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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

SUL-RIO-GRANDENSE – CAMPUS PELOTAS


PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL COM HABILITAÇÃO
PARA A DOCÊNCIA

MATEUS BERWALDT SANTOS

AVALIAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO DO CURSO DE QUALIFICAÇÃO EM MESTRE


DE OBRAS DO PRONATEC NA ATUAÇÃO PROFISSIONAL DOS EGRESSOS

PELOTAS
2017
MATEUS BERWALDT SANTOS

AVALIAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO DO CURSO DE QUALIFICAÇÃO EM MESTRE


DE OBRAS DO PRONATEC NA ATUAÇÃO PROFISSIONAL DOS EGRESSOS

Artigo apresentado ao Programa de Pós-


Graduação em Educação Profissional com
Habilitação para a Docência, como requisito
parcial à obtenção do título de Especialista em
Educação Profissional.
Orientador: Prof. Dr. Edelbert Krüger

PELOTAS
2017
AVALIAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO DO CURSO DE QUALIFICAÇÃO EM MESTRE
DE OBRAS DO PRONATEC NA ATUAÇÃO PROFISSIONAL DOS EGRESSOS

RESUMO: Esta pesquisa tem como objetivo geral investigar a contribuição do curso de
Qualificação em Mestre de Obras, oferecido pelo Campus Pelotas do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul), em parceria com o Programa
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), na atuação profissional dos
alunos egressos. Foi investigado se os alunos que realizaram o curso nas edições de 2012,
2013 e 2014 conseguiram uma promoção na empresa onde trabalhavam ou um novo emprego,
devido aos conhecimentos e certificado adquiridos no curso. Como metodologia de trabalho,
optou-se inicialmente por uma revisão bibliográfica sobre a legislação que rege o Programa e
sobre a educação profissional, com enfoque na relação público-privado. Posteriormente foi
realizada uma pesquisa, com abordagem quantitativa e qualitativa, junto aos egressos, a qual
foi aplicada de forma individual, e constou de um questionário. Participaram do trabalho doze
egressos, 24% dos quarenta e nove formados no curso. A análise dos dados coletados nas
entrevistas serviu de embasamento para as conclusões finais, inferindo-se que o curso foi útil
para mais da metade dos egressos conseguirem um novo emprego e uma promoção ou
mudança de cargo. Para 75% dos entrevistados a capacitação adquirida no curso foi útil no
desempenho de suas atividades na construção civil.

PALAVRAS-CHAVE: PRONATEC, Qualificação Profissional, Pesquisa de Egressos.

ABSTRACT: The aim of this study is to investigate the contribution of the Construction
Foremen Qualification Course (CFQC), offered by a partnership between Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul) Pelotas Campus and Programa
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), in the professional
performance of the former students. We investigated whether the students who did the CFQC
in 2012, 2013 and 2014 got any promotions in their jobs or were contemplated with a new job
due to certifications and knowledge acquired during the CFQC. The first methodological
approach was a bibliographic review about the Program legislation and about the professional
education emphasizing the Public-Private partnership. Afterwards we did an individual survey
among some former students, using both quantitative and qualitative approaches. We applied
the survey to 12 former students what meant 24% of the 49 students graduated from the
4

CFQC until the time when the survey was applied. The analysis of the data collected from the
former students interviews served as the basis for the final conclusions. Those conclusions
showed that the CFQC helped more than a half of the former students to get a new job or
promotions in their jobs or even job-position changes. Another goal worth to mention is that
the training acquired in the CFQC helped 75% of the interviewed ones to improve their daily-
basis activities.

KEY WORDS: PRONATEC, Professional Qualification, Former Students Survey

1 INTRODUÇÃO

O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC) foi


criado pelo Governo Federal, por meio da Lei 12.513/2011, alterada, posteriormente, pelas
Leis 12.816/2013 e 12.863/2013. O Programa tem a finalidade de ampliar a oferta de
educação profissional e tecnológica para estudantes do ensino médio da rede pública,
trabalhadores, beneficiários dos programas federais de transferência de renda e pessoas com
deficiência. Além disso, visa melhorar a qualidade do ensino médio público por meio da
articulação com a educação profissional (BRASIL, 2011).
Dentro das modalidades de ensino da educação profissional e tecnológica, os cursos
PRONATEC contemplam cursos de formação inicial e continuada ou qualificação
profissional, educação profissional técnica de nível médio e formação de professores em nível
médio na modalidade normal1. Os cursos de formação inicial e continuada (FIC) estão no
Guia PRONATEC de cursos FIC elaborado pelo Ministério da Educação e têm como carga
horária mínima 160 horas, já os cursos de educação profissional técnica de nível médio
seguem as diretrizes curriculares definidas pelo Conselho Nacional de Educação e constam no
Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, organizado pelo Ministério da Educação (BRASIL,
2011).
Nessa perspectiva, este trabalho tem como objeto de investigação os egressos e o curso
de Qualificação em Mestre de Obras, na modalidade presencial e de formação inicial e
continuada, com duração de 300 horas, efetivado pelo Campus Pelotas do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul).

1
Curso de nível médio para exercício do magistério.
5

O Campus Pelotas do IFSul teve sua origem na Escola Técnica de Pelotas (ETP),
criada pelo então Presidente Getúlio Dorneles Vargas, por meio do Decreto-lei 4.127 de 1942
e teve o início de suas atividades letivas em 1945. Posteriormente, em 1959, passou a ter
status de autarquia federal, e em 1965 muda sua denominação para Escola Técnica Federal de
Pelotas (ETFPel)2.
A instituição passou ainda por outra e significativa alteração na sua estrutura, quando
em 1999, foi elevada a Centro Federal de Educação Tecnológica de Pelotas (CEFET-RS),
incluindo a partir daí a oferta de cursos superiores de tecnologia e programas especiais de
formação pedagógica.
Com a criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, pela Lei
11.892/2008, o então CEFET-RS passou a fazer parte desta nova entidade jurídica, sendo
transformado no IFSul.
O Instituto possui sua reitoria na cidade de Pelotas, Estado do Rio Grande do Sul, e é
formado por quatorze campi3, dois campi situados na cidade de Pelotas, e doze campi em
outras regiões do Estado. No Campus Pelotas estão em funcionamento quinze cursos técnicos
de nível médio, cinco cursos superiores de tecnologia e duas engenharias, além de cursos de
pós-graduação, formação pedagógica e educação a distância.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/1996) estabelece que
as instituições de educação profissional e tecnológica podem oferecer cursos especiais para a
comunidade, além dos seus cursos regulares, condicionando a matrícula à capacidade de
aproveitamento e não ao nível de escolaridade.
A Lei 11.892/2008, que criou os Institutos Federais vai além, colocando como um dos
objetivos dos campi dos Institutos a realização de cursos de formação inicial e continuada,
buscando a capacitação, o aperfeiçoamento, a especialização e a atualização de trabalhadores,
dentro das áreas de educação profissional e tecnológica. Outra de suas atribuições é ofertar
educação profissional e tecnológica, em todos os níveis e modalidades, para formar e
qualificar profissionais nos diversos setores da economia.
O curso de Mestre de Obras é destinado a aperfeiçoar profissionais da construção civil,
preparando-os para atuarem no planejamento executivo de obras, supervisionar a execução

2
Disponível em: http://www.pelotas.ifsul.edu.br/institucional/o-campus-pelotas. Acesso em 24 de julho de 2017.
3
Relação dos campi do IFSul: Campus Bagé, Campus Camaquã, Campus Charqueadas, Campus Gravataí,
Campus Avançado Jaguarão; Campus Lajeado, Campus Avançado Novo Hamburgo, Campus Passo Fundo,
Campus Pelotas, Campus Pelotas - Visconde da Graça, Campus Santana do Livramento, Campus Sapiranga,
Campus Sapucaia do Sul e Campus Venâncio Aires.
6

das atividades no canteiro de obras e coordenar equipes de trabalho, de acordo com as normas
e procedimentos técnicos de qualidade, segurança, higiene e saúde (MEC/SETEC, 2011).
No Campus Pelotas do IFSul, o curso de Mestre de Obras utilizou a estrutura física e
material do curso Técnico em Edificações, como, ferramentas, equipamentos, máquinas e
instalações. As disciplinas de Requerimentos e Relatórios, Matemática Básica Aplicada,
Cálculo Aplicado e Desenho, Princípios de Gestão, Interpretação de Projetos e Fundamentos
das Instalações, Planejamento e Fiscalização, Estudos dos Materiais, Mecânica dos Solos,
Tecnologias da Construção e Meio Ambiente, compuseram a grade do curso de Mestre de
Obras. Todas as aulas foram presenciais e os alunos receberam apostilas, elaboradas pelos
professores do curso.
Ingressei como docente no IFSul/Campus Pelotas no ano de 2012 para desempenhar
minhas funções na Coordenadoria do Curso de Edificações, ministrando as disciplinas de
Resistência dos Materiais, Estabilidade das Construções, Projeto Elétrico e Práticas
Construtivas 1.
Nos anos de 2012 e 2013, atuei também como professor do curso de Qualificação em
Mestre de Obras do Campus Pelotas, em parceria com o PRONATEC e, no decorrer desta
atividade docente, comecei a indagar-me se os objetivos deste curso estariam sendo atingidos.
A posteriori, em 2015, passei a fazer o curso de Pós-Graduação em Educação
Profissional com Habilitação para a Docência, o qual tem como Trabalho de Conclusão de
Curso (TCC) um artigo de pesquisa em educação, dessa forma, resolvi desenvolver esta
investigação sobre a contribuição do curso de Qualificação em Mestre de Obras na atuação
profissional dos egressos nas edições de 2012, 2013 e 2014.

OBJETIVOS DA PESQUISA

Esta pesquisa tem como objetivo geral investigar a contribuição do curso de


Qualificação em Mestre de Obras, oferecido pelo Campus Pelotas do IFSul, em parceria com
o PRONATEC, na atuação profissional dos alunos egressos. Foi investigado se os alunos que
realizaram o curso nas edições de 2012, 2013 e 2014 conseguiram uma promoção na empresa
onde trabalhavam ou um novo emprego, devido aos conhecimentos e certificado adquiridos
no curso.
E como objetivos específicos pretendeu-se ainda:
a) Examinar qual foi a contribuição do curso para os egressos conseguirem um trabalho
ou uma promoção;
7

b) Averiguar se os conhecimentos adquiridos no curso contribuíram no desempenho das


atividades profissionais dos egressos;
c) Analisar se houve fatores externos que interferem na contribuição do curso na atuação
profissional dos egressos;
d) Identificar o tipo de vínculo empregatício e o nível de renda dos egressos;
e) Propor melhorias para futuras edições do curso.

2 METODOLOGIA

A presente pesquisa com os egressos do curso de Qualificação em Mestre de Obras


foi realizada por meio de uma abordagem quantitativa e qualitativa junto aos discentes que
concluíram o curso nas edições de 2012, 2013 e 2014. O trabalho também conta com uma
pesquisa exploratória de revisão bibliográfica, que apresenta os objetivos do PRONATEC,
como uma política pública de educação profissional, além de discorrer sobre a relação
público-privado no âmbito do Programa.
Durante a pesquisa foi realizada uma entrevista com os egressos, por meio de
questionários pré-elaborados com questões focadas nos objetivos deste trabalho. Essa etapa
teve embasamento em Lakatos e Marconi (2010). Segundo as autoras a entrevista é um
encontro entre pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de
determinado assunto. É um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de
dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social (LAKATOS e
MARCONI, 2010).
Foram elaborados três questionários, em anexo, o primeiro comum a todos os
egressos, o segundo para as pessoas inseridas no mundo do trabalho no momento da
entrevista e o terceiro voltado para quem não estava trabalhando.
Segundo Minayo e Sanches (1993), a abordagem quantitativa tem como objetivo
esclarecer dados, indicadores e tendências observáveis, devendo ser utilizada para analisar, do
ponto de vista social, grande volumes de dados, classificando-os e facilitando sua
compreensão por meio de variáveis. Nesse sentido, na elaboração dos questionários para os
egressos foram utilizadas questões optativas, que permitiram conhecer suas condições
socioeconômicas e percepções com relação ao curso, a partir da análise de frequência das
respostas.
Já a abordagem qualitativa tem como finalidade aprofundar o conhecimento sobre
fenômenos, fatos e processos de grupos delimitados em extensão e capazes de serem
8

abrangidos intensamente (MINAYO e SANCHES, 1993). Para a abordagem qualitativa foram


incluídas questões discursivas nos questionários, como forma de compreender melhor as
percepções dos egressos sobre o curso e suas contribuições para a atuação profissional dos
egressos. Desse modo, realizou-se duas abordagens que se complementam e, quando
utilizadas em conjunto, possibilitam um melhor entendimento do fenômeno analisado.
Para que os objetivos deste trabalho fossem alcançados, a elaboração das perguntas
para os egressos foi essencial. Conforme Lakatos e Marconi (2010), a preparação da
entrevista é uma etapa importante da pesquisa, exigindo alguns cuidados, como: planejar a
entrevista tendo em vista o objetivo a ser alcançado; conhecer o grau de familiaridade do
entrevistado com o assunto; marcar com antecedência a hora e o local da entrevista, para
assegurar-se que será recebido; garantir ao entrevistado o segredo de suas confidências e de
sua identidade; organizar o roteiro ou formulário com as questões importantes.
O egresso como fonte de informações assume características relevantes para a
instituição de ensino, pois os ex-alunos conhecem intimamente a realidade acadêmica dos
cursos nos quais se formaram, estando aptos a fornecer informações contextualizadas. Além
disto, os egressos passam a interagir diretamente com o meio externo à instituição de ensino,
podendo avaliar a eficácia da contribuição dos conhecimentos adquiridos (SANTOS e
TAKAOKA, 2007). Dessa forma, os questionários aplicados aos egressos são a principal
fonte de dados desta pesquisa, para conhecer a contribuição do curso aos ex-alunos.
O curso de Qualificação em Mestre de Obras teve quinze formados na turma de 2012,
dezessete na turma de 2013 e dezessete na turma de 2014; totalizando quarenta e nove
formados, sendo que o número de alunos que ingressou em cada turma era vinte. Para a
aplicação do questionário, os egressos foram convidados por meio de cartas, sendo oferecido
como atrativo um momento de confraternização com lanche, tendo em vista o horário entre o
final da tarde e início da noite. Compareceram quatro egressos da turma de 2012, seis da
turma de 2013 e dois da turma de 2014; totalizando doze formados. As cartas foram postadas
nos Correios com antecedência, porém algumas retornaram, devido ao egresso não morar
mais na residência. Durante a entrevista, permaneci na sala para auxiliar os ex-alunos com
dúvidas em questões.
Os egressos da turma de 2013 responderam os questionários no dia 08 de julho de
2016, já os egressos das turmas de 2012 e 2014 responderam no dia 16 de setembro de 2016.
As entrevistas ocorreram em datas diferentes, porque a proposta inicial era pesquisar apenas
os alunos de 2013, porém no desenvolvimento deste trabalho consideramos importante ouvir
também os alunos das turmas de 2012 e 2014, ou seja, todas as turmas do curso.
9

O período de dois a quatro anos de distanciamento, entre o término do curso de


Qualificação em Mestre de Obras e a aplicação da entrevista, deve-se ao fato de esta pesquisa
ter surgido com a necessidade de elaborar o TCC do curso de Pós-Graduação em Educação
Profissional com Habilitação para a Docência, curso que comecei em 2015. O distanciamento
de tempo também foi motivado por uma publicação do SENAC4 apontar que pesquisas com
egressos da educação profissional devem ser feitas respeitando um período mínimo de seis
meses após a conclusão do curso, período para obter colocação no mercado de trabalho.
A pesquisa exploratória de revisão bibliográfica foi baseada em Lakatos e Marconi
(2010). Segundo as autoras a pesquisa bibliográfica abrange todo material já tornado público
em relação ao tema e tem como finalidade colocar o pesquisador em contato direto com tudo
o que foi escrito, dito ou filmado sobre o assunto. Esta forma de pesquisa não é uma simples
repetição do que já foi trabalhado, mas permite o exame do tema com novo enfoque ou
abordagem, chegando a novas conclusões (LAKATOS e MARCONI, 2010). Dessa forma,
foram consultados livros, teses, dissertações, artigos e notícias da imprensa escrita, além da
legislação sobre o PRONATEC.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

Para o desenvolvimento deste trabalho foram consultados alguns autores que abordam
o tema da educação profissional como: Ciavatta (2005, 2011); Frigotto (2005, 2011); Kuenzer
(2006, 2007, 2008); Lima Filho (2015) e Ramos (2005, 2011). Porém são poucas as
publicações de livros especificamente sobre o tema PRONATEC, havendo maior volume de
artigos e dissertações. Neste seguimento, Ananias (2015); Campos e Godoi (2013); Cavaignac
e Martins (2016); Krüger (2013); Rodrigues e Santos (2012); Sá (2016) e Souza (2015),
realizaram estudos e pesquisas a respeito do PRONATEC, alguns inclusive focando os
egressos do Programa. Este trabalho trouxe como contribuição ao tema o enfoque local em
Pelotas, RS, a pesquisa de um curso de Qualificação em Mestre de Obras e a abordagem do
ponto de vista dos egressos do curso.
Alguns autores pesquisados abordam também a questão da parceria público-privada,
no âmbito do PRONATEC e programas federais anteriores para a educação profissional.
Segundo Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005), o Projeto Escola de Fábrica, ao depender da
parceria com empresas para sua realização, além de ocasionar o uso de recursos públicos por

4
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC). Departamento Nacional. Pesquisa de avaliação do
egresso de 2012 do SENAC. Rio de Janeiro, 2015. 45 p. Tab. Gráf.
10

organizações privadas, tendia a ser assistencialista. Conforme os autores, o projeto seguia a


lógica que esteve na origem da educação profissional no início do século passado: “formar
mão de obra necessária ao desenvolvimento econômico e educar psicofisicamente os jovens
trabalhadores para a divisão social do trabalho” (FRIGOTTO, CIAVATTA e RAMOS, 2005,
p. 1104).
De acordo com Ciavatta e Ramos (2011), ao criar matrículas gratuitas em instituições
privadas de educação profissional o PRONATEC acaba sendo, contraditoriamente, atrativo à
sociedade, pois serviria como uma compensação à baixa qualidade do ensino médio público.
Porém, segundo Ramos (2011, p. 1), “existe outro caminho político para se garantir o acesso
do jovem à educação profissional: o fortalecimento de políticas voltadas para a implantação
do ensino médio integrado nos sistemas estaduais de ensino”.
A reflexão da professora Marise Ramos focada na incumbência das redes estaduais
sobre a formação de ensino médio chama a atenção, pois a rede federal também oferece
ensino médio integrado, devendo disponibilizar no mínimo cinquenta por cento das vagas
para esta modalidade de acordo com a Lei 11.892/2008.
Conforme Kuenzer (2006) há uma ausência de efetividade social em programas de
qualificação profissional, como é o caso do PRONATEC, uma vez que são desenvolvidos de
modo fragmentado, assistencialista e compensatório. O que vem ao encontro de Frigotto
(2011) quando afirma que o Estado, em vez de ampliar os recursos para o atendimento das
políticas públicas de caráter universal, fragmenta as ações em políticas focais que amenizam
os efeitos, sem alterar realmente as suas determinações.
Existe uma crítica acentuada de alguns pensadores educacionais brasileiros ao
PRONATEC. Segundo eles este Programa, “à semelhança do PROUNI5, tem o objetivo de
fornecer bolsas para educação profissional, no setor privado, e caminha na direção oposta à
universalização do ensino médio público, gratuito, obrigatório e de qualidade” (FRIGOTTO e
CIAVATTA, 2011).
Kuenzer (2006) critica as parcerias público-privadas na educação, descrevendo que
nos Governos Fernando Henrique e Lula houve generalização da política de repasse de
recursos públicos para o setor privado, por intermédio de parcerias justificadas pela suposta
impossibilidade do Estado em cumprir com suas funções no âmbito da educação. Em um
trabalho publicado no ano seguinte, a professora complementa sua posição afirmando que
funções do governo passam então a ser “pretensamente melhor desempenhadas por

5
Programa Universidade para Todos: PROUNI.
11

organizações privadas, mais ágeis, que asseguram mais eficácia e maior ampliação da
capacidade de atendimento” (KUENZER, 2007, p. 1174).
Com a finalidade de facilitar o estabelecimento dessas parcerias entre o setor público e
o privado, a construção de políticas públicas passa a ser substituída pela proposição de
programas que, além de fragmentarem as ações, duplicam financiamentos e estruturas para as
mesmas finalidades, sem que haja controle da qualidade dos cursos oferecidos (KUENZER,
2007). Devido a esta concepção, a prestação de contas dos contratos ocorre por meio de
relatórios que procuram comprovar que o produto pactuado foi alcançado, não havendo
controle dos processos, inclusive sob o ponto de vista financeiro (KUENZER, 2008).
Essa questão também foi relatada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), no
relatório TC 024.329/2015-0, que demonstrou que nenhuma das prestações de contas dos
recursos do PRONATEC Bolsa-Formação teve análise conclusiva até o momento da
conclusão da auditoria do TCU em 2015, mesmo havendo repasses para as instituições de
ensino desde o início do PRONATEC, em 2011. Ou seja, as instituições de ensino prestaram
contas para o Ministério da Educação, porém não houve o diagnóstico dos dados pela
SETEC6 e pelo FNDE7 (BRASIL, 2016, p. 26).
No entanto, é necessário balizar críticas ao PRONATEC de modo semelhante que
Kuenzer (2006) fez em relação ao PLANFOR8, programa que possui muitas semelhanças com
o PRONATEC. Após pesquisa desenvolvida em Novo Hamburgo, RS, a autora observou que
os cursos profissionalizantes, com todas as suas limitações, que eram oferecidos na vigência
do PLANFOR não foram substituídos por novas alternativas. Além disso, a pesquisa
apresentada por Kuenzer (2006) apontou que a única possibilidade de qualificação
profissional gratuita disponível para os desempregados e candidatos ao primeiro emprego,
para atuar nas funções específicas do setor coureiro-calçadista na região pesquisada, era o
curso de costura fornecido pelo Sindicato dos Sapateiros de Campo Bom, RS, que usa os
equipamentos adquiridos com os recursos do PLANFOR.
Conforme Kuenzer (2006), o Decreto 5.154/2004, além de não reafirmar a primazia da
oferta pública de educação profissional, representou uma acomodação conservadora que
atendeu aos interesses de todos os envolvidos: do Governo Lula, que cumpriu uma de suas
promessas de campanha com a revogação do Decreto número 2.208/97; das instituições de
ensino públicas, que passaram a poder vender cursos para o próprio governo, renunciando em

6
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica: SETEC.
7
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação: FNDE.
8
Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador: PLANFOR.
12

parte à sua função; e das instituições privadas, que passaram a preencher o espaço criado pela
extinção das ofertas públicas.
Lima Filho (2015) também crítica às parcerias público-privadas para estabelecimento
do PRONATEC, pelas quais ocorre a transferência maciça de recursos públicos para o
sistema privado, com destaque para o Sistema S9. Nesse sentido, o Estado brasileiro induz e
financia o fortalecimento do mercado de educação profissional (LIMA FILHO, 2015).
Rodrigues e Santos (2012), vêm ao encontro dessa crítica ao trazer informações sobre o
FIES10 Técnico, o qual é uma iniciativa do PRONATEC, que consiste no estabelecimento de
linha de crédito para estudantes, trabalhadores empregados e setor empresarial para o custeio
de cursos no Sistema S e em instituições privadas11 de ensino (RODRIGUES e SANTOS,
2012).
Conforme Lima Filho (2015), as políticas de expansão da educação são implantadas
cada vez mais verticalmente, sem participação da comunidade em seu processo de concepção
e decisão de implantação. Desse modo, ocorre o crescimento da burocracia e da centralização
em detrimento de relações democráticas, sendo notável que esta é uma condição necessária
para a implantação de programas que estabelecem uma sobrecarga de trabalho acentuada.
Os autores consultados defendem uma forma de educação profissional bastante diversa
das propostas do PRONATEC. Tal educação pode ser sintetizada como “ensino médio
unitário e politécnico, o qual enquanto admitisse a profissionalização, integraria em si os
princípios da ciência, do trabalho e da cultura” (FRIGOTTO; CIAVATTA e RAMOS, 2005).
Sendo assim, seria uma formação humana que preconiza a integração de todas as dimensões
da vida no processo formativo. Esta formação teria como propósito fundamental proporcionar
aos trabalhadores a compreensão das relações sociais de produção e do processo histórico e
contraditório de desenvolvimento das forças produtivas (CIAVATTA e RAMOS, 2011).
Conforme Krüger (2013), as políticas públicas desenvolvidas pelo Estado brasileiro no
âmbito do PRONATEC, desde a implantação do Programa, estão fortemente ligadas às
parcerias público-privadas, privilegiando e fortalecendo principalmente as instituições do
Sistema S, em detrimento das instituições públicas. O que está de acordo com dados
apresentados por Lima Filho (2015), segundo os quais as metas para o PRONATEC
estabeleceram oito milhões de matrículas com um amplo predomínio para a rede privada, em

9
Serviços Nacionais de Aprendizagem: Sistema S.
10
Fundo de Financiamento Estudantil: FIES.
11
Segundo a Lei 12.816, artigo 20, as instituições do Sistema S integram o Sistema Federal de Ensino na
condição de mantenedoras, porém a Lei deixa dualidade na interpretação com relação aos Serviços pertencerem
à esfera pública ou privada.
13

relação às redes públicas de ensino, com a transferência dos recursos correspondentes a essas
vagas para o Sistema S ou instituições privadas de educação profissional.
Campos e Godoi (2013) levantaram uma questão importante ao afirmar que se as
verbas públicas, destinadas às instituições de ensino privadas, fossem concedidas às
instituições públicas como investimentos e incrementos no orçamento anual, poderiam
ampliar o número de vagas públicas para atender não apenas a grupos focais, mas de maneira
universal a todos que quisessem ter uma vaga.
Sá (2016) realizou uma pesquisa junto aos alunos concluintes de cursos de formação
inicial e continuada do PRONATEC, da Escola Márcio Bagueira Leal, do SENAI12, na cidade
de Franca, SP. A pesquisa teve por objetivo avaliar a eficácia do Programa na aquisição de
um emprego qualificado e no incremento da renda. Com base nos dados colhidos, foi
constatado que o Programa apresenta baixa eficácia, considerando o percentual de egressos
atuando na área do curso realizado. Além disto, foi verificado que não existe uma articulação
entre o governo e os empresários, como forma de inserir a mão de obra qualificada pelo
Programa, no mercado de trabalho (SÁ, 2016).
Em 2015, o SENAC concretizou uma pesquisa nacional com egressos dos cursos
realizados nas três modalidades ofertadas em 2012: Programa SENAC de Gratuidade, Cursos
Comerciais e PRONATEC. O objetivo da pesquisa foi apresentar a situação dos egressos no
mercado de trabalho e avaliar as contribuições pedagógicas dos cursos oferecidos na
Instituição. Com relação ao PRONATEC, de um total de 102.176 concluintes foram
entrevistados 1.211. O percentual de egressos que estavam trabalhando e obtiveram esta
colocação durante ou após o curso do SENAC, entre os beneficiários do PRONATEC foi de
46,9%. No entanto, o percentual registrado de egressos atuando na área do curso foi de 26,3%
(SENAC, 2015). Dessa forma, para a maioria dos ex-alunos, os cursos não contribuíram na
aquisição de trabalho.
Ananias (2015) fez uma investigação sobre os impactos do PRONATEC na inserção
dos egressos no mercado de trabalho. Foram analisadas as fichas de matrícula de egressos de
cinco cursos de formação inicial e continuada de uma instituição do Sistema S do município
de Santa Maria, RS, cumpridos em 2013 e 2014. Também foram realizadas entrevistas com
oito jovens, nas quais foram discutidas questões como educação, trabalho e contribuição do
curso em relação à qualificação profissional. Os cursos analisados foram: Auxiliar
Administrativo, Costura, Modelista, Eletricista, Operador de Computador e Mecânico de

12
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial: SENAI.
14

Usinagem. A pesquisa apontou que a contribuição do PRONATEC na inserção profissional


foi ineficiente, pois dos oito jovens entrevistados, apenas um encontrava-se inserido no
mercado de trabalho formal no momento da entrevista, em 2015 (ANANIAS, 2015).
Souza (2015) analisou os cursos do PRONATEC realizados, nos anos de 2012 e 2013,
no Campus Paraíso do Tocantins, do Instituto Federal do Tocantins. Foram investigados os
cursos de formação inicial e continuada, ministrados principalmente para estudantes do
Ensino Médio da rede estadual de educação. A pesquisa se guiou quanto à inserção dos
egressos no mercado de trabalho, aos resultados na vida estudantil e à influência da política
em sua renda. Os resultados apontam que para apenas 9% dos egressos o Programa causou
alguma alteração na renda. Entre os ex-alunos que estão empregados, somente uma pequena
parcela desenvolve atividades na área do curso. Por conseguinte, os dados apresentam uma
realidade insatisfatória, pois para 78% dos egressos, os cursos do PRONATEC não os
favoreceram para conseguir um emprego.
Cavaignac e Martins (2016) efetivaram um estudo entre os anos de 2014 e 2016, em
Fortaleza, com egressos do PRONATEC e com profissionais que atuam na Secretaria
Municipal de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, responsável pela gestão da política
de assistência social nesse município. Por meio das entrevistas, foi verificado que, após a
conclusão do curso, a maior parte dos egressos não havia conseguido mudar a condição na
qual se encontrava antes de realizar o curso. Para duas entrevistadas, que já trabalham com
costura em uma cooperativa, o curso serviu como um complemento, pois pretendiam
continuar nessa profissão. Os autores concluíram que o Programa não tem suprido as
deficiências de escolarização da população à qual se destina, nem garantido sua inserção ou
reinserção no mercado formal de trabalho, devido à ausência de articulação com outras
políticas públicas, especialmente as políticas de educação e de emprego e renda.
Dessa forma, os autores que pesquisaram o PRONATEC demonstram uma postura
crítica em relação ao Programa, identificando falhas, como a falta de contribuição para os
egressos conseguirem emprego e incremento de renda, sendo que esta contribuição é uma das
finalidades maiores do PRONATEC, conforme será exposto no capítulo a seguir.
15

4 DO PROGRAMA NACIONAL DE ACESSO AO ENSINO TÉCNICO E EMPREGO


(PRONATEC)

O PRONATEC é uma política pública do Governo Federal, que possui a finalidade de


ampliar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica, por meio de programas,
projetos e ações de assistência técnica e financeira (BRASIL, 2011).
Os objetivos do PRONATEC que foram estabelecidos na Lei 12.513/2011 são ampliar
a oferta de cursos de educação profissional técnica de nível médio presencial e a distância e
de cursos de formação inicial e continuada ou qualificação profissional, melhorando a
distribuição pelo país; incentivar e apoiar a ampliação da rede física da educação profissional
e tecnológica; colaborar com a melhoria da qualidade do ensino médio público, por meio da
articulação com a educação profissional; aumentar as oportunidades de educação para
trabalhadores; incentivar a oferta e distribuição de recursos pedagógicos para cursos de
educação profissional e tecnológica e promover a articulação entre a política de educação
profissional e tecnológica e as políticas de geração de trabalho, emprego e renda (BRASIL,
2011).
O PRONATEC foi criado para atender, prioritariamente, estudantes do ensino médio
da rede pública ou de instituições privadas com bolsa integral; trabalhadores, com destaque
para praticantes da agricultura familiar, silvicultores, aquicultores, extrativistas e pescadores;
beneficiários dos programas federais de transferência de renda; pessoas com deficiência;
povos indígenas; comunidades quilombolas e jovens em cumprimento de medidas
socioeducativas (BRASIL, 2011). A Lei 12.816/2013 estabeleceu estímulo à participação de
mulheres responsáveis pela unidade familiar beneficiárias de programas federais de
transferência de renda, nos cursos oferecidos por meio da Bolsa-Formação (BRASIL, 2013a).
Já a Lei 12.863/2013 ampliou novamente o quadro de beneficiários da Bolsa-Formação, para
incluir os alunos de cursos de formação de professores em nível médio na modalidade normal
(BRASIL, 2013b).
Conforme a Lei 12.513/2011, os cursos do PRONATEC são ofertados de forma
gratuita por instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e
das redes estaduais e municipais de educação profissional e tecnológica. São também
ofertantes as instituições dos Serviços Nacionais de Aprendizagem e outras instituições
privadas cadastradas no Ministério da Educação.
O Programa é formado por cinco iniciativas: Bolsa-Formação, Programa Brasil
Profissionalizado, Acordo de Gratuidade, Rede e-Tec Brasil e Expansão da Rede Federal de
16

Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Somando todas as iniciativas, de 2011 a


2014, foram registradas pelo PRONATEC mais de oito milhões de matrículas, entre cursos
técnicos e de formação inicial e continuada (BRASIL, 2016).
O Programa Brasil Profissionalizado, criado por meio do Decreto 6.302/2007, tem a
finalidade de ampliação da oferta e fortalecimento da educação profissional e tecnológica
integrada ao ensino médio nas redes estaduais e do Distrito Federal. Essa iniciativa tem como
metas viabilizar a aquisição de equipamentos, a entrega de laboratórios e a realização de
construções, reformas ou ampliações de escolas (BRASIL, 2016).
O Acordo de Gratuidade tem o objetivo de ampliar, progressivamente, a utilização de
recursos financeiros do SENAI, SENAC, SESC13 e SESI14, recebidos da contribuição
compulsória, em cursos técnicos e de formação inicial e continuada ou de qualificação
profissional, em vagas gratuitas destinadas a pessoas de baixa renda. É importante destacar
que apenas os acordos do SENAI e SENAC fazem parte do PRONATEC, mesmo que os
acordos do SESC e SESI componham o Acordo de Gratuidade (BRASIL, 2016).
A Rede e-Tec Brasil, criada por meio do Decreto 7.589/2011, tem a finalidade de
ampliar a oferta de cursos técnicos e de formação inicial e continuada ou de qualificação
profissional, na modalidade a distância. Tais cursos poderão ser realizados pelas instituições
da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica; unidades de ensino dos
Serviços Nacionais de Aprendizagem (SENAI, SENAC, SENAR e SENAT) e instituições de
educação profissional vinculadas aos sistemas estaduais de ensino (BRASIL, 2016).
A Expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica
consiste na criação e consolidação das unidades da rede, através da reestruturação física e
aquisição de equipamentos para laboratórios, ambientes pedagógicos e áreas de Tecnologia da
Informação e Comunicação (BRASIL, 2016).
A Bolsa-Formação é uma iniciativa do PRONATEC que tem o propósito de ampliar o
acesso gratuito à educação profissional e tecnológica (EPT), em instituições federais,
estaduais e distritais de educação profissional, unidades integrantes dos Serviços Nacionais de
Aprendizagem, fundações públicas voltadas à EPT e instituições privadas, a partir da oferta de
vagas em cursos técnicos para quem concluiu ou é matriculado no Ensino Médio, além de
cursos de formação inicial e continuada e de qualificação profissional. São duas as
modalidades, Bolsa-Formação Estudante e Bolsa-Formação Trabalhador (BRASIL, 2016).

13
Serviço Social do Comércio: SESC.
14
Serviço Social da Indústria: SESI.
17

A Bolsa-Formação Estudante é destinada para cursos de educação profissional técnica


de nível médio, nas formas concomitante, integrada ou subsequente estabelecidas na Lei
9.394/1996 (LDB), e para cursos de formação de professores em nível médio na modalidade
normal. Já a Bolsa-Formação Trabalhador é destinada aos trabalhadores e aos beneficiários
dos programas federais de transferência de renda, com idade igual ou superior a 15 anos no
ato da matrícula, para cursos de formação inicial e continuada ou qualificação profissional
(BRASIL, 2016).
Os valores das Bolsas-Formação correspondem ao custo total do curso por estudante,
incluindo as mensalidades, encargos educacionais e o eventual custeio de transporte e
alimentação, sendo vedada cobrança direta aos estudantes de taxas de matrícula, custeio de
material didático ou qualquer outro valor pela prestação do serviço (BRASIL, 2013a).
Quando foi criado o PRONATEC Bolsa-Formação, em novembro de 2011, o custo
médio da hora-aluno era R$ 8,50. O valor foi reajustado duas vezes, passando para R$ 9,00,
em fevereiro de 2012, e para R$ 10,00, em julho de 2012. Este valor da hora-aluno está
definido nas Resoluções 7/2013 e 8/2013 do FNDE, que tem a competência de realizar a
transferência dos recursos do Programa, mediante solicitação da SETEC (BRASIL, 2016). A
Resolução 3/2014, foi o último ato legal do FNDE a fixar o valor da hora-aluno, em R$ 10,00.
Os cursos do PRONATEC têm a finalidade de qualificar profissionais para suprir a
falta de mão de obra no mercado de trabalho. Alguns dos cursos oferecidos pelo Campus
Pelotas do IFSul como Mestre de Obras, Carpinteiro de Obras, Armador de Ferragem e
Ajudante de Obras vêm ao encontro de declarações do Sindicato da Indústria da Construção e
Mobiliário (SINDUSCON) de Pelotas sobre a falta de profissionais qualificados. Segundo
notícias publicadas na página do sindicato (SINDUSCON/PELOTAS, 2012) e no jornal
Diário da Manhã (DIÁRIO DA MANHÃ, 2014), empreendimentos tiveram seu início adiado
ou a data de entrega postergada devido à falta de operários.
Sendo assim, o PRONATEC é um Programa de educação profissional bastante amplo,
cujas iniciativas devem ser objeto de pesquisas para avaliar se os objetivos delas estão sendo
alcançados. Neste trabalho, conforme já descrito anteriormente, foi pesquisado o curso de
Qualificação em Mestre de Obras, o qual foi subsidiado pela Bolsa-Formação Trabalhador. A
seguir está a análise dos dados obtidos nos questionários dos egressos.
18

5 ANÁLISE DOS DADOS

A análise dos dados foi realizada com base nos questionários dos doze egressos do
curso de Qualificação em Mestre de Obras que compareceram para a entrevista, 24% do total
de formados. Foram avaliadas as questões objetivas e discursivas.
Após apreciação das respostas obtidas com a entrevista, constatou-se que apesar de o
pesquisador ter estado presente durante todo o processo, houve questões que não foram
respondidas e também respostas que não condiziam com a pergunta realizada,
respectivamente, 1% e 4% do total de perguntas. Não se constatou correlações entre essas
questões.
A idade dos alunos variava entre 19 e 60 anos ao término do curso, sendo que
predominavam as pessoas com idades entre 24 e 48 anos, conforme o Gráfico 1. Com relação
à educação básica, apenas a metade dos egressos concluiu o ensino fundamental e o ensino
médio e quatro não concluíram o ensino fundamental. Constata-se que um entrevistado fez
ensino supletivo em instituição privada e os outros são oriundos da escola pública.

Gráfico 1: Idade dos entrevistados15

Fonte: Elaborado pelo autor

A maior parte dos egressos respondeu que reside no município de Pelotas e um mora
no município do Capão do Leão. Os bairros de Pelotas onde reside a maioria dos egressos,
segundo constatado no formulário de matricula, são: Areal, Fragata, Centro, Três Vendas,
Sanga Funda, São Gonçalo, Loteamento Dunas e Pestano. A maioria dos ex-alunos reside em
casa própria e não é a única fonte do orçamento familiar, existindo a contribuição de outra(s)
pessoa(s) na renda da família.

15
Na distribuição dos egressos no gráfico constata-se que 11 pessoas informaram a sua idade. Um dos
entrevistados registrou seu nome no lugar da idade.
19

Para 50% dos entrevistados o curso de Qualificação em Mestre de Obras contribuiu


bastante para conseguir um emprego, para 17% contribuiu pouco e para 33% não contribuiu,
portanto, constata-se que o curso foi útil de alguma forma para mais da metade dos egressos
conseguirem um emprego, conforme pode ser visto no Gráfico 2.

Gráfico 2: Contribuição do curso para adquirir um emprego

Fonte: Elaborado pelo autor

Três entrevistados, 25% do total, afirmaram que não atuaram na área da construção
civil antes do início do curso, conforme o Gráfico 3. Para dois deles o curso não contribuiu
para obter um emprego.

Gráfico 3: Experiência na construção anterior ao curso

Fonte: Elaborado pelo autor

Com relação à promoção ou mudança de cargo, 50% dos egressos afirmaram que o
curso contribuiu bastante, 17% disseram que o curso teve alguma contribuição e 33%
afirmaram que não contribuiu, portanto, para mais da metade dos egressos o curso contribuiu
para adquirir uma promoção, como pode ser visto no Gráfico 4.
20

Gráfico 4: Contribuição do curso para promoção ou mudança de cargo

Fonte: Elaborado pelo autor

Conforme o Gráfico 5, para 75% dos entrevistados a capacitação adquirida no curso


foi útil para a sua atuação na construção civil, desse modo, os conhecimentos adquiridos no
curso foram úteis no seu trabalho para a maioria dos entrevistados. Apenas um egresso com
experiência prévia na construção civil afirmou que a capacitação adquirida no curso não foi
útil no seu trabalho.

Gráfico 5: Relação entre a capacitação adquirida no curso e a atuação na construção civil

Fonte: Elaborado pelo autor

De um modo geral, os entrevistados afirmaram que a oferta de emprego na construção


civil está reduzida na região onde vivem, como pode ser observado no Gráfico 6. A maior
parte dos egressos que atuam na construção civil é composta por autônomos e proprietários de
empresa, porém com rendimentos mensais de até três salários mínimos.
A percepção dos entrevistados sobre a falta de emprego no setor da construção civil
vem ao encontro de uma notícia do jornal digital GaúchaZH (sic), também publicada na
página do SINDUSCON de Pelotas. A notícia de setembro de 2016 aborda a crise acentuada
no setor entre o segundo semestre de 2014 e o primeiro semestre de 2016 (SOUZA, 2016).
Conforme a reportagem, a construção civil no Rio Grande do Sul estava encerrando uma
21

trajetória de queda e dando os primeiros sinais de recuperação. A escassez de oportunidades


de trabalho pode ser um motivo para quatro entrevistados afirmarem que o curso não
contribuiu para adquirir um emprego.

Gráfico 6: Percepção dos egressos sobre a oferta de emprego na construção civil

Fonte: Elaborado pelo autor

Na data da entrevista, 58% dos egressos estavam inseridos no mercado de trabalho e


42% não estavam trabalhando. O Gráfico 7 apresenta a relação dos ex-alunos com o mundo
do trabalho.
Os sete egressos que estavam trabalhando atuam na construção civil. Sobre o vínculo
empregatício, um entrevistado possui carteira assinada, dois são proprietários da empresa e
quatro são autônomos. A renda de quatro egressos está entre um e dois salários mínimos e a
renda de três egressos está entre dois e três salários mínimos, considerando o salário mínimo
nacional de R$ 880,00, no momento da entrevista.
Entre os cinco entrevistados que não estavam trabalhando na data de aplicação do
questionário, dois egressos afirmaram que estão procurando trabalho, dois que não estão
procurando e um que está aposentado. Considerando o salário mínimo nacional de R$ 880,00,
a remuneração de dois egressos no último trabalho estava entre um e dois salários mínimos,
um egresso tinha remuneração entre dois e três salários mínimos e dois egressos tinham
remuneração entre três e quatro salários mínimos.
Destes cinco ex-alunos que não estavam trabalhando apenas os dois sem experiência
prévia na construção civil não conseguiram emprego na área após o término do curso. Os
outros três entrevistados16 afirmaram que atuaram na construção civil e os conhecimentos
adquiridos no curso foram importantes.

16
No momento da entrevista dois destes egressos estavam desempregados e um estava aposentado.
22

Gráfico 7: Relação dos ex-alunos com o mundo do trabalho

Fonte: Elaborado pelo autor

Sobre o nível de aprendizado no curso, quatro entrevistados avaliam que seu


aprendizado foi muito alto, cinco que foi alto e três avaliam que foi médio, conforme o
Gráfico 8. Dessa forma, os egressos consideram que tiveram um bom desempenho no curso.

Gráfico 8: Percepção dos ex-alunos sobre seu aprendizado durante o curso

Fonte: Elaborado pelo autor

O curso foi mais útil para os entrevistados que já tinham experiência na construção
civil antes do começo das aulas. É importante esclarecer que a partir da edição do curso de
2013, passou a ser obrigatória a experiência na construção civil para o ingresso, comprovada
por meio da carteira de trabalho, dessa forma, a avaliação dos egressos de 2013 e 2014 sobre
o curso é melhor que dos egressos de 201217.
Dos entrevistados, 92% recomendariam o curso de Qualificação em Mestre de Obras
para outras pessoas, mesmo aqueles que não conseguiram adquirir um emprego na construção
civil, o que mostra que os alunos tiveram uma boa impressão e avaliação do curso. Um
egresso afirmou no questionário que o conhecimento teórico adquirido no curso contribuiu
bastante no seu trabalho de contramestre, além de melhorar seu diálogo com colegas,

17
Na edição de 2012 houve ingresso de alunos sem experiência prévia na construção civil.
23

engenheiro e arquiteto. Esta afirmação mostra que o curso trouxe mais conhecimentos e
confiança para as atividades e diálogos do dia a dia no trabalho.
Quando questionados se recomendariam o curso para outras pessoas, dois dos egressos
que responderam sim fizeram uma ressalva com relação à experiência prévia na construção
civil. Um deles disse que o curso aprimora os conhecimentos de quem trabalha na área e
melhora as possibilidades de conseguir um cargo melhor dentro da empresa. O outro egresso
afirmou que recomendaria o curso principalmente para pessoas que já atuam na construção
civil, pois é uma forma de adquirir mais conhecimento.
Um ex-aluno declarou no questionário que a interação entre colegas durante o curso
trouxe novos conhecimentos e contatos. Esta afirmação implica que os alunos devem ter
experiência prévia na área da construção civil, pois assim a interação com os colegas pode
trazer contatos para futuros trabalhos, além de discussões sobre assuntos da área.
Constatou-se que um dos egressos que fez o curso de Qualificação em Mestre de
Obras motivou-se para cursar o Técnico em Edificações no IFSul. Na nossa concepção isto
representa algo positivo para o curso, pois muitos entrevistados já estavam afastados há anos
do ambiente escolar, portanto, o curso pode ter sido um incentivo para a busca de mais
qualificação.
Outro entrevistado comentou sobre a experiência prévia na construção civil, afirmando
que o curso não foi proveitoso para ele, por não ter conhecimentos e prática na área, antes do
início das aulas. O ex-aluno também comentou que adquiriu bastante conhecimento no curso
e que até o dia da entrevista não havia conseguido emprego na construção civil, mesmo
colocando no seu currículo que realizou o curso. Esta resposta do egresso reforça as
constatações acerca da limitação do curso em trazer benefícios profissionais para quem não
atuava na área, conforme será abordado nas conclusões finais.

6 CONCLUSÕES

A proposta deste trabalho foi investigar a contribuição do curso de Qualificação em


Mestre de Obras, oferecido pelo Campus Pelotas do IFSul, em parceria com o PRONATEC,
na atuação profissional dos egressos. Também foi pesquisada a existência de fatores externos
capazes de interferir nesta contribuição.
Com relação a obter um novo emprego, 50% dos entrevistados disseram que o curso
contribuiu bastante e 17% informaram que contribuiu pouco, assim o curso foi útil para mais
da metade dos egressos.
24

Sobre promoção ou mudança de cargo, 50% dos egressos afirmaram que o curso
contribuiu bastante e 17% disseram que teve alguma contribuição, portanto favoreceu mais da
metade dos egressos. O número de entrevistados que afirmaram que o curso trouxe
oportunidade para adquirir um novo emprego foi igual ao número que disse que foi útil para
conseguir uma promoção ou mudança de cargo, sendo basicamente as mesmas pessoas que
tiveram as duas contribuições a partir da realização do curso.
Para 75% dos entrevistados a capacitação adquirida no curso foi útil no desempenho
de suas atividades na construção civil. Desse modo, os conhecimentos adquiridos foram úteis
para a maioria dos egressos no seu trabalho, inclusive para alguns que não conseguiram uma
promoção ou mudança de cargo.
Um fator externo que interferiu na contribuição do curso na atuação profissional dos
egressos foi a experiência na construção civil anterior ao começo das aulas. Dos três egressos
sem experiência na área, apenas um conseguiu emprego na construção civil após o término da
formação. Nos questionários, alguns entrevistados também chamaram a atenção sobre a
importância da experiência prévia para a realização da qualificação. Conclui-se que o curso
foi mais útil para os entrevistados que já tinham experiência na construção civil antes do
começo das aulas, entretanto um egresso sem experiência conseguiu emprego e promoção
devido à realização do curso.
Os sete egressos que estavam trabalhando na data de aplicação do questionário atuam
na construção civil e possuem rendimentos mensais entre um e três salários mínimos. Com
relação ao vínculo empregatício, um entrevistado possui carteira assinada, dois são
proprietários da empresa e quatro são autônomos. Dos cinco egressos que não estavam
trabalhando, apenas os dois sem experiência prévia na construção civil não conseguiram
emprego na área, após o término do curso.
Os alunos do PRONATEC no Campus Pelotas receberam um auxílio financeiro para
assistir às aulas, financiado pela Bolsa-Formação Trabalhador. O valor de R$ 10,00 era
calculado para pagar o transporte e um lanche em cada dia de aula. Um egresso manifestou na
pesquisa que realizou o curso em virtude do recebimento deste auxílio, sendo a motivação
para a sua não evasão.
Assim, ao encerrar este trabalho constata-se que, apesar de alguns autores pesquisados
apontarem ineficiência do PRONATEC com relação à contribuição dos cursos para os
egressos conseguirem emprego e renda, o curso de Qualificação em Mestre de Obras do
Campus Pelotas do IFSul fez a diferença para 75% dos entrevistados na sua atuação
profissional, contrariando a amostragem de outras instituições. Além disto, houve uma baixa
25

evasão, pois dos 60 alunos matriculados 49 concluíram o curso. Nesse sentido, sugere-se que
o curso tenha continuidade, observando-se algumas sugestões aqui propostas.

7 ALGUMAS RECOMENDAÇÕES

Para futuras edições do curso sugere-se que a matrícula seja condicionada à


experiência de dois anos na construção civil, conforme já foi estabelecido para as edições de
2013 e 2014. Também recomenda-se a inclusão de aulas práticas no curso, pois a exigência
de experiência prévia não significa que todos os alunos terão passado pelos diversos ramos da
construção civil. As aulas práticas propiciam aos alunos um melhor entendimento das
disciplinas teóricas do curso, à medida que passam a executar na prática os conhecimentos
anteriormente adquiridos, possibilitando um conhecimento mais amplo e real dos materiais,
ferramentas, máquinas, equipamentos e das técnicas construtivas.
Pode-se aplicar a metodologia desta pesquisa com os outros cursos do PRONATEC da
área da construção civil realizados no Campus Pelotas do IFSul, Carpinteiro de Obras,
Armador de Ferragem e Ajudante de Obras com o objetivo de verificar se os resultados serão
semelhantes. A metodologia também pode ser aplicada para os cursos do PRONATEC da
área da construção civil do SENAI de Pelotas com a finalidade de comparar os resultados com
os cursos do IFSul.

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LIMA FILHO, Domingos L. Expansão da educação superior e da educação profissional


no Brasil: tensões e perspectivas. Revista Educação em Questão, Natal, v. 51, n. 37, p. 195-
223, jan./abr. 2015.

MEC/SETEC. Guia PRONATEC de Cursos FIC. Brasília, 2011. Disponível em:


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28

MINAYO, Maria C.; SANCHES, Odécio. Quantitativo-qualitativo: oposição ou


complementaridade? Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.9, n.3, p. 239-262,
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RAMOS, Marise. PRONATEC: Público e Privado na Educação Profissional: entrevista


Ano III – Número 17, p 16, Mai/Jun 2011. Fio Cruz: Revista Poli. Entrevista concedida a
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RODRIGUES, Romir; SANTOS, Maurício. Relações entre o público e o privado na


educação profissional e tecnológica: alguns elementos para a análise do Programa
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – PRONATEC. In: INTERCÂMBIO -
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DESDOBRAMENTOS PARA A DEMOCRATIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO, 1., 2012,
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com alunos egressos da Escola SENAI “Márcio Bagueira Leal”. 2016. 131f. Dissertação
(Mestrado em Planejamento e Análise de Políticas Públicas) – Faculdade Ciências Humanas e
Sociais, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Franca, 2016.

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acadêmico – Estudo de caso de um sistema de acompanhamento de egressos utilizando
QFD. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E
PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 31., 2007, Rio de Janeiro. Anais... ENANPAD, Rio de
Janeiro, 2007.

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Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/economia/noticia/2016/09/construcao -civil-
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em Gestão de Políticas Públicas) – Universidade Federal do Tocantins, Palmas, 2015.
29

ANEXO – QUESTIONÁRIOS APLICADOS AOS EGRESSOS

Pesquisa com alunos egressos das turmas de 2013, 2014 e 2015 do Curso de
Qualificação em Mestre de Obras

QUESTIONÁRIO 1

1) Qual a sua idade?____________

2) Em que cidade você reside?__________________

3) Em que ano você concluiu o ensino fundamental:___________

4) Em que tipo de escola cursou o ensino Fundamental (1º grau)?


a( ) Somente em escola pública;
b( ) Somente em escola particular;
c( ) Maior parte em escola pública;
d( ) Maior parte em escola particular;
e( ) Na modalidade supletivo.

5) Você já cursou o ensino médio?


a ( ) Sim;
b ( ) Não.

Se você respondeu “SIM” continue a responder normalmente o questionário a partir da


questão 6.
Caso você tenha respondido “NÃO”, ignore as questões 6 e 7 e pule imediatamente para
a questão 8.

6) Em que ano você concluiu o ensino médio:_________

7) Em que tipo de escola cursou o ensino Médio (2º grau)?


a( ) Somente em escola pública;
b( ) Somente em escola particular;
c( ) Maior parte em escola pública;
d( ) Maior parte em escola particular;
e( ) Na modalidade supletivo.

8) Qual seu estado civil?


a( ) Solteiro(a);
b( ) Casado(a);
c( ) Divorciado(a);
d( ) Viúvo(a).

9) Você é a única fonte de renda familiar, ou outras pessoas contribuem?


a ( ) Única fonte;
b ( ) Outras pessoas contribuem. Se positivo quem?__________________________
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10) Onde você reside?


a ( ) casa própria;
b ( ) casa alugada;
c ( ) com os pais;
d ( ) outros.

11) A sua família/você possui?

1 (um) 2 (dois) 3 (três) ou mais


Automóvel
Motocicleta
Bicicleta
Computador
Notebook
Celular
Smartfone
Tablet
Televisão
Aparelho de DVD
Rádio
Ar condicionado
Geladeira
Freezer
Forno elétrico
Forno micro-ondas

12) Você utiliza computador?


a ( ) Não;
b ( ) Sim, com acesso a Internet;
c ( ) Sim, sem acesso a Internet.

13) Você está, atualmente, trabalhando?


a ( ) Sim
b ( ) Não

Se você respondeu “SIM” então passe para o QUESTIONÁRIO 2; Se você respondeu


“NÃO” passe para o QUESTIONÁRIO 3.
31

QUESTIONÁRIO 2
(Responda esse questionário somente se respondeu sim na questão 13.)

14) Se estiver atuando na área da construção civil:


a ( ) O seu trabalho requer capacitação adquirida no curso de Mestre de Obras;
b ( ) Está trabalhando na construção civil, mas em área diferente do curso;
c ( ) Não está trabalhando na construção civil.

15) Qual a relação entre o seu trabalho atual e o curso de Mestre de Obras?
a( ) Fortemente relacionado com o curso;
b( ) Fracamente relacionado com o curso;
c( ) Não tem nenhuma relação com o curso.

16) Fazer o curso de Qualificação em Mestre de Obras contribuiu para adquirir seu
emprego atual?
a ( ) Contribuiu bastante;
b ( ) Contribuiu pouco;
c ( ) Não contribuiu.

17) Fazer o curso de Qualificação em Mestre de Obras contribuiu para alguma


promoção ou mudança de cargo em seu trabalho?
a ( ) Contribuiu bastante;
b ( ) Contribuiu pouco;
c ( ) Não contribuiu.

18) Ramo de atividade da empresa onde trabalha:_____________________________

19) Qual é o seu vínculo empregatício?


a( ) Empregado com carteira assinada;
b( ) Empregado sem carteira assinada;
c( ) Funcionário público concursado;
d( ) Autônomo/Prestador de serviços;
e( ) Em contrato temporário;
f( ) Estagiário;
g( ) Proprietário de empresa/negócio;
f( ) Outro – Explicitar:______________________________

20) Qual a empresa que você trabalha:_____________________________

21) Considerando o salário mínimo nacional, atualmente de R$ 880,00, qual a sua renda
mensal em salários mínimos?
a ( ) Até 1 Salário Mínimo;
b ( ) Entre 1 e 2 salários mínimos (até R$ 1.760,00);
c ( ) Entre 2 e 3 salários mínimos (até R$ 2.640,00);
d ( ) Entre 3 e 4 salários mínimos (até R$ 3.520,00);
e ( ) Entre 4 e 5 salários mínimos (até R$ 4.400,00);
f ( ) Mais de 5 salários mínimos (mais de R$ 4.400,01);
g ( ) Sem rendimento.
32

22) Você já havia trabalhado na construção civil antes de iniciar o curso de Mestre de
Obras?
a ( ) Sim
b ( ) Não

23) Na região em que você vive, como são as ofertas de emprego na área do curso?
a( ) Há muitas ofertas de emprego ou trabalho;
b( ) Há ofertas de emprego ou trabalho;
c( ) Há poucas ofertas de emprego ou trabalho;
d( ) Praticamente não há ofertas de emprego para profissionais na área do curso.

24) Na sua opinião, como foi o seu aprendizado durante o curso?


a ( ) Muito alto;
b ( ) Alto;
c ( ) Médio;
d ( ) Baixo;
e ( ) Muito baixo.

25) Numere as disciplinas do curso de Mestre de Obras, de 1 a 8, conforme o grau de


importância para você. Considere 1 como de maior importância e 8 como de menor
importância.
( ) Requerimentos e relatórios;
( ) Matemática aplicada;
( ) Princípios de gestão e segurança do trabalho;
( ) Interpretação de projetos (leitura de plantas);
( ) Planejamento e fiscalização de obras;
( ) Tecnologias da construção e meio ambiente;
( ) Estudo dos materiais;
( ) Mecânica dos solos.

26) Você recomendaria o curso para outra pessoa?


a ( ) Sim
b ( ) Não
Justifique:___________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

27) Se você retornasse ao curso qual conteúdo gostaria que fosse abordado?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

28) Você gostaria de fazer algum comentário, elogio, critica com relação ao curso.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
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QUESTIONÁRIO 3
(Responda esse questionário somente se respondeu “NÃO” na questão 13.)

14) Há quanto tempo você está desempregado?_________________

15) Está procurando emprego?


a ( ) Sim;
b ( ) Não.

16) Considerando o salário mínimo nacional de R$ 880,00, qual era a sua renda mensal
em salários mínimos, quando estava empregado?
a ( ) Até 1 Salário Mínimo;
b ( ) Entre 1 e 2 salários mínimos (até R$ 1.760,00);
c ( ) Entre 2 e 3 salários mínimos (até R$ 2.640,00);
d ( ) Entre 3 e 4 salários mínimos (até R$ 3.520,00);
e ( ) Entre 4 e 5 salários mínimos (até R$ 4.400,00);
f ( ) Mais de 5 salários mínimos (mais de R$ 4.400,01).

17) Você já havia trabalhado na construção civil antes de iniciar o curso de Mestre de
Obras?
a ( ) Sim
b ( ) Não

18) Na região em que você vive, como são as ofertas de emprego na área do curso?
a( ) Há muitas ofertas de emprego ou trabalho;
b( ) Há ofertas de emprego ou trabalho;
c( ) Há poucas ofertas de emprego ou trabalho;
d( ) Praticamente não há ofertas de emprego para profissionais na área do curso.

19) Após terminar o curso de Qualificação em Mestre de Obras você trabalhou na área
da construção civil?
a ( ) Sim e o trabalho requeria capacitação adquirida no curso de Mestre de Obras;
b ( ) Sim, mas o trabalho era em uma área diferente do curso;
c ( ) Não trabalhei na construção civil.

20) Qual era a relação entre seu(s) emprego(s) após terminar o curso de Qualificação
em Mestre de Obras e os conhecimentos adquiridos no curso?
a ( ) Fortemente relacionado(s);
b ( ) Fracamente relacionado(s);
c ( ) Não tinham nenhuma relação.

21) Fazer o curso de Qualificação em Mestre de Obras contribuiu para adquirir um


emprego?
a ( ) Contribuiu bastante;
b ( ) Contribuiu pouco;
c ( ) Não contribuiu.

22) Fazer o curso de Qualificação em Mestre de Obras contribuiu para alguma


promoção ou mudança de cargo em um emprego?
a ( ) Contribuiu bastante;
34

b ( ) Contribuiu pouco;
c ( ) Não contribuiu.

23) Na sua opinião, como foi o seu aprendizado durante o curso?


a( ) Muito alto;
b( ) Alto;
c( ) Médio;
d( ) Baixo;
e( ) Muito baixo.

24) Numere as disciplinas do curso de Mestre de Obras, de 1 a 8, conforme o grau de


importância para você. Considere 1 como de maior importância e 8 como de menor
importância.
( ) Requerimentos e relatórios;
( ) Matemática aplicada;
( ) Princípios de gestão e segurança do trabalho;
( ) Interpretação de projetos (leitura de plantas);
( ) Planejamento e fiscalização de obras;
( ) Tecnologias da construção e meio ambiente;
( ) Estudo dos materiais;
( ) Mecânica dos solos.

25) Você recomendaria o curso para outra pessoa?


a ( ) Sim
b ( ) Não
Justifique:___________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

26) Se você retornasse ao curso qual conteúdo gostaria que fosse abordado?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

27) Você gostaria de fazer algum comentário, elogio, critica com relação ao curso.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

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