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PELOTAS
2017
MATEUS BERWALDT SANTOS
PELOTAS
2017
AVALIAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO DO CURSO DE QUALIFICAÇÃO EM MESTRE
DE OBRAS DO PRONATEC NA ATUAÇÃO PROFISSIONAL DOS EGRESSOS
RESUMO: Esta pesquisa tem como objetivo geral investigar a contribuição do curso de
Qualificação em Mestre de Obras, oferecido pelo Campus Pelotas do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul), em parceria com o Programa
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), na atuação profissional dos
alunos egressos. Foi investigado se os alunos que realizaram o curso nas edições de 2012,
2013 e 2014 conseguiram uma promoção na empresa onde trabalhavam ou um novo emprego,
devido aos conhecimentos e certificado adquiridos no curso. Como metodologia de trabalho,
optou-se inicialmente por uma revisão bibliográfica sobre a legislação que rege o Programa e
sobre a educação profissional, com enfoque na relação público-privado. Posteriormente foi
realizada uma pesquisa, com abordagem quantitativa e qualitativa, junto aos egressos, a qual
foi aplicada de forma individual, e constou de um questionário. Participaram do trabalho doze
egressos, 24% dos quarenta e nove formados no curso. A análise dos dados coletados nas
entrevistas serviu de embasamento para as conclusões finais, inferindo-se que o curso foi útil
para mais da metade dos egressos conseguirem um novo emprego e uma promoção ou
mudança de cargo. Para 75% dos entrevistados a capacitação adquirida no curso foi útil no
desempenho de suas atividades na construção civil.
ABSTRACT: The aim of this study is to investigate the contribution of the Construction
Foremen Qualification Course (CFQC), offered by a partnership between Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul) Pelotas Campus and Programa
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), in the professional
performance of the former students. We investigated whether the students who did the CFQC
in 2012, 2013 and 2014 got any promotions in their jobs or were contemplated with a new job
due to certifications and knowledge acquired during the CFQC. The first methodological
approach was a bibliographic review about the Program legislation and about the professional
education emphasizing the Public-Private partnership. Afterwards we did an individual survey
among some former students, using both quantitative and qualitative approaches. We applied
the survey to 12 former students what meant 24% of the 49 students graduated from the
4
CFQC until the time when the survey was applied. The analysis of the data collected from the
former students interviews served as the basis for the final conclusions. Those conclusions
showed that the CFQC helped more than a half of the former students to get a new job or
promotions in their jobs or even job-position changes. Another goal worth to mention is that
the training acquired in the CFQC helped 75% of the interviewed ones to improve their daily-
basis activities.
1 INTRODUÇÃO
1
Curso de nível médio para exercício do magistério.
5
O Campus Pelotas do IFSul teve sua origem na Escola Técnica de Pelotas (ETP),
criada pelo então Presidente Getúlio Dorneles Vargas, por meio do Decreto-lei 4.127 de 1942
e teve o início de suas atividades letivas em 1945. Posteriormente, em 1959, passou a ter
status de autarquia federal, e em 1965 muda sua denominação para Escola Técnica Federal de
Pelotas (ETFPel)2.
A instituição passou ainda por outra e significativa alteração na sua estrutura, quando
em 1999, foi elevada a Centro Federal de Educação Tecnológica de Pelotas (CEFET-RS),
incluindo a partir daí a oferta de cursos superiores de tecnologia e programas especiais de
formação pedagógica.
Com a criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, pela Lei
11.892/2008, o então CEFET-RS passou a fazer parte desta nova entidade jurídica, sendo
transformado no IFSul.
O Instituto possui sua reitoria na cidade de Pelotas, Estado do Rio Grande do Sul, e é
formado por quatorze campi3, dois campi situados na cidade de Pelotas, e doze campi em
outras regiões do Estado. No Campus Pelotas estão em funcionamento quinze cursos técnicos
de nível médio, cinco cursos superiores de tecnologia e duas engenharias, além de cursos de
pós-graduação, formação pedagógica e educação a distância.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/1996) estabelece que
as instituições de educação profissional e tecnológica podem oferecer cursos especiais para a
comunidade, além dos seus cursos regulares, condicionando a matrícula à capacidade de
aproveitamento e não ao nível de escolaridade.
A Lei 11.892/2008, que criou os Institutos Federais vai além, colocando como um dos
objetivos dos campi dos Institutos a realização de cursos de formação inicial e continuada,
buscando a capacitação, o aperfeiçoamento, a especialização e a atualização de trabalhadores,
dentro das áreas de educação profissional e tecnológica. Outra de suas atribuições é ofertar
educação profissional e tecnológica, em todos os níveis e modalidades, para formar e
qualificar profissionais nos diversos setores da economia.
O curso de Mestre de Obras é destinado a aperfeiçoar profissionais da construção civil,
preparando-os para atuarem no planejamento executivo de obras, supervisionar a execução
2
Disponível em: http://www.pelotas.ifsul.edu.br/institucional/o-campus-pelotas. Acesso em 24 de julho de 2017.
3
Relação dos campi do IFSul: Campus Bagé, Campus Camaquã, Campus Charqueadas, Campus Gravataí,
Campus Avançado Jaguarão; Campus Lajeado, Campus Avançado Novo Hamburgo, Campus Passo Fundo,
Campus Pelotas, Campus Pelotas - Visconde da Graça, Campus Santana do Livramento, Campus Sapiranga,
Campus Sapucaia do Sul e Campus Venâncio Aires.
6
das atividades no canteiro de obras e coordenar equipes de trabalho, de acordo com as normas
e procedimentos técnicos de qualidade, segurança, higiene e saúde (MEC/SETEC, 2011).
No Campus Pelotas do IFSul, o curso de Mestre de Obras utilizou a estrutura física e
material do curso Técnico em Edificações, como, ferramentas, equipamentos, máquinas e
instalações. As disciplinas de Requerimentos e Relatórios, Matemática Básica Aplicada,
Cálculo Aplicado e Desenho, Princípios de Gestão, Interpretação de Projetos e Fundamentos
das Instalações, Planejamento e Fiscalização, Estudos dos Materiais, Mecânica dos Solos,
Tecnologias da Construção e Meio Ambiente, compuseram a grade do curso de Mestre de
Obras. Todas as aulas foram presenciais e os alunos receberam apostilas, elaboradas pelos
professores do curso.
Ingressei como docente no IFSul/Campus Pelotas no ano de 2012 para desempenhar
minhas funções na Coordenadoria do Curso de Edificações, ministrando as disciplinas de
Resistência dos Materiais, Estabilidade das Construções, Projeto Elétrico e Práticas
Construtivas 1.
Nos anos de 2012 e 2013, atuei também como professor do curso de Qualificação em
Mestre de Obras do Campus Pelotas, em parceria com o PRONATEC e, no decorrer desta
atividade docente, comecei a indagar-me se os objetivos deste curso estariam sendo atingidos.
A posteriori, em 2015, passei a fazer o curso de Pós-Graduação em Educação
Profissional com Habilitação para a Docência, o qual tem como Trabalho de Conclusão de
Curso (TCC) um artigo de pesquisa em educação, dessa forma, resolvi desenvolver esta
investigação sobre a contribuição do curso de Qualificação em Mestre de Obras na atuação
profissional dos egressos nas edições de 2012, 2013 e 2014.
OBJETIVOS DA PESQUISA
2 METODOLOGIA
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Para o desenvolvimento deste trabalho foram consultados alguns autores que abordam
o tema da educação profissional como: Ciavatta (2005, 2011); Frigotto (2005, 2011); Kuenzer
(2006, 2007, 2008); Lima Filho (2015) e Ramos (2005, 2011). Porém são poucas as
publicações de livros especificamente sobre o tema PRONATEC, havendo maior volume de
artigos e dissertações. Neste seguimento, Ananias (2015); Campos e Godoi (2013); Cavaignac
e Martins (2016); Krüger (2013); Rodrigues e Santos (2012); Sá (2016) e Souza (2015),
realizaram estudos e pesquisas a respeito do PRONATEC, alguns inclusive focando os
egressos do Programa. Este trabalho trouxe como contribuição ao tema o enfoque local em
Pelotas, RS, a pesquisa de um curso de Qualificação em Mestre de Obras e a abordagem do
ponto de vista dos egressos do curso.
Alguns autores pesquisados abordam também a questão da parceria público-privada,
no âmbito do PRONATEC e programas federais anteriores para a educação profissional.
Segundo Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005), o Projeto Escola de Fábrica, ao depender da
parceria com empresas para sua realização, além de ocasionar o uso de recursos públicos por
4
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC). Departamento Nacional. Pesquisa de avaliação do
egresso de 2012 do SENAC. Rio de Janeiro, 2015. 45 p. Tab. Gráf.
10
5
Programa Universidade para Todos: PROUNI.
11
organizações privadas, mais ágeis, que asseguram mais eficácia e maior ampliação da
capacidade de atendimento” (KUENZER, 2007, p. 1174).
Com a finalidade de facilitar o estabelecimento dessas parcerias entre o setor público e
o privado, a construção de políticas públicas passa a ser substituída pela proposição de
programas que, além de fragmentarem as ações, duplicam financiamentos e estruturas para as
mesmas finalidades, sem que haja controle da qualidade dos cursos oferecidos (KUENZER,
2007). Devido a esta concepção, a prestação de contas dos contratos ocorre por meio de
relatórios que procuram comprovar que o produto pactuado foi alcançado, não havendo
controle dos processos, inclusive sob o ponto de vista financeiro (KUENZER, 2008).
Essa questão também foi relatada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), no
relatório TC 024.329/2015-0, que demonstrou que nenhuma das prestações de contas dos
recursos do PRONATEC Bolsa-Formação teve análise conclusiva até o momento da
conclusão da auditoria do TCU em 2015, mesmo havendo repasses para as instituições de
ensino desde o início do PRONATEC, em 2011. Ou seja, as instituições de ensino prestaram
contas para o Ministério da Educação, porém não houve o diagnóstico dos dados pela
SETEC6 e pelo FNDE7 (BRASIL, 2016, p. 26).
No entanto, é necessário balizar críticas ao PRONATEC de modo semelhante que
Kuenzer (2006) fez em relação ao PLANFOR8, programa que possui muitas semelhanças com
o PRONATEC. Após pesquisa desenvolvida em Novo Hamburgo, RS, a autora observou que
os cursos profissionalizantes, com todas as suas limitações, que eram oferecidos na vigência
do PLANFOR não foram substituídos por novas alternativas. Além disso, a pesquisa
apresentada por Kuenzer (2006) apontou que a única possibilidade de qualificação
profissional gratuita disponível para os desempregados e candidatos ao primeiro emprego,
para atuar nas funções específicas do setor coureiro-calçadista na região pesquisada, era o
curso de costura fornecido pelo Sindicato dos Sapateiros de Campo Bom, RS, que usa os
equipamentos adquiridos com os recursos do PLANFOR.
Conforme Kuenzer (2006), o Decreto 5.154/2004, além de não reafirmar a primazia da
oferta pública de educação profissional, representou uma acomodação conservadora que
atendeu aos interesses de todos os envolvidos: do Governo Lula, que cumpriu uma de suas
promessas de campanha com a revogação do Decreto número 2.208/97; das instituições de
ensino públicas, que passaram a poder vender cursos para o próprio governo, renunciando em
6
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica: SETEC.
7
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação: FNDE.
8
Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador: PLANFOR.
12
parte à sua função; e das instituições privadas, que passaram a preencher o espaço criado pela
extinção das ofertas públicas.
Lima Filho (2015) também crítica às parcerias público-privadas para estabelecimento
do PRONATEC, pelas quais ocorre a transferência maciça de recursos públicos para o
sistema privado, com destaque para o Sistema S9. Nesse sentido, o Estado brasileiro induz e
financia o fortalecimento do mercado de educação profissional (LIMA FILHO, 2015).
Rodrigues e Santos (2012), vêm ao encontro dessa crítica ao trazer informações sobre o
FIES10 Técnico, o qual é uma iniciativa do PRONATEC, que consiste no estabelecimento de
linha de crédito para estudantes, trabalhadores empregados e setor empresarial para o custeio
de cursos no Sistema S e em instituições privadas11 de ensino (RODRIGUES e SANTOS,
2012).
Conforme Lima Filho (2015), as políticas de expansão da educação são implantadas
cada vez mais verticalmente, sem participação da comunidade em seu processo de concepção
e decisão de implantação. Desse modo, ocorre o crescimento da burocracia e da centralização
em detrimento de relações democráticas, sendo notável que esta é uma condição necessária
para a implantação de programas que estabelecem uma sobrecarga de trabalho acentuada.
Os autores consultados defendem uma forma de educação profissional bastante diversa
das propostas do PRONATEC. Tal educação pode ser sintetizada como “ensino médio
unitário e politécnico, o qual enquanto admitisse a profissionalização, integraria em si os
princípios da ciência, do trabalho e da cultura” (FRIGOTTO; CIAVATTA e RAMOS, 2005).
Sendo assim, seria uma formação humana que preconiza a integração de todas as dimensões
da vida no processo formativo. Esta formação teria como propósito fundamental proporcionar
aos trabalhadores a compreensão das relações sociais de produção e do processo histórico e
contraditório de desenvolvimento das forças produtivas (CIAVATTA e RAMOS, 2011).
Conforme Krüger (2013), as políticas públicas desenvolvidas pelo Estado brasileiro no
âmbito do PRONATEC, desde a implantação do Programa, estão fortemente ligadas às
parcerias público-privadas, privilegiando e fortalecendo principalmente as instituições do
Sistema S, em detrimento das instituições públicas. O que está de acordo com dados
apresentados por Lima Filho (2015), segundo os quais as metas para o PRONATEC
estabeleceram oito milhões de matrículas com um amplo predomínio para a rede privada, em
9
Serviços Nacionais de Aprendizagem: Sistema S.
10
Fundo de Financiamento Estudantil: FIES.
11
Segundo a Lei 12.816, artigo 20, as instituições do Sistema S integram o Sistema Federal de Ensino na
condição de mantenedoras, porém a Lei deixa dualidade na interpretação com relação aos Serviços pertencerem
à esfera pública ou privada.
13
relação às redes públicas de ensino, com a transferência dos recursos correspondentes a essas
vagas para o Sistema S ou instituições privadas de educação profissional.
Campos e Godoi (2013) levantaram uma questão importante ao afirmar que se as
verbas públicas, destinadas às instituições de ensino privadas, fossem concedidas às
instituições públicas como investimentos e incrementos no orçamento anual, poderiam
ampliar o número de vagas públicas para atender não apenas a grupos focais, mas de maneira
universal a todos que quisessem ter uma vaga.
Sá (2016) realizou uma pesquisa junto aos alunos concluintes de cursos de formação
inicial e continuada do PRONATEC, da Escola Márcio Bagueira Leal, do SENAI12, na cidade
de Franca, SP. A pesquisa teve por objetivo avaliar a eficácia do Programa na aquisição de
um emprego qualificado e no incremento da renda. Com base nos dados colhidos, foi
constatado que o Programa apresenta baixa eficácia, considerando o percentual de egressos
atuando na área do curso realizado. Além disto, foi verificado que não existe uma articulação
entre o governo e os empresários, como forma de inserir a mão de obra qualificada pelo
Programa, no mercado de trabalho (SÁ, 2016).
Em 2015, o SENAC concretizou uma pesquisa nacional com egressos dos cursos
realizados nas três modalidades ofertadas em 2012: Programa SENAC de Gratuidade, Cursos
Comerciais e PRONATEC. O objetivo da pesquisa foi apresentar a situação dos egressos no
mercado de trabalho e avaliar as contribuições pedagógicas dos cursos oferecidos na
Instituição. Com relação ao PRONATEC, de um total de 102.176 concluintes foram
entrevistados 1.211. O percentual de egressos que estavam trabalhando e obtiveram esta
colocação durante ou após o curso do SENAC, entre os beneficiários do PRONATEC foi de
46,9%. No entanto, o percentual registrado de egressos atuando na área do curso foi de 26,3%
(SENAC, 2015). Dessa forma, para a maioria dos ex-alunos, os cursos não contribuíram na
aquisição de trabalho.
Ananias (2015) fez uma investigação sobre os impactos do PRONATEC na inserção
dos egressos no mercado de trabalho. Foram analisadas as fichas de matrícula de egressos de
cinco cursos de formação inicial e continuada de uma instituição do Sistema S do município
de Santa Maria, RS, cumpridos em 2013 e 2014. Também foram realizadas entrevistas com
oito jovens, nas quais foram discutidas questões como educação, trabalho e contribuição do
curso em relação à qualificação profissional. Os cursos analisados foram: Auxiliar
Administrativo, Costura, Modelista, Eletricista, Operador de Computador e Mecânico de
12
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial: SENAI.
14
13
Serviço Social do Comércio: SESC.
14
Serviço Social da Indústria: SESI.
17
A análise dos dados foi realizada com base nos questionários dos doze egressos do
curso de Qualificação em Mestre de Obras que compareceram para a entrevista, 24% do total
de formados. Foram avaliadas as questões objetivas e discursivas.
Após apreciação das respostas obtidas com a entrevista, constatou-se que apesar de o
pesquisador ter estado presente durante todo o processo, houve questões que não foram
respondidas e também respostas que não condiziam com a pergunta realizada,
respectivamente, 1% e 4% do total de perguntas. Não se constatou correlações entre essas
questões.
A idade dos alunos variava entre 19 e 60 anos ao término do curso, sendo que
predominavam as pessoas com idades entre 24 e 48 anos, conforme o Gráfico 1. Com relação
à educação básica, apenas a metade dos egressos concluiu o ensino fundamental e o ensino
médio e quatro não concluíram o ensino fundamental. Constata-se que um entrevistado fez
ensino supletivo em instituição privada e os outros são oriundos da escola pública.
A maior parte dos egressos respondeu que reside no município de Pelotas e um mora
no município do Capão do Leão. Os bairros de Pelotas onde reside a maioria dos egressos,
segundo constatado no formulário de matricula, são: Areal, Fragata, Centro, Três Vendas,
Sanga Funda, São Gonçalo, Loteamento Dunas e Pestano. A maioria dos ex-alunos reside em
casa própria e não é a única fonte do orçamento familiar, existindo a contribuição de outra(s)
pessoa(s) na renda da família.
15
Na distribuição dos egressos no gráfico constata-se que 11 pessoas informaram a sua idade. Um dos
entrevistados registrou seu nome no lugar da idade.
19
Três entrevistados, 25% do total, afirmaram que não atuaram na área da construção
civil antes do início do curso, conforme o Gráfico 3. Para dois deles o curso não contribuiu
para obter um emprego.
Com relação à promoção ou mudança de cargo, 50% dos egressos afirmaram que o
curso contribuiu bastante, 17% disseram que o curso teve alguma contribuição e 33%
afirmaram que não contribuiu, portanto, para mais da metade dos egressos o curso contribuiu
para adquirir uma promoção, como pode ser visto no Gráfico 4.
20
16
No momento da entrevista dois destes egressos estavam desempregados e um estava aposentado.
22
O curso foi mais útil para os entrevistados que já tinham experiência na construção
civil antes do começo das aulas. É importante esclarecer que a partir da edição do curso de
2013, passou a ser obrigatória a experiência na construção civil para o ingresso, comprovada
por meio da carteira de trabalho, dessa forma, a avaliação dos egressos de 2013 e 2014 sobre
o curso é melhor que dos egressos de 201217.
Dos entrevistados, 92% recomendariam o curso de Qualificação em Mestre de Obras
para outras pessoas, mesmo aqueles que não conseguiram adquirir um emprego na construção
civil, o que mostra que os alunos tiveram uma boa impressão e avaliação do curso. Um
egresso afirmou no questionário que o conhecimento teórico adquirido no curso contribuiu
bastante no seu trabalho de contramestre, além de melhorar seu diálogo com colegas,
17
Na edição de 2012 houve ingresso de alunos sem experiência prévia na construção civil.
23
engenheiro e arquiteto. Esta afirmação mostra que o curso trouxe mais conhecimentos e
confiança para as atividades e diálogos do dia a dia no trabalho.
Quando questionados se recomendariam o curso para outras pessoas, dois dos egressos
que responderam sim fizeram uma ressalva com relação à experiência prévia na construção
civil. Um deles disse que o curso aprimora os conhecimentos de quem trabalha na área e
melhora as possibilidades de conseguir um cargo melhor dentro da empresa. O outro egresso
afirmou que recomendaria o curso principalmente para pessoas que já atuam na construção
civil, pois é uma forma de adquirir mais conhecimento.
Um ex-aluno declarou no questionário que a interação entre colegas durante o curso
trouxe novos conhecimentos e contatos. Esta afirmação implica que os alunos devem ter
experiência prévia na área da construção civil, pois assim a interação com os colegas pode
trazer contatos para futuros trabalhos, além de discussões sobre assuntos da área.
Constatou-se que um dos egressos que fez o curso de Qualificação em Mestre de
Obras motivou-se para cursar o Técnico em Edificações no IFSul. Na nossa concepção isto
representa algo positivo para o curso, pois muitos entrevistados já estavam afastados há anos
do ambiente escolar, portanto, o curso pode ter sido um incentivo para a busca de mais
qualificação.
Outro entrevistado comentou sobre a experiência prévia na construção civil, afirmando
que o curso não foi proveitoso para ele, por não ter conhecimentos e prática na área, antes do
início das aulas. O ex-aluno também comentou que adquiriu bastante conhecimento no curso
e que até o dia da entrevista não havia conseguido emprego na construção civil, mesmo
colocando no seu currículo que realizou o curso. Esta resposta do egresso reforça as
constatações acerca da limitação do curso em trazer benefícios profissionais para quem não
atuava na área, conforme será abordado nas conclusões finais.
6 CONCLUSÕES
Sobre promoção ou mudança de cargo, 50% dos egressos afirmaram que o curso
contribuiu bastante e 17% disseram que teve alguma contribuição, portanto favoreceu mais da
metade dos egressos. O número de entrevistados que afirmaram que o curso trouxe
oportunidade para adquirir um novo emprego foi igual ao número que disse que foi útil para
conseguir uma promoção ou mudança de cargo, sendo basicamente as mesmas pessoas que
tiveram as duas contribuições a partir da realização do curso.
Para 75% dos entrevistados a capacitação adquirida no curso foi útil no desempenho
de suas atividades na construção civil. Desse modo, os conhecimentos adquiridos foram úteis
para a maioria dos egressos no seu trabalho, inclusive para alguns que não conseguiram uma
promoção ou mudança de cargo.
Um fator externo que interferiu na contribuição do curso na atuação profissional dos
egressos foi a experiência na construção civil anterior ao começo das aulas. Dos três egressos
sem experiência na área, apenas um conseguiu emprego na construção civil após o término da
formação. Nos questionários, alguns entrevistados também chamaram a atenção sobre a
importância da experiência prévia para a realização da qualificação. Conclui-se que o curso
foi mais útil para os entrevistados que já tinham experiência na construção civil antes do
começo das aulas, entretanto um egresso sem experiência conseguiu emprego e promoção
devido à realização do curso.
Os sete egressos que estavam trabalhando na data de aplicação do questionário atuam
na construção civil e possuem rendimentos mensais entre um e três salários mínimos. Com
relação ao vínculo empregatício, um entrevistado possui carteira assinada, dois são
proprietários da empresa e quatro são autônomos. Dos cinco egressos que não estavam
trabalhando, apenas os dois sem experiência prévia na construção civil não conseguiram
emprego na área, após o término do curso.
Os alunos do PRONATEC no Campus Pelotas receberam um auxílio financeiro para
assistir às aulas, financiado pela Bolsa-Formação Trabalhador. O valor de R$ 10,00 era
calculado para pagar o transporte e um lanche em cada dia de aula. Um egresso manifestou na
pesquisa que realizou o curso em virtude do recebimento deste auxílio, sendo a motivação
para a sua não evasão.
Assim, ao encerrar este trabalho constata-se que, apesar de alguns autores pesquisados
apontarem ineficiência do PRONATEC com relação à contribuição dos cursos para os
egressos conseguirem emprego e renda, o curso de Qualificação em Mestre de Obras do
Campus Pelotas do IFSul fez a diferença para 75% dos entrevistados na sua atuação
profissional, contrariando a amostragem de outras instituições. Além disto, houve uma baixa
25
evasão, pois dos 60 alunos matriculados 49 concluíram o curso. Nesse sentido, sugere-se que
o curso tenha continuidade, observando-se algumas sugestões aqui propostas.
7 ALGUMAS RECOMENDAÇÕES
REFERÊNCIAS
______. Decreto n. 7.589, de 26 de outubro de 2011. Institui a Rede e-Tec Brasil. Diário
Oficial da União, Brasília, 2011.
______. Lei n. 12.816, de 5 de junho de 2013. Altera leis relativas à educação. Diário
Oficial da União, Brasília, 2013a.
SOUZA, Carlos E. Construção civil dá sinais de recuperação. GaúchaZH. Porto Alegre, 2016.
Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/economia/noticia/2016/09/construcao -civil-
da-sinais-de-recuperacao-7504005.html. Acesso em: 25/11/17.
Pesquisa com alunos egressos das turmas de 2013, 2014 e 2015 do Curso de
Qualificação em Mestre de Obras
QUESTIONÁRIO 1
QUESTIONÁRIO 2
(Responda esse questionário somente se respondeu sim na questão 13.)
15) Qual a relação entre o seu trabalho atual e o curso de Mestre de Obras?
a( ) Fortemente relacionado com o curso;
b( ) Fracamente relacionado com o curso;
c( ) Não tem nenhuma relação com o curso.
16) Fazer o curso de Qualificação em Mestre de Obras contribuiu para adquirir seu
emprego atual?
a ( ) Contribuiu bastante;
b ( ) Contribuiu pouco;
c ( ) Não contribuiu.
21) Considerando o salário mínimo nacional, atualmente de R$ 880,00, qual a sua renda
mensal em salários mínimos?
a ( ) Até 1 Salário Mínimo;
b ( ) Entre 1 e 2 salários mínimos (até R$ 1.760,00);
c ( ) Entre 2 e 3 salários mínimos (até R$ 2.640,00);
d ( ) Entre 3 e 4 salários mínimos (até R$ 3.520,00);
e ( ) Entre 4 e 5 salários mínimos (até R$ 4.400,00);
f ( ) Mais de 5 salários mínimos (mais de R$ 4.400,01);
g ( ) Sem rendimento.
32
22) Você já havia trabalhado na construção civil antes de iniciar o curso de Mestre de
Obras?
a ( ) Sim
b ( ) Não
23) Na região em que você vive, como são as ofertas de emprego na área do curso?
a( ) Há muitas ofertas de emprego ou trabalho;
b( ) Há ofertas de emprego ou trabalho;
c( ) Há poucas ofertas de emprego ou trabalho;
d( ) Praticamente não há ofertas de emprego para profissionais na área do curso.
27) Se você retornasse ao curso qual conteúdo gostaria que fosse abordado?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
28) Você gostaria de fazer algum comentário, elogio, critica com relação ao curso.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
33
QUESTIONÁRIO 3
(Responda esse questionário somente se respondeu “NÃO” na questão 13.)
16) Considerando o salário mínimo nacional de R$ 880,00, qual era a sua renda mensal
em salários mínimos, quando estava empregado?
a ( ) Até 1 Salário Mínimo;
b ( ) Entre 1 e 2 salários mínimos (até R$ 1.760,00);
c ( ) Entre 2 e 3 salários mínimos (até R$ 2.640,00);
d ( ) Entre 3 e 4 salários mínimos (até R$ 3.520,00);
e ( ) Entre 4 e 5 salários mínimos (até R$ 4.400,00);
f ( ) Mais de 5 salários mínimos (mais de R$ 4.400,01).
17) Você já havia trabalhado na construção civil antes de iniciar o curso de Mestre de
Obras?
a ( ) Sim
b ( ) Não
18) Na região em que você vive, como são as ofertas de emprego na área do curso?
a( ) Há muitas ofertas de emprego ou trabalho;
b( ) Há ofertas de emprego ou trabalho;
c( ) Há poucas ofertas de emprego ou trabalho;
d( ) Praticamente não há ofertas de emprego para profissionais na área do curso.
19) Após terminar o curso de Qualificação em Mestre de Obras você trabalhou na área
da construção civil?
a ( ) Sim e o trabalho requeria capacitação adquirida no curso de Mestre de Obras;
b ( ) Sim, mas o trabalho era em uma área diferente do curso;
c ( ) Não trabalhei na construção civil.
20) Qual era a relação entre seu(s) emprego(s) após terminar o curso de Qualificação
em Mestre de Obras e os conhecimentos adquiridos no curso?
a ( ) Fortemente relacionado(s);
b ( ) Fracamente relacionado(s);
c ( ) Não tinham nenhuma relação.
b ( ) Contribuiu pouco;
c ( ) Não contribuiu.
26) Se você retornasse ao curso qual conteúdo gostaria que fosse abordado?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
27) Você gostaria de fazer algum comentário, elogio, critica com relação ao curso.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
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