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DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA – EPUSP

PNV-2321 Termodinâmica e Transferência de Calor

LISTA DE EXERCÍCIOS No 4 – SOLUÇÕES

Para todos os problemas desta lista, com exceção do primeiro, apresentamos um modelo de solução
no software Interactive Thermodynamics (IT). Propomos que os alunos tentem montar seus
próprios modelos no IT e os comparem com as soluções aqui apresentadas. Convém relembrar a
necessidade de indicar ao IT as unidades de trabalho (usamos sempre o S.I.).

Exercício 6.2

Trata-se de obter o volume específico da água nas condições dadas e, com a vazão em massa
conhecida, calcular a área de passagem necessária para que a velocidade (média) do escoamento não
ultrapasse o valor especificado. É, portanto, uma aplicação da Equação da Continuidade
(Conservação de Massa).

Do CATT2, temos: v1 = 0,0009995 m3/kg e v2 = 0,07074 m3/kg. Assumindo regime permanente, a


vazão em massa (igual na entrada e saída) é: mdot = 1,389 kg/s. Mas mdot = (Vel*A)/v, logo A =
(mdot*v)/Vel. Impondo velocidade Vel1 = Vel2 = 20 m/s, temos: para a entrada A1 = 6,94*10-5 m2 e
para a saída A2 = 0,0049 m2.

Exercício 6.14

É uma aplicação da Primeira Lei a um trocador de calor de superfície (2 entradas e 2 saídas). O


problema sugere admitir que o trocador é isolado termicamente, ou seja, que todo o calor perdido
por um dos fluxos é transferido ao outro. O modelo para o IT e seu resultado estão abaixo:

// Exercicio 6.14, Van Wylen, 5a Ed.

// Dados
mdot1 = 1 // kg/s
p1 = 10 // kPa
T1 = 300 // oC
p2 = 10 // kPa
x2 = 0 // liquido saturado
p3 = 101.3 // kPa (assumimos P atmosferica no lago)
T3 = 20 // oC
p4 = 101.3 // kPa (idem, sem perda de carga)
T4 = 30 // oC

// Propriedades
h1 = h_pT("Water/Steam", p1, T1)
hsat2 = hsat_px("Water/Steam", p2, x2)
h2 = hsat2
h3 = h_pT("Water/Steam", p3, T3)
h4 = h_pT("Water/Steam", p4, T4)

// Conservation of mass
mdot1 = mdot2
mdot3 = mdot4

// Conservation of energy
mdot1 * (h1) + mdot3 * (h3) - mdot2 * (h2) - mdot4 * (h4) = 0
h1 h2 h3 h4 hsat2 mdot2 mdot3 mdot4 T1 T3 T4 mdot1 p1 p2
p3 p4 x2
3076 191,8 82,88 125 191,8 1 68,46 68,46 300 20 30 1 10 10
101,3 101,3 0

É interessante observar que para cada unidade de vazão resfriada no condensador quase 70
unidades de vazão são poluídas termicamente no lago.

Exercício 6.22

Neste problema, aplica-se a Primeira Lei a um difusor (uma seção de passagem cuja finalidade é
aumentar a pressão do ar) na entrada de uma turbina aeronáutica (ou, mais especificamente, na
entrada do seu compressor). Considera-se o difusor como adiabático. O estado de entrada é
conhecido e a vazão é irrelevante para o problema dado (implicaria apenas em áreas de passagem
maiores ou menores). O volume específico na saída do difusor resulta da aplicação da conservação
de massa (Equação da Continuidade), juntamente com o conhecimento da razão entre áreas de
entrada e saída. O modelo abaixo resolve o problema no IT (atentar para a conversão de unidades
entre entalpia e energia cinética na Primeira Lei):

// Exercicio 6.22, Van Wylen 5a Ed.

// Dados
Vel1 = 900 / 3.6 // m/s
T1 = -5 // oC
p1 = 50 // kPa
Vel2 = 80 // m/s
A2 = 1 // area unitaria
A1 = 0.8 * A2

// Propridades
h1 = h_T("Air", T1)
v1 = v_Tp("Air", T1, p1)

// Outras propriedades
mdot1 = (Vel1 * A1) / v1
v2 = v1 * (Vel2 / Vel1) * (A2 / A1)

// Mass balance

0 = mdot1 - mdot2
mdot = mdot1

// Energy balance

0 = mdot * (1000 * (h1 - h2) + (Vel1^2 / 2 - Vel2^2 / 2))

// Outras propriedades
T2 = T_h("Air", h2)
v2 = v_Tp("Air", T2, p2)

Os resultados obtidos são:


A1 T2 h1 h2 mdot mdot1 mdot2 p2 v1 v2 A2 T1 Vel1
Vel2 p1
1 0,8 22,95 268,1 296,1 129,9 129,9 129,9 138 1,539 0,61561 -5 250
80 50

Exercício 6.26

Este problema trata de um processo de estrangulamento em uma válvula, no qual não há troca de
calor (processo adiabático ) nem trabalho (não há partes móveis). Neste caso, a Primeira Lei se
resume a um balanço entre entalpia e energia cinética. Vamos apresentar duas soluções possíveis
para esta questão e discuti-las brevemente.

A primeira solução possível consiste em assumir a priori que a variação de energia potencial é
desprezível. Deste modo, o processo resulta isoentálpico. Neste problema queremos saber o estado
da água após o estrangulamento (por exemplo, sua temperatura e título). Dentro desta hipótese, a
velocidade após o estrangulamento (também pedida pelo problema) resulta igual a da entrada.

O modelo no IT para a primeira solução é:

// Exercicio 6.26, Van Wylen, 5a Ed.


// Primeira solução

// Dados
mdot1 = 1 // não interessa
p1 = 1500 // MPa
T1 = 150 // oC
p2 = 200 // kPa
Qdot = 0 // adiabatico
Wdot = 0 // não ha partes moveis
Vel1 = 5 // m/s
A1 = 1 // area unitaria
A2 = 1 // areas iguais

// Propriedades
h1 = h_pT("Water/Steam", p1, T1)
v1 = v_pT("Water/Steam", p1, T1)
x1 = x_hp("Water/Steam", h1, p1)
h2 = h1 // hipotese

// Mass balance

0 = mdot1 - mdot2
mdot = mdot1

// Outras propriedades
x2 = x_hp("Water/Steam", h2, p2)
T2 = T_ph("Water/Steam", p2, h2)
v2 = v_ph("Water/Steam", p2, h2)

// Energy balance

0 = Qdot - Wdot + mdot * (1000 * (h1 - h2) + (Vel1^2 / 2 - Vel2^2 / 2))

E o resultado é:

T2 Vel2 h1 h2 mdot mdot2 v1 v2 x1 x2 A1 A2 Qdot


T1 Vel1 Wdot mdot1 p1 p2
1 120,2 5 631,7 631,7 1 1 0,001091 0,05212 0 0,05772 1
1 0 150 5 0 1 1500 200

Na segunda solução possível, mais acurada porém mais complexa, vamos considerar que, em virtude
do aumento no volume específico (redução de densidade) ocasionado pela queda de pressão
(expansão na válvula), pode ocorrer de a velocidade do fluido ser substancialmente maior à juzante
(após) da válvula (ainda que a vazão em massa e a área de passagem sejam as mesmas). Deste modo,
pode ocorrer de a variação de energia cinética não ser desprezível e, por isso, vamos incluí-la na
análise. Se ela for realmente pequena, observaremos este fato nos resultados. O problema desta
solução é que, se a fôssemos realizar manualmente, teríamos que recorrer a um laborioso processo
iterativo, cuja origem é a seguinte. A equação da Primeira Lei para este processo se resume a
V12 V22
h1 + = h2 + . Mas, sendo a vazão em massa e a área de passagem as mesmas nas seções 1 e 2,
2 2
V1 V2
as respectivas velocidades são relacionadas por = , onde v1 e v2 são os volumes específicos
v1 v 2
nas seções 1 e 2. Estes, por sua vez, são propriedades e, portanto, determinados pelo estado, por
exemplo, por entalpia e pressão. O estado na seção 1 é dado, logo h1 e v1 são conhecidos. A entalpia
na seção 2 ( h2 ) é determinada pela equação da Primeira Lei, na qual comparece V2 , que depende de
v2 (através da relação acima), o qual, por sua vez, depende do estado em 2 (por exemplo h2 ) que é o
que queremos determinar. Surge, assim, a necessidade de um processo iterativo no qual admitimos
um valor inicial para, digamos, v2 , determinando assim V2 e seqüencialmente h2 . Com h2 e a pressão
em 2 (dado do problema), reavaliamos o valor de v2 e repetimos o processo até a convergência. O
programa IT permite a automação deste processo de forma transparente, pois o número de
incógnitas não é superior ao de equações disponíveis (lembrando que o programa dispõe de equações
para a determinação de propriedades, do tipo v2 = v_ph("Water/Steam", p2, h2). O modelo abaixo
resolve o problema, com os resultados a seguir (note-se que o modelo já exclui as grandezas
irrelevantes):

/* Exercicio 6.26, Van Wylen, 5a Ed.


A solução abaixo procura calcular valores "exatos" para a entalpia e velocidade
na saída, isto é, sem supor que se trata de processo isoentálpico. As equações
são altamente não lineares, portanto o método numérico depende em grande
medida das condições iniciais. O conjunto padrão (todos os valores iguais a 1)
não converge. É preciso usar um ponto inicial melhor, por exemplo: Vel2 = 200,
h1 = h2 = 500 (pode-se deixar o resto no padrão).
*/

// Dados
p1 = 1500 // kPa
T1 = 150 // oC
p2 = 200 // kPa
Vel1 = 5 // m/s

// Propriedades
h1 = h_pT("Water/Steam", p1, T1)
v1 = v_pT("Water/Steam", p1, T1)
v2 = v_ph("Water/Steam", p2, h2)
x2 = x_hp("Water/Steam", h2, p2)
Vel2 = Vel1 / v1 * v2

// Energy balance

0 = 1000 * (h1 - h2) + (Vel1^2 / 2 - Vel2^2 / 2)

Vel2 h1 h2 v1 v2 x2 T1 Vel1 p1 p2
1 201,5 631,7 611,4 0,001091 0,04396 0,0485 150 5 1500 200

Em termos quantitativos, observa-se que, ao invés de permanecer constante (como assumido na


primeira solução), a entalpia cai 3.2% após a válvula em virtude do aumento da velocidade e o título
“exato” é 7.5% menor (entalpia menor significa maior porcentagem de líquido, daí o título menor).
Apesar da pouca influência sobre a entalpia, o aumento de velocidade é expressivo: de 5 m/s para
mais de 200 m/s. Este aumento provavelmente teria que ser considerado no projeto de uma válvula
real, em função de seu impacto nas perdas por atrito.

Exercício 6.27

O exercício trata de uma câmara de mistura adiabática que recebe dois fluxos de entrada, que se
misturam para produzir um único fluxo de saída. O detalhe fica por conta de uma válvula que
estrangula o fluxo da linha 1, reduzindo sua pressão à pressão da outra linha (confirmamos que se
trata de redução após exame dos respectivos estados). Temos que supor que o estrangulamento é
isoentálpico, de modo que podemos simplesmente entrar na Primeira Lei com a entalpia do estado
anterior à válvula. Além disso, há a questão das velocidades. O problema fornece a velocidade do
fluxo de saída, portanto podemos incluí-la na Primeira Lei. A velocidade na linha 2 é considerada
baixa no enunciado (ou seja, zero). Resta a velocidade na linha 1. Aqui temos que fazer alguma
hipótese, por exemplo, que ela é também baixa. De qualquer modo, é simples verificar que estas
velocidades têm efeito muito pequeno no resultado do problema. Segue o modelo no IT e respectivo
resultado (observem a discrepância de quase 6% com relação ao resultado do livro).

// Exercicio 6.27, Van Wylen, 5a Ed.

// Dados
mdot2 = 2 // kg/s
p2 = 1000 // kPa
T2 = 100 // oC
T1 = 60 // oC
x1 = 0 // líquido saturado
p3 = 1000 // kPA
x3 = 1 // vapor saturado
Vel1 = 0 // desprezamos
Vel2 = 0 // velocidade pequena
Vel3 = 20 // m/s
Qdot = 0 // câmara adiabática
Wdot = 0 // não há trabalho

// Propriedades
h2 = h_pT("R134A", p2, T2)
p1 = psat_T("R134A", T1)
hsat1 = hsat_px("R134A", p1, x1)
h1 = hsat1
hsat3 = hsat_px("R134A", p3, x3)
h3 = hsat3

// Mass balance

0 = mdot1+ mdot2 - mdot3

// Energy balance

0 = Qdot - Wdot + mdot1 * (1000 * h1 + Vel1^2 / 2) + mdot2 * (1000 * h2 + Vel2^2 / 2) - mdot3 * (1000 * h3+ Vel3^2 / 2)

h1 h2 h3 hsat1 hsat3 mdot1 mdot3 p1 Qdot T1 T2 Vel1 Vel2


Vel3 Wdot mdot2 p2 p3 x1 x3
1 137,4 334,8 268 137,4 268 1,019 3,019 1681 0 60 100 0 0
20 0 2 1000 1000 0 1

Exercício 6.29

Este problema pede para calcular a potência de uma turbina a vapor, a qual possui uma extração de
vapor a uma pressão intermediária entre a entrada e a saída. O resultado deriva de uma aplicação
direta da Equação da Continuidade (Conservação de Massa) e da Primeira Lei (Conservação de
Energia), na qual desprezam-se as variações de Energia Potencial e Cinética. O modelo a seguir
resolve o problema no IT (notem que usamos o processo genérico de uma entrada e duas saídas e
não o processo de estágio de turbina, pois este último não permite o uso de extração). O resultado
é fornecido em kW (ou seja, equivale a 91.56 MW).

// Exercicio 6.29, Van Wylen, 5a Ed.

// Dados
mdot1 = 100 // kg/s
p1 = 15000 // kPa
T1 = 600 // oC
mdot2 = 20 // kg/s
p2 = 2000 // kPa
T2 = 350 // oC
p3 = 75 // kPa
x3 = 0.95
Qdot = 0 // turbina adiabática
// Propriedades
h1 = h_pT("Water/Steam", p1, T1)
h2 = h_pT("Water/Steam", p2, T2)
hsat3 = hsat_px("Water/Steam", p3, x3)
h3 = hsat3

// Mass balance

0 = mdot1- mdot2 - mdot3

// Energy balance

0 = Qdot - Wdot + mdot1 * (h1) - mdot2 * (h2) - mdot3 * (h3)

Wdot h1 h2 h3 hsat3 mdot3 Qdot T1 T2 mdot1 mdot2 p1 p2


p3 x3
1 9,156E4 3582 3137 2549 2549 80 0 600 350 100 20 1,5E4
2000 75 0,95

Exercício 6.32

Neste exercício, a potência de uma turbina a vapor é dada, juntamente com a vazão de vapor e o
estado de entrada do vapor na turbina, determinando assim, pela Primeira Lei, a entalpia de saída
do vapor. Sendo também conhecida a pressão de saída, fica completamente determinado o estado
de saída. O problema pede a temperatura de saída do vapor (se superaquecido) ou seu título (se
saturado). Quanto à válvula na entrada da turbina, supomos que esta opera um estrangulamento
(isoentálpico), de modo que sua pressão de saída não desempenha papel algum no problema (na
prática isto não seria verdade, mas para compreender este aspecto precisamos dos conceitos de
entropia e de rendimento térmico da turbina, os quais serão vistos mais adiante no curso). O modelo
abaixo resolve o problema no IT. O vapor na saída está saturado com título de 95.93 %.

// Exercicio 6.32, Van Wylen, 5a Ed.

// Dados
Wdott = 110 // kW
mdot = 0.25 // kg/s
p1 = 1400 // Kpa
T1 = 250 // oC
p2 = 10 // kPA

// Propriedades
h1 = h_pT("Water/Steam", p1, T1)
x2 = x_hp("Water/Steam", h2, p2)

// Mass balance

0 = mdot1 - mdot2
mdot = mdot1

// Energy balance

0 = - Wdott + mdot * ((h1 - h2))

h1 h2 mdot1 mdot2 x2 T1 Wdott mdot p1 p2


1 2927 2487 0,25 0,25 0,9593 250 110 0,25 1400 10

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