Penhane BOLETIM OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO DE APOIO E ASSISTÊNCIA JURÍDICA AS COMUNIDADES

Director Executivo: Rui de Vasconcelos* Sede: AAAJC* Telefone: 20030252*Cidade de Tete *Chingodzi* Editado em Português e Inglês

Desmatamento poderá atingir 514 mil hectares até 2030

Um exaustivo documento lavrado pelo Governo moçambicano
descreve que reconhecendo os impactos que fenómeno das queima-
das nas florestas pode ter para as mudanças climáticas, bem como
para o desenvolvimento sustentável nacional, foi desenhada a estra-
tégia Nacional do REDD+, aprovada pelo Conselho de Ministros
em 2016. É uma estratégia que definiu como meta, gerar reduções
de cerca de 28 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano,
dos quais 18 milhões serão alcançadas através da remoção do dióxi-
do de carbono da atmosfera pelo fomento de plantações florestais e
10 milhões serão reduzidos através dos esforços em evitar o desma-
tamento das florestas nativas. A meta nacional é reduzir e manter a
taxa de desmatamento em 0,58% até 2030, tendo em conta aspectos
relacionados com o desenvolvimento e alívio da pobreza.
De acordo com as previsões da estratégia nacional do REDD+, em
2030 o desmatamento poderá atingir os 514 000 hectares. As áreas
desmatadas são estatisticamente significativas indicando um cená-
rio com sérias implicações económicas, ambientais e sociais para
Moçambique se não houver uma boa planificação. Se mantivermos
as actuais tendências do desmatamento, até 2030, poderá aumentar
até cerca de 500 000 hectares por ano.
Reformas nas políticas de florestas que o governo está a fazer nestes
últimos anos, a título de exemplo, a nova política de florestas, a nova
lei e regulamento, o banimento da exportação de madeira em toros,
operação tronco, e acções mais viradas a prevenção de actividade
ilegal nas florestas deve ser reforçada e implementada de forma
integrada, com envolvimento de todos os intervenientes para que a
tendência do aumento do desmatamento não seja crescente.
E uma das condições para garantir um bom uso de terra é o plano de
ordenamento territorial que é um instrumento importante para
apoio nas decisões estratégicas do desenvolvimento do País. O des-
matamento poderá ser minimizado se o plano de uso de terra for um
instrumento transversal que reflete os planos de uso de terra desde o
nível das comunidades e for agregado até o distrito e deste às pro-
víncias. Uma das acções que estão a contribuir significativamente
para melhoria da posse e acesso da terra é o registo de cerca de 600
000 de R-DUATs em todo o país, bem como as delimitações de terras
comunitárias que têm um grande potencial para contribuir para a
redução do desmatamento e degradação florestal no País.

Por isso, o aumento do investimento na intensificação da agricultu-

ra, a conversão do sector florestal virado para a exploração para um
sector virado a transformação primária e secundária da madeira, a
adopção de alternativas como o gás e electricidade como fonte pri-
mária de energia poderão travar as actuais tendências do desmata-
mento.

Organizações da Sociedade Civil e a desmatação

A AAAJC está a recorrer a este estudo feito pelo con- poder da exploração de madeira de espécie nkula, e outras
sórcio CEAGRE e Winrock em 2016 para mostrar que a interditas pelo Estado, porquanto, o ponto 7 do conteúdo do
agricultura itinerante contribui com 65% desmatamen- despacho ministerial refere que “a madeira abandonada será
to, o assentamento humano com 12% e exploração flo- recolhida exclusivamente pelo Estado”, sendo este o argumen-
restal para fins de combustíveis lenhosos e madeira to das autoridades do Estado, na justificação do corte e trans-
com 15% do total no país. Porque o mesmo relatório porte de nkula.
refere também que o desmatamento tem causas indirec-
tas relacionadas com factores tecnológicos, políticos,
sociais, económicos e ambientais e podem também se-
guir uma sequência de eventos ao longo do tempo. Isto
é, o desmatamento pode iniciar com a exploração flo- Parceiros:
restal, que se traduz primeiro pela degradação florestal,
depois abertura para a agricultura e ou assentamento
humano.

No quadro da governação florestal, esta missão envol-

ve organizações da sociedade civil agrupadas no Fó-
rum Nacional de Florestas (FNF), que trabalham com
várias situações dentre os quais o desvendar da razão e

Quem somos? Associação de Apoio e Assistência Jurídica as Comunidades (AAAJC), é uma organização da Sociedade Civil
Moçambicana, não-governamental, sem fins lucrativos, de âmbito nacional, fundada em 2008 e com os seus estatutos legal-
mente publicados em 2010 no Boletim da República nº. 2, III serie, 4º suplemento de 19 de Janeiro. A sede é na cidade de Tete.
 Penhane OFICIAL REPORT CARD OF THE ASSOCIATION FOR SUPPORT AND LEGAL ASSISTANCE TO COMMUNITIES

The Executive Director Rui de Vasconcelos* Sede: AAAJC* Telefone: 20030252*City of Tete*Chingodzi* Edited in Portuguese & English
o
Edition n 183

Deforestation could reach 514 thousand hectares by 2030

An exhaustive document drawn up by the Mozambican Govern-
ment describes that recognizing the impacts that the phenomenon of
forest burning can have on climate change as well as on national
sustainable development, the National REDD + strategy, approved
by the Council of Ministers in 2016, was designed a strategy that set
a goal of generating reductions of about 28 million tons of carbon
dioxide per year, of which 18 million will be achieved by removing
carbon dioxide from the atmosphere by fostering forest plantations
and 10 million will be reduced through efforts to prevent deforesta-
tion of native forests. The national target is to reduce and maintain
the deforestation rate by 0.58% by 2030, taking into account develop-
ment and poverty alleviation aspects.
According to REDD + national strategy forecasts, by 2030 deforesta-
tion could reach 514 000 hectares. Deforested areas are statistically
significant indicating a scenario with serious economic, environmen-
tal and social implications for Mozambique if there is no good plan-
ning. If we continue the current deforestation trends by 2030, it
could increase to around 500 000 hectares per year.
Forest policy reforms that the government is doing in recent years,
for example, the new forest policy, the new law and regulation, the
banning of log exports, logging, and more preventive actions Illegal
activity in forests should be strengthened and implemented in an
integrated manner, with the involvement of all stakeholders so that
the trend towards increasing deforestation is not increasing.
And one of the conditions for ensuring good land use is the land use
planning plan, which is an important tool to support the country's
strategic development decisions. Deforestation can be minimized if
the land use plan is a cross-sectional instrument that reflects land
use plans from the community level and aggregated to the district
and provinces. One of the actions that are significantly contributing
to improved land tenure and access is the registration of some
600,000 R-DUATs across the country, as well as community land
delimitations that have great potential to contribute to the reduction
of land tenure, deforestation and forest degradation in the country.

Therefore, increased investment in intensifying agriculture, the con-

version of the farm-facing forest sector to a primary and secondary
timber transformation sector, the adoption of alternatives such as
gas and electricity as a primary source of energy could hold back
current deforestation trends.

Civil Society Organizations and Deforestation

AAAJC is using this study by CEAGRE and Winrock State, therefore, point 7 of the content of the ministe-
in 2016 to show that shifting agriculture contributes rial order states that “abandoned wood will be col-
65% deforestation, human settlement with 12% and lected exclusively by the State”, which is the argu-
logging for wood fuels and wood with 15% of the total ment of the State authorities in justifying the cutting
in the country. Because the same report also states that and transportation of nkula.
deforestation has indirect causes related to technologi-
cal, political, social, economic and environmental fac-
tors and may also follow a sequence of events over
Partners:
time. That is, deforestation can start with logging,
which first translates into forest degradation, then
openness to agriculture and or human settlement.

In the context of forest governance, this mission in-

volves civil society organizations grouped at the Na-
tional Forest Forum, which work in various situations,
including unraveling the reason and power of the ex-
ploitation of nkula wood, and others prohibited by the

Who Are We? The Association for Support and Legal Assistance to Communities (AAAJC) is an mozambican Civil Society Organization (CSO) based in Tete province, non-governmental and non proffit, created in 2008 by
a group of Paralegals in natural resources and development law, formed by the Center for Legal and Judicial Training (CFJJ), now Ministry of Justice, who decided to organize themselves based on their knowledge to promote
social and economic development and respect for human rights based on observance of the principles of social justice, equity and sustainability. Its scope of action was limited to the areas of economic development and poverty
reduction in a participatory manner, legal support to communities and citizens, environmental education, conflict resolution, advocacy of public policies and human rights. In 2010, following the implementation of some initiatives
and completing the process of its constitution, the organization was formally legalized with statutes published in the Bulletin of the Republic no. 2, III series, 4th supplement of January 19, 2010.