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O ano de 1966 é visto como aquele em que a banda assumiu sua nova atuação, que seria
mantida até a separação do grupo, em 1970.[97] Nessa época, o mundo já não era mais o
mesmo e os Beatles fizeram parte dessa mudança. Entre os acontecimentos mais
destacados, estão a recepção dos anglicanos frente ao Papa em Roma, a liderança
de Martin Luther King na marcha pelos direitos civis nos Estados Unidos, e o bombardeio
da Força Aérea Americana em Hanói, capital do Vietnam do Norte.[97] Pelo outro lado do
planeta, a ciência se desenvolvia na chegada da espaçonave soviética a Vênus (primeira
nave terrestre a pousar noutro planeta) e, na China, a proclamação da "Revolução
Cultural", que promoveu expurgos e perseguiu intelectuais.[97]
Férias, casamento e prêmios: Nos três primeiros meses de 1966 a banda tirou férias,
após desistirem da ideia de lançar um novo filme em cima de A Talent For Loving, cujo
roteiro seria de Richard Condon.[97] Nesses meses, tiveram encontros em festas com
os músicos Mick Jagger e Brian Jones dos Rolling Stones, e compareceram na estreia
do filme Alfie, cuja estrela era Jane Asher, namorada, na época, de Paul.[97] John e
Ringo não compareceram ao casamento de George em 21 de janeiro porque viajavam
para fins de semana no Caribe e na Suíça; George e a modelo Patricia Anne Boyd
embarcaram para uma lua de mel em Barbados, nas Bahamas.[97] Enquanto isso, os
Beatles obtiveram naquele ano dez indicações ao Grammy e, embora existissem
restrições do regime político na Polônia, as canções da banda começavam a ingressar
intensamente nas rádios daquele país.[97]
Entrevista com Cleave, e a "Capa do Açougue": Em março, os Beatles foram
convidados a uma entrevista com a jornalista Maureen Cleave, do jornal britânico
"London Evening Standart". Nesta entrevista, John declarou com tom crítico a seguinte
frase: "O cristianismo vai acabar. Vai se dissipar e depois sucumbir. Nem preciso
discutir isso. Estou certo, e o tempo vai provar. Atualmente somos mais populares que
Jesus Cristo".[97] A declaração não causou nenhuma polêmica na Inglaterra. Depois, a
banda posou para uma sessão com o fotógrafo Bob Whitaker, que produziu fotos com
matizes surrealistas. Uma dessas fotografias foi utilizada na capa do próximo
álbum Yesterday and Today, que ficou cinco semanas em primeiro lugar vendendo um
milhão e meio de discos[97] e só editado nos Estados Unidos, onde o quarteto está
vestido com jalecos brancos e segura bonecas despedaçadas junto a pedaços de
carne. O disco, referido frequentemente como "a capa do açougue" gerou polêmica
nos Estados Unidos: algumas pessoas atribuíram à foto uma mensagem cifrada ou
algo contra a Guerra do Vietnam, outros acharam que era uma crítica ao
desmembramento dos álbuns originais dos Beatles na América.[97][98] A Capitol recolheu
os discos e substituiu as capas prensadas.[98]
Após estes problemas com a "capa do açougue", o grupo iniciou sua turnê mundial de
1966 por cinco países, entre eles Alemanha, Japão, Filipinas, Estados Unidos e Canadá.[k]