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06/08/2019

Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC


Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental
Disciplina: ENS 5106 - Saneamento

Contextualização do Saneamento no
Brasil e Poluição Ambiental

Prof. Dr. Ramon Lucas Dalsasso


Ramon.lucas@ufsc.br

2019-2

O que é Saneamento?

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De acordo com a Organização Mundial de Saúde


(OMS): “é o controle de todos os fatores do meio físico do
homem, que exercem ou podem exercer efeito deletério
sobre seu bem estar físico, mental e social”.

A partir deste conceito, fica esclarecido que existe


uma interligação entre o saneamento e o aspecto ambiental,
no sentido do controle dos fatores do meio físico, com a
abordagem preventiva de saúde.

Saneamento

 Abastecimento de água;
 Coleta, tratamento e disposição segura de águas residuárias;
 Acondicionamento, coleta, transporte e/ou destino final dos
resíduos sólidos;
 Coleta de águas pluviais e controle de empoçamentos e
inundações;
 Controle de vetores de doenças transmissíveis;
 Saneamento dos alimentos;
 Saneamento dos meios de transportes;
 Saneamento e planejamento territorial;
 Saneamento da habitação, dos locais de trabalho, de educação e de
recreação e dos hospitais; e
 Controle da poluição ambiental – água, ar e solo, acústica e visual.

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• Disciplina de “Saneamento”

o Baseia-se consideravelmente na hidráulica para o


conhecimento do funcionamento das estruturas e de
projeto.

o Inclui o conhecimento de informações sobre


hidrologia e qualidade da água.

o Inclui princípios de gestão dos sistemas de


saneamento urbano.

o Está apoiada em diversas leis, resoluções, etc.

Saneamento básico

• Envolve 4 áreas:

• Abastecimento de água (sistemas de abastecimento e de


tratamento de água);

Planejamento e • Sistemas de esgoto sanitário (coleta e tratamento de esgoto


operação sanitário);

• Resíduos sólidos (coleta, tratamento e destinação final);

• Drenagem urbana (sistemas de drenagem, técnicas


compensatórias).

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HISTÓRIA DO SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL

 Período colonial – surgimento das cidades.

 Porém, muito antes disso, comunidades indígenas se preocupavam


com o abastecimento de água e disposição dos dejetos.

Depois do início do período colonial, as cidades surgiram e


foram acompanhadas pela necessidade por serviços
fundamentais para a população.

No princípio se resumia na instalação de


chafarizes e na drenagem dos terrenos.

HISTÓRIA DO SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL

 Século XIX, com a vinda da Corte Portuguesa e abertura dos portos -


cidades começaram a ter grande importância social e econômica e a
população cresceu exponencialmente.
 Esse progresso não foi acompanhado por infraestrutura.

 Instalações sanitárias localizadas nos fundos das casas e despejos


colocados em recipientes especiais - transportados pelos escravos e
despejados na atual Praça da República ou na beira-mar.

 Abastecimento de água feito pelos escravos (transporte dos enormes


vasos dos chafarizes para as residências).

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HISTÓRIA DO SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL

 Entre 1830 a 1851 - 23 epidemias letais no Rio de Janeiro, muitas


dessas causadas por doenças de veiculação hídrica.

 Água passaria a ser comercializada - criaram organização dos


serviços de saneamento básico e as províncias entregaram as
concessões as companhias estrangeiras.

 Cidades brasileiras continuaram com a mesma situação caótica, onde


as epidemias persistiam e a população de ratos, pernilongos e outros
vetores se multiplicavam.

HISTÓRIA DO SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL

 Século XX - insatisfação geral causada pela falta de eficiência dos


serviços prestados pelas empresas estrangeiras, o governo estatiza o
setor de saneamento.

 Surgimento de projetos que representassem a retirada dos esgotos


por meio de tubulações e transporte para um local onde pudessem
ser tratados.

 1930 - capitais possuíam algum tipo de sistemas de distribuição de


água e coleta de esgoto.
 Estudos/projetos de Saturnino de Brito (1864-1929) - sistema
separador absoluto, que a partir de 1912, passou a ser adotado
obrigatoriamente nos projetos de urbanização do país.

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EVOLUÇÃO HISTÓRICA

EVOLUÇÃO HISTÓRICA

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EVOLUÇÃO HISTÓRICA

1909 – SAA Florianópolis


1890 – SAA Joinville / captação no
córrego Boa Vista

Fonte: RAMOS, Átila


Memórias do Saneamento Desterrense

PLANASA – PLANO NACIONAL DE SANEAMENTO

Universalizar o acesso aos serviços básicos

 Instituído em 1968, o PLANASA só começou a funcionar em 1971,


quando passou a destinar recursos para os estados criarem suas
próprias companhias de saneamento.

Instituiu o Sistema Financeiro do Saneamento (SFS), gerido pelo


BNH.

 Para obter o financiamento, cada estado da federação deveria criar,


com base em seus recursos orçamentários, um Fundo de
Financiamento para Águas e Esgotos (FAE) e uma companhia estadual
de saneamento. Fundação da CASAN em 1970.

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PLANASA – PLANO NACIONAL DE SANEAMENTO

 Meta: até 1980, no mínimo, 80 % população urbana com água potável


e 65 % com esgotamento sanitário. Metas não foram cumpridas. Nos
anos seguintes, pouco se fez  grandes centros recebiam algum
recurso para investir em saneamento.

 Nem todos os municípios aderiram ao PLANASA. Alguns se


mantiveram efetivamente autônomos, operando com empresas
municipais. Cerca de 20 % dos municípios do País adotam este tipo de
gestão.

O Curso de Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental, foi implantado na


UFSC em 1978 sob a denominação Engenharia Sanitária. Ele teve origem nas
recomendações do PLANASA (Plano Nacional de Saneamento) como elemento
contribuinte para recuperação da deficiência no setor de saneamento do país.

 Governo Federal sancionou em 2007 (depois de 20 anos de idas


e vindas) a Lei 11.445 – Lei Nacional do Saneamento Básico.

 Procura encarar o saneamento como um direito de cidadania,


apostando na ampliação progressiva do acesso de todos os
brasileiros a esse direito, e tem como objetivo a sua
UNIVERSALIZAÇÃO.

 Concebe o saneamento básico de forma integral, contemplando


o abastecimento de água, o esgotamento sanitário, a limpeza
urbana, o manejo dos resíduos sólidos e a drenagem e manejo
das águas pluviais.

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 Ministério das Cidades lançou o Programa Saneamento para


Todos.

 Linha de financiamento a estados, municípios e


concessionárias estaduais e municipais que permitia a implantação
e melhoria de iniciativas em saneamento.

 Em 2008 o programa prometeu investir R$ 2,2 bilhões em


recursos do FGTS e do Fundo de Amparo ao Trabalhador para
financiar ações de saneamento básico.

• Áreas de atuação do engenheiro civil e de produção


civil

o Habitação, edificações
o Infraestrutura de transportes
o Equipamentos urbanos
o ...
o Saneamento

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Saneamento Básico no Brasil

Tabela 01. Índice de atendimento de abastecimento de água, coleta e tratamento de


esgotos de 2017
Regiões Índice de atendimento com rede (%) Índice de
tratamento dos
Água Coleta de esgotos esgotos gerados
(%)

Total Urbano Total Urbano Total

Norte 56,9 69,2 8,7 11,2 16,4

Nordeste 73,4 89,6 24,7 32,2 32,1

Sudeste 91,2 96,1 77,2 81,9 47,4

Sul 89,4 98,1 41,0 47,5 41,4

Centro-oeste 89,6 97,4 49,6 54,7 50,2

Brasil 83,3 93,1 50,3 58,0 42,7

Fonte: SNIS, 2017.

Saneamento Básico no Brasil

IN055 - Índice de atendimento


total de água
< 40,0 %

40,0 a 60,0 %

60,1 a 80,0 %

80,1 a 90,0 %

> 90,0 %

Figura 01. Representação espacial do índice médio de atendimento urbano de abastecimento de água e coleta de
esgotos dos participantes do SNIS em 2017, distribuído por faixas percentuais, segundo os estados brasileiros.

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Média Nacional 154,0 L/hab.dia

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- Variação índice de perda 17,0 % RS até 69,1 % AP.


- Média Nacional 38,3 %.

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Tabela 02. Taxa de cobertura do serviço de coleta de RDO dos municípios


participantes em relação à população total, segundo região geográfica - SNIS 2017.

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Taxa de cobertura do serviço de coleta de RDO dos municípios


participantes em relação à população total, segundo região geográfica
SNIS 2017

Saneamento Básico no Brasil

Tabela 03. Percentual de municípios com ruas pavimentadas na área urbana, por
tipo de sistema de drenagem, segundo as Grandes Regiões – 2000/2008.

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Saneamento Básico no Brasil


• Há muito o que fazer... Pouco mais de 40% dos municípios do país têm um
Plano Municipal de Saneamento, instrumento que traça metas e objetivos
na área Foto: Marcos Alves / Agência O Globo

Matheus Rocha
23/06/2019 - 11:00
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De acordo com OMS, 80 % das doenças e 65 % das internações hospitalares (implicando


gastos de US$ 2,5 bilhões por ano) estão relacionadas com água contaminada e falta de
esgotamento sanitário.

https://epoca.globo.com/por-que-apenas-85-municipios-cumprem-bem-requisitos-
de-saneamento-23753570

Governo quer destravar investimentos privados em saneamento básico Foto: Gabriel de


Paiva / Agência O Globo/18-04-2018

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Investimentos no setor de saneamento

• Em 2009 havia uma estimativa de que a universalização do


setor de saneamento no Brasil precisaria de investimentos da
ordem de 180 bilhões de reais (Fonte: Ministério das Cidades).

• Entre 2007 e 2010 foram investidos perto de 40 bilhões de


reais.

Fonte: Os benefícios da universalização do saneamento no Brasil, FGV, Julho 2010.

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Fonte: Os benefícios da universalização do saneamento no Brasil, FGV, Julho 2010.

Fonte: Os benefícios da universalização do saneamento no Brasil, FGV, Julho 2010.

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Saneamento Ambiental

Dois eventos marcam o regulamento da questão ambiental no mundo:

 Conferência de Estocolmo – 1972


Conscientização dos países sobre a importância de promover a limpeza
do ar dos grandes centros urbanos, a limpeza dos rios nas bacias
hidrográficas e o combate à poluição marinha. Culminou com a
Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente.

 Conferência do Rio - 1992


Discutir as conclusões e propostas do relatório “Nosso Futuro Comum”,
de 1987, elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente – ONU.
Culminou com a declaração do Rio que foi chamada de Agenda 21.

Relatório: busca equilíbrio entre desenvolvimento e preservação dos


recursos naturais → o conceito de desenvolvimento sustentável.

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AGENDA 21

Países participantes da RIO 92 ratificam o compromisso de


adotar um conjunto de atividades e procedimentos que, no
presente, melhorarão a qualidade de vida no planeta.

SANEAMENTO AMBIENTAL – focalizar a integração


mundial para o desenvolvimento sustentável, garantindo a
sobrevivência da biodiversidade e questões prioritárias
como o bem estar da população e a preservação
ambiental.

DESAFIO

Cidades sustentáveis, integrando-se às suas


florestas, às terras produtivas que exigem cuidados e
às bacias hidrográficas que nos garantam a vida.

Conceitos

SANEAMENTO AMBIENTAL

Conjunto de ações socioeconômicas que têm por objetivo


alcançar salubridade ambiental, por meio de abastecimento de
água potável, coleta e disposição sanitária de resíduos sólidos,
líquidos e gasosos, promoção da disciplina sanitária de uso do
solo, drenagem urbana, controle de doenças transmissíveis e
demais serviços e obras especializadas, com a finalidade urbana e
rural.

Inclui questões ambientais e de preservação ambiental:


1. Qualidade do ar, água e do solo;
2. Impactos ambientais; e
3. Educação ambiental.

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MEIO AMBIENTE

Conjunto de condições, leis, influências e interações


de ordem física, química e biológica, que permite e
rege a vida em todas as suas formas (Lei 6.938/81 -
Política Nacional de Meio Ambiente).

SALUBRIDADE AMBIENTAL

É a qualidade ambiental capaz de prevenir a


ocorrência de doenças veiculadas pelo meio
ambiente e de promover o aperfeiçoamento das
condições mesológicas favoráveis à saúde da
população urbana e rural.

Figura: Meio Ambiente


Teixeira, 1996

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Quadro 1. Estimativa do impacto da doença devido à precariedade do


ambiente doméstico nos países em desenvolvimento – 1990.

Ambiente doméstico inadequado – responsável por


quase 30 % da ocorrência de doenças em países em
desenvolvimento.

A atividade humana gera impactos ambientais que repercutem nos


meios físicos, biológicos e socioeconômicos afetando os recursos
naturais e a saúde humana. Esses impactos se fazem sentir nas
águas, ar e solo e na própria atividade humana.

AMBIENTE (Assuntos segundo sua subdivisão: Água; Ar; Solo)

1) ÁGUA

a) Considerações Gerais
Fundamental à vida. Presente em proporções elevadas nos seres vivos.
No homem atinge cerca de 75 % de seu peso.

b) Ciclo Hidrológico
A água presente em nosso ambiente encontra-se em constante
movimento. Os processo de transporte de massa tem lugar na atmosfera,
terra e oceanos. O conjunto desses processos é chamado ciclo
hidrológico.

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Ciclo Hidrológico

Principais fenômenos:
Ciclo Hidrológico - contínuo
movimento da água no planeta. • Precipitação
Representa o comportamento da água • Escoamento superficial
no globo terrestre. • Infiltração
• Evaporação
• Transpiração

c) A Distribuição Geográfica da Água

Água livre sobre a terra:


1.370 milhões km3

97% - Água Salgada


3% - Água Doce

d) A Utilização da Água e as Exigências de Qualidade


A água pode ser considerada sobre 3 aspectos em função da sua utilidade:

Aspectos Utilidades

Elemento ou componente físico Manutenção da umidade do ar


da natureza Geração de energia
Meio para navegação, pesca, lazer
Transporte de resíduos, despejos líquidos e sedimentos
Ambiente para vida aquática Ambiente para a vida dos organismos aquáticos

Fator indispensável à Irrigação de solos, dessedentação de animais e


manutenção da vida terrestre abastecimento público e industrial
Usos da água (Barros et al., 1995)

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Usos múltiplos da água

 Abastecimento doméstico;
 Abastecimento industrial;
 Geração de energia elétrica;
 Recreação e lazer;
 Pesca;
 Irrigação;
 Navegação.

 Para cada uso da água é necessário que a mesma tenha uma determinada
qualidade.

 Alguns usos da água podem provocar alterações nas suas características,


tornando-a imprópria para outras finalidades.

Aumento das aglomerações humanas  maior consumo de água

Grandes obras destinadas à captação, transporte e armazenamento


Desenvolvimento de técnicas de tratamento

Interfere no ciclo hidrológico natural  ciclo artificial da água.

Captação e devolução por


sucessivas cidades em uma
bacia - resulta numa
reutilização indireta da água.

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Ciclo artificial da água integrado ao ciclo hidrológico natural:


- Captação de água superficial, tratamento e distribuição;
- Coleta, tratamento e disposição em corpos receptores dos esgotos
gerados;
- Autodepuração natural do corpo receptor;
- Repetição deste esquema nas cidades à jusante.

Problemas relacionados ao ciclo artificial da água:


Maré vermelha

Eutrofização
Atividades humanas:

• Reduz a penetração da luz


Proliferação de
• Decomposição por bactérias  reduz o O2 dissolvido
algas/cianobactérias
• Sem oxigênio  morte de peixes e outros organismos
aquáticos

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 A presença de compostos orgânicos (sólidos dissolvidos)

pode acarretar gosto, odor, ou outros problemas de saúde

tornando a água imprópria para consumo.

 Os compostos químicos mais sofisticados (organofosforados,

policlorados e bifenóis, usados na agricultura) causam

preocupações  baixas concentrações para detecção.

OCUPAÇÃO DO HOMEM NA BACIA HIDROGRÁFICA

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Principais problemas no setor de abastecimento de água


nas Américas (Organização Pan-Americana da Saúde):

 Instalações de abastecimento público ou individual em mau


estado;
 Deficiências nos sistemas de desinfecção de água destinada
ao consumo;
 Contaminação crescente das águas superficiais/subterrâneas
pela deficiente infraestrutura de esgotamento sanitário, ausência
de sistemas de tratamento de águas residuárias e inadequado
tratamento de resíduos sólidos.

Formas de Poluição da Água


o 1º estágio: Poluição Patogênica
Exigências quanto a qualidade da água são relativamente
pequenas, comum enfermidades veiculadas pelas águas. Estações
de tratamento de água podem prevenir os problemas sanitários.

o 2º estágio: Poluição Total


Poluição dos corpos receptores. Prejuízos podem ser minimizados
com a implantação de sistemas eficientes de tratamento de água e
de esgotos.

o 3º estágio: Poluição Química


Poluição crescente causada pelo descarte de produtos químicos
agravado pelo crescente consumo da água.

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Fontes poluidoras das águas

Origem natural ou resultado das atividades humanas:


 Esgotos sanitários;
 Esgotos industriais;
 Resíduos sólidos;
 Pesticidas, fertilizantes e detergentes;
 Carreamento do solo;
 Percolação do chorume dos depósitos de lixo.

Pontual – descarga Difusa – descarga


concentrada distribuída

Principais processos poluidores da água.

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Quadro 2. Principais processos poluidores da água.

Consequências da poluição das águas

 Impactos sobre a qualidade de vida da população;


 Veiculação de doenças;
 Prejuízos aos usos da água;
 Agravamento do custo de tratamento da água;
 Desequilíbrios ecológicos;
 Degradação da paisagem.

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Impacto do lançamento de efluentes em corpos receptores

Poluição por matéria orgânica e autodepuração dos cursos


d’água.

 Matéria orgânica  Consumo de Oxigênio dissolvido.

Importância do conhecimento da autodepuração:

- Utilizar a capacidade de assimilação dos rios;

- Impedir o lançamento dos despejos acima da capacidade


suporte do corpo receptor.

Corpo d’água poluído

Desorganização

Baixa diversidade de espécies e reduzido número


de espécies
Diversidade de espécies

Poluição

Figura 1: Relação qualitativa entre poluição e diversidade de espécies

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Lançamento de
esgotos no corpo
d’água
LANÇAMENTO
DE ESGOTOS
CURSO D'ÁGUA

MATÉRIA ORGÂNICA
(CONCENTRAÇÃO)

BACTÉRIAS
OXIGÊNIO DISSOLVIDO

ÁGUAS LIMPAS

RECUPERAÇÃO
DECOMPOSIÇÃO

ÁGUAS LIMPAS
DEGRADAÇÃO
ZONAS

ATIVA

Quantificação de cargas poluidoras em


corpos hídricos:

• Para avaliação do impacto da poluição e da eficácia das


medidas de controle é necessária a quantificação das
cargas poluidoras afluentes ao corpo d’água.

• São necessários levantamentos de campo na área de


estudo, incluindo amostragem dos poluentes, análises de
laboratório, medição de vazão, etc.

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Relações dimensionais – carga e concentração

1. Carga = população x carga per capita


Carga (kg/dia) = pop. (hab) x carga per capita (g/hab.dia)
1000 (g/kg)

2. Carga = concentração x vazão


Carga (kg/dia) = concentração (g/m3) x vazão (m3/dia)
1000 (g/kg)

3. Concentração = carga / vazão


Concentração (g/m3) = carga (kg/dia) x 1000 (g/kg)
vazão (m3/dia)

4. Concentração = carga per capita / quota per capita


Concentração (g/m3) = carga per capita (g/ hab.dia) x 1000 (l/m3)
quota per capita (l/hab.dia)

Obs.: quota per capita = consumo médio diário per capita

Exemplo:

No caso de esgotos sanitários:

Carga Unitária: 54 g DBO5/habitante.dia

Consumo de Água per capita: Variável  300 Litros/habitante.dia

Aplicando as definições anteriores:

Concentração = carga per capita / quota per capita (Eq. 4)

Concentração (g/m3) = carga per capita (g/ hab.dia) x 1000 (l/m3)


quota per capita (l/hab.dia)

Concentração = 54 x 1000 = 180 mg/L Essa é a concentração do esgoto


300 para essas condições

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Controle da Poluição da Água

Planejamento: considerar a Bacia Hidrográfica.

Técnicas: implantação de coleta e tratamento de esgotos


sanitários e industriais; controle de focos de erosão e
recuperação de rios.

2) AR

a) Considerações Gerais

É de vital importância para a sobrevivência da maioria


dos organismos da Terra sendo constituído de uma
mistura de gases:
Oxigênio (20,95%)
Nitrogênio (78,08%)
Dióxido de Carbono (0,03%)
Ozônio, Hidrogênio, gases nobres (neônio, hélio,
criptônio)
Vapor de água e partículas de matérias derivadas de
fontes naturais.

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b) Processos de Poluição do Ar

Poluição do ar - alteração de qualidade do ar, resultante de atividades


que direta ou indiretamente:
Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população;
Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
Afetem desfavoravelmente a qualidade do ar;
Lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões
ambientais estabelecidos pela lei.

Causas da Poluição do Ar

Origem Natural: vulcões, queimadas...


Resultante das atividades humanas: indústria, transporte, calefação,
destruição da vegetação.

Efeito estufa

Aumento da temperatura média da Terra, causada pelo lançamento de


gases na atmosfera: dióxido de carbono, metano, óxidos de
nitrogênio, hidrocarbonetos halogenados.

Destruição da
Camada
de O3

Gases chamados CFC (cloro-flúor-carbono) e outros gases muito


ativos reagem quimicamente destruindo as moléculas de ozônio que
se acumulam no espaço. A camada de ozônio funciona como escudo
protetor absorvendo grande parte dos raios ultravioletas do sol.

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Gráfico com os percentuais de emissões de GEE por setor.

9% 3%
14%

17%

57%

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Controle da Poluição do Ar

Objetivo: evitar que as substâncias nocivas alcancem o ar


e/ou evitar que as substâncias nocivas atinjam o homem.
Técnicas de Controle de Poluição do Ar:
Técnicas Aspectos à serem considerados
Planejamento territorial e -Estabelecer critérios para implantação de atividades industriais;
zoneamento -Limitar o número de fontes em função dos padrões de emissão e de
qualidade do ar;
-Implantar áreas de proteção sanitária (cinturão verde).
Eliminação e -Usar matérias-primas e combustíveis de baixo potencial poluidor;
minimização de -Alterar processos;
poluentes -Operação e Manutenção dos equipamentos e processos;
-Definir disposições adequadas (lay out).
Concentração de
poluentes na fonte, para -Usar sistemas de exaustão local, tratar e lançar na atmosfera.
tratamento antes do
lançamento
Diluição e mascaramento -Usar chaminés adequadas e substâncias que possibilitem reduzir a
dos poluentes emissão de poluentes indesejáveis.
Instalação de Instalar equipamentos que visem a remoção de poluentes antes que
equipamentos de controle os mesmos sejam lançados na atmosfera.
de poluentes

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3) SOLO

a) Considerações Gerais
O lançamento inadequado de resíduos (sólidos ou líquidos) no meio
ambiente, ocorrência de chuva ácida e o manejo inadequado do solo para
a agricultura (desertificação)  exemplo de agressões.

b) Principais Processos Poluidores do Solo


A contaminação do solo pode ser de origem orgânica ou inorgânica:
materiais contaminados ou em decomposição no lixo; substâncias
químicas perigosas; pesticidas empregados na agricultura.

O principal dano ao solo é a EROSÃO. Tem como efeito:


alterações do relevo;
riscos às obras civis;
remoção da camada superficial e fértil do solo;
inundações e alterações dos cursos d’água.

Lei do Uso do Solo: Competência exclusiva do


Município.

c) Controle da Poluição do Solo

Técnicas preventivas e corretivas  Minimização dos Riscos


Ambientais

Técnicas de Controle:

Seleção dos locais e das técnicas mais apropriadas para o


desenvolvimento das atividades, considerando o uso e tipo de solo da
região, relevo, a vegetação, inundação e as características do subsolo;

Sistemas de prevenção da contaminação das águas subterrâneas;

Minimização dos resíduos industriais, redução na geração, segregação,


reciclagem e alteração dos processos produtivos;

Sistemas de disposição de resíduos.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A Conferência de Estocolmo (1972) levou a UNESCO e o Programa das


Nações Unidas a criarem, em 1975, o Programa Internacional de
Educação Ambiental.

A RIO - 92, o documento AGENDA 21, consagra o capítulo 36 a


promoção da educação, da consciência política e do treinamento e
apresenta um plano de ação para o desenvolvimento sustentável.

O que é Educação Ambiental?

É o processo de aprendizado e comunicação de


questões relacionadas à interação do homem com o
seu ambiente natural. É o instrumento de formação
de uma consciência pelo conhecimento e reflexão
sobre a realidade ambiental.

SANEAMENTO E
LEGISLAÇÃO NO BRASIL

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Política Nacional de Meio Ambiente

Lei 6.938/81 - Lei que institui a Política Nacional do Meio


Ambiente.

Organiza todo o sistema nacional de controle, planejamento


e fiscalização do meio ambiente.

Cria o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e o


Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA).

Instituiu a Avaliação do Impacto Ambiental e o


Licenciamento Ambiental como instrumentos de execução
da Política Nacional de Meio Ambiente, em nível federal.

RESOLUÇÕES CONAMA

RESOLUÇÃO N. 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente; MMA – Ministério do Meio


Ambiente

“Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e


diretrizes ambientais para o seu enquadramento,
bem como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes, e dá outras providências”

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RESOLUÇÃO N. 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005

Classificação dos corpos d’água


De
Deacordo comaa
acordo com
qualidade
qualidade requeridapara
requerida paraos
os seus usos
usospreponderantes
preponderantes.

I - Águas doces: salinidade igual ou inferior a 0,5‰


II - Águas salobras: salinidade superior a 0,5‰ e inferior 30‰
III - Águas salinas: salinidade igual ou superior a 30‰
Classe Especial
Abastecimento para consumo humano, com desinfecção;
Classe 1
Abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado;
Classe 2
Abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;
Classe 3
Abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional
ou avançado;
Classe 4
Não é destinada ao abastecimento humano (navegação/harmonia
paisagística).

RESOLUÇÃO N. 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005

As especificações sobre os parâmetros a serem considerados


encontram-se no CAPÍTULO III – “Das Condições e Parâmetros
de Qualidade das Águas”, Artigos 7 ao 23.

As especificações sobre as condições e os parâmetros a serem


considerados no caso de lançamentos, encontram-se no
CAPÍTULO IV – “Das Condições e Padrões de Lançamento de
Efluentes”, Artigos 24 ao 37.

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06/08/2019

Resolução CONAMA N. 001 de 23 de Janeiro de 1986

Estabelece as definições, as responsabilidades, os critérios básicos e


as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de
Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional
do Meio Ambiente.

Estudo de Impacto Ambiental (EIA)


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)

Resolução CONAMA N. 375 de 29 de Agosto de 2006

Define critérios e procedimentos, para o uso agrícola de lodos de esgoto


gerados em estações de tratamento de esgoto sanitário e seus produtos
derivados, e dá outras providências.

Resolução CONAMA N. 237 de 19 de Dezembro de 1997

Dispõe sobre a revisão e complementação dos procedimentos e critérios


utilizados para o licenciamento ambiental.

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Política Nacional de Resíduos Sólidos

o Lei 12.305/2010 - Política Nacional de Resíduos Sólidos -


“metas para a eliminação e recuperação de lixões,
associadas à inclusão social e à emancipação econômica
de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis” até
agosto de 2012.

• Visa à gestão integrada e ao gerenciamento


ambientalmente adequado dos resíduos sólidos.

• Estabelece a elaboração do Plano Municipal de Gestão


Integrada de Resíduos Sólidos como condição para os
municípios terem acesso a recursos da União.

Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/1998)

Prevê punição civil, administrativa e criminal contra os crimes


ambientais.

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