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A BM&FBOVESPA e os mercados derivativos

Prof. Giácomo Diniz


O que é risco?

- Pessoalmente definimos como risco aos nossos receios/medos. Tudo


aquilo que não controlamos, portanto pode representar algum
perigo causa medo.
O que é risco?

- Se estivermos falando de nossas riquezas materiais. Podemos definir


risco como a possibilidade de perdas em nosso patrimônio ou de
deixarmos de receber uma remuneração prometida em troca de um
serviço, financiamento ou investimento que tenhamos realizado.
x
- Em se tratando especificamente de ativos financeiros, podemos
definir risco como sendo a volatilidade de resultados não esperados ou
uma estimativa para as possíveis perdas em um investimento
financeiro ou em uma carteira de investimentos.
Riscos
Financeiros

Risco de Risco de Risco de Risco


Risco Legal
Mercado Crédito Liquidez Operacionais
Risco de Crédito
Consiste no risco de os emissores dos títulos e valores mobiliários que
compõem um investimento deixarem de cumprir suas obrigações de
pagar tanto o principal como os respectivos juros de suas dívidas para
esse investimento.

É normalmente avaliado a partir do estabelecimento de classificação de


risco definida por Agências de Rating - possuem capacidades para
realizar sofisticadas análises de risco, a partir de investigação minuciosa
das condições financeiras, econômicas, operacionais e de mercado dos
emissores de títulos, associadas às condições macroeconômicas e de
mercado no local onde esses títulos serão negociados.
Risco de Liquidez
É a incerteza quanto à possibilidade de transformar rapidamente um
investimento em dinheiro.
Baseia-se na incapacidade do emitente de um papel honrar os
compromissos assumidos em função do desequilíbrio de caixa gerado
pelo descasamento dos prazos de vencimento das operações ativas e
passivas. Neste caso, os passivos tornam-se exigíveis antes da
realização dos ativos, seja por má administração dos prazos ou por
inadimplência dos devedores.
E portanto a empresa pode precisar fazer caixa para honrar passivos e
ter dificuldade devido a falta de liquidez da sua carteira. Essa é
conhecida como Risco de Liquidez de Fluxo de Caixa / Ativos.
Risco Operacional
Está associado a erros humanos ou tecnológicos.
Erros humanos: sem desejar ou proposital.
a) Sem desejar é quando um indivíduo esquece de liquidar uma
operação ou precifica de forma errada um ativo.
b) Proposital quando ocorre uma fraude, isto é o erro humano resultará
em lucro para uma contraparte.

Tecnológico quando um sistema falha, mostrando resultados de forma


errada para os investidores.
Risco Legal
É um tipo de risco que pode ser mensurado numericamente e está
relacionado a possíveis perdas caso a instituição tenha problemas para
cumprir ou fazer cumprir, legalmente, cláusulas contratuais em
decorrência de falta de representatividade das partes signatárias e
documentação insuficiente, por exemplo.
Essas perdas são decorrentes, na maioria dos casos, pela inobservância
de dispositivos legais ou regulamentares, da falta de acompanhamento
de alterações legais ou alterações nas regras de funcionamento da
instituição.
Pagamento de multas e de indenizações a terceiros, por exemplo, são
classificadas como risco legal.
Risco de Mercado
É a incerteza quanto ao retorno de um investimento em razão das
oscilações próprias do mercado financeiro. O risco de mercado está
relacionado à oscilação dos preços dos ativos em seus respectivos
mercados de negociação e pode ser dividido em quatro grandes áreas:

- Risco no mercado de taxa de juros;


- Risco no mercado de câmbio;
- Risco no mercado acionário;
- Risco no mercado de preços de commodities.
Teste de Conceitos
Os diferentes tipos de riscos podem ter diversas interligações.
=> Uma crise econômica causa desemprego e desvalorização de ativos;
a) Desvalorização de ativos (risco: ??? ) pode atingir o mercado imobiliário;
b) Indivíduos que financiaram seus imóveis e que perderam o emprego
podem se tornar inadimplentes (risco: ??? );
c) Se instituições financeiras apresentam perdas devido à inadimplência, o
fluxo de recursos entre agentes é menor, refletindo um risco: ??? em todo
o sistema;
d) Maior risco para o sistema implica maiores taxas de juros, que alteram o
preço de ativos, gerando novamente o risco: ??? ;
e) Além disso, questões de inadimplência no crédito imobiliário pode levar
a brigas judiciais, ilustrando um problema de risco: ??? .
Risco versus Derivativos

• A estruturação de mercados vem gerando cada vez mais alternativas


de se gerenciar riscos.

• As operações com derivativos dão mais versatilidade ao


gerenciamento de risco e à engenharia financeira.

• Gerenciar riscos é compreender a sua viabilização por meio dos


mercados de derivativos e dos instrumentos financeiros.
Risco versus Derivativos

• Pesquisa da “Wharton / CIBC School of Financial Products” informa:


– 59% das empresas com Faturamento superior a US$ 250 milhões
usam derivativos
– 13% das firmas pequenas usam derivativos

• Pesquisa da “Associação de Tesoureiros da França” informa:


– 85% das empresas usam derivativos.
– Gestão do risco mais metódica e profissional
– 50% têm políticas formais de gestão do risco
O que é um contrato derivativo?
Dois tipos de transações:

Operações a vista:
 transação é liquidada imediatamente
 entrega do ativo e pagamento (operação no mercado “a vista” ou “spot”).

Operações futuras
 entrega do ativo e o pagamento ocorrem no futuro
 operações instrumentalizadas por meio dos DERIVATIVOS.

Um contrato derivativo é um instrumento financeiro que deriva do valor de algum ativo


subjacente, como: taxa de juros, moeda, ações, índices, commodities agrícolas, energia, etc...
O que é um contrato derivativo?

• Operações a vista: o preço da mercadoria é formado no


instante da negociação, portanto à vista.

Prazo para liquidar a


operação
financeiramente
D+0
D+1

D+2
D+3

D+n
Dia da entrega da mercadoria e da liquidação
financeira da transação
Dia da
negociação
O que é um contrato derivativo?

• Operações futuras: embora a negociação ocorra no instante


presente, o preço da mercadoria refere-se a uma data
futura.

Liquidação futura da operação: condições DERIVATIVOS


determinadas em D+0
D+1
D+0

D+2

D+3

D+n
D+30 Dia da entrega da
mercadoria e da
liquidação financeira da
Dia da
transação
negociação
O que é um contrato derivativo?

Exemplo no Mercado Agrícola: produtos de milho.


 Outubro-Novembro:
 toma crédito;
 compra equipamentos e máquinas;
 compra sementes / adubo / fertilizantes

• Dezembro-abril: trato cultural + armazenagem


• Maio: vende milho
Preço de venda - Custo = Ganho ou perda
O que é um contrato derivativo?

Dojima Rice Exchange é


considerado por muitos como o
primeiro mercado de futuros.
O que é um contrato derivativo?

130 anos depois a Chicago


Board of Trade foi fundada
(1885).
O que é um contrato derivativo?

Principais tipos de derivativos (hoje):

 Opções;

 Termo;

 Futuro;

 Swap.
Classificação dos Derivativos
Agropecuários:
 tem como ativo-objeto commodities agrícolas como boi gordo, milho, café, soja
e outras.

Financeiros:
 tem seu valor de mercado referenciado em alguma taxa ou índice financeiro,
tais como taxa de juros, inflação, taxa de câmbio, etc.

Energia e Climáticos:
 tem como objetivo de negociação o gás natural, energia elétrica, crédito de
carbono, etc.
Como são negociados?

Mercado de bolsa: Mercado de Balcão:


 Mercado de negociação organizado,  mercado não organizado;
com regras bem definidas aos
participantes;  ambiente informal onde os
participantes negociam as
 possui local apropriado de
negociação; características de cada contrato entre
si;
 contratos padronizados
 Obrigação de depósito de garantias;  não há garantia de preço justo;
 Garantia de negociação ao preço  Risco de crédito: garantias somente
justo negociado no mercado; quando combinado entre as partes;
 não há padronização das transações –
Ex: Mercado futuro de taxa de juros, contratos taylor-made.
dólar, índice, agropecuários...
Funções Econômicas dos Derivativos

Proteção contra risco de mercado (preço).

Risco de mercado: risco que os agentes econômicos correm com


oscilação adversa de preços.

• Hedge: proteção dada pelos mercados derivativos contra o risco


de variação adversa de preços.
– Aplicação:
• Caso Milho: evitar prejuízo resultante de no momento da
venda o preço no mercado físico estar inferior ao preço de
custo do produtor.
Funções Econômicas dos Derivativos

Vantagens do hedge

• Garantia de preço: defesa contra preço adverso no momento da


comercialização – melhor administração do risco de mercado;

• Redução dos preços no mercado a vista: diminuição dos riscos de


mercado reduz as perdas oriundas de movimentos de preços adversos
que seriam repassados ao preço das mercadorias;

• Redução do custo nos empréstimos: bancos verificam a existência de


operações de hedge para a concessão de financiamentos com taxas de
juro inferiores;
Classes de Estratégias com Derivativo:

– Hedge - Proteção contra risco de mercado (preço);


• Hedgers: aqueles que buscam proteção contra variação adversa de preços.
Exemplos: exportadores, importadores, produtores rurais, entre outros
– Especulação - operação cuja finalidade única é o ganho financeiro
(compra de um determinado ativo barato e vende caro);
• Especuladores: assumem o risco das transações. Exemplos: investidores em
geral
– Arbitragem: ganho financeiro sem risco com a negociação de um
mesmo ativo em mercados diferentes. Ex: compra dólar no mercado
a vista e vende no mercado futuro, onde o preço está mais alto do
que deveria;
• Arbitradores: aproveitam desequilíbrios momentâneos do mercado.
Exemplos: bancos, traders, entre outros.
Exercício
• Quando uma empresa faz um hedge de compra na bolsa, ela “torce” para o
preço subir? Por quê?

• Uma empresa, quando faz o hedge na bolsa, é para obter o menor preço
possível ou para se proteger contra a oscilação dos preços?

• A empresa A faz o hedge do preço em bolsa e a empresa B não faz o hedge.


Para quem o banco irá fornecer crédito ao menor juro? Por quê?
Estrutura – Sistema Financeiro Nacional
CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL
Órgão Normativo

COMISSÃO DE VALORES BANCO CENTRAL


MOBILIÁRIOS (CVM) DO BRASIL Órgãos Fiscalizadores

Bancos comerciais
Autorregulação

Sociedades
Bancos de investimento
Operadores
por ações

Corretoras e Distribuidoras de Valores


Instituições Financeiras
Mobiliários
. A BM&FBOVESPA S.A. - Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros foi criada em
2008 com a integração entre Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e Bolsa
de Valores de São Paulo (BOVESPA).
. A nova bolsa oferece para negociação ações, títulos e contratos referenciados
em ativos financeiros, índices, taxas, mercadorias e moedas nas modalidades a
vista e de liquidação futura.
Segmentos de atuação dos mercados da BM&FBOVESPA

BOVESPA BM&F

Uma empresa pode se beneficiar dos


serviços oferecidos por
dois segmentos:

Se a empresa necessita Se a empresa


de R$ 400 milhões para precisar importar
investir, uma das fontes matéria prima e
para financiamento é a estiver correndo o
emissão de valores risco de uma
mobiliários, por desvalorização
Captação exemplo, novas ações, cambial, uma das Gerenciamento
de recursos que serão negociadas possibilidades para de riscos
no segmento Bovespa. gerenciar o risco é
comprar contratos
futuros de dólar no
segmento BM&F.
Tipos de Ordens e Ofertas das Opções Listadas

Ordem de Compra Oferta de Compra


ou Venda ou Venda

Investidor Corretora Bolsa


• Define a • Controle de • Havendo
quantidade, o Risco contra parte
prazo de executa o a
validade e suas operação
condições de (pregão
execução e eletrônico)
cancelamento
Principais funções da BM&FBOVESPA

Divulgação das
Negociação Liquidação Fiscalização
Informações
• Divulgar de • Estruturar o • Disponibilizar • Fiscalizar o
forma ampla e ambiente todos os comprimento,
imediata das adequado recursos por parte das
operações para a técnicos instituições
realizadas em realização das necessários participantes,
seu ambiente negociações. para a de todas as
de • Gestão da liquidação das regras que
negociação. infraestrutura operações disciplinam a
tecnológica. realizadas no negociação
pregão em ambiente
eletrônico. de bolsa.
As Três Etapas de Atuação da BM&FBOVESPA

• Compreende os serviços de informação ao mercado e as


Pré-negociação vendas de sinais e cotações.
(Pré-trading)

• Ocorre quando os investidores, representados pelas


Corretoras ou Distribuidoras, enviam ordens de compra e
Negociação venda para o preção eletrônico - sistema de negociação.
(trading)

• Ocorre em três etapas: compensação, liquidação e


Pós negociação custódia
(pós trading)
As Três Etapas de Atuação da BM&FBOVESPA

Pré-negociação Negociação
Pós negociação
(Pré-trading) (trading)
(pós trading)

SERVIÇO DE SISTEMA DE CONTRAPARTE


INFORMAÇÃO NEGOCIAÇÃO CENTRAL (CCP)

SISTEMA DE
LIQUIDAÇÃO
VENDA DE SINAL INFRA-ESTRUTURA
DE TÍTULOS
DE COTAÇÃO

CONEXÕES PARA CENTRAL DEPOSITÁRIA


NEGOCIAÇÃO DE ATIVOS (CSD)
Tipos de Investidores

Pessoas Físicas

• Investidor
• Profissional (Heavy User)

Pessoa Jurídica

• Em geral
• Institucional

HFT (High Frequency Trading)

• Sensível à latência
• Não sensível a latência
As Corretoras e Distribuidoras

Principais Departamentos Internos

Front Office Middle Office Back Office


• Recebimento e • Controla o risco da • Cuida da rotina da
execução das ordens corretora pós-negociação
de compra e venda
dos clientes

Investidor
Fluxo Operacional

Agente autônomo
de investimento
(AAI)

Clientes Institucionais
Clientes de Varejo
Corretora ou
distribuidora de Valores
Cross-listing com o CME

Índices da bolsa de Chicago podem ser negociados na


BM&FBOVESPA:
- Ações:
• FTSE/JSE Top 40
• Hang Seng
• MICEX
• SENSEX
• S&P500

- Commodities
• Mini Soja CME
Fonte: http://marketvoicemag.org/
Fonte: http://marketvoicemag.org/
Fonte: http://marketvoicemag.org/
Fonte: http://marketvoicemag.org/
Fonte: http://marketvoicemag.org/
Fonte: http://marketvoicemag.org/
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Hedge errado: Sadia

A Empresa

A Sadia era qualificada na época como uma opção de investimento


muito atraente. Tinha grande porte e tradição, possuía vantagens
competitivas em um setor com forte crescimento no Brasil e no
exterior.
Financeiramente era rentável, pois tinha obtido um retorno sobre
o patrimônio líquido (ROE) da ordem de 25% nos quatro exercícios
anteriores à quebra, em setembro de 2008, e lucros em todos os
seus 64 anos de história
Hedge errado: Sadia

Governança Corporativa

Era listada no Nível 1, um dos três segmentos diferenciados da


BM&FBovespa; e possuía American Depositary Receipts (ADRs)
na Bolsa de Nova York desde 2001, submetendo-se aos
requisitos da lei norte-americana Sarbanes-Oxley.
Hedge errado: Sadia
Necessidade de Hedge

Como grande exportadora, a Sadia necessitava proteger sua


receita em moeda estrangeira contra variações cambiais.

Consequencia: Ao acreditar na continuidade da tendência de


valorização do real, a companhia passou a operar com
derivativos cada vez mais exóticos, deixando de usar esses
instrumentos como simples proteção para também especular no
mercado de câmbio. Com a eclosão da crise financeira de 2008 e
consequente disparada do dólar, as decisões da alta
administração deixaram a Sadia com um enorme prejuízo
financeiro de R$ 2,48 bilhões e contábil de R$ 760 milhões.
Hedge errado: Sadia

Desfecho:
Hedge errado: Aracruz

No mesmo dia em que a Sadia divulgou uma nota sobre seu prejuízo
com operações de hedge cambial, a Aracruz divulgou um comunicado
informando que a exposição da companhia a instrumentos de
derivativos tinha sido "fortemente“ afetada pelo dólar e que
contratou uma empresa especializada para verificar o tamanho do
estrago. Alguns dias depois, em 2 de outubro de 2008, a companhia
informou que o valor justo de seus contratos com derivativos em 30
de setembro estava negativo em cerca de R$ 1,95 bilhão, mas que
esse prejuízo não seria imediatamente realizado e seria suavizado ao
longo do tempo.
Esse cenário levou a empresa a divulgar no dia 17 de outubro um
prejuízo de R$ 1,5 bilhão no terceiro semestre de 2008, contra um
lucro de R$ 260 milhões no mesmo período de 2007.
Hedge errado: Aracruz

Após ter divulgado diversas notícias que assustaram o mercado, em


04 de novembro, a Aracruz anunciou ter eliminado boa parte de sua
exposição a instrumentos derivativos, sofrendo uma perda total de
2,13 bilhões de dólares. A companhia anunciou ainda que chegou a
um acordo com os bancos contrapartes da empresa em várias
operações com derivativos no qual iriam negociar "de boa-fé", até 30
de novembro, os termos da reestruturação dos valores devidos
nessas operações. Após esse comunicado, as ações da companhia
chegaram a disparar mais de dez por cento, no início dos negócios da
Bovespa. Por fim, a empresa divulgou em 19 de janeiro de 2009 ter
concluído a renegociação com dez bancos, todos estrangeiros,
alongando por nove anos a sua dívida.
Obrigado!

Giácomo Diniz
giacomo@profgiacomo.com
www.profgiacomo.com

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