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ALERTA TOXICOVIGILÂNCIA

Nº 01/2015 – 01.09.2015

Informação Técnica – Jardinagem Amadora e Capina Química


O presente informe técnico foi motivado por alguns questionamentos que surgiram no
andamento dos trabalhos da Campanha ‘Eliminando a capina química das Cidades Paulistas’,
e que poderão surgir noutras regiões e municípios.
O ‘Guia Operacional para Prevenção e Abordagem da Capina Química em Meio
Urbano - Informações e orientações operacionais para a Vigilância Sanitária’, já abordava a
existência da forma de apresentação do glifosato para uso em jardinagem amadora e
orientava sobre a questão. Insistimos na sugestão de que o documento ‘Guia Operacional’ seja
lido integralmente por todos, e consultado quando existirem dúvidas. E, se lá não estiver a
resposta necessária, e for necessário outro esclarecimento que nos seja feita a consulta.
O fato: em mais de uma situação foi encontrado e sugerido o uso do agrotóxico
herbicida glifosato na apresentação de uso para Jardinagem Amadora como substitutivo aos
agrotóxicos de uso agrícola usados na realização de capina química.
Esta abordagem é errônea, e por dois motivos explicitados a seguir:

 a capina química segue sendo ilegal e indevida nas cidades pelos motivos técnicos e legais
já abordados no ‘Guia Operacional’ acima referido e no Comunicado CVS/Toxicovigilância
- 15, de 7-4-2015, publicado no DOE de 08.04.2015;

 o glifosato é permitido para jardinagem amadora no Brasil na concentração máxima


permitida de 1% p/v, vendida na formulação pronta para uso. A ANVISA publicou Nota
Técnica a respeito em 07.04.2014 sobre o tema, onde esclareceu que foi limitada a
presença desta substância em jardinagem amadora, e orientou as empresas detentoras de
registros de produtos domissanitários à base de glifosato que deveriam providenciar a
adequação, pois a decisão da Diretoria Colegiada da ANVISA determinou que fossem
regularizados os produtos com registro para à concentração máxima de 1% na diluição de
uso. Foi dado prazo de 90 dias para que as empresas realizassem essa adaptação à nova
regra, evitando que concentrações superiores, além de desnecessárias, introduzam o risco
sanitário na manipulação, bem como estimulassem o desvio desses produtos para uso na
agricultura, o que estava ocorrendo segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. O registro e a permissão de uso não mudou.

 Esclarecendo ainda, os produtos de uso em Jardinagem Amadora são registrados na


ANVISA ‘para venda direta ao consumidor, com a finalidade de aplicação em jardins
residenciais e plantas ornamentais cultivadas sem fins lucrativos para o controle de
pragas e doenças, bem como aqueles destinados à revitalização e ao embelezamento das
plantas, e serão comercializados já na diluição de uso, na forma de dose única e devem ter
o ingrediente ativo na menor concentração possível para ser obtida uma ação eficaz
conforme suas indicações e instruções de uso. Isto é, na concentração máxima permitida
de 1% p/v, vendido na formulação pronta para uso com no máximo 1 litro.

Alerta de Toxicovigilância - setox@cvs.saude.gov.br


Núcleo de Toxicovigilância do CVS – 11-3065-4640
Sistema Estadual de Toxicovigilância
CCD/SES-SP
 Exemplo 1 do uso indevido: A ANVISA denunciou ao CVS/CCD/SES-SP ‘fato que ocorreu no
município de Cananéia, no estado de São Paulo envolvendo....o uso do produto para
jardinagem amadora AKB herbicida realizado pela empresa Garra Empreendimentos de
locação de Máquinas e Terraplanagem contratada pela Prefeitura do município para uso na
cidade’. Na oportunidade a GGSAN/ANVISA, tendo em ‘vista que a descentralização
administrativa é fundamental como meio de racionalizar e agilizar as ações no Sistema
Nacional de Vigilância Sanitária’ encaminha a denúncia e ‘solicita encarecidamente que
esta VISA-SP avalie e adote as medidas cabíveis’.

 A denúncia acima citada origina-se do Inquérito Civil movido pelo GAEMA – VR em


andamento na região de Registro-SP, mais especificamente no Município de Cananéia.
Motivou a consulta à ANVISA quanto a regularidade do produto AKB Herbicida e das
informações que constam em sua rotulagem, sendo que foi confirmada pela
GGSAN/ANVISA a regularidade desse produto na ANVISA, contudo para jardinagem
amadora, e que no ofício resposta esclarece ‘que estes produtos são destinados à
aplicação em ambientes residenciais, sem fins lucrativos e aplicados pelo próprio
consumidor final. Assim, a prática da capina química efetuada por empresas
especializadas, em ambientes não residenciais, não é aprovada, conforme se verifica no
informe técnico publicado em 15.01.2010’.

 Exemplo 2 do uso indevido: Anvisa - Sala de Imprensa - Empresa Dimy produtos para
Jardinagem tem herbicida suspenso pela ANVISA - 2 de setembro de 2015

Motivado por denúncia do Grupo de Vigilância Sanitária – Santos, no dia 02/09/2015 a


Anvisa determinou a suspensão do Herbicida Glifosato Dimy 500ml pronto para uso. O
produto não está legalizado junto à Anvisa, que além de suspender decidiu ainda, que a
empresa deve promover o recolhimento do estoque existente no mercado. Não
cumprindo a necessária adequação, o produto da empresa Dimy Produtos para
Jardinagem Ltda ‘alega propriedades capazes de eliminar ervas daninha de calçadas,
jardins, terrenos, parques, entre outros’. A medida tomada pela Anvisa está na Resolução
2.476/2015 publicada (2/9/15) no Diário Oficial da União (DOU).
http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/anvisa+portal/anvisa/sala+de+imprensa/menu++
noticias+anos/2015/empresa+dimy+produtos+para+jardinagem+tem+herbicida+suspenso

Conclusão:
A ANVISA reafirmou, agora pela Gerência de Saneantes (GGSAN), além da Gerência de
Toxicologia (GGTOX) que já havia se pronunciado em 2010 em Nota Técnica (que consta na
íntegra do nosso “Guia Operacional”, pagina 47), a inconveniência da capina química nas cidades, e
que o uso do agrotóxico herbicida glifosato não deve ser aplicado sob qualquer forma que
este produto esteja sendo comercializado, isso é, como produto com registro para uso
agrícola, não agrícola e jardinagem amadora.

oooOooo

Alerta de Toxicovigilância - setox@cvs.saude.gov.br


Núcleo de Toxicovigilância do CVS – 11-3065-4640
Sistema Estadual de Toxicovigilância
CCD/SES-SP

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