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Resenha do Livro: Jogos Cooperativos – O Jogo e o Esporte como

Exercício de Convivência
Publicado: Julho 14, 2009 | Author: Ivonete Silva | Filed
under: Pedagogia |36 Comentários
Resenha do Livro: Jogos Cooperativos – O Jogo e o Esporte como
Exercício de Convivência
Por Ivonete Silva, apaixonada por essa idéia de cooperação e de
educação de corpo inteiro.
BROTTO, Fábio Otuzi. Jogos Cooperativos: O Jogo e o Esporte
como Exercício de Convicência. 3 ed. Santos, São Paulo: Projeto
Cooperação,161p.
Fábio Brotto nasceu em Rio Claro – SP, foi uma criança brincalhona
juntamente com seus irmãos. Professor de Educação Física, depois
cursou psicologia. No final da década de 90, resolveu sistematizar
aquilo que já tinha recolhido de informação e vivência em Jogos
Cooperativos. Contanto com o apoio da UNICAMP, disserta sobre
seu tema de mestrado. Hoje trabalha com o Projeto Cooperação,
publicando livros e oferecendo materiais e cursos na divulgação da
filosofia dos Jogos Cooperativos. É casado com Gisela e possui três
filhos.
Em uma época onde a competição é tanto estimulada, o livro de
Brotto, surge como um desafio na divulgação aberta da filosofia da
cooperação. Esse pensamento é expresso já no início do livro, onde
o autor abre mão dos direitos autorais e autoriza a reprodução a
quem quiser divulgar os jogos cooperativos. Fantástico!
O objetivo do autor com o trabalho é contribuir para que as pessoas
possam resgatar o seu potencial de viver juntas e realizarem
objetivos comuns, aprendendo a viver uns com os outros, ao invés
de uns contra os outros. Trata-se de um estudo filosófico-
pedagógico acerca dos jogos cooperativos para promover a ética da
cooperação e desenvolver as competências necessárias para a
melhoria da qualidade de vida atual para a vida das futuras
gerações.
O livro é organizado em cinco capítulos: O jogo em uma sociedade
em transformação, a consciência da cooperação, jogos
cooperativos, jogos cooperativos: uma pedagogia para o esporte, o
jogo e o esporte como exercício de convivência. O livro possui
ainda algumas considerações finais, bibliografia e anexos.
Na primeira parte do trabalho, Brotto expõe os conceitos e
abordagens de jogo, fazendo uma relação dele com as dimensões
do ser humano e uma relação profunda com a vida humana,
afirmando que: “Jogamos do jeito que vivemos e vivemos do jeito
que jogamos”. Por isso, a importância de mudar a nossa
mentalidade para transformar a sociedade.
A partir do capítulo “a consciência da cooperação”, Brotto fala sobre
a diferença gritante que há entre a cooperação e a competição,
quais os alcances, os objetivos e os sentimentos envolvidos em
uma situação competitiva e em uma situação cooperativa. Comenta
também sobre alguns mitos que surgem quando falamos em
cooperação, deixando bem claro que há alternativas, não porque a
competição é ruim e a cooperação é boa, mas porque a cooperação
é mais necessária se queremos um mundo melhor. “Não sou contra
a competição, sou francamente a favor da cooperação ”. O capítulo
termina com um apelo para que o desenvolvimento da cooperação
seja desenvolvido por todos, mostrando que a sociedade
cooperativa é uma possibilidade, basta trabalharmos com boas
ações, além das nossas boas intenções.
No capítulo três Brotto, dedica-se a falar dos jogos cooperativos
com profundidade, da sua origem, da sua evolução, de como esse
movimento foi espalhando-se pelo mundo até chegar ao Brasil. Aqui
no Brasil a trajetória dos jogos é mostrada de forma cronológica.
Mostra ainda os conceitos e as características dos jogos
cooperativos, principalmente contrastando com as características
dos jogos competitivos. Jogos cooperativos são bem mais que
jogos desenvolvidos em sala de aula, ou em quadras, por isso,
Brotto mostra a visão que movimenta os jogos cooperativos e os
princípios sócio-educativos da cooperação: a convivência, a
consciência e a transcendência.
“Exercitando no jogo e no esporte a reflexão criativa, a
comunicação sincera, a tomada de decisão por consenso e a
abertura para expe-rimentar o novo, todos podem descobrir que são
capazes de intervir positivamente na construção, transformação e
emancipação de si mesmos, do grupo e da comunidade onde
convivem.”
No capítulo “jogos cooperativos: uma pedagogia do esporte”, o
autor discorre sobre o esporte como algo muito presente na
experiência humana e como conteúdo da disciplina de Educação
Física. Ao esporte ele une a pedagogia, transformando-a em uma
linha de pesquisa que aplica a ciência do esporte aos princípios
sócio-educativos para favorecer o processo de ensino-
aprendizagem. É o uso do esporte como meio de educação. Ainda
nesse capítulo Brotto fala da importância da cooperação no esporte
ensinando ao pedagogo do esporte todas as categorias de jogos
cooperativos, os critérios para formação de grupos, a visão sobre
premiação e as ações co-opetitivas, que são ações de criação e
organização de eventos grandes de cooperação.
No último capítulo, o autor relaciona tudo que foi exposto ao
exercício da convivência, e estimula o leitor a desejar e lutar por um
mundo melhor, sem perdedores ou vencedores, mas um mundo
onde todos vencem juntos. Um verdadeiro desafio na construção de
um mundo onde nós nos importamos com o outro, porque ele é
parte de nós.
Em suas considerações finais, Brotto enfatiza que os jogos
cooperativos não terminam ali, eles continuam, “é impossível
conceber um apito final para este Exercício de Convivência”. Todos
são estimulados a vivenciar e a divulgar essa pedagogia da
cooperação.
Após a bibliografia, o livro coloca os anexos, que é chamado pelo
autor de “con-nexos”. Os “con-nexos” são jogos cooperativos, jogos
competitivos que podem ser transformados em jogos cooperativos e
divulgação do material e dos cursos do Projeto Cooperação.
O livro de Fábio Brotto, “mexeu” comigo, lendo-o eu:
 Ri dele, de alguma situação ou de nós mesmos.
 Senti meu coração acelerar.
 Tive vontade de chorar
 Fiquei com calor quando estava frio, e com frio quando estava
calor.
 Levei o livro para dar uma voltinha.
 Esqueci de comer, beber ou, ir ao banheiro.
 Contei para algumas pessoas que estava “com ele”.
 Tive vontade de socar ou arrancar as páginas.
 Tive a sensação de que não estava apenas lendo um livro, mas,
estava com um AMIGO.
As palavras acima retiradas do primeiro livro de Fábio Brotto,
expressam o sentimento ao ler o livro. A forma como é escrito
facilita a compreensão e estimula o amor pela filosofia dos jogos
cooperativos. Diante de tudo o autor expõe não há críticas, há o
desejo de trabalhar por um mundo melhor, um mundo com menos
competição, com menos violência, com menos egoísmo. Esse livro
é indicado para todos aqueles que possuem em seu coração o
desejo e em suas mãos a força da cooperação!

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