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A origem da Literatura Portuguesa

Em pleno século XII, Idade Média, surge o reino de Portugal (1143),


sendo que só a partir desta data podemos considerar a literatura como
sendo portuguesa. A língua que se falava era o galego-português, ou
seja, português arcaico, que tinha muitas influências da província
vizinha, a Galiza.
Surgiu então a poesia, o género literário pioneiro, pois era aquele que
surgia oralmente, associado à música e ao canto. Esta tinha um caráter
lúdico e artístico e era transmitida oralmente. A poesia trovadoresca
começa assim, no século XII, sendo as letras de canções que retratam o
quotidiano, as vivências e os sentimentos dos da altura.
Estas cantigas duraram até meados do século XIV.

Poesia Trovadoresca galego-portuguesa

A poesia trovadoresca começou por ser influenciada pela Galiza,


dando origem a uma poesia de caráter espontâneo e oral, de raiz
tradicional. Esta poesia era cultivada pelos jograis (poetas e músicos do
povo) e eram maioritariamente cantigas de mulher jovem.
Mais tarde, veio sobrepor-se uma outra influência, desta vez vinda do
sul de França (lirismo provençal), mais trabalhada em termos técnicos e
ao nível do conteúdo. Esta poesia, por oposição à anterior, foi difundida
pelos trovadores (poetas da nobreza).
Toda esta poesia foi compilada em Cancioneiros galego-portugueses,
sendo esses: o Cancioneiro da Ajuda; o Cancioneiro do Vaticano; o
Cancioneiro da Biblioteca Nacional. Os Cancioneiros incluem três
géneros diferentes de composições:
- Cantigas de amigo (influência tradicional)
- Cantigas de amor (influência francesa)
- Cantigas de escárnio e maldizer
Cantigas de Amigo

→ O sujeito poético é uma mulher, de baixa condição social; dá voz à


mulher
→ Os autores são masculinos (jograis)
→ O tema principal é a lamentação da mulher pela ausência do amigo
(amado); é o drama sentimental
→ Variedade de sentimentos
→ O ambiente é normalmente um episódio do quotidiano
→ Lirismo autóctone (fala-se de quem vive naquele lugar)
→ Presença de confidentes (humanos ou inanimados)
→ Valor documental histórico-social
→ Presença do paralelismo

Cantigas de Amor

→ O sujeito poético é um homem


→ Os autores são masculinos (trovadores)
→ O ambiente é palaciano
→ Poesia de imitação provençal
→ Tema principal: coita do “eu” lírico face à “senhor”, a mulher amada,
de elevado estatuto social e idealizada, perfeita
→ Sentimento não correspondido
→ Código do amor cortês: distanciamento entre os dois; superioridade e
indiferença da mulher em relação ao homem, havendo uma certa
relação de vassalagem; amor não correspondido; gosto do homem pelo
sofrimento amoroso
Cantigas de Escárnio e Maldizer

→ Os autores são masculinos (trovadores)


→ Crítica individual ou social que constitui uma caricatura do alvo
→ As cantigas de escárnio não fazem uma referência direta ao alvo da
crítica
→ As cantigas de maldizer dirigem-se diretamente ao seu alvo, com
utilização do nome
→ Recurso à sátira e ao cómico
→ Valor documental histórico-social
→ Os temas incluem a paródia do amor cortês, a crítica à falta de dotes
poéticos de jograis nobres e a vassalagem de nobres em campo de
batalha

Alice Correia
2017

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