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EXCELENTÍSSIMO(A) JUIZ (ÍZA) FEDERAL DA ...

ª VARA FEDERAL DA
SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ... – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE
...

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE


AUXÍLIO ACIDENTE.

A RECORRENTE, já qualificada nos autos do processo em epígrafe, na


ação movida em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL –
INSS, igualmente qualificado, vem, por seus advogados, respeitosamente,
perante Vossa Excelência, inconformada com a sentença, interpor

RECURSO INOMINADO

com fundamento no art. 41 da Lei n. 9.099/95 c/c art. 5º da Lei n.


10.259/01, através das razões anexas, as quais requer, após
processadas, sejam recebidas nos seus efeitos legais e encaminhadas à
Egrégia Turma Recursal da Seção Judiciária de....

Nestes termos, requer deferimento.

Cidade/SC, data do protocolo eletrônico.


EGRÉGIA TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

1. RAZÕES DO RECURSO INOMINADO

Colenda Turma Julgadora.

A Recorrente ajuizou ação em face do INSS visando à concessão


de auxílio acidente em razão de ter sofrido um acidente automobilístico
em …, o qual lhe resultou em sequelas incapacitantes, e, não obstante
isso, não foi agraciada com a benesse ora postulada.

O MM. Juiz sentenciante, ao analisar o feito, julgou-o


improcedente, por entender que inexiste nexo causal entre o sinistro
sofrido pela Recorrente em … e as sequelas que reduzem sua capacidade
laboral atualmente.

Contudo, em que pese à ilação expendida pelo Excelentíssimo


Magistrado a quo, a sentença merece ser reformada, ante os motivos
expostos a seguir.

2. INCAPACIDADE LABORATIVA DA RECORRENTE

Inicialmente, deve-se destacar que a incapacidade laborativa da


Recorrente restou amplamente demonstrada no decorrer do feito e assim
restou reconhecida pelo Juiz a quo:

… (extrair trecho da sentença)

O perito judicial, ademais, quando questionado acerca da


redução da capacidade da Recorrente, resultante de acidente
automobilístico, atestou que esta existia, ainda que temporária.

Destarte, como a incapacidade laborativa da Recorrente restou


reconhecida na sentença atacada, não há que se fazerem maiores
considerações sobre este aspecto.

3. NEXO CAUSAL
Muito embora o MM. Juiz sentenciante tenha reconhecido a
incapacidade laborativa da Recorrente, julgou o pedido desta
improcedente, por não visualizar o nexo causal entre o acidente
automobilístico por ela sofrido em … e as sequelas que reduzem sua
capacidade laboral nos dias atuais.

Entretanto, as razões adotadas pelo Juiz a quo carecem de


razão.

Isto porque, muito embora o perito médico designado por este


Juízo tenha concluído não poder precisar a data em que teve início a
incapacidade parcial da Recorrente, haja vista a insuficiência de
documentos e atestados médicos emitidos à época, o nexo causal entre a
incapacidade desta e sinistro por ela sofrido já foi objeto de análise de
outros médicos, os quais concluíram, sem dúvidas, pela existência do
nexo.

Neste aspecto, cabe ressaltar que o nexo causal nada mais é do


que o liame entre determinado acontecimento ou conduta, causados ou
não por um agente, e as consequências (danos) que aquela gerar na
vítima.

Na hipótese, a Recorrente, além da presente demanda, ajuizou


ação indenizatória em face da empresa proprietária do caminhão que lhe
atropelou em … (processo n. ..., em trâmite na Comarca de
Cidade/Estado).

Nos referidos autos também foi designada perícia médica


judicial a ser realizada na Recorrente. O perito indicado pelo Juízo
Estadual, Dr. ... , fez longa e detalhada discriminação acerca da redução
da capacidade laborativa da Recorrente e atestou, nas suas conclusões
que é possível afirmar que existe nexo causal entre as sequelas da
Recorrente e o acidente indicado.

A afirmação do perito é clara e não suscita dúvidas: as lesões


ainda hoje existentes na Recorrente, e que reduzem sua capacidade
laborativa, decorrem diretamente do acidente automobilístico por ela
sofrido em … .

Não fosse isso, quando as dores que sente tornaram-se


insuportáveis, a Recorrente procurou o INSS a fim de obter afastamento
das suas atividades. Em perícia médica realizada na seara
administrativa, o médico da autarquia concluiu que:

Existe incapacidade laborativa de longa data. Faxineira com


limitação funcional importante de coluna lombar por sequela de
fratura antiga (DID=06/01/1999, quando esteve em BI) [...] (sem
grifo no original).

Observa-se, desta forma, que além de profissional indicado por


Juiz Estadual, com especialidade em pericias judiciais, médico do INSS
também atestou que a incapacidade laboral hoje apresentada pela
Recorrente tem origem no acidente que esta sofreu em … .

Por fim, muito embora o perito indicado pelo Juiz a quo ateste
não ter “como definir a data de início da incapacidade” (fl. 2, quesito “c”
do laudo pericial), afirma, no quesito “b” da mesma peça, que as lesões
da Recorrente têm como características “redução da altura” e
“achatamento discreto, sugerindo fratura antiga”, o que vai de encontro
com o que atestou anteriormente.

Destarte, da análise do conjunto fático-probatório dos autos,


tem-se que 2 (dois) médicos devidamente especializados atestaram que a
Recorrente apresenta sequelas que reduzem sua capacidade laboral em
decorrência de acidente automobilístico ocorrido em …, ao passo que
apenas 1 (um) profissional da área afirma estar impossibilitado de definir
a data do início da incapacidade da Recorrente, ainda que conclua que a
sua principal moléstia tem origem antiga.

Logo, como o perito do Juízo a quo não afirmou, com a certeza


que o caso requer, que a incapacidade da Recorrente não advém do
sinistro por ela sofrido em…, ao passo que dois médicos
proeminentemente reconhecidos atestam o contrário, não se mostra
acertada a sentença que julgou improcedente os pleitos da Recorrente.

Ademais, sabe-se que, no caso de qualquer dúvida porventura


remanescente, esta deve ser dissipada em prol da pretensão do segurado,
em atenção à solução pro misero e ao caráter social dos benefícios
conferidos pelo INSS, adotados no âmbito do Colendo STJ e pelos
Tribunais Regionais Federais.

Foi este o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no


julgamento do REsp n. 1109591/SC, sob o rito dos recursos repetitivos:

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO


DA CONTROVÉRSIA. AUXÍLIO-ACIDENTE. LESÃO MÍNIMA.
DIREITO AO BENEFÍCIO. 1. Conforme o disposto no art. 86,
caput, da Lei 8.213/91, exige-se, para concessão do auxílio-
acidente, a existência de lesão, decorrente de acidente do
trabalho, que implique redução da capacidade para o labor
habitualmente exercido. 2. O nível do dano e, em consequência,
o grau do maior esforço, não interferem na concessão do
benefício, o qual será devido ainda que mínima a lesão. 3.
Recurso especial provido. (STJ, REsp n. 1109591, Min. Celso
Limongi, 3ª Seção, julgado em 08/09/2010, sem grifo no
original).

Nesta toada:

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. REDUÇÃO DA


CAPACIDADE LABORATIVA. PERÍCIA CONCLUDENTE. LESÃO
MÍNIMA. DIREITO AO BENEFÍCIO. 1. É devido o auxílio-
acidente quando a perícia comprova redução permanente da
capacidade para o trabalho que o segurado habitualmente
exercia, devida a sequela de lesões consolidadas oriundas de
acidente. 2. O nível do dano e, em consequência, o grau do maior
esforço, não interferem na concessão do benefício, o qual será
devido ainda que mínima a lesão. (TRF4, AC 0005878-
05.2015.404.9999, Sexta Turma, Relator Hermes Siedler da
Conceição Júnior, D.E. 26/11/2015, sem grifo no original)

Por fim, quanto ao termo inicial do benefício, já se manifestou


o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. TERMO INICIAL DO


BENEFÍCIO. DIA SEGUINTE AO DA CESSAÇÃO DO AUXÍLIO-
DOENÇA. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284 DO
STF, POR ANALOGIA.
1. O termo inicial da concessão do benefício previdenciário
de auxílio-acidente é a prévia postulação administrativa ou o
dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença. Ausentes a
postulação administrativa e o auxílio-doença, o termo a quo para
a concessão do referido benefício é a citação.
2. O STJ entende ser inviável o Recurso Especial, fundado na
alínea "a" do permissivo constitucional, que não especifica quais
normas legais foram violadas. Incide, na espécie, por analogia, o
princípio contido na Súmula 284/STF: "É inadmissível o recurso
extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não
permitir a exata compreensão da controvérsia".
3. Recurso Especial parcialmente conhecido, e nessa parte, não
provido.
(REsp 1524134/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 26/05/2015, DJe 05/08/2015,
sem grifo no original).

Logo, é possível afirmar, com a certeza que o caso requer, que


as sequelas que reduzem a capacidade laboral da Recorrente nos dias
atuais decorrem, diretamente, do acidente automobilístico por ela sofrido
em …, fazendo jus, portanto, ao benefício de auxílio acidente, previsto no
art. 86 e §§ da Lei n. 8.213/91, com as alterações feitas pela Lei n.
9.528/97, desde a cessação do benefício de auxílio-doença em …,
merecendo a sentença perseguida ser reformada neste aspecto.

4. REQUERIMENTOS

Ante todo o exposto, requer seja o presente Recurso Inominado


conhecido e provido em sua integralidade, para REFORMAR a sentença
atacada, que julgou improcedente os pedidos da Recorrente e, em
consequência:

1) julgar procedentes os pedidos formulados na inicial, para


conceder à Recorrente o benefício de auxílio acidente, desde a cessação
do benefício de auxílio doença em …;

2) condenar o Recorrido ao pagamento das diferenças em


atraso, a contar de … (1 [um] dia após a data da cessação de auxilio
doença – NB ...) até a presente data, respeitada a prescrição
quinquenária, as quais deverão ser atualizadas monetariamente pelo
INPC desde a cessação do benefício de auxílio-doença, momento em que
as parcelas se tornaram devidas, e acrescidas de juros de mora na base
de 1% ao mês a partir da citação;
3) condenar o Recorrido ao pagamentos das custas processuais
e honorários advocatícios.

Nestes termos, requer deferimento.

Cidade/SC, data do protocolo eletrônico.

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