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INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Divisão do Texto Principais argumentos
CONCLUSÃO
Entre os Wari’ e outros, ao contrário, as pessoas são percebidas como tendo uma realidade
efêmera, constituindo precipitações temporárias de um conjunto de relações. Se os atos
constitutivos de parentesco falham, a pessoa se torna animal ou morto. A descrição do céu
cristão dos Wari’ nos faz pensar que eles tenham capturado justamente esse aspecto central
do individualismo ocidental, isto é, o fato dos termos precederem as relações. As ações
específicas não são ali necessárias à constituição das pessoas: podem ser parentes sem se
alimentar uns aos outros, sem partilhar o dia-a-dia e os momentos de sono. No céu, eles
praticamente não se encontram; não comem, não falam. No lugar disso, escrevem todo o
tempo, silenciosos. São belos e jovens, mas estéreis: não sabem produzir gente. Os indivíduos,
para os Wari’, não são plenamente humanos. Talvez por isso os tenham exilado no céu.
(VILAÇA, 2007)