algum intervalo (a, ∞). Então
lim f ( x) = L
x→ ∞
significa que para todo ε > 0, existe um correspondente número 5 tal que
Em outras palavras, esta definição estabelece que valores de f (x) podem ficar arbitrariamente pró-
ximos de L (dentro de uma distância ε, onde ε > 0), bastando para isto tornar x suficientemente
grande (maior que 5, onde 5 depende de ε ). Graficamente, isto quer dizer que escolhendo x sufi-
cientemente grande (maior do que um número 5) podemos fazer o gráfico de f ficar entre duas
retas horizontais dadas por y = L − ε e y = L + ε , como apresenta a Figura 14.
Figura 14.
A reta x = L é chamada assíntota horizontal.
Analogamente, podemos definir:
DEFINIÇÃO2.9:
Seja a função f definida em algum intervalo (−∞, a). Então
lim f ( x) = L
x→ − ∞
significa que para todo ε > 0, existe um correspondente número 5 tal que
Esta definição significa que os valores de f podem ficar arbitrariamente próximos de L, tornando-
se x suficientemente grande em módulo, mas negativo ( x < 5 ).
1
Exemplo 15: Provar, usando a Definição 2.8, que o lim =0.
x→ ∞ x
SOLUÇÃO:
1
Quando x torna-se arbitrariamente grande, notamos que a função f ( x) = aproxima-se de zero.
x
Formalmente, pela Definição 2.8, dado ε > 0, devemos determinar um correspondente número 5
tal que
1
−0 <ε sempre que x>5
x
1
<ε sempre que x>5
x
1
<ε sempre que x > 5 , já que 1/x é positivo
x
1
x> sempre que x>5
ε
Isto sugere que quando 5 = 1 ε , temos que 1 x − 0 < ε . Logo, provamos o limite solicitado.
Graficamente, como mostra a Figura 15, quando 5 = 2, ε = 0,5 e quando 5 = 4, ε = 0,25,
mostrando que podemos fazer a função ficar tão próxima de zero quando desejarmos, tomando
valores de 5 cada vez maiores:
1
− 0 < 0 ,5 sempre que x>2
x
1
− 0 < 0 ,25 sempre que x>4
x
Figura 15.
TEOREMA 2.5:
Se r > 0 for um número racional, então
1
lim =0
x→ ∞ xr
Se r > 0 for um número racional tal que x r for definida para todo x, então
1
lim =0
x→ − ∞ xr
3x2 − x + 2
Exemplo 16: Encontre lim .
x→ ∞ 5 x 2 + 4x +1
SOLUÇÃO: Para calcular o limite no infinito de uma função racional, primeiro dividimos o nume-
rador e o denominador pela maior potência de x que ocorre no denominador. Neste caso, a maior
potência no denominador é x 2 . Resolvido em Aula!
2.2 COTIUIDADE
Já vimos que o limite de uma função quando x tem a a pode muitas vezes ser encontrado simples-
mente calculando o valor da função em a. Funções com essa propriedade são chamadas de função
contínua em a. Por continuidade podemos entender como um processo que ocorre gradualmente,
sem interrupções ou mudanças abruptas).
lim f ( x) = f (a )
x→ a
Se f não for contínua em a, dizemos que f é descontínua em a. A definição 2.10 requer três condi-
ções para a continuidade de f em a:
nha a.
3. lim f ( x) = f (a ) .
x→ a
Figura 16.
Exemplo 17: A Figura 17 mostra o gráfico de uma função f. Em quais números f é descon-
tínua? Por quê?
SOLUÇÃO:
Há uma descontinuidade quando a = 1,5, pois neste ponto há um “salto”, chamada descontinuida-
de de salto. A condição não satisfeita é que o limite lateral esquerdo é diferente do limite lateral
direito, isto é, o limite não existe (item 2).
Em a = 2 também há uma descontinuidade. O limite neste ponto existe, já que os limites laterais
existem e são iguais. A função também está definida neste número a. Entretanto, o valor do limite
é diferente do valor da função em a (item 3)
lim f ( x) ≠ f (2)
x→ 2
Logo a função é descontínua neste ponto (há uma quebra no gráfico da função).
Figura 17.
Exemplo 18: Onde cada uma das funções é descontínua? Por quê?
x2 − x − 2
x2 − x − 2 se x ≠ 2
a) f ( x) = b) f ( x) = x − 2
x−2 1
se x = 2
1
se x ≠ 0
c) f ( x) = x 2
1 se x = 0
SOLUÇÃO:
(a) Note que f (2) não está definida. Portanto, f é descontínua em 2, pois a condição (1) não está
satisfeita.
x2 − x − 2 ( x − 2)( x + 1)
lim f ( x) = lim = lim = lim ( x + 1) = 3
x→ 2 x→ 2 x−2 x→ 2 x−2 x→ 2
mas o limite lim f ( x) ≠ f (2) . Logo a condição (3) não está satisfeita.
x→ 2
1
(c) Para a função dada, o limite lim f ( x) não existe como número: lim = ∞.
x→ 0 x→ 0 x2
As representações gráficas dessas funções dadas nos itens (a), (b) e (c) estão apresentadas
na Figura 18 (a), (b) e (c), respectivamente. As descontinuidades mostradas em (a) e (b) são cha-
madas de descontinuidades removíveis. Para que uma descontinuidade de uma função f seja remo-
vível em um ponto a, o lim f ( x) deve existir. Estes são os casos de descontinuidade de “buraco”.
x→ a
lim f ( x) = f (a)
x→ a +
Uma função f é contínua à esquerda de um número a se
lim f ( x) = f (a)
x→ a −
DEFINIÇÃO 2.12:
Uma função f é contínua em um intervalo se for contínua em todos os números
do intervalo.
lim f ( x) = f (a )
x→ a
Assim, pela Definição 2.10, a f é contínua em a se − 1 < a < 1 . Podemos mostrar que
lim f ( x) = f (−1) e lim f ( x) = f (1)
x→ −1+ x → 1−
TEOREMA 2.6:
Se f e g forem funções contínuas em a e se c for uma constante, então as seguintes
funções são continuas em a.
f
1. f + g 2. f – g 3. c f 4. f g 5. se g(a) ≠ 0
g
Como conseqüência do Teorema 2.6 e das propriedades do limite, como já foi observado, temos
que:
2x3 + x2 − 3
Exemplo 20: Encontre o limite lim .
x→ − 2 3x − 5
SOLUÇÃO: A função dada é uma função racional. Assim, pelo que foi dito anteriormente, esta fun-
ção é contínua em todo seu domínio, isto é, em {x| x ≠ 5 / 3} . Logo,
2x3 + x2 − 3 17
lim = f (−2) =
x→ − 2 3x − 5 11
OBSERVAÇÃO:
Pode ser visto no Capítulo 1, através das formas dos gráficos apresentados nas Figuras 25 e 26,
que as funções Seno e Cosseno são contínuas em R. Sabemos, das definições de Seno e Cosseno,
que as coordenadas do ponto P sobre o círculo trigonométrico são (cosθ, senθ), então podemos
inferir que quando P tende ao ponto (1, 0),
lim cos θ = 1 e lim sen θ = 0
θ →0 θ →0
Já que cos 0 = 1 e sen 0 = 0 , pela definição de continuidade, assegura-se que estas funções são
contínuas em 0. Estas funções são na verdade contínuas em todos os reais.
Por sua vez, a função tangente, definida como
sen x
tan x = ,
cos x
como podemos observar seu gráfico na Figura 12 deste Capítulo, é contínua exceto onde cos x = 0 .
Isto ocorre quando x é um múltiplo inteiro ímpar de π 2 : isto é x = ± π 2 , ± 3π 2 , ± 5π 2 K .Veja
a Figura 12 deste Capítulo.
Outra forma de combinar funções contínuas f e g para formar funções contínuas é formar a função
composta f o g . Segue o Teorema
TEOREMA 2.7:
Seja f contínua em b e lim g ( x) = b , então lim f ( g ( x)) = f (b) . Em outras pala-
x→ a x→ a
vras,
lim f ( g ( x)) = f lim g ( x)
x→ a x→ a
π − x
Exemplo 21: Encontre o limite lim sen .
x→ 0 2 − x
SOLUÇÃO: Uma vez que a função Seno é contínua em todo o domínio, podemos aplicar o Teorema
2.7:
π − x
lim sen = sen lim π − x = sen π = 1
x→ 0 2 − x
x→ 0 2−x 2
TEOREMA 2.9:
Se g for contínua em a e f for contínua em g(a), então a função composta f o g
dada por ( f o g ) ( x) = f ( g ( x)) é contínua em a.
Este Teorema 2.9 diz que uma função contínua de uma função contínua é também uma função
contínua.
Uma propriedade importante das funções contínuas está expressa pelo Teorema abaixo.
O Teorema do Valor Intermediário estabelece que uma função contínua assume todos os
valores intermediários entre os valores funcionais f (a) e f (b) . Se imaginarmos uma função con-
tínua cujo gráfico não tem buracos nem saltos, então é fácil observar que o Teorema do Valor In-
termediário é verdadeiro. Em termos geométricos, o Teorema estabelece que se for dada uma reta
horizontal qualquer y = 5 entre f (a) e f (b) , como na Figura 19, então o gráfico de f (contínua)
deverá interceptar y = 5 em algum ponto.
Isto significa que 5 = 0 é um número entre f (1) = − 1 e f (2) = 12 . Como f é um polinômio e este
é contínuo em todo o R, o Teorema do Valor Médio estabelece que existe um número c em (1, 2)
tal que f (c) = 0 . Isto significa que a equação 4 x 3 − 6 x 2 + 3 x − 2 = 0 tem pelo menos uma raiz no
intervalo dado.
CAPÍTULO 3 – TANGENTES
Neste capítulo, estimamos as inclinações das retas tangentes e as velocidades. Com a defi-
nição de limites, estamos aptos a computar as inclinações das retas tangentes e velocidades.
3.1 TAGETES
f ( x) − f (a)
mPQ =
x−a
Então, fazemos Q aproximar-se de P ao longo da curva C ao obrigar x tender a a. Se mP Q tender a
um número m, então definimos a tangente t como sendo a reta que passa por P e tem inclinação m.
Isto significa que a reta tangente é a posição limite da reta secante PQ quanto Q tente a P.
Figura 20
DEFINIÇÃO 3.1 – Reta Tangente:
A reta tangente a uma curva y = f ( x) em um ponto P(a, f (a)) é:
f ( x) − f (a)
m = lim
x→a x−a
ii. a reta x = a se
f ( x) − f (a)
lim for ∞ ou - ∞
x→a+ x−a
f ( x) − f (a)
lim for ∞ ou - ∞
x→a− x−a
Exemplo 23: Encontre uma equação da reta tangente à parábola y = x 2 no ponto P(1, 1).
SOLUÇÃO: Aqui a = 1 e f ( x) = x 2 , então temos que a inclinação é dada por
f ( x) − f (a) x2 − 1 ( x − 1) ( x + 1)
m = lim = lim = lim =2
x→a x−a x →1 x − 1 x →1 x −1
Usando a forma ponto-inclinação da reta encontramos que uma equação da reta tangente em (1, 1)
é
y − 1 = 2( x − 1) ou y = 2 x − 1
Há outra forma de expressar a inclinação da reta tangente, frequentemente usada em livros de cál-
culo, que surge da mudança
∆x = x − a ou x=∆x+a
com esta mudança, temos que
f (a + ∆ x) − f (a)
mPQ =
∆x
e a inclinação da reta tangente é dada pelo limite
f (a + ∆ x) − f ( a)
m = lim
∆x →0 ∆x
(Observe que quando x → a , ∆ x → 0 ). Essa última forma de escrever a inclinação da reta tangen-
te será usada em todo o decorrer desta apostila
Exemplo 24: Ache uma equação da reta tangente à hipérbole y = 3 x no ponto P(3, 1).
SOLUÇÃO: Aqui f ( x) = 3 x , então temos que a inclinação em (3, 1) é dada por
3 3 − (∆ x + 3)
−1
f (a + ∆ x) − f (a) 3 + ∆x 3 + ∆x
m = lim = lim = lim
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x
− ∆x 1
= lim =−
∆ x → 0 ∆ x (3 + ∆ x ) 3
1
y − 1 = − ( x − 3) ou 3 y + x −6 = 0
3
1
m5 = −
m
Exemplo 25: Ache a inclinação da reta normal à hipérbole y = 3 x no ponto P(3, 1), usan-
do o exemplo 24.
SOLUÇÃO: De acordo com a definição 3.2, a inclinação da reta normal à hipérbole dada no ponto
P(3, 1) é m 5 = 3 .
3.2 VELOCIDADES
Suponha um objeto movendo-se sobre uma linha reta, chamado movimento retilíneo, de
acordo com a equação s = f (t ) , onde s é o deslocamento do objeto a partir da origem no ins-
tante t. A função que descreve o movimento é chamada de função posição do objeto. No inter-
valo de tempo entre t = a e t = ∆ t + a , a variação na posição será de f ( a + ∆ t ) − f ( a) . A velo-
cidade média nesse intervalo é
deslocamento f (a + ∆ t ) − f (a)
velocidade média = =
tempo ∆t
Suponha agora que a velocidade média seja calculada em intervalos cada vez menores, em ou-
tras palavras, fazemos ∆ t → 0 , definimos como velocidade ou velocidade instantânea v(a) , no
instante t = a, como sendo o limite da velocidade média, ou seja
f (a + ∆ t ) − f ( a)
v(a ) = lim
∆ t →0 ∆t
Exemplo 26: Considere que uma bola foi deixada cair do posto de observação da torre,
450m acima do solo.
a) Qual a velocidade da bola após 5 segundos?
b) Com qual velocidade a bola chega ao solo?
1
SOLUÇÃO: Sabendo que a equação de movimento é dada por s (t ) = f (t ) = s0 + g t 2 , onde s0
2
2
é a distância inicial, g = 9,8 m/s é a aceleração da gravidade e t é o tempo. Para encontrar a
velocidade v após a segundos:
f (a + ∆ t ) − f (a) 4 ,9 (a + ∆ t ) 2 − 4 ,9 a 2
v(a ) = lim = lim
∆ t →0 ∆t ∆ t →0 ∆t
4 ,9 (a 2 + 2 a∆ t + ∆ t 2 − a 2 ) 4 ,9 ∆ t (2 a + ∆ t )
= lim = lim
∆ t →0 ∆t ∆ t →0 ∆t
= lim 4 ,9 (2 a + ∆ t ) = 9 ,8 a
∆ t →0
450
4 ,9 t12 = 450 ou t1 = = 9 ,6 s
4 ,9
Logo, a velocidade com que a bola atinge o solo é
450
v(t1 ) = 9 ,8 = 94 m s
4 ,9
3.3 DERIVADAS
Na seção 3.1 definimos a inclinação da reta tangente à uma curva com equação y = f (x) no
ponto x = a como sendo
f (a + ∆ x) − f ( a)
m = lim
∆x →0 ∆x
Este limite é tão importante que será a definição de derivada da função f em x = a. Como a é um
valor arbitrário no domínio da f, então podemos definir a derivada de f como uma função de x,
fazendo simplesmente x = a. Assim, temos a definição
f ( x + ∆ x) − f ( x)
f ' ( x) = lim
∆x →0 ∆x
ITERPRETAÇÕES DA DERIVADA:
A derivada, segunda a sua definição, tem duas interpretações: uma geométrica (inclinação
da reta tangente ao gráfico da função) e outra como taxa de variação (ou velocidade).
'
g ( x) = lim
f ( x + ∆ x) − f ( x)
= lim
[ ] [
a ( x + ∆ x) 2 + b − a x 2 + b ]
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x
= lim
[a x 2
]
+ 2 a x ∆ x + a (∆ x) 2 + b − a x 2 + b
= lim
2 a x ∆ x + a (∆ x) 2
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x
= lim 2a x + a ∆ x = 2 a x
∆x →0
Assim, a derivada da função g é uma função g' definida por g ' ( x) = 2a x . O domínio da g' é o
conjunto de todos os reais, sendo o mesmo domínio da g. Deve ser observado, pelos exemplos
anteriores, que a soma de um número real a uma função não altera a derivada da função, já que a
inclinação da reta tangente não é alterada com a translação vertical da curva y = f ( x) , conforme
Fig. 21 abaixo; esta observação é sempre verdadeira para qualquer função.
Figura 21
= lim
[ ( x + ∆ x) − x ][ ( x + ∆ x) + x ]= lim
( x + ∆ x) − x
∆x →0 [
∆ x ( x + ∆ x) + x ] ∆x →0 ∆ x [ ( x + ∆ x) + x ]
∆x 1
= lim = lim
∆x →0 ∆x [ ( x + ∆ x) + x ] ∆x →0 [ ( x + ∆ x) + x ]
1
=
2 x
OTAÇÕES: