Você está na página 1de 5

EXMO. SR. DR.

MINISTRO PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPERIOR


TRIBUNAL DE JUSTIÇA .

ELIAS MARCELO MARCONDES BARUCKE, DEFENSOR PÚBLICO, vem,


através da presente, respeitosamente, impetrar HABEAS CORPUS em favor de
FERNANDO PEREIRA TEIXEIRA, brasileiro, portador da carteira de identidade
número 12.025.878-5 IFP/RJ, filho de Joel de Souza Teixeira e de Selma Santiago
Pereira, atualmente preso no Sistema Penitenciário do Estado do Rio de Janeiro,
com fulcro no artigo 5o, inciso LXVIII da Constituição Federal e arts. 647 e
seguintes do Código de Processo Penal, contra ACÓRDÃO DA 4ª. CÂMARA
CRIMINAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, proferido nos autos do processo
número 0008800-18.2011.8.18.0037, em curso na 1ª. Vara Criminal da Comarca
de Nova Friburgo-RJ., pelos seguintes fundamentos de fato e de direito que
passa a aduzir:

BREVE RESUMO DOS FATOS

Conforme demonstram as cópias em anexo, o paciente em questão


foi condenado em Segunda Instância pela prática do crime previsto no art.
16§único, inciso IV , da lei 10.826/03, sendo-lhe aplicada a pena de 03 anos e 03
meses de reclusão, impondo o regime semiaberto para o início do cumprimento
da pena e negando a substituição da pena privativa de liberdade em restritiva de
direito.

O paciente foi absolvido em Primeira Instância, sendo certo que


diante do apelo do Ministério Público a Egrégia Quarta Câmara Criminal
entendeu por bem reformar a sentença absolutória, impondo a condenação
acima especificada.

No entanto, conforme se verifica nos autos da ação penal citada,


mais especificamente no Acórdão proferido por unanimidade, o nobre
Desembargador Relator da apelação, equivocadamente, ao realizar a dosimetria
da pena, considerou o paciente como réu de maus antecedentes, em razão das
anotações que existem em sua FAC de fls. 81/85 daquele processo acima
mencionado, motivo pelo qual aplicou a pena base acima do mínimo legal, em
três anos e três meses de reclusão, e, ainda, usando o mesmo fundamento
equivocado, entendeu por negar a substituição da pena privativa de liberdade
por pena restritiva de direito, determinando a expedição de mandado de prisão
preventiva em desfavor do mesmo, sob o seguinte fundamento:

“Deixo de promover a substituição da pena privativa de liberdade


por restritivas de direitos e de deferir a suspensão condicional da pena porque
insuficientes à reprovação da conduta (art. 44, inciso III, e art. 77, ambos do
código penal), CONSIDERANDO QUE O ACUSADO OSTENTA MAUS
ANTECEDENTES”.

Cumpre ressaltar que o paciente foi preso no dia 11/07/16 em


virtude do mandado de prisão expedido em seu desfavor por determinação da
Câmara Criminal impetrada, tendo em vista a decretação de sua prisão no
referido Acórdão, valendo especificar que se apresentou espontaneamente
perante do Cartório da 1ª. Vara Criminal, onde foi detido por iniciativa do
responsável pelo expediente da ilustre Serventia.

No entanto, observa-se que é desarrazoada a decretação da prisão


do ora paciente, uma vez que incorreu em grave ilegalidade a nobre e Egrégia
Quarta Câmara Criminal, tendo em vista que utilizado na decisão pressuposto
jurídico inexistente, uma vez que o PACIENTE É EVIDENTEMENTE RÉU PRIMÁRIO
E DE BONS ANTECEDENTES.

Mister se faz ressaltar, que os fundamentos utilizados pelo culto


Desembargador Relator na dosimetria da pena, para aplicar a pena base acima
do mínimo, e para negar ao paciente equivocadamente o direito de substituição
da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direito, evidenciam o grave
erro cometido, que causou a ilegal e desnecessária restrição ao direito de ir e vir
do mesmo, sendo que atualmente já se encontra preso cumprindo pena
privativa de liberdade em virtude de flagrante ilegalidade.

Tal argumentação se faz porque o paciente em questão não possui


em sua FAC NENHUMA ANOTAÇÃO DE ANTECEDENTE CRIMINAL QUE REGISTRE
CONDENAÇÃO TRANSITADA EM JULGADO, possuindo, além da anotação
referente a esta condenação que ora se combate, duas outras anotações de
antecedentes, quais sejam, uma pelo art. 16 da Lei 6.368/76 e outra pelo art.
155 §4º , incisos II e IV, do código penal, SENDO QUE OS DOIS PROCESSOS
RECEBERAM DECISÃO DE EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE, não tendo o paciente
sofrido em sua vida qualquer condenação transitada em julgado antes da
condenação no processo acima mencionado.

Averbe-se que o Acórdão proferido em desfavor do ora paciente


ofende a SÚMULA 444 deste Egrégio Superior Tribunal de Justiça, assim como a
Jurisprudência dominante no Egrégio Supremo Tribunal Federal, pois
consideramos réu de maus antecedentes no Direito Penal Brasileiro somente
aquele que possui condenação criminal transitada em julgado, sendo certo que
em sua FAC não possuía o ora paciente no momento em que foi proferido o
Acórdão pela Douta Quarta Câmara Criminal qualquer condenação com sentença
transitada em Julgado que justifique a equivocada fundamentação usada pelo
nobre Desembargador Relator que acabou por aplicar pena base acima do
mínimo, e, ainda, negar a substituição da pena privativa de liberdade por pena
restritiva de direito.

Com efeito, a substituição da pena não constitui mero favor que a


Justiça presta ao réu, mas sim direito subjetivo público que o mesmo possui
quando preenche os requisitos do art. 44 do código penal, bem como constitui
direito do réu ser condenado à pena mínima se as circunstâncias judiciais se
mostram favoráveis, e nenhuma outra circunstância indica a necessidade de
exasperação da pena.
Deste modo, ao considerar equivocadamente o ora paciente
como réu de maus antecedentes para negar-lhe a pena mínima e também negar-
lhe a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direito a
que evidentemente faz jus, incorreu o nobre Desembargador Relator em decisão
evidentemente ilegal, o que foi acompanhado por unanimidade, determinando,
por conseguinte, com a devida vênia, prisão arbitrária e desnecessária.

DO PEDIDO LIMINAR

Isto posto, com fulcro no art. 649 do código de processo penal,


requer o impetrante a concessão de LIMINAR no sentido de determinar a
suspensão dos efeitos jurídicos da prisão decretada até o julgamento final deste
HC, com o imediato recolhimento do mandado de prisão e soltura do paciente,
em razão da desnecessidade de sua prisão, fazendo cessar assim imediatamente
a ordem impetrada, exarada pela Egrégia Quarta Câmara Criminal do Tribunal de
Justiça do Estado do Rio de janeiro, valendo salientar que se encontram
presentes para a concessão da LIMINAR ora pleiteada os pressupostos legais do
fumus boni iuris e o periculum in mora, estando bem demonstrado no corpo do
presente habeas corpus a plausibilidade do direito alegado, bem como os
indícios de existência de constrangimento ilegal ao direito de ir e vir, sendo certo
que são evidentes os danos irreversíveis que sofrerá diante do cerceamento
indevido de seu direito de locomoção.

CONCLUSÃO

Ante o exposto, requer o impetrante o seguinte:

a) a notificação da ilustre Quarta Câmara Criminal, como autoridade coatora,


para que preste as informações devidas no prazo legal;
b) a intimação do nobre representante do Ministério Público;
c) a concessão de decisão LIMINAR, de acordo com os fundamentos do
tópico acima desenvolvido,devendo sofrer suspensão os efeitos jurídicos
da prisão indevidamente decretada nestes autos, até o julgamento final do
presente writ, pois a decisão que decretou a prisão se mostra
evidentemente abusiva e desnecessária, já que está evidente o direito do
paciente à substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva
de direitos;
d) ao final, o acolhimento do pedido para conceder a ORDEM DE HABEAS
CORPUS em favor do paciente acima qualificado, a fim de que seja
cancelada a ordem que decretou a prisão no Acórdão, determinando por
conseguinte o imediato recolhimento do mandado de prisão do paciente e
sua soltura, bem como seja concedida a ordem para modificar a
dosimetria da pena no citado Acórdão, a fim de determinar a redução da
pena base fixada ao patamar mínimo legal, de três anos de reclusão, bem
como para substituir a pena privativa de liberdade por pena restritiva de
direito, tendo em vista que o paciente evidentemente não é de maus
antecedentes, e a decisão combatida somente decretou sua prisão por
considera-lo equivocadamente de maus antecedentes, por ser esta
medida do mais puro Direito e de cristalina JUSTIÇA.

Nestes Termos.
Pede Deferimento.

Nova Friburgo, 18 de julho de 2016.

________________________________
Marcelo Barucke
DEFENSOR PÚBLICO

Você também pode gostar