Você está na página 1de 2

Cidades industriais

As cidades industriais eram habitadas por multidões de trabalhadores anônimos e


sem direitos. Atualmente, os direitos trabalhistas estão tão incorporados ao
nosso cotidiano que mal nos damos conta de que eles só foram estabelecidos no
Brasil nos anos 1930. Ainda assim, não é incomum que manchetes sobre a
exploração dos trabalhadores rurais e a existência de trabalho escravo e infantil
estampem os jornais. Se esses problemas ocorrem hoje, no século XXI, imaginem
no início da industrialização, entre os séculos XVIII e XIX. Não havia
regulamentação da jornada de trabalho, que na maioria das vezes ultrapassava
dez horas por dia, tampouco existiam férias, auxílio-desemprego, vale-
transporte, vale-alimentação ou qualquer outro tipo de benefício. O trabalho
infantil não só era permitido como também estimulado, uma vez que as crianças
recebiam um salário menor que o dos adultos.

A situação das crianças era particularmente preocupante. A mortalidade infantil


era alta em virtude da falta de higiene e da miséria da população operária. Se
somarmos a isso as condições de trabalho nas fábricas, as taxas de mortalidade
se tornavam altíssimas. Engels, um dos pensadores do socialismo, descreveu as
condições do trabalho infantil:

“A elevada mortalidade que se verifica entre os filhos dos


operários, e particularmente dos operários de fábrica, é uma
prova suficiente da insalubridade à qual estão expostos durante
os primeiros anos. Essas causas também atuam sobre as crianças
que sobrevivem, mas evidentemente os seus efeitos são um
pouco mais atenuados do que naquelas que são suas vítimas. Nos
casos mais benignos, têm uma predisposição para a doença ou
um atraso no desenvolvimento e, por consequência, um vigor
físico inferior ao normal. O filho de um operário, que cresceu na

1
miséria, entre as privações e as vicissitudes da existência, na
umidade, no frio e com falta de roupas, aos nove anos está longe
de ter a capacidade de trabalho de uma criança criada em boas
condições de higiene” (ENGELS, Friedrich. A situação da classe
trabalhadora na Inglaterra. Citado por: MARQUES, Adhemar;
BERUTTI, Flavio; FARIA, Ricardo. História contemporânea
através de textos. São Paulo: Contexto, 2001, p. 40).

Você também pode gostar