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1.

CONTEXTO HISTÓRICO
O Romantismo no Brasil surgiu poucos anos após a independência política,
alcançada no ano de 1822. A autonomia em relação à colônia fez surgir nos
escritores brasileiros um sentimento de nacionalismo, gerando um movimento
anticolonialista em defesa da criação de uma literatura que enfim retratasse
nossa cultura, história e língua de maneira fidedigna.
Podemos dizer, portanto, que o Romantismo foi um movimento de reação à
tradição clássica, uma vez que contestou os modelos literários europeus que não
retratavam nossas raízes históricas, linguísticas e culturais. Dessa maneira, o
nacionalismo é uma característica fundamental da primeira geração do
Romantismo brasileiro, sobretudo na poesia, que tradicionalmente é dividida
em três diferentes fases. Seu marco inicial foi a publicação de Suspiros Poéticos
e Saudades (1836), do escritor Gonçalves de Magalhães (1811-1882).

2. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
As principais características da primeira geração romântica são:
• Nacionalismo;
• Presença do índio como herói nacional;
• Descrição do encontro entre índios e europeus como
representação do mito da criação do Brasil;
• Natureza brasileira exaltada como exuberante e confidente do
sujeito lírico dos poemas;
• Egocentrismo;
• Idealização do amor e da mulher.

2.1 A EXALTAÇÃO DA BELEZA E LIBERDADE


Os românticos utilizavam a exaltação da natureza e da liberdade como um
mecanismo para fugir da realidade, objetivo alcançado quando o escritor se
voltava para paisagens novas, como a selva brasileira. Esse novo espaço
possibilitou a criação de uma poesia voltada para o índio e para a natureza
brasileira, poesia expressa em uma linguagem simples e acessível, cujo principal
representante foi Gonçalves Dias.

Canção do exílio

(Gonçalves Dias)

Minha terra tem palmeiras,


Onde canta o Sabiá;

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As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar sozinho, à noite
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

2.2 INDIANISMO
O índio foi escolhido como um dos símbolos da nacionalidade brasileira. O negro,
vindo de outro continente, não podia ser considerado como um típico brasileiro,
tampouco o homem branco, identificado como o colonizador português. A figura
do homem nativo substituiu o herói medieval europeu em nossa literatura: o índio
era visto como o “bom selvagem”, cujo comportamento era idealizado.
Canção do Tamoio
(Gonçalves Dias)
I
Não chores, meu filho:
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos,
Só pode exaltar.
II
Um dia vivemos!
O homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;

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No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.
(...)
III
Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!
(Fragmentos)

2.3 NACIONALISMO UFANISTA


O nacionalismo é um dos traços essenciais da primeira geração do Romantismo
brasileiro. Essa característica abriu um variado leque temático, entre eles o
regionalismo, além de propiciar a pesquisa histórica, folclórica e linguística e o
debate acerca dos problemas nacionais, posturas que evidenciavam o
comprometimento dos escritores com o projeto de construção de uma identidade
nacional em nossa literatura.
Minha terra!
(Gonçalves Dias)
“(...)
E vendo os vales e os montes
E a pátria que Deus nos deu,
Possamos dizer contentes:
Tudo isto que vejo é meu!
Meu este sol que me aclara,
Minha esta brisa, estes céus:
Estas praias, bosques, fontes,
Eu os conheço — são meus!
Mais os amo quando volte,
Pois do que por fora vi,
A mais querer minha terra,
E minha gente aprendi.
(Fragmentos)

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Embora Gonçalves de Magalhães seja considerado o introdutor do Romantismo
no Brasil, foi Gonçalves Dias o responsável por implantar e solidificar a poesia
romântica em nossa literatura. Sua obra, que abarca todas as características
anteriormente citadas, é a realização do projeto de construção de nossa cultura.
A poesia de Gonçalves Dias é voltada para os elementos genuinamente
brasileiros, valorizando assim a natureza e o índio, sempre retratados por meio
de uma linguagem simples e acessível, bem diferente da literatura proposta por
seus antecessores do Barroco e do Arcadismo.

3. PRINCIPAIS AUTORES
Domingos José Gonçalves de Magalhães (1811-1882)
Considerado o fundador do Romantismo Brasileiro, Gonçalves de Magalhães
nasceu no Rio de Janeiro. Foi poeta, professor, ensaísta, diplomata, político e
médico brasileiro.
Personagem brasileiro multifacetado recebeu o título de "Visconde Araguaia" no
ano de 1874.
Algumas de suas obras: Suspiros Poéticos e Saudades (1836), O poeta e a
Inquisição (1839), A Confederação dos Tamoios (1857), Os indígenas do Brasil
perante a História (1860).
Antônio Gonçalves Dias (1823-1864)
Gonçalves Dias foi um poeta, jornalista, professor, etnógrafo, advogado e
teatrólogo maranhense.
Um dos mais representativos poetas da primeira fase romântica no Brasil.
Algumas obras: Canção do Exílio (1846), I-Juca-Pirama (1851), Os Timbiras
(1857).
Manuel José de Araújo Porto Alegre (1806-1879)
José de Araújo foi escritor, jornalista, pintor, caricaturista, arquiteto, crítico,
historiador, professor, diplomata e político brasileiro.
Considerado o fundador das revistas: “Guanabara” e “Lanterna Mágica”. Suas
principais obras: A destruição das florestas (1846), Brasilianas (1863) e Colombo
(1866).
Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882)
Escritor e médico brasileiro, Joaquim Manuel de Macedo, destaca-se por sua
prosa. Sua obra intitulada “A Moreninha”, publicada em 1844, é considerada o
primeiro romance brasileiro.
Outras obras que se destacam: O Moço Loiro (1845), A Luneta Mágica (1869),
As Vítimas-Algozes (1869).
Manuel Antônio de Almeida (1831-1861)

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Manuel Antônio de Almeida foi escritor, jornalista, médico e professor brasileiro.
Destaca-se sua única obra em prosa denominada “Memórias de um Sargento de
Milícias” (1852).
Foi publicada durante um ano (1852-1853) nos folhetins do jornal Correio
Mercantil, no qual era redator.
José Martiniano de Alencar (1829-1877)
José de Alencar foi cronista, romancista, jornalista, crítico, político advogado e
dramaturgo brasileiro.
É conhecido por seus romances regionalistas, históricos e indianistas, dos quais
se destacam: Cinco Minutos (1856), O Guarani (1857), A Viuvinha
(1857), Iracema (1865), Ubirajara (1874), O Sertanejo (1875).

4. PRINCIPAIS OBRAS
As principais obras da primeira geração romântica são:
• Gonçalves Dias
“Segundos Cantos” (1848)
“Últimos Cantos” (1851)
“Os Timbiras” (1857)
“Cantos” (1857)
• José de Alencar
• “O Guarani’ (1857)
• “Iracema” (1865)
• “Ubirajara” (1874)

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5. CONCLUSÃO
Por meio deste trabalho pode ser concluir que o começo do Romantismo é de suma
importância para nossa cultura e história. Tivemos como principal intuito de explicar seu
surgimento e instalação no Brasil, a partir de sua influência sobre nossa cultura nos dias
atuais.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

www.brasilescolauol.com.br/ acessado em 18/10 ás 10:45


www.mundoeducação.com.br/ acessado em 19/10 ás 14:44
www.todamatéria.com.br/acessado em 19/10 ás 15:05

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