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Red.

Aula 1

Eduardo Valladares
(Bernardo Soares)

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07
Foca na mar
Redação
O que é e como argumentar
RESUMO
O início do nosso Foca na Redação não poderia ser a definição de argumento. Depois disso, aproveite o
diferente: se o objetivo do aluno, aqui, é aprofun- momento da aula de reforço para tirar suas dúvidas,
dar a produção textual e suas diferentes estratégias, ok? A fim de facilitar o trabalho, tente seguir estes
cabe começar o reforço pelas bases. Sabendo que, questionamentos e formular uma resposta única:
no seu vestibular, o texto cobrado é o dissertativo-
-argumentativo, é fato que as raízes dessa redação → Argumentar no texto seria, objetivamente, ten-
estão na argumentação em si. Dessa forma, conhe- tar convencer ou persuadir o leitor?
ceremos, aqui, um pouco da ideia de argumentação,
suas ferramentas e alguns exemplos que te ajudarão → Que etapas participam da construção de um ar-
a alcançar de vez o tão sonhado mil. Vamos juntos? gumento?

→ Que estratégias poderiam ser utilizadas na de-


O que é argumentar? fesa dessa ideia?

Antes de tudo, como o nosso foco é chegar além do


que já vimos em aulas regulares, queremos que você Agora que você já mostrou que conhece bem a ideia
reflita sobre o papel da argumentação. Baseado no de argumentação e tirou todas as suas dúvidas, va-
que foi estudado até agora, escreva aqui, com suas mos tentar identificar essas construções em alguns

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próprias palavras, o que você entende como sendo exemplos?

Exemplo 1
Fale a verdade: quantas foram as vezes em que você publicou qualquer coisa sem nem mesmo pensar antes?
É irresistível meter o bedelho em tudo, confessar o inconfessável e buscar autoafirmação com a concordância
alheia – ou achar boas polêmicas com discordâncias “saudáveis”. É como se estivéssemos numa boa mesa de
bar, na qual se fala de um tudo.
“Ah, mas eu não tô nem aí. O espaço existe e eu quero mais é ocupá-lo! Quero ter o direito de escrever o que
eu quiser, sobre o que eu bem entender, na hora que eu julgar apropriada”, você pode estar pensando. Como
diria o sábio Cumpadi Washington, sabe de nada, inocente! O problema é que o “no que você está pensando”
acaba sendo levado ao pé da letra e a ironia que você pensou raramente é compreendida pelos interlocutores.
É mais ou menos como se você saísse pela rua gritando as verdades entaladas na sua garganta, usando um
megafone, e cada um ouvisse de um jeito, usando sua própria interpretação. Com o pouco (ou nenhum) conhe-
cimento que tem de você.
O conselho é: na dúvida, não publique. Porque, amigo, vou logo tocar a real para você: não só os RHs estão de
olho; os futuros empregadores costumam fuçar as redes dos candidatos em busca de “prontofalei” mal coloca-
do. O lance é que o #prontofalei de hoje pode ser a fechada de portas de amanhã. Ainda mais porque, tirando
Elon Musk, ninguém é capaz de prever o futuro.
Para quem só consegue acreditar nos fatos, vamos a alguns deles: teve o caso de um professor de geografia da
rede pública de ensino do Rio de Janeiro que foi demitido por falar mal do prefeito em redes. De acordo com
o processo administrativo, o docente manteve “condutas reprováveis nas redes sociais, consistentes em dirigir
ofensas indignas, palavras de baixo calão, entre outras coisas, ao prefeito da cidade do Rio de Janeiro e à se-
cretária de Educação”.
Teve o funcionário de uma loja de carros que resolveu abrir o verbo contra o gerente em sua timeline. E foi de-
mitido também.
Em 2015, uma segurada que estava brigando na Justiça contra o INSS para conseguir auxílio-doença por
depressão postou uma foto em seu Facebook em uma cachoeira usando a seguinte legenda: “Não estou
estou me aguentando de tanta felicidade”. Segundo a Advocacia Geral da União (AGU), que é quem representa
o INSS em processos, peritos médicos judiciais podem avaliar – de forma subjetiva e ainda bem controversa –
se uma pessoa está ou não “deprimida”. O resultado da foto foi o cancelamento do benefício.
Isso tudo aí parece bizarro, mas basta uma olhadinha na nossa timeline para perceber que o pessoal perdeu
definitivamente a linha. O famoso #prontofalei virou ferramenta de desabafo, mas o feitiço pode virar contra o
feiticeiro: ao mesmo tempo em que cresce a confiança dos usuários e aumenta a coragem de opinar sobre tudo,
aumenta a vigilância das empresas em busca de escorregões dos funcionários – atuais e futuros.

Disponível em: http://projetocolabora.com.br/vida-sustentavel/maldicao-do-prontofalei/

Exemplo 2
Um em cada três concluintes do ensino superior no Brasil em 2015 que participaram do Exame Nacional de De-
sempenho dos Estudantes (Enade) seria o primeiro da família a ter um diploma universitário. E com muito esfor-
ço: 66,4% trabalhavam regularmente, sendo que praticamente a metade (48,9%) tinha jornada de pelo menos
40 horas por semana, segundo questionários aplicados aos alunos.

A maioria (49%) declarou dedicar de uma a três horas por semana aos estudos fora do horário das aulas, é sol-
teira (68,9%) e branca (59,9%). A renda familiar mais comum gira entre R$ 1 mil a R$ 2,1 mil aproximadamente
(para 25% dos universitário à época) e de R$ 2,1 mil a R$ 3,2 mil (para 21%).

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O perfil traçado refere-se aos estudantes de 8.121 bacharelados nas áreas de Ciências Sociais Aplicadas, Hu-
manas e afins, e nos cursos tecnológicos em gestão de negócios, apoio escolar, hospitalidade e lazer, produ-
ção cultural e design. Esse bloco de formação passou pelo Enade em 2015, aplicado a 447.056 concluintes das
formações.

Do total de concluintes dos cursos analisados pelo Enade 2015, somente 13,1% frequentavam instituições gra-
tuitas. Para 44,8%, o curso era pago por conta própria, sem nenhum tipo de auxílio. Mas 28,2% dos alunos
relataram usar algum incentivo do governo federal para custear os estudos. O mais comum é o Fies (relatado
por 14,5%), seguido por ProUni integral (7,3%), ProUni parcial (2,1%) e ProUni parcial combinado com Fies (1,2%).
curso gratuito. Há também bolsas dadas pelas instituições, por governos estaduais ou municipais, ONGs e fi-
nanciamento bancário.

Dos beneficiados por incentivos do governo federal, 44,3% seriam os primeiros da família a concluir o ensino
superior, 36,3% ingressaram por meio de políticas afirmativas e 53,4% têm renda familiar per capita de até três
salários mínimos. Os dados, na avaliação de Mariangela Abrão, coordenadora-geral de Controle de Qualidade
do Ensino Superior do Inep em substituta, mostram que o público-alvo está sendo atingido:

— A política do financiamento inclui, atende o estudante que necessita e que de outra forma não teria como
ter acesso ao ensino superior.

Disponível em: http://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/


338-sao-os-primeiros-da-familia-ter-diploma-de-ensino-superior-21030437
Exemplo 3
Agora que o carnaval passou, 2017 finalmente teve início e — caramba! — já estamos em março. Estou com
uma tremenda sensação de ineficiência. Ainda não li tantos livros quanto gostaria neste ano, não assisti a to-
dos os filmes a que me propus, não fui aos espetáculos, não encontrei todos os amigos queridos, não escrevi
as páginas que gostaria de ter escrito e por aí vai. Às vezes, tenho a impressão de que sou um hiperativo não
diagnosticado. Finais de semana chegam a ser desesperadores: tenho vontade de fazer tudo ao mesmo tempo
— e posso acabar não fazendo nada.

Felizmente, descobri que este sentimento não é tão incomum. Para os mais íntimos, já foi criado o termo Fomo,
sigla derivada do inglês “fear of missing out”, traduzido pessoalmente como “o medo de estar perdendo coisas
legais que acontecem vida afora” ou “o medo de não estar atualizado”. Penso que todo mundo já chegou a ter
essa sensação: quando você se dá conta de que irá morrer algum dia e que não vai dar tempo de ver aquele
total de séries e filmes que gostaria. Ou, pior, quando você faz as contas do número de livros que é possível ler
em uma vida inteira. Caso você leia pelo menos um livro por semana — o que é muito —, você faz 48 leituras
por ano. Considerando que você viva até os 90 anos, mas tenha começado a ler semanalmente aos 15, a esti-
mativa é que consiga ler somente 3.500 livros antes de morrer. Três mil e quinhentos! É angustiante. Não bas-
tassem todos os clássicos do cinema e da literatura que vale a pena conhecer, novos filmes, livros e séries são
lançados aos montes a cada ano.

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Em meio a tanta informação, eu sou um bom virginiano e trato de tentar me organizar. Confesso que adoro
criar listas, elaborar tabelas, arquivos dentro de arquivos, para colocar alguma lógica em todo esse caos de
pendências. Dá bastante trabalho fazer tudo, claro, mas recentemente alguns aplicativos de celular trouxeram
novos métodos de organização e de cumprimento de metas que facilitam nossa vida. Para começar, instalei
um aplicativo de iniciantes, o Keep. Criado pela Google, o app permite que você crie textos em formato de no-
tas, possibilitando também a criação de listas, com aqueles quadradinhos para se clicar e riscar como tarefa
concluída. De um modo geral, ele te induz a anotar tudo o que está se passando pela sua cabeça, com uma in-
terface muito simples e responsiva. A partir dele, consegui completar algumas tarefas diárias e me lembrar de
alguns compromissos, mas por vezes me faltava motivação para preenchê-lo.

Ainda pouco conhecido, o Thirty é outro aplicativo com uma proposta mais inovadora: permite a criação de de-
safios que você tem de cumprir todo dia a cada 30 dias. Após criar um perfil, você será direcionado para uma
seleção de categorias nas quais os seus desafios em mente hão de se encaixar — amor, gastronomia, foto,
entretenimento, produtividade. Infinitas possibilidades. Depois de criado o desafio, o aplicativo te lembra todo
dia daquilo que você mesmo se comprometeu a fazer. Através dele, consegui ver muito mais filmes e fiquei vi-
ciado em criar novos desafios.

Para aqueles que precisam de um estímulo maior, acreditem, há o nível acima. Habitica é um aplicativo que só
se encontra em inglês e te insere em um RPG da vida real, permitindo criar um personagem de si mesmo para
cumprir hábitos diários, como beber dois litros de água, ou tarefas do dia a dia, como ir para academia, e ainda
desafios de longa duração. Ao se completar essas tarefas, o “personagem” ganha uma recompensa em número
de experiência e avança de nível. É o aplicativo perfeito para nerds que não resistem a um joguinho — mesmo
quando se trata de cumprir suas metas. Confesso que este não me conquistou — era loucura demais para al-
guém que só queria ser mais organizado.

De um modo ou de outro, com ou sem aplicativos, a única maneira de não perder o que está acontecendo ao
seu redor é não se desesperar. Toda semana tenho que escrever esta coluna, por exemplo. Às vezes, meu prazo
de entrega vai chegando, o desespero bate, e é aí mesmo que não consigo escrever nada. A melhor forma de
fazer o texto é sentar, relaxar, pensar e esperar que as ideias venham. Flui perfeitamente. Olha só, já até che-
guei ao final — e posso marcar no meu aplicativo como mais uma tarefa concluída. Agora, posso terminar de
assistir à ótima série “Westworld” — parei no episódio 7. Mal vejo a hora de passar de nível.

Disponível em: http://oglobo.globo.com/cultura/fomo-21015635


Estratégias para você conven-
cer de vez o leitor
Há muitas maneiras de defender um argumento.
Além dos famosos métodos de raciocínio, é possível
organizar sua fundamentação usando diversas fer-
ramentas que, juntas, podem tornar sua argumenta-
ção mais consistente. Baseado em seu conhecimen-
to das aulas e na explicação do professor, aponte,
aqui, algumas das estratégias que você considera
relevantes neste trabalho:

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Lembrou? Agora vamos analisar alguns exemplos de
argumentação, na prática? Dê uma olhada no texto a
seguir, sobre a Redução da maioridade penal no Bra-
sil, e tente identificar algumas dessas estratégias de
fundamentação.

Mais uma lição de Pitágoras

Impunidade. Esse é o sentimento que leva grande parte dos brasileiros a defender a redução da maioridade pe-
nal para 16 anos. O estado de violência no qual estamos inseridos, somado à frequente associação de menores
aos atos de violência expostos pela mídia, gera um desejo de vingança, que se consuma com a prisão desses
transgressores das regras morais que regem a sociedade. Entretanto, estudiosos e entidades internacionais
condenam essa proposta, alegando que não reduz a criminalidade. Devemos, então, analisar os dois extremos
para resolver esse impasse e encontrar a melhor forma de mostrar que diminuir a maioridade não é o caminho
mais interessante.

Em primeiro lugar, é importante considerar os principais pontos levantados por quem é favorável a esse projeto
de lei. É relevante entender isso, pois grande parte da população tem se mostrado simpática à proposta. Esse
grupo aponta que em vários países do mundo a idade para ser julgado como adulto é inferior à do Brasil. Além
disso, destaca que, se um jovem de 16 anos é consciente para votar, também o é para responder criminalmente
por seus atos, principalmente aqueles cometidos contra a vida. Os defensores da redução, porém, se esquecem
de alguns dados importantes nessa discussão, levantados por quem é contrário ao projeto.

Quem discorda da ideia, então, rebate esses argumentos se baseando em estatísticas do CNJ (Conselho Na-
cional de Justiça) e da Unesco, provando, respectivamente, que o sistema prisional é ineficiente – possui índi-
ce de reincidência de 70% – e não reduz a violência, pois nenhum país teve queda nas taxas de criminalidade
depois de reduzir a maioridade. Além disso, ainda segundo o CNJ, menos de 10% das infrações cometidas por
por menores são atentados à vida – os mais apontados pelos defensores. Destaca-se, também, que o cidadão
brasileiro é responsabilizado penalmente a partir dos 12 anos e que aos 16 o voto é facultativo, não sendo crité-
rio definidor de “consciência plena”. Apontam, ainda, a tendência de se elevar a maioridade em vários países
no mundo, inclusive em alguns pontos dos EUA. Tais dados confirmam a necessidade de manutenção da atual
lei e a inconsistência dos argumentos dos favoráveis à mudança.

Torna-se claro, portanto, que a redução não é a solução mais adequada e que, a fim de resolver os problemas
e extinguir de vez essa possibilidade, algo precisa ser feito a curto prazo. Quanto à questão emergencial, é
importante que as autoridades responsáveis façam valer as medidas presentes no ECA (Estatuto da Criança
e do Adolescente), que preveem, inclusive, a privação de liberdade, mas visam à reeducação social desses in-
fratores. A escola também tem papel fundamental na formação de cidadãos que respeitem os valores de sua
sociedade. Por isso, o governo deve observar os ensinamentos de Pitágoras e “educar as crianças para que não
precisemos punir os adultos”. Assim, poderemos vislumbrar um futuro mais esperançoso e seguro para todos.

Acabou a aula! E agora? Antes disso, vamos revisar os pontos que você pre-
cisaria ter aprendido até aqui? Se houver alguma
A aula acaba, mas o estudo não termina! O traba- dúvida, volte à explicação, aos vídeos gravados, às
lho de hoje é simples: tendo conhecido as diversas monitorias, à nossa live semanal, ok? É muito impor-

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estratégias argumentativas, você precisará escolher tante que você saia desta nossa semana com todas
um assunto do seu dia a dia (qualquer um!), levantar essas questões entendidas de cor!
um posicionamento sobre ele e, é claro, argumentos
para defendê-lo. Seu palco de defesa será o nosso → O que é argumentar?
grupo no Facebook. Tente, com seus colegas de tur- → Quais são as principais estratégias argumentati-
ma, bolar pontos que fundamentem cada um dos ar- vas e como utilizá-las?
gumentos que você levou para debate, levando em → O que eu não posso fazer, de jeito nenhum, ao de-
consideração tudo o que você aprendeu. Simples, fender um ponto de vista?
né? Ajudará muito! → Como essa argumentação se aplica ao meu con-
texto de prova do ENEM?
5.
Sugira uma reescritura do parágrafo, de acordo com as características mais im-
portantes de um parágrafo argumentativo.

Leia o parágrafo de conclusão a seguir, considerado exemplar:

Portanto, a cultura de assédio se solidificou na sociedade brasileira. A fim de alte-


rar o olhar machista, debates e aulas de conscientização às crianças nas escolas
fomentarão o respeito aos direitos da mulher. Ademais, os meios de comunicação,
com impacto apelativo, devem transmitir noticiários sobre a equidade de gêneros
e problematizar a banalização do abuso, induzindo a reflexão e mudança na con-
duta dos indivíduos. O Governo, ainda, sendo mais punitivo nas leis contra essa
situação garantirá o reconhecimento da liberdade feminina, como anseia Chima-
manda.

6.
Antes mesmo de estudar as características do parágrafo de conclusão, identifi-
que, no parágrafo, e aponte com suas palavras cada uma das partes apresenta-

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das nas linhas transcritas.

7.
Aponte, de acordo com o parágrafo, o tema proposto pela banca dessa prova.

8.
Explique, por fim, a tese defendida pelo autor do texto.
QUESTÃO CONTEXTO
Leia a redação a seguir, sobre o tema “Efeitos e desafios da exploração do pré-
-sal no Brasil”:

Superar desafios é a nossa energia

As camadas submarinas do território tupiniquim impulsionaram uma maior visibili-


dade ao cenário econômico e internacional, com o início da exploração do pré-sal,
iniciada no ano de 2006. A extração petrolífera prossegue como a principal matriz
energética desde a 2ª Revolução Industrial. No entanto, junto aos inúmeros bene-
fícios ao desenvolvimento brasileiro, há uma série de desafios a serem superados.

Pode-se colocar como indicativo os altos investimentos financeiros às pesquisas


tecnológicas, que contrastam com a atual crise de petróleo em escala global. Ade-
mais, os contínuos escândalos de corrupção envolvendo a empresa Petrobrás con-
tribuem para um sentimento de desconfiança e descrédito, frente à continuidade
de investimentos com outros setores, além da dificuldade de financiamentos. As-
sim, percebe-se que tais elementos podem prejudicar o andamento de futuras ne-
gociações econômicas com outros países.

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Outro fator relevante é a distribuição dos royalties, tributo financeiro pago pelas
empresas ao governo para ter direito à exploração do pré-sal e compensar possí-
veis danos ambientais. São inegáveis os benefícios que essa exploração trouxe às
terras brasileiras, como o aumento de empregabilidade e o direcionamento eco-
nômico voltado a essa exploração dará ao Brasil a oportunidade de ser um dos
maiores produtores de petróleo do mundo.

A destinação dos royalties é um assunto que vem gerando muito polêmica. Isso
ocorre porque, no ano de 2014, a presidente Dilma sancionou a Lei dos Royalties,
que distribui parte do lucro para investir na educação e na saúde. Entretanto, a
grande preocupação é que haja um monitoramento dessa verba, a fim de que não
ocorra o desvio de dinheiro público e que esse tributo seja, de fato, efetivado para
melhorar as condições do âmbito social.

Portanto, cabe à empresa estatal colocar em prática ações que superem esses de-
safios, visando combater à corrupção interna, como uma fiscalização necessária
para a transparência às negociações e a recuperação e confiança de sua imagem
reafirmadas. Ademais, o governo deve cumprir com o que foi assumido em relação
à destinação dos royalties, visando melhorar esses setores, como também, a par-
ticipação mais efetiva dos cidadãos, a fim de assegurarem seus direitos.

Você assume, neste momento, o papel de um corretor do ENEM. Sabendo que


a redação é exemplar e conhecendo algumas das características básicas do tex-
to dissertativo-argumentativo, analise o texto acima e cada um dos argumentos
levantados, fazendo apontamentos sobre os parágrafos e sua construção. Jus-
tifique, em tópicos, a nota máxima dada a cada uma das competências, levando
em consideração os critérios de modalidade escrita culta da língua, tema e tipo
de texto, coerência, coesão e propostas de intervenção.

Em seguida, já em monitoria, discuta esses pontos com o monitor, a fim de co-


meçar a desenvolver a autocrítica necessária na produção textual. Bom trabalho!
GABARITO
01. 02.
Exercícios para aula Exercícios para casa
1. Tema: “A família contemporânea e a sua re- 1. Na redação, o autor não elaborou uma tese
presentação em questão no Brasil” ou qualquer tema muito bem desenvolvida, o que deixou o posiciona-
parecido que aponte, especificamente, a questão da mento pouco claro e, consequentemente, o direcio-
família e sua representação no Brasil. namento para o desenvolvimento é fraco. Por fim, há
um problema em descriminação (o certo seria discri-
Tese: Apesar das mudanças recentes, ainda há mui- minação; na forma como foi escrito, o termo tem ou-
to o que se discutir a fim de que as novas configura- tro sentido), na conjugação do verbo descobrimos
ções familiares sejam respeitadas. (o certo, em paralelo a tentarmos, seria descobrire-
mos) e a repetição exaustiva de “dia”, logo no início
Estratégia de contextualização: Cultural, com base do texto.
em uma música dos Titãs. 2. O tema pede um texto sobre “O desa-
Estratégia de apresentação do posicionamento: fio de se conviver com as diferenças” e não possui
Tese sugestiva. uma tese clara. Uma sugestão de tese: “Diante des-
se grande desafio, é crucial entender os obstáculos
2. Argumento 1: Há uma persistência do con- que impedem a convivência com o que é diferente,

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servadorismo na sociedade brasileira. a fim de resolver esse mal”.
Estratégias utilizadas no convencimento: Exemplo 3. O aluno poderia, em primeiro lugar, acertar
de projeto na Câmara e dados estatísticos. os problemas de escrita apontados. Além disso, po-
deria direcionar melhor a temática, que fala, especi-
Argumento 2: O conservadorismo da sociedade ali- ficamente, do desafio de se conviver com as diferen-
menta a intolerância. ças. Poderia, por fim, como dito na questão anterior,
Estratégia utilizada no convencimento: Exemplo de sugerir uma tese mais clara, de acordo com os argu-
caso de intolerância com relação a um jovem ho- mentos que levantará no texto.
mossexual. Como sugestão de argumentos, o aluno
poderia mostrar, primeiro, que esse desafio pode
Argumento 3: É preciso analisar, também, outras es- vir do fato de algumas pessoas trabalharem na ma-
truturas familiares, a fim de perceber que, mesmo nutenção das diferenças na sociedade. Além disso,
com medidas já tomadas e conquistas alcançadas, seria interessante falar dos benefícios de alguns em
ainda há problemas na aceitação da pluralidade. cima da ausência do combate a esse problema. Po-
Estratégia utilizada no convencimento: Comparação deria, por fim, apontar a negligência governamental,
histórica. quando o assunto é resolver essa situação.
3. Escola: promoção de respeito e integração.
Podem ser realizados projetos, debates, além da in- 4. Por ser um parágrafo argumentativo, é váli-
serção de atividades de troca entre os alunos duran- do que apresente exemplos, com o objetivo de fun-
te os intervalos e as aulas. damentar um posicionamento. O trecho, porém, não
Governo: punição aos casos de intolerância. O po- mostra que posicionamento é esse, deixando o seu
der público pode, também, trabalhar em parceria conteúdo predominantemente expositivo.
com a mídia, lançando campanhas de conscientiza- 5. Em primeiro lugar, é importante perceber
ção e representação de diferentes modelos familia- como, ainda hoje, os desastres são consequência da
res. sede por lucro de algumas empresas. Em 2015, o Bra-
sil presenciou o rompimento de uma barragem da mi-
neradora Samarco, na cidade de Mariana, em Minas
Gerais, o que causou uma tragédia enorme. O impac-
to gerado somou-se à quantidade de casas destruídas
e às muitas pessoas feridas e mortas - dezenove, no
total -, ficando registrado na história como um dos
maiores acidentes ambientais do Brasil. A vontade
de lucrar, então, foi essencial na atitude de negligên-
cia da empresa.
6. Percebe-se, em primeiro lugar, uma reafirmação
do ponto de vista do autor. Depois disso, a elabora-
ção de propostas de intervenção, buscando resolver
o problema desenvolvido no texto e usando os prin-
cipais meios de resolução presentes na sociedade.
7. O texto tratou sobre a cultura do assédio.
8. Defendeu-se, no texto, a persistência de uma cul-
tura do assédio que, com o passar do tempo, solidi-
ficou-se no Brasil, sendo necessárias algumas medi-
das para resolver esse problema.

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