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1.

Ilícito tributário ilícito administrativo e penal


A única diferença que pode ser reconhecida entre as duas espécies de ilicitude é de
quantidade ou de grau: está na maior ou menor gravidade ou imoralidade de uma com a
outra. O ilícito administrativo é um minus em relação ao ilícito penal.
O ilícito administrativo consiste na violação de regras peculiares a grupos diferenciados
da sociedade, como magistrados, advogados, médicos, engenheiros, professores,
estudantes, funcionários, ao passo que o ilícito penal consiste na violação de regras gerais,
aplicáveis, sem exceção, a todo cidadão
Ao agente condenado pela prática de ilícito penal os tribunais repressivos aplicam sanções
penais referentes ao fato enquadrado em norma típica, prévia e precisa, ao passo que o
ilícito administrativo é punido por colegiados administrativos ou por autoridades
singulares do setor administrativo. Os ilícitos penais são "típicos", os ilícitos
administrativos são "atípico

2. Lei 8.137/90: falar sobre o art. 1, 2 e 3

Os crimes contra a ordem tributária estão disciplinados nos artigos 1º a 3º da Lei 8.137/90,
podendo ser sujeitos ativos o contribuinte, o substituto e o responsável tributário, o terceiro
responsável e o terceiro estranho à relação tributária. Tais crimes jamais podem ser cometidos
por pessoas jurídicas, mas sim, pelos seus diretores, administradores, gerentes ou funcionários
responsáveis, desde que tenham participado do ato de sonegação. Quanto aos sujeitos
passivos, são eles: a sociedade e o Estado (Administração Pública da União, dos Estados,
Distrito Federal e Municípios).

O artigo 1º da Lei 8.137/90 refere-se ao crime de supressão ou redução de tributo. Dispõe o


artigo 1º, in verbis:
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou
contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:

I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;

II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação


de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;

III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro
documento relativo à operação tributável;

IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber
falso ou inexato;

V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento


equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente
realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.

Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez)


dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade
da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração
prevista no inciso V.
As condutas descritas nos incisos estão relacionadas a obrigações acessórias, que são
obrigações do sujeito passivo perante o Fisco, sem caráter patrimonial, com o objetivo de
fornecer informações que auxiliem a fiscalização e arrecadação tributária.

O crime previsto no art. 2º possui a mesma natureza do anterior, sendo, entretanto, condutas
menos gravosas e, até por isso, receberam sanção mais branda. O sujeito ativo é o
contribuinte ou o responsável, ou seja, aquela pessoa que possui uma relação pessoal e direta
ou de responsabilidade (com certo vínculo com a situação que deu origem ao fato gerador) em
relação à obrigação tributária
Art. 2° Constitui crime da mesma natureza:

I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar
outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;

II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social,


descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria
recolher aos cofres públicos;

III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer


percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição
como incentivo fiscal;

IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou


parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento;

V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito


passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por
lei, fornecida à Fazenda Pública.

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

O art. 3° inaugura a seção II que preve crimes funcionais, ou seja, são praticados por
funcionários públicos no exercício de suas funções. São, portanto, crimes próprios. O sujeito
ativo é o funcionário público, mas nada impede que um particular pratique este crime.
Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no
Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I):

I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda
em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando
pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social;

II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda


que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem
indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo
ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito)
anos, e multa.

III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração


fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um)
a 4 (quatro) anos, e multa.

3. Princípio da insignificância
Esse princípio diz respeito a relevância dos objetos das lides, existe um mínimo para que a
demanda realmente deva ensejar em uma consequência jurídica, se a ofensa for irrelevante ao
bem jurídico protegido. No que diz respeiutp oas crimes tributários a Terceira Seção do STJ, por
sua maioria, entendeu que incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e
de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00
(vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações
efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. Dessa forma, o
entendimento do Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça estão em sintonia
prevendo o limite para acolhimento do princípio da insignificância o valor até vinte mil reais
atinente aos crimes tributários federais e de descaminho.

4. Competência para julgamento


Os crimes contra a ordem tributária, envolvendo a atividade de arrecadação de tributos
da União, dos Estados, dos Municípios e de determinadas autarquias, devem ser julgados
pela Justiça Federal ou Estadual, conforme o ente beneficiário do tributo objeto da
conduta delituosa. Exemplificando: a sonegação de imposto de renda será julgada pela
Justiça Federal, pois envolve interesse de arrecadação da União. Entretanto, a sonegação
de ICMS será apreciada pela Justiça Estadual, pois o interesse é do Estado-membro. O
mesmo ocorre se a supressão disser respeito ao IPTU, de interesse do Município, ou seja,
cabe à Justiça Estadual.

5. Instinção da punibilidade em virtude do pagamento ou parcelamento

Quanto às consequências do adimplemento do débito tributário, não há dissenso. Desde 1965


com a Lei no 4.729 faz parte da nossa tradição legislativa, influenciada por razões de política
criminal e pela preferência pela arrecadação, pelo saldo positivo nos cofres públicos, prever a
extinção da punibilidade dos autores de crimes desta natureza que voluntariamente saldem a
dívida tributária.

a Lei 12.382/11 regulamentou a extinção da punibilidade dos crimes tributários nas situações
de parcelamento do débito tributário, não tendo afetado o disposto no § 2º do art. 9º da Lei
10.684/2003, que prevê a extinção da punibilidade em razão do pagamento (em qualquer
tempo).

6. Responsabilidade da pessoa jurídica

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