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O C AP ITAL
V OLU ME I
L IVRO P RIMEIRO
T OMO 1
(P re fá c io s e Ca p ítu lo s I a XII)
E dit or a Nova Cu lt u r a l Lt da .
Im pr essã o e a ca ba m en t o:
DONNE LLE Y COCH RANE GRÁF ICA E E DITORA BRASIL LTDA.
DIVISÃO CÍRCULO - F ONE : (55 11) 4191-4633
ISBN 85-351-0831-9
S EÇÃO II
221 A a n t ít ese en t r e o poder da pr opr ieda de fu n diá r ia , r epou sa n do sobr e r ela ções pessoa is de
ser vidã o e sen h or io, e o poder im pessoa l do din h eir o, est á cla r a m en t e ca pt a da em dois
dit os fr a n ceses. N u lle terre san s seign eu r.* L ’argen t n ’a pas d e m aître.**
*
“Nen h u m a t er r a sem sen h or .”(N. dos T.)
**
“O din h eir o n ã o t em m est r e.”(N. dos T.)
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222 "Com din h eir o se com pr a m m er ca dor ia s e com m er ca dor ia s se com pr a din h eir o." (RIVIÈ RE ,
Mer cier de la . L ’Ord re N atu rel et E ssen tiel d es S ociétés Politiqu es. p. 543.)
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223 "Se u m a coisa é com pr a da pa r a ser n ova m en t e ven dida , ch a m a -se a som a a plica da n isso
de din h eir o a dia n t a do; se com pr a da pa r a n ã o ser r even dida , ela pode ser design a da com o
ga st a ." (STE UART, J a m es. Work s et c. E dit . por Gen er a l Sir J a m es St eu a r t , seu filh o.
Lon dr es, 1805. v. I, p. 274.)
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224 "Nã o se t r oca din h eir o por din h eir o", cla m a Mer cier de la Rivièr e a os m er ca n t ilist a s (Op.
cit., p. 486). Nu m a obr a qu e ex professo* t r a t a do “com ér cio” e da “especu la çã o”, lê-se: “Todo
com ér cio con sist e n a t r oca de coisa s de espécies difer en t es; e o pr oveit o” (pa r a o com er cia n t e?)
“se or igin a m esm o dessa difer en ça . Tr oca r 1 libr a de pã o por 1 libr a de pã o n ã o t r a r ia
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Um a som a de din h eir o pode difer en cia r -se de ou t r a som a de din h eir o
t ã o som en t e m edia n t e su a gr a n deza . P or t a n t o, o pr ocesso D — M —
D n ã o deve seu con t eú do a n en h u m a difer en ça qu a lit a t iva de seu s
ext r em os, pois a m bos sã o din h eir o, m a s a pen a s à su a difer en ça qu a n -
t it a t iva . No fin a l, m a is din h eir o é r et ir a do da cir cu la çã o do qu e foi
la n ça do n ele n o com eço. O a lgodã o com pr a do por 100 libr a s est er lin a s
é, por exem plo, r even dido a 100 + 10 libr a s est er lin a s, ou 110 libr a s
est er lin a s. A for m a com plet a desse pr ocesso é, por t a n t o, D — M —
D’, em qu e D’ = D + ΔD, ou seja , igu a l à som a de din h eir o or igin a lm en t e
a dia n t a do m a is u m in cr em en t o. E sse in cr em en t o, ou o exceden t e sobr e
o va lor or igin a l, ch a m o de — m a is-va lia (su rplu s valu e). O va lor or i-
gin a lm en t e a dia n t a do n ã o só se m a n t ém n a cir cu la çã o, m a s a lt er a
n ela a su a gr a n deza de va lor , a cr escen t a m a is-va lia ou se va lor iza . E
esse m ovim en t o t r a n sfor m a -o em ca pit a l.
É t a m bém possível qu e em M — D — M a m bos os ext r em os, M,
M, por exem plo, gr ã o e r ou pa s, seja m gr a n deza s de va lor qu a n t it a t i-
va m en t e difer en t es. O ca m pon ês pode ven der seu gr ã o a cim a do va lor
ou com pr a r a s r ou pa s a ba ixo do va lor dela s. E le pode, por su a vez,
ser en ga n a do pelo com er cia n t e de r ou pa s. Ta l difer en ça de va lor per -
m a n ece, n o en t a n t o, pa r a essa m esm a for m a de cir cu la çã o, pu r a m en t e
ca su a l. E la n ã o per de sim plesm en t e sen t ido e en t en dim en t o com o o
pr ocesso D — M — D, se os dois ext r em os, gr ã o e r ou pa s, por exem plo,
sã o equ iva len t es. Su a igu a lda de de va lor é a qu i m u it o m a is con diçã o
do t r a n scu r so n or m a l.
A r epet içã o ou r en ova çã o da ven da pa r a com pr a en con t r a , com o
est e m esm o pr ocesso, m edida e a lvo n u m objet ivo fin a l sit u a do for a
dela , o con su m o, a sa t isfa çã o de det er m in a da s n ecessida des. Na com pr a
pa r a a ven da , pelo con t r á r io, com eço e t ér m in o sã o o m esm o, din h eir o,
va lor de t r oca , e já por isso o m ovim en t o é sem fim . Sem dú vida , de
D a dveio D + ΔD, da s 100 libr a s est er lin a s, 100 + 10. Ma s con sider a da s
a pen a s qu a lit a t iva m en t e, 110 libr a s est er lin a s sã o o m esm o qu e 100
libr a s est er lin a s, ou seja , din h eir o. E con sider a da s qu a n t it a t iva m en t e
n en h u m a va n t a gem (...) da í o con t r a st e va n t a joso en t r e com ér cio e jogo, sen do est e a pen a s
in t er câ m bio de din h eir o por din h eir o”. (CORBE T, Th . An In qu iry in to th e Cau ses an d
M od es of th e Wealth of In d ivid u als; or th e Prin ciples of T rad e an d S pecu lation explain ed “.
Lon dr es, 1841. p. 5) E m bor a Cor bet n ã o veja qu e D — D, t r oca r din h eir o por din h eir o, é
a for m a ca r a ct er íst ica de cir cu la çã o n ã o só do ca pit a l com er cia l, m a s de t odo ca pit a l, pelo
m en os a dm it e qu e essa for m a de u m a espécie de com ér cio, da especu la çã o, é com u m a o
jogo, m a s en t ã o a pa r ece Ma cCu lloch e a ch a qu e com pr a r pa r a ven der seja especu la r , e
qu e, por t a n t o, a difer en ça en t r e especu la çã o e com ér cio se desfa z. ”Ca da n egócio em qu e
u m a pessoa com pr a u m pr odu t o pa r a r even dê-lo é, de fa t o, u m a especu la çã o." (MACCUL-
LOCH . A Diction ary, Practical etc. of Com m erce. Lon dr es, 1847. p. 1009.) In com pa r a vel-
m en t e m a is in gên u o, P in t o, o P ín da r o da Bolsa de Am st er dã : “O com ér cio é u m jogo” (essa
fr a se, em pr est a da de Locke) “e com m en digos n ã o se pode ga n h a r n a da . Se, du r a n t e lon go
t em po, se ga n h a sse t u do de t odos, t er -se-ia , m edia n t e a cor do a m igá vel, de devolver de n ovo
a m a ior pa r t e do lu cr o pa r a n ova m en t e in icia r o jogo”. (P INTO. T raité d e la Circu lation
et d u Créd it. Am st er dã , 1771. p. 231.)
*
De cá t edr a . (N. dos T.)
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Com o por t a dor con scien t e desse m ovim en t o, o possu idor do di-
n h eir o t or n a -se ca pit a list a . Su a pessoa , ou m elh or , seu bolso, é o pon t o
de pa r t ida e o pon t o de r et or n o do din h eir o. O con t eú do objet ivo da qu ela
cir cu la çã o — a va lor iza çã o do va lor — é su a m et a su bjet iva , e só en -
qu a n t o a a pr opr ia çã o cr escen t e da r iqu eza a bst r a t a é o ú n ico m ot ivo
in du t or de su a s oper a ções, ele fu n cion a com o ca pit a list a ou ca pit a l
per son ifica do, dot a do de von t a de e con sciên cia . O va lor de u so n u n ca
deve ser t r a t a do, por t a n t o, com o m et a im edia t a do ca pit a lism o.228 Ta m -
pou co o lu cr o isola do, m a s a pen a s o in cessa n t e m ovim en t o do ga n h o.229
E sse im pu lso a bsolu t o de en r iqu ecim en t o, essa ca ça a pa ixon a da do
va lor 230 é com u m a o ca pit a list a e a o en t esou r a dor , m a s en qu a n t o o
en t esou r a dor é a pen a s o ca pit a list a dem en t e, o ca pit a list a é o en t e-
sou r a dor r a cion a l. A m u lt iplica çã o in cessa n t e do va lor , pr et en dida pelo
en t esou r a dor a o pr ocu r a r sa lva r o din h eir o da cir cu la çã o,231 é a lca n ça da
pelo capitalista m ais esperto ao entregá-lo sempre de novo à circulação.232
As for m a s a u t ôn om a s, a s for m a s din h eir o, qu e o va lor da s m er -
ca dor ia s a ssu m e n a cir cu la çã o sim ples m edia m a pen a s o in t er câ m bio
de m er ca dor ia s e desa pa r ecem n o r esu lt a do fin a l do m ovim en t o. Na
cir cu la çã o D — M — D, pelo con t r á r io, a m bos, m er ca dor ia e din h eir o,
fu n cion a m a pen a s com o m odos difer en t es de exist ên cia do pr ópr io va lor ,
o din h eir o o seu m odo ger a l, a m er ca dor ia o seu m odo pa r t icu la r , por
a ssim dizer a pen a s ca m u fla do, de exist ên cia .233 E le pa ssa con t in u a -
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234 "O m eio cir cu la n t e (!) qu e é u sa do pa r a fin s pr odu t ivos é ca pit a l." (MACLE OD. T h e T h eory
an d Practice of B an k in g. Lon dr es, 1855. v. I, ca p. 1, p. 55.) “Ca pit a l é igu a l a m er ca dor ia s.”
(MILL, J a m es. E lem en ts of Pol. E con . Lon dr es, 1821. p. 74.)
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2. Co n tra d iç õ e s d a fó rm u la g e ra l
235 "Ca pit a l (...) va lor qu e se m u lt iplica per m a n en t em en t e." (SISMONDI. N ou veau x Prin cipes
d ’É con . Polit. t . L, p. 89.)
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“O com ér cio”, diz-se, por exem plo, “a dicion a va lor a os pr odu t os,
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245 NE WMAN, S. P . E lem en ts of Polit. E con . An dover e Nova Yor k, 1835. p. 175.
246 "P or m eio da eleva çã o do va lor n om in a l do pr odu t o (...) os ven dedor es n ã o fica m m a is r icos
(...) já qu e o qu e eles ga n h a m com o ven dedor es eles ga st a m exa t a m en t e de n ovo em su a
qu a lida de de com pr a dor es." ([GRAY, J .] T h e E ssen tial Prin ciples of th e Wealth of N ation s
et c. Lon dr es, 1797. p. 66.)
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252 Destutt de Tr acy, em bor a — talvez por que — m em bre de l’Institut,* er a de opinião contr ár ia.
Os ca pitalista s industr iais, diz ele, obtêm os seus lucros “por venderem tudo ma is car o do que
custou produzi-lo. E a quem eles o vendem ? Pr imeir o, uns a os outros”. (Op. cit., p. 239.)
*
Mem br o do In st it u t o. — In stitu t d e Fran ce. A m a is eleva da cor por a çã o da F r a n ça , con s-
t it u ída por vá r ia s cla sses ou a ca dem ia s. Dest u t t de Tr a cy foi m em br o da Aca dem ia de
Ciên cia s Mor a is e P olít ica s. (N. da E d. Alem ã .)
253 "O in t er câ m bio de dois va lor es igu a is n ã o a u m en t a a m a ssa dos va lor es exist en t es n a
socieda de n em a dim in u i. O in t er câ m bio de dois va lor es desigu a is (...) t a m bém n ã o a lt er a
n a da n a som a dos va lor es socia is, já qu e a cr escen t a à for t u n a de u m o qu e r et ir a da do
ou t r o." (SAY, J .-B. Op. cit., t . II, p. 443-444.) Sa y, n a t u r a lm en t e despr eocu pa do qu a n t o à s
con seqü ên cia s dessa fr a se, t om ou -a qu a se lit er a lm en t e dos fisiocr a t a s. A m a n eir a com o ele
explor a os t ext os deles, esgot a dos n a su a época , pa r a o a u m en t o do seu pr ópr io “va lor ”,
m ost r a o segu in t e exem plo. A “m a is fa m osa ” fr a se de Mon sieu r Sa y “só se pode com pr a r
pr odu t os com pr odu t os” (Op. cit., t . II, p. 438) r eza n o or igin a l fisiocr á t ico: “pr odu t os só se
podem pa ga r com pr odu t os”. (LE TROSNE . Op. cit., p. 899.)
254 "O in t er câ m bio n ã o t r a n sfer e va lor de n en h u m a espécie a os pr odu t os." (WAYLAND, F . T h e
E lem en ts of Pol E con . Bost on , 1843. p. 168.)
255 "Sob o dom ín io de equ iva len t es im u t á veis, o com ér cio ser ia im possível." (OP DYKE , G. A
T reatise on Polit. E con om y. Nova Yor k, 1851. p. 66-69.) “Sob a difer en ça en t r e va lor r ea l
e va lor de t r oca ja z u m fa t o — ou seja , qu e o va lor de u m a coisa é difer en t e do a ssim
ch a m a do equ iva len t e qu e por ela é da do n o com ér cio, ist o é, qu e esse equ iva len t e n ã o é
equ iva len t e.” (E NGE LS, F . Op. cit., p. 95-96.)*
*
Ver v. I da ediçã o M E W, p. 508. (N. da E d. Alem ã .)
256 F RANKLIN, Ben ja m in . Work s. v. II, edit . Spa r ks. In : Position s to be E xam in ed Con cern in g
N ation al Wealth . [p. 376.]
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260 De a cor do com essa discu ssã o, o leit or com pr een de qu e isso sign ifica a pen a s: a for m a çã o
de ca pit a l t em de ser possível t a m bém qu a n do o pr eço da m er ca dor ia seja igu a l a o va lor
da m er ca dor ia . E la n ã o pode ser explica da pelo desvio dos pr eços da s m er ca dor ia s em
r ela çã o a os va lor es da s m er ca dor ia s. Se os pr eços se desvia m r ea lm en t e dos va lor es, en t ã o
é pr eciso com eça r por r edu zi-los a os ú lt im os, ou seja , a bst r a ir essa cir cu n st â n cia com o
sen do ca su a l, pa r a t er pela fr en t e, em su a pu r eza , o fen ôm en o da for m a çã o de ca pit a l com
ba se n o in t er câ m bio de m er ca dor ia s e n ã o ser con fu n dido em su a obser va çã o por cir cu n s-
t â n cia s secu n dá r ia s, per t u r ba dor a s e est r a n h a s a o ver da deir o decu r so. Sa be-se, a liá s, qu e
essa r edu çã o n ã o é, de m odo a lgu m , u m m er o pr ocedim en t o cien t ífico. As con st a n t es osci-
la ções dos pr eços de m er ca do, o seu a u m en t o e qu eda se com pen sa m , se a n u la m r ecipr o-
ca m en t e e se r edu zem a u m pr eço m édio com o su a r egr a im a n en t e. E st a con st it u i a est r e-
la -gu ia , por exem plo, do com er cia n t e ou do in du st r ia l, em ca da em pr een dim en t o qu e a br a n ja
espa ço de t em po m a ior . E le sa be, por con segu in t e, qu e, con sider a n do-se u m per íodo m a is
lon go com o u m t odo, a s m er ca dor ia s r ea lm en t e n ã o sã o ven dida s n em a ba ixo n em a cim a ,
m a s de a cor do com o seu pr eço m édio. Se o pen sa m en t o desin t er essa do fosse a o t odo de
seu in t er esse, en t ã o ele pr ecisa r ia coloca r o pr oblem a da for m a çã o de ca pit a l a ssim : com o
pode su r gir o ca pit a l sen do os pr eços r egu la dos pelo pr eço m édio, ou seja , em ú lt im a in st â n cia ,
pelo va lor da s m er ca dor ia s? Digo “em ú lt im a in st â n cia ” por qu e os pr eços m édios n ã o coin -
cidem dir et a m en t e com a s gr a n deza s de va lor da s m er ca dor ia s, con for m e a cr edit a m A.
Sm it h , Rica r do et c.
261 De u m a fá bu la de E sopo em qu e u m fa n fa r r ã o su st en t a t er da do u m sa lt o pr odigioso em
Rodos. A ele se r eplicou : Aqu i est á Rodos, a qu i sa lt a . (N. da E d. Alem ã .)
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3. Co m p ra e v e n d a d a fo rç a d e tra ba lh o
A m odifica çã o do va lor de din h eir o, qu e deve t r a n sfor m a r -se em
ca pit a l, n ã o pode ocor r er n est e m esm o din h eir o, pois com o m eio de
com pr a e com o m eio de pa ga m en t o ele só r ea liza o pr eço da m er ca dor ia
qu e ele com pr a ou pa ga , en qu a n t o, per sist in do em su a pr ópr ia for m a ,
pet r ifica -se n u m a gr a n deza de va lor per m a n en t em en t e igu a l.262 Ta m -
pou co pode a m odifica çã o or igin a r -se do segu n do a t o de cir cu la çã o, a
r even da da m er ca dor ia , pois esse a t o a pen a s r et r a n sfor m a a m er ca dor ia
da for m a n a t u r a l n a for m a din h eir o. A m odifica çã o pr ecisa ocor r er ,
por t a n t o, com a m er ca dor ia com pr a da n o pr im eir o a t o D — M , m a s
n ã o com o seu va lor , pois sã o t r oca dos equ iva len t es, a m er ca dor ia é
pa ga por seu va lor . A m odifica çã o só pode or igin a r -se, por t a n t o, do
seu va lor de u so en qu a n t o t a l, ist o é, do seu con su m o. P a r a ext r a ir
va lor do con su m o de u m a m er ca dor ia , n osso possu idor de din h eir o
pr ecisa r ia t er a sor t e de descobr ir den t r o da esfer a da cir cu la çã o, n o
m er ca do, u m a m er ca dor ia cu jo pr ópr io va lor de u so t ivesse a ca r a ct e-
r íst ica pecu lia r de ser fon t e de va lor , por t a n t o, cu jo ver da deir o con su m o
fosse em si objet iva çã o de t r a ba lh o, por con segu in t e, cr ia çã o de va lor .
E o possu idor de din h eir o en con t r a n o m er ca do t a l m er ca dor ia específica
— a ca pa cida de de t r a ba lh o ou a for ça de t r a ba lh o.
P or for ça de t r a ba lh o ou ca pa cida de de t r a ba lh o en t en dem os o
con ju n t o da s fa cu lda des física s e espir it u a is qu e exist em n a cor por a -
lida de, n a per son a lida de viva de u m h om em e qu e ele põe em m ovim en t o
t oda vez qu e pr odu z va lor es de u so de qu a lqu er espécie.
P a r a qu e, n o en t a n t o, o possu idor de din h eir o en con t r e à dispo-
siçã o n o m er ca do a for ça de t r a ba lh o com o m er ca dor ia , diver sa s con -
dições pr ecisa m ser pr een ch ida s. O in t er câ m bio de m er ca dor ia s n ã o
in clu i em si e pa r a si ou t r a s r ela ções de depen dên cia qu e n ã o a s or i-
gin a da s de su a pr ópr ia n a t u r eza . Sob esse pr essu post o, a for ça de
t r a ba lh o com o m er ca dor ia só pode a pa r ecer n o m er ca do à m edida qu e
e por qu e ela é ofer ecida à ven da ou é ven dida com o m er ca dor ia por
seu pr ópr io possu idor , pela pessoa da qu a l ela é a for ça de t r a ba lh o.
P a r a qu e seu possu idor ven da -a com o m er ca dor ia , ele deve poder dispor
dela , ser , por t a n t o, livr e pr opr iet á r io de su a ca pa cida de de t r a ba lh o,
de su a pessoa .263 E le e o possu idor de din h eir o se en con t r a m n o m er ca do
e en t r a m em r ela çã o u m com o ou t r o com o possu idor es de m er ca dor ia s
igu a is por or igem , só se difer en cia n do por u m ser com pr a dor e o ou t r o,
ven dedor , sen do por t a n t o a m bos pessoa s ju r idica m en t e igu a is. O pr os-
262 “Na for ma de dinheiro (...) o ca pital não gera lucro.” (RICARDO. Princ. of Pol. Econ. p. 267.)
263 Na s en ciclopédia s sobr e a a n t igu ida de clá ssica , pode-se ler o dispa r a t e de qu e n o m u n do
a n t igo o ca pit a l est a va plen a m en t e desen volvido “excet o qu e fa lt a va m o t r a ba lh a dor livr e
e o sist em a de cr édit o”. Ta m bém o sr . Mom m sen , em su a H istória R om an a, pr a t ica u m
qü ipr oqü ó depois do ou t r o.
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264 Diver sa s legisla ções est a belecer a m por isso u m m á xim o pa r a o con t r a t o de t r a ba lh o. Todos
os códigos lega is em pa íses de t r a ba lh o livr e r egu la m con dições de r escisã o do con t r a t o.
E m diver sos pa íses, n ot a da m en t e n o México (a n t es da Gu er r a Civil a m er ica n a , t a m bém
n os t er r it ór ios a r r a n ca dos a o México e, de a cor do com a coisa , a t é a r evolu çã o de Ku sa ,*
n a s pr ovín cia s do Da n ú bio), a escr a va t u r a se ocu lt a sob a for m a de peon a gem . P or m eio
de a dia n t a m en t os r esga t á veis em t r a ba lh o e qu e pa ssa m de ger a çã o em ger a çã o, n ã o só o
t r a ba lh a dor in dividu a l, m a s t a m bém su a fa m ília , t or n a -se de fa t o pr opr ieda de de ou t r a s
pessoa s e de su a s fa m ília s. J u á r ez t in h a a bolido a peon a gem . O a ssim ch a m a do Im per a dor
Ma xim ilia n o r est a beleceu -a m edia n t e u m decr et o, qu e foi a cer t a da m en t e den u n cia do n a
Câ m a r a dos Repr esen t a n t es em Wa sh in gt on com o decr et o pa r a o r est a belecim en t o da es-
cr a va t u r a n o México. “De m in h a s específica s h a bilida des e possibilida des física s e espir it u a is
de a t ivida de posso (...) a lien a r a ou t r em u m u so lim it a do n o t em po, por qu e ela s por essa
lim it a çã o r ecebem u m a r ela çã o ext er n a com m in h a t ot a lida de e u n iver sa lida de. P or m eio
da a lien a çã o de t odo o m eu t em po con cr et o pelo t r a ba lh o e da t ot a lida de de m in h a pr odu çã o,
eu con ver t er ia em pr opr ieda de de ou t r o o su bst a n cia l da m esm a , m in h a a t ivida de e r ea lida de
ger ais, a m inha per sonalida de.” (HEGEL Philosophie des R echts. Berlim , 1840. p. 104, § 67.)
*
Revolu çã o de Ku sa . E m ja n eir o de 1859, Alexa n dr e Ku sa foi eleit o h ospoda r da Moldá via
e pou co depois da Va lá qu ia . P ela u n ifica çã o desses dois pr in cipa dos da n u bia n os, qu e du r a n t e
m u it o t em po est iver a m su bm et idos a o dom ín io do im pér io ot om a n o, cr iou -se u m E st a do
u n it á r io r om en o. Ku sa se colocou com o m et a r ea liza r u m a sér ie de r efor m a s dem ocr á t ico-
bu r gu esa s. Su a polít ica en con t r ou , n o en t a n t o, for t e r esist ên cia dos pr opr iet á r ios fu n diá r ios
e de cer t a pa r t e da bu r gu esia . Depois qu e a Assem bléia Na cion a l, n a qu a l os r epr esen t a n t es
dos pr opr iet á r ios fu n diá r ios pr edom in a va m , r ejeit ou o pr ojet o de r efor m a a gr á r ia a pr esen -
t a do pelo Gover n o, Ku sa dissolveu essa cor por a çã o r ea cion á r ia . F oi pr ocla m a da u m a con s-
t it u içã o, o cír cu lo de eleit or es foi a m plia do e o poder do Gover n o for t a lecido. A r efor m a
a gr á r ia a ceit a n essa n ova sit u a çã o polít ica pr evia a a boliçã o da ser vidã o e a r epa r t içã o da
t er r a en t r e os ca m pon eses m edia n t e su a r ecom pr a . (N. da E d. Alem ã .)
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Í N D ICE
I — P r odu çã o e Sa lá r ios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
II — P r odu çã o, Sa lá r ios e Lu cr os . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
III — Sa lá r ios e Din h eir o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
IV — Ofer t a e P r ocu r a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
V — Sa lá r ios e P r eços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
VI — Va lor e Tr a ba lh o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
VII — F or ça de Tr a ba lh o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
VIII — A P r odu çã o da Ma is-Va lia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
IX — O Va lor do Tr a ba lh o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
X — O Lu cr o Obt ém -se Ven den do u m a Mer ca dor ia pelo seu
Va lor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
XI — As Diver sa s P a r t es em qu e se Divide a Ma is-Va lia . . . . . . 104
XII — A Rela çã o Ger a l en t r e Lu cr os, Sa lá r ios e P r eços . . . . . . . 106
XIII — Ca sos P r in cipa is de Lu t a pelo Au m en t o de Sa lá r ios
ou Con t r a a su a Redu çã o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
XIV — A Lu t a E n t r e o Ca pit a l e o Tr a ba lh o e seu s
Resu lt a dos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
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AP Ê NDICE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 483
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