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Goiânia
2009
FERNANDO GUILHERME DE AGUIAR TINASI
_________________________________________
Prof. D. Sc. Josimar Ribeiro de Almeida
(UFRJ/USP)
Presidente da Banca Examinadora
_________________________________________
Profª. D. Sc. Lais Alencar de Aguiar
(UFRJ)
Membro da Banca Examinadora
4
AGRADECIMENTOS
A Empresa Perdigão S/A pelo apoio e incentivos dados, pois não raras vezes, durante esta
pós-graduação, necessário foi de as sextas-feiras ausentar-me mais cedo para chegar a tempo
RESUMO
O trabalho aborda considerações sobre a fome como evidência social sob a óptica ambiental,
uma vez que tão grave quanto às conseqüências sociais e biológicas, são as conseqüências
ambientais do fenômeno criado pela sociedade e denominado fome, especificadamente a fome
crônica, uma vez que incontestavelmente apresenta-se como um dos principais fatores que
determinam a existência de superpopulações. Assim, possível é visualizar caminhos para
diminuir a pressão populacional e suas conseqüências ao meio ambiente pelo caminho da
eliminação da fome crônica uma vez que é fator primordial no controle da natalidade e
fertilidade de uma superpopulação, precedendo medidas de controle por métodos
anticoncepcionais.
ABSTRACT
The paper addresses considerations on the famine as evidence on the social environmental
perspective, because as bad as the social and biological, are the environmental consequences
of the phenomenon created by society and called famine, chronic hunger specifically because
undeniably presents itself as one of the main factors that determine the existence of
Overpopulation. Thus, it is possible to see ways to reduce population pressure and its
consequences to the environment by way of the elimination of chronic hunger because it is a
key factor in controlling the birth rate and fertility of overpopulation, before measures to
control by methods.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 11
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
41
REFERÊNCIAS
11
1 INTRODUÇÃO
A fome como evidência social tem sido estudada apenas sob o aspecto sócio -
fenômeno, assim, apresenta-se como imperioso, estudar este fenômeno social sob a óptica
ambiental, visto que, possível é visualizar caminhos para diminuir a pressão populacional e
ambientais do fenômeno criado pela sociedade e denominado fome, neste aspecto, entendida
como resultado das condições em que são submetidas uma população no decorrer de um
ambiente.
uma crise que muito bem caberia a definição de “Ortega y Gasset” em seus estudos filosóficos
recursos naturais no planeta para atender ao sistema de produção imposto pelo atual estilo de
1
CASTRO, Josué. Geopolítica da fome. vol. 1. 7. ed. São Paulo: Brasiliense,1965.220 p. p. 52
12
vida, que se vê a cada momento forçado pela demanda por lucro do sistema econômico, em
uma espiral sem fim que causa irreversíveis danos a natureza e a torna incapaz de assimilar e
como as pressões que sofrem as sociedades não alinhadas com os padrões econômicos e
sociais dominantes, demonstram de forma límpida, a profunda crise que se vive acaba por
fator iniciador ou catalisador de diversos problemas ambientais que merecem ser apontados,
visto que as soluções dos mesmos passam inquestionavelmente pela solução da fome.
2
ALMEIDA, Josimar et al. Política e Planejamento Ambiental. 3. ed. Rio de Janeiro: Thex, 2008. 457
p. p. 6.
13
esta definição passa por sua identificação não como uma situação sofrida por um indivíduo,
mas sim a forma que se impõe a um determinado grupo de pessoas, e neste mister, de forma
sumaria, caracteriza-se este fato pela carência de nutrientes em que são submetidos uma
população por um constante e longo período, quer por escassez destes nutrientes nos
fome existentes dentro dos parâmetros supra mencionados, e que muito auxiliam no
A fome aguda advém de situações mais diversas (guerras, epidemias, etc.) que
que nos últimos 2.000 anos teve cerca de 1.829 grandes epidemias de fome, conforme estudo
Já a fome crônica atua sob determinada população geração após geração, sendo
(sais minerais – vitamina - proteína) na alimentação de um grupo humana, por longos anos ou
gerações, por questões sociais debitadas ao homem (má distribuição de alimentos e rendas –
costumes – etc.), o que acaba por determinar a uma população de indivíduos doenças que
levam a morte.
3
CASTRO, Josué. Geopolítica da fome. vol. 1. 7. ed. São Paulo: Brasiliense,1965.220p.: pág. 80.
14
noturna – escorbuto pelagra – boqueiras; valendo ressaltar que durante séculos debitou-se a
causa destas doenças a condições sociais e sanitárias, sendo só no século XX, que
determinou-se como causa destas doenças a falta de certos nutrientes por longo período,
ressaltar são as conseqüências das populações submetidas ao processo de fome por longo
período de tempo, quer aguda (quando intermitente como no caso da china), quer crônica.
Durante muito tempo o fenômeno fome teve suas causas confundidas com as
conseqüências, e não raras vezes foram escritos tratados determinando o que é conseqüência
como causa, segundo Josué de Castro4 que magnificamente estudou o tema; resumidamente
produção existentes.
Não raras vezes, é encontrado artigos, livros e teses onde é desenvolvido vasto
Sem dúvida que sob certas condições, em especial quando não existe o
fenômeno fome verificada, a redução das taxas de mortalidade criam em seu primeiro aspecto
o aumento da população desta área, contudo, verifica-se que após este período inicial a
neomalthusianas ou mesmo a difusão destas teorias, esta conclusão indireta em algumas teses
ou mesmas diretas em outras, de que existe uma relação direta entre a superpopulação e a
5
LIEBMANN, HANS.Terra um planeta inabitável? Da antiguidade até os nossos dias, toda a
trajetória poluidora da humanidade. Rio de Janeiro: Biblex. 1979. 180p.: p. 44.
6
LIEBMANN, Hans.Terra um planeta inabitável? Da antiguidade até os nossos dias, toda a
trajetória poluidora da humanidade. Rio de Janeiro: Biblex. 1979. 180p.: p. 44.
16
Conforme CASTRO7, certo é que a fome é uma criação humana, sendo dela
que origina-se as superpopulações e não das superpopulações que a fome advêm, como bem
precisou.
superpopulações podem ser minimizados pelo combate a fome endêmica de forma eficaz,
com resultados duradouros e capazes de, se não interromper, pelo menos frear a crise
Neste contexto, a miséria não é causa, mas apenas o retrato mais cruel da fome;
suas conseqüências ambientais podem ser sentidas e sobretudo observadas pela total
indiferença das populações submetidas a este flagelo, que convivem com o lixo e vivem do
lixo que produzem em uma quase simbiose, potencializando assim, os danos ambientais
ressaltar são as conseqüências das populações submetidas ao processo de fome por longo
período de tempo, quer aguda (quando intermitente como no caso da china), quer crônica.
DEMOGRÁFICO
tem sido estudada apenas sob o aspecto sócio - geográfico e histórico, apresenta-se como
imperioso, estudar este fenômeno social sob a óptica ambiental, visto que, possível é
macro relacionadas as teses mais difundidas a respeito das causas da fome, ressaltando que
nenhuma das teses possui respaldo cientifico, e, certo é, que da fome é que origina-se as
superpopulações e não das superpopulações que a fome advêm, como bem precisou Josué de
Castro
que quanto mais presente encontra-se o fenômeno fome sob determinada área, mais se
verifica o crescimento demográfico desta região, tanto que regiões no mundo conhecidas
como superpovoadas são historicamente lugares de fome endêmica (China – Índia – etc.).
demográficos das superpopulações, verificadas nas mais variadas partes do mundo cresciam
de forma mais acentuada quando presentes índices de carência alimentar ou fome em seu
sentido genérico, bem como, de que este fato, também poderia ser observado historicamente a
partir dos mais variados levantamentos e pesquisas iniciam-se estudos sobre o tema.
das superpopulações foi o cientista brasileiro Josué de Castro, médico e geógrafo (1908-
1952 a 1956, embaixador do Brasil na ONU de 1962 a 1964, que desenvolveu metodologia
ainda inédita para analisar cientificamente o fenômeno fome, demonstrando que os altos
incapacidade da terra em fornecer alimentos, mas sim uma criação do ser humano, bem como,
que o controle populacional deveria passar pelo controle da natalidade dos pobres, visto que
18
segundo suas observações uma dieta apropriada de proteína reduzia naturalmente os níveis de
fertilidade dos casais. Ou seja, a boa alimentação determinaria um natural controle demográfico.8
contexto necessário atentar para as conseqüências da fome crônica / endêmica, contudo mister
esclarecer, mesmo que superficialmente o porquê a fome aguda ao contrário da fome crônica
A fome aguda é aquela que submete uma população de forma intensa e por
certo período, como verificado nas guerras, prisões, desastres e tantas outras calamidades,
querem naturais ou criadas pelo próprio homem, ao fenômeno fome, que determina de forma
fome aguda, quer de animais como de seres humanos, deve-se a dois fatores: concentração
carência de alimentos, conforme depreende-se da pesquisa desenvolvida pelo Dr. Ancel Key
da Universidade de Minnesota-EUA.9
8
CASTRO, Josué. Geopolítica da fome. vol. 1. 7. ed. São Paulo: Brasiliense,1965.220p.:p. 75.
9
FRANLIN, J., et al. Observation on Human Behavior in Experimental Semistarvation and
Rehabilitation”, Journ. of Clinical Psychology, vol. IV, nº 1, Jan. 1948 – citado por CASTRO, Josué.
Geopolítica da fome. vol.1. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1965.220p.: p. 126.
19
visto que:
dessas populações, é constatado que nas populações submetidas de forma crônica, a falta de
alimentos ou certos nutrientes, faz com que a sensação de fome que é exteriorizada de forma
brutal na fome aguda, seja abrandada na forme crônica, na realidade enganada, pela sensação
de falta de apetite, que não raras vezes chega a determinar completa inanição, como muito
submetidas a este tipo de fome, visto que ao contrário do verificado na fome aguda, constata-
10
CASTRO, Josué. Geopolítica da fome. vol. 1. 7. ed. São Paulo: Brasiliense,1965.220p.:p. 75.
20
latente e endêmica de certos grupos, a falta de apetite apresenta-se como uma característica
Já nos indez dos anos 50, renomados institutos de pesquisas médicas, tais
como: The University of Chicago (Anton J. Carlson e frederik Hoelzel – Effect of segregation
and isolation before mating on the fertility of rats), New York University (Maria A. Rudzinska
– The influence of amount of Food on the reproduction rate and Longevity of a Suctorian ), California
Marine Invertebrates of OPint Barrow), entre tantos12, desenvolvia pesquisas que demonstravam
de que indivíduos com índices de fertilidade altas estão entre os que menos consomem
(Smithsonian Institution), estudando a população de esquimós, fato este que de certa forma já
estava provado por estatísticas de estudos geodemográficas onde restava demonstrado que
regiões onde a disponibilidade de proteína animal para consumo “per capita” eram menores,
11
CASTRO, Josué. Geopolítica da fome. vol. 1. 7. ed. São Paulo: Brasiliense,1965.220p.: p. 130.
12
Idem p. 134-135.
21
encontravam as maiores taxas de fertilidade e natalidade, bem como as regiões onde as taxas
capita” é pequena, como pode ser nitidamente observado pelo gráfico abaixo, obtido a partir
dos dados fornecidos pela FAO sobre consumo de proteínas no mundo para o ano de 1950.13
13
CASTRO, Josué. Geopolítica da fome. vol. 1. 7. ed. São Paulo: Brasiliense,1965.220p.:pág. 133.
22
demonstram que quanto maior o consumo de alimentos menor é a taxa de natalidade, bem
como que estas taxas de natalidades estão presentes nos redutos onde a segurança alimentar
(novo nome para um antigo problema, a fome) se faz presente, sob índices muitos baixos,
14
Citado por HÜBNER, DARIO CARLOS; Dissertação de Mestrado. Conseqüências Nutricionais da
Urbanização em Santa Cruz do Sul – RS. UNISC, 2006, disponível em
HTTP://www.cei.santacruz.g12.br~superpopmito.htm, acesso em 04-03-2008.
15
Citado por HÜBNER, DARIO CARLOS; Dissertação de Mestrado. Conseqüências Nutricionais
da Urbanização em Santa Cruz do Sul – RS. UNISC, 2006, disponível em
HTTP://www.cei.santacruz.g12.br~superpopmito.htm, acesso em 04-03-2008.
23
Com estas observações e estas cifras, desejamos concluir por afirmar que,
em ultima análise, a multiplicação exagerada da espécie, por sua excessiva
fertilidade, constitui também uma forma de fome específica, uma das mais
estranhas marcas do fenômeno da fome universal.
Este aspecto do problema tem, a nosso ver, importância primordial, desde
que fornece base biológica para biológica para apoio de nossa teoria – a
teoria da fome especifica como causa de superpopulação; da fome
provocando o lançamento intempestivo, no metabolismo demográfico do
mundo, de produtos humanos fabricados em excesso e de qualidade inferior.
Como o mecanismo através do qual se exerce esta ação desequilibrante e
degradante da fome crônica sobre a evolução demográfica dos grupos
humanos envolve aspecto aspectos econômicos e sociais, ao lado dos
aspectos biológicos, deixamos para desenvolver o assunto na ocasião
oportuna, ao estudarmos o problema da fome no Extremo Oriente, área onde
a superpopulação relativa se apresenta, nitidamente, como uma das mais
estranhas e graves manifestações de fome específica.
mais pobres do planeta como um dos elementos propulsores de problemas ambientais ali
encontrados, visto que poucos não são os problemas advindos das grandes concentrações
superpopulação de uma região e impondo-se a verdade de que a fome é causa e não efeito das
superpopulações geram a fome em virtude dos escassos recursos do meio ambiente onde esta
problema, visto que até os meio formadores de opinião não raras vezes defendem ou adotam
provou o cientista brasileiro Josué de Castro já nos anos de 1950. Atualmente, é conhecido
sexual, bem como, em razão dos baixos índices de consumo de proteína animal, altas índices
regiões de grande miséria, onde o fenômeno fome acaba por ser fator determinante de sérios
problemas ambientais.
A presença humana sempre gerou e gera impactos e danos ambientais dos mais
16
CASTRO, Josué. Geopolítica da fome. vol. 1. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1965.220p – O Livro
negra da Fome. vol. 1. São Paulo: Brasiliense,1960171.p.
26
propriamente, quer em razão das suas buscas por melhores condições de vida, tecnológicas,
acumulo de riquezas e outras tantas mais, contudo qualquer que seja o impacto ou o dano
seus aspectos os mais diversos tipos de poluição (danos e impactos); assim ao trilhar a relação
dos problemas ambientais, primeiramente faz necessário identificar a pressão que estas
populações estão a exercer ao meio ambiente devida o seu estilo e condições de vida, estilo
este, relacionado aos padrões e expectativas de consumo; já as condições de vida estão ligadas
poluição gerada por sua existência pode ser para efeito didático nessa dissertação dividida em
dois ramos, o primeiro ramo trilha o caminho da poluição gerada na exploração e utilização
populações.
conseqüência da presença humana, porem para efeito deste trabalho, interessa-nos de forma
receber os subprodutos dos consumos verificados, pois pode ser verificada nas regiões
naturais apesar de presente e até mesmo de forma mais danosa em especial nas regiões
27
regiões onde a pressão populacional não se faz presente ou se a faz não possui esta
superpopulação como um dos fatores determinantes o fenômeno fome e sim outros de caráter
existirem delimitações precisas, pois mesmos as populações que possuem como fator
e tecnologia, gerando por conseqüência poluição que na maioria das vezes não possuem
ambiente advindo do consumo desta população, contudo o impacto ou dano desse consumo
naturais.
humana.
LATINA E CARIBE”17, que serviu de base para o workshop sobre consumo sustentável na
Para se ter maior clareza, é necessário fazer uma distinção entre consumo de
produtos e de serviços para atender os anseios e necessidades atuais, e o
consumo de recursos. O consumo de recursos refere-se à extensão com que
materiais e energia são usados e a capacidade assimilativa do meio ambiente
para receber o lixo. A extensão com que usamos recursos (termo que inclui
materiais, energia e capacidade assimilativa) no ato de consumo, depende da
relação de recursos usados para produção e consumo. A intensidade de
energia de consumo é um exemplo dessa relação.
A razão pela qual essa distinção se faz importante é que o consumo pode
aumentar enquanto que a relação entre recursos e consumo pode, ao mesmo
tempo, cair. A extensão pela qual o uso total dos recursos aumenta depende
17
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA – UNEP) “Consumers
International” Carl Duisberg Gesellschaft e V (CDG), intitulada RUMO AO CONSUMO SUSTENTÁVEL
NA AMÉRICA LATINA E CARIBE, disponibilizado no site http://www.pnuma.org/industria
/documentos/conslacp.pdf , acesso em 17-03-2009.
28
neste consumo, entendido o termo recurso, como materiais, energia e capacidade assimilativa
poluição.
possui sua causa primaria na fome, observa-se que a pobreza bem como a falta de recursos em
geral são fatos indissociáveis, o que torna mais elevados os efeitos degradantes da poluição no
meio ambiente.
aos olhos que os efeitos da poluição mostram-se mais evidentes e até mesmo danosos ao meio
aliados ao fator fome podem estar atrelados as causas dos danos e impactos ambientais
29
verificados na região e isto em função do descaso das políticas públicas de mitigação de danos
pressão ao meio ambiente advinda do consumo desta população, e ainda maiores serão os
danos e impactos gerados por este consumo, se esta população for pobre e pobreza entendida
não apenas como insuficiência de renda, mas como um conjunto de privações múltiplas
crescem na medida em que diminuem os recursos disponíveis, querem originados dos poderes
públicos quer dos privados, para mitigarem os efeitos e danos advindos dos subprodutos do
consumo verificado.
acepção da palavra e igualmente submetidas aos resultados diretos dos danos e impactos
verificados em razão dos seus consumos ou subprodutos, que acabam por ser agravados pelos
altos índices populacionais, cuja origem está na fome, fato que determinam sérios problemas
ambientais.
óptica dos níveis de renda das populações que o produzem, demonstra que seus efeitos ao
meio ambiente são mais nefastos na proporção que aumenta o nível de pobreza dessas
populações, seguindo esta tendência até um patamar quando passa a declinar em razão das
E mais adiante:
Inicialmente, necessário consignar que a pobreza não é e nunca foi a causa dos
grandes problemas ambientais que se põem frente a humanidade, não polui em escala
industrial e não constitui uma das principais causas da degradação ambiental, apenas resta
demonstrar a realidade inconteste de degradação ambiental verificada nas zonas habitadas por
populações eminentemente pobres e carentes, populações estas que crescem entre outras
causas pelo efeito da fome crônica, fato que determina o aumento desta degradação ambiental
verificada.
19
SEROA, Ronaldo da Motta. Padrão de Consumo, Distribuição de Renda e o Meio Ambiente no
Brasil, IPEA – Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada. 2002, disponibilizado no site
http://desafios.ipea.gov.br/pub/td/2002/td-0856.pdf, acesso em 15-04-2009 .
32
podem ser resumidos em termos gerais as seguintes linhas de pesquisas acerca do assunto:
ambiental demonstra o quanto é tênue a linha que separa ou identifica o que é causa ou efeito
um do outro, mas uma coisa resta pacífica, e estas são as graves conseqüências ao meio
ambientes advindas da pobreza, pois, certo é, que uma vez presentes as condições de miséria
de uma população, a degradação ambiental apresenta-se como resultado, sendo também vetor
marcante dessas populações, e, sobretudo vetor das condições que determinam o acréscimo
populacional, que por sua vez aumenta mais ainda a pressão sobre o meio ambiente.
20
BERNARDINO Daise. A pobreza como agente de degradação ambiental.Estudo disponibilizado no
site: http://pobrezaxdegradacaoambiental.wordpress.com/, acesso em 05-05-2009 .
33
da Noruega), citado por FERREIRA21, fica claro que esta relação já é alvo de observações a
muito tempo.
e danos ao meio ambiente, além e principalmente da total falta de ações mitigadoras para o
em determinado ambiente.
sustentabilidade que devem imperar na atualidade; assim, é possível observar que atividades
que no passado possuíam processos mitigatórios naturais oriundos do lapso temporal, vide
não mais possuem o tempo para se recuperarem, visto que apesar das demandas sempre
crescentes para estes serviços ambientais, estas populações não conseguem alcançar um
padrão de vida razoável, o que acaba por dar continuidade a uma cadeia cada vez maior de
21
FERREIRA, Jorge. Degradação Ambiental e Pobreza, alvos do Milênio. Publicação da Brasil
sempre n.º 19, disponibilizado pela site http://www.insightnet.com.br/brasilsempre/numero
19/mat07.htm , acesso em 27-04-2009.
34
especial nas áreas de encostas de grandes cidades, pelo processo de surgimento de favelas,
que acabam, entre outras conseqüências, por aumentar as áreas de erosão além de criar sérios
Norueguesa, citado por Jorge Ferreira22, cuja reprodução traz os esclarecimentos necessários
entre as populações pobres que utilizam dos recursos ambientais, na maioria das vezes por
que sofrem a tempos as condições advindas da fome crônica, são evidente; as altas taxas de
diversos, que vão desde o descarte de resíduos de consumo e humano até o desmatamento de
encostas para construção de habitações, conforme é possível observar nas expansões das
populacional debitado a fome crônica não é o único a exercer pressão neste contexto, pois é
verificado fatores sócios econômicos que contribuem para que não ocorram medidas
populações submetidas a fome crônica é uma realidade e que as argumentações que debitam
educacionais, falta de planejamento familiar, entre outras, focam em primeiro lugar apenas
nas conseqüências da falta da presença estatal junto a estas populações, que na realidade não
são causas e sim conseqüências, e em segundo lugar não consideram que na universalidade
ambiental, entre eles o fator de crescimento populacional, causa das grandes superpopulações,
a fome crônica.
verificadas para o controle populacional baseiam-se que o controle populacional eficaz apenas
país.
maioria, para não dizer totalidade, consideram como causa do aumento populacional
verificado fatores como migração inadequada, falta de acesso a planejamento eficaz das
36
populações pobres, questões culturais e até mesmo beneficio dos filhos conforme a classe
social, onde verificou-se que nas classes mais pobres prole elevada significa maiores chances
de uma vida melhor, contudo apesar de diversos aspectos estudados e apontados nestas teorias
serem pertinentes, este não podem figurar como causa exclusiva e determinantes de políticas
de controle populacional, pois alem de representar uma visão malthusiana sobre a questão,
indicam atitudes imediatistas sobre o problema, que apesar de combaterem com até certo
causas, não consideram por exemplo que as altas taxas de natalidade (silenciam-se em relação
a fertilidade) das classes pobres (submetidas a fome crônica) possuem como reflexo do seu
contexto o que chamam de causas, como a necessidade de prole maior para melhorar
dados em que o indicador fome crônica sequer é perquirido, como é possível observar no
brilhante trabalho sobre de Fundamentos éticos para uma política populacional ativa, de
populacional rápido, sobretudo nos países menos desenvolvidos e em desenvolvimento (onde vivem
cerca de 80% da população mundial); (b) Observe-se por exemplo o fato de que a maior parte das
dentre as 12 maiores cidades encontram-se em países não desenvolvidos; (d) Cidade do México com
quase 26 milhões de habitantes concorre com a Grande Tóquio para o título da maior região
metropolitana do mundo; (e) regiões metropolitanas de São Paulo, com cerca de 16 milhões de
habitantes, e do Rio de Janeiro, com 10 milhões, são exemplos deste processo de urbanização rápida e
desorganizada que caracterizou o crescimento brasileiro dos últimos trinta anos; em momento nenhum
levam em conta a existência da fome crônica como elemento condicionante de superpopulações, sendo
possível com clareza verificar a presença deste fenômeno social (fome crônica), mesmo que de forma
oculta, nestes exemplos, contudo não é sequer apontada sua existência, pois é encontrado na base
faz presente a tempos nos trabalhos científicos e jornalísticos, como é possível indicar de
a eliminação da fome crônica; deste modo, sendo tênue a linha que separa a eliminação da
fome crônica dos benefícios educacionais, higiênicos, culturais e de bem estar de uma
população quase sempre determina a exclusão deste vetor (fome crônica) nas analises
políticas de controle de natalidade, e ainda corroborando com esta exclusão vem o fato
medidas assistencialistas sem qualquer resultados a longo prazo, visto que inexistem políticas
eficientes e duradouras.
geral, como fruto de escolha e tornando-se um mecanismo eficiente, visto estar aliado a
las ao maior numero possível de pessoas, contudo esta mesmo fomento obteria pouco sucesso
por métodos anticoncepcionais, uma vez que a base para política de métodos
39
anticoncepcionais como controle, necessita da base social e econômica que caminha junto
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta breve análise é possível observar que o fenômeno fome, foi analisado no
transcorrer dos tempos apenas no seu aspecto mais visível, ou mais chocante, quase sempre
dos escassos recursos do meio ambiente de onde esta população encontra-se, teorias estas sem
respaldo científico, na maioria das vezes fruto de conclusões apressadas sobre o fenômeno
observado.
historia estão ligada ao fenômeno fome crônica que causa alterações do comportamento
sexual das populações submetidas a este tipo de fome, visto que ao contrário do verificado na
próprias conseqüências ao meio ambiente, pois quanto maior a população, maior será a
pressão ao meio ambientes advindas do consumo desta população, e ainda maiores serão os
danos e impactos gerados por este consumo, se esta população for pobre e pobreza entendida
não apenas como insuficiência de renda, mas como um conjunto de privações múltiplas
país.
Apesar destas linhas de atuação ser até mesmo eficaz, este não pode figurar
como linha mestra de políticas de controle populacional, pois indicam atitudes imediatistas
sobre o problema não o resolvem, ataca as conseqüências e não as causas, como por exemplo,
indicam o que é reflexo das altas taxas de natalidade das classes pobres como suas causas,
como a necessidade de prole maior para melhorar condições de vida, faltam de informação,
educação, etc..
apresenta-se como um dos aspectos que devem ser levados em conta para controle dos
ao meio ambiente.
42
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Josimar Ribeiro de. et al. Política e Planejamento Ambiental. 3. ed. Rio de
Janeiro: Thex, 2008.
LIEBMANN, Hans. Terra um planeta inabitável? Da antiguidade até os nossos dias, toda a
trajetória poluidora da humanidade. Rio de Janeiro: Biblex, 1979.
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA – UNEP) “Consumers
International” Carl Duisberg Gesellschaft e V (CDG), intitulada RUMO AO CONSUMO
SUSTENTÁVEL NA AMÉRICA LATINA E CARIBE, disponibilizado no site
http://www.pnuma.org/indus/documentos/conslacp.pdf , acesso em 17-03-2009.
RIBEMBOIN, Jacques, Fundamentos Éticos Para Uma Política Populacional Ativa, trabalho
apresentado no XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP (Associação
Brasileira de Estudos Populacionais), acesso em 17-03-2009, disponível em
http://www.abep.nepo.unicamp.br/docs/anais/PDF/1998/a189.pdf.