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RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I

Escolha ser você.

AULA 8
VARIAÇÕES DE COMPRIMENTO PARA
CARREGAMENTO AXIAL

Porto Velho / RO
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RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I
Prof. Vânius Paiva

Escolha ser você.


Molas (Lei de Hooke)
O alongamento de molas aparece na figura 1, cuja parte
superior mostra a mola em seu comprimento natural ‘L’
(também chamado de comprimento não tensionado) e a parte
inferior mostra os efeitos de se aplicar uma carga de tração. Sob
a ação da força P, o comprimento da mola aumenta em um valor
δ e seu comprimento final será L + δ. Se o material da mola é
elástico linear,
linear a carga e o alongamento serão proporcionais:

P=k·δ δ=f·P (1.1 a e b)

Sendo k e f constantes de proporcionalidade.


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Molas (Lei de Hooke)
A constante k é chamada de rigidez
da mola e é definida como a força exigida
para produzir uma unidade de alongamento
ou seja, k = P / δ. Similarmente, a constante
f é conhecida como flexibilidade e é definida
como o alongamento produzido por uma
carga de valor unitário, isto é, f = δ / P.

Figuras 1.1 e 1.2


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Molas (Lei de Hooke)
Embora tenhamos usado uma mola em tração nessa
discussão, as Equações 1.1 a e b se aplicam para molas em
compressão.
Dessa discussão, fica claro que a rigidez e a flexibilidade
estão reciprocamente relacionadas:
k=1 f=1 (1.2 a e b)
f k
A flexibilidade de uma mola pode ser facilmente
determinada medindo-se o alongamento produzido por uma
carga conhecida, e a rigidez pode ser calculada a partir da
equação 1.2 a.
As propriedades da mola dadas pelas equações 1.1 a e b
podem ser usadas na análise e dimensionamento de vários
dispositivos mecânicos envolvendo molas. 4
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Barras Prismáticas
As barras carregadas axialmente sofrem alongamento
sob cargas de tração e encurtamento sob cargas de
compressão, exatamente como as molas. Para analisar esse
comportamento, consideremos a barra prismática da figura 2.3.
Embora usemos barras circulares em nossa ilustração, devemos
ter em mente que membros estruturais podem apresentar uma
variedade de formas de seção transversal:

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Barras Prismáticas
O alongamento ‘δ’ de uma barra prismática submetida a
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uma carga de tração P é mostrada na figura 2.5. se a carga age


através do centróide da seção transversal, a tensão normal é
dada pela fórmula σ = P/A (onde A é a área da seção). Além
disso, se a barra é feita de um material homogêneo, a
deformação axial é ε = δ/L,
/L onde δ é o alongamento e L é o
comprimento da barra.

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Barras Prismáticas
Vamos assumir que o material é elástico linear, o que
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significa que ele segue a Lei de Hooke. A tensão e a deformação


longitudinal estão relacionadas pela equação σ = E · ε, onde E é
o módulo de elasticidade. Combinando essas relações básicas,
obtemos a seguinte equação para o alongamento da barra:

δ=P·L (1.3)
E· A

Essa equação mostra que o alongamento da barra é


diretamente proporcional à carga P e ao comprimento L e
inversamente proporcional ao módulo de elasticidade E e a área
da seção transversal A. O produto E· A é conhecido como rigidez
axial da barra. 7
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Barras Prismáticas
Embora a equação 1.3 tenha sido formulada a partir de
um membro de tração, ela se aplica muito bem a um membro
em compressão – nesse caso δ representaria o encurtamento
da barra. Geralmente, sabemos por observação se um membro
ficou mais longo ou mais curto; entretanto, há ocasiões em que
uma convenção de sinais é necessária. Quando isso ocorre, o
alongamento é usualmente tomado como positivo e o
encurtamento tomado como negativo.
A variação de comprimento de uma barra é normalmente
muito pequena se comparada ao seu comprimento,
principalmente quando o material é um metal estrutural, como o
aço ou o alumínio.
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Barras Prismáticas
A rigidez e a flexibilidade de uma barra prismática são
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definidas do mesmo modo que par uma mola. A rigidez é a força


necessária para produzir alongamento unitário, ou P/δ P/δ, e a
flexibilidade é o alongamento devido a uma carga unitária, δ/P.
/P
Dessa forma, da equação (1.3), vemos que a rigidez e a
flexibilidade de uma barra prismática são, respectivamente:

k=E·A f= L (1.4 a, b)
L E·A

Rigidez e flexibilidade de membros estruturais, incluindo


aquelas dadas pelas equações 1.4a e 1.4b têm um papel
especial na análise de grandes estruturas por métodos
computacionais. 9
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Variações no comprimento de barras
não uniformes

Quando a barra prismática de material elástico linear é


carregada apenas nas extremidades, podemos obter a variação
de seu comprimento através da equação (1.3):
δ=P·L
E· A
Agora vamos ver como esta mesma equação pode ser
usada em situações mais gerais.

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Barras com carregamento axial em ponto
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intermediário
Suponha que uma barra prismática é carregada por uma
ou mais cargas axiais agindo em pontos intermediários ao longo
do eixo, Figura 2.9a:

Figura 2.9
(a) Barra com cargas externas
agindo em pontos intermediários
(b), (c) e (d) diagramas de corpo
livre mostrando as forças axiais
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internas N1, N2 e N3.
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Barras com carregamento axial em ponto
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intermediário
Ao escrever essas equações, usamos a convensão de
sinal dada anteriormente (forças axiais internas são positivas
quando em tração e negativas quando em compressão).
3. Determine as mudanças nos comprimentos dos segmentos
através da Equação (1.3):
δ1 = N1 · L 1 δ2 = N2 · L 2 δ3 = N3 · L 3
E· A E· A E· A
na qual L1, L2 e L3 são os comprimentos dos segmentos e
E·A é a rigidez axial da barra.
4. Some δ1, δ2 e δ3 para obter δ, a variação de comprimento de
toda a barra:
δ = ∑ δi = δ1 + δ2 + δ3
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Barras formadas por segmentos prismático
Essa mesma aproximação geral pode ser usada quando
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a barra consiste em vários segmentos prismáticos, cada um


com forças axiais, dimensões e materiais diferentes - figura 2.10
A variação no comprimento pode ser obtida
através da equação: n
δ = ∑ Ni · Li (1.5)
i = 1 Ei·
Ei· Ai
Onde ‘i’ indica os vários segmentos da barra
e ‘n’ é o número total de segmentos.
Observe que Ni não é uma carga externa,
mas a força axial no segmento i.
Figura 2.10
Barra formada por segmentos prismáticos
com forças axiais,
axiais, dimensões e materiais
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diferentes.
diferentes.
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Barras com variações de cargas ou dimensões

Algumas vezes, a força axial ‘N’ e a área transversal ‘A’ variam


ao longo do eixo de uma barra, como ilustrado pela barra afilada da
Figura 2.11.a:

Figura 2.11
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Barra com área de seção transversal e força axial variáveis.
variáveis.
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Barras com variações de cargas ou dimensões
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Essa barra não apenas tem uma área da seção transversal


variando continuamente como também uma força axial variando
continuamente. Na ilustração, a carga consiste em duas partes, uma
força PB agindo na extremidade B da barra e forças distribuídas p(x)
agindo ao longo do eixo (uma força distribuída tem unidade de força
por distância, como libras por polegada ou newtons por metro). Uma
carga axial distribuída pode ser produzida por fatores tais como
forças centrífugas, forças de atrito ou peso de uma barra pendurada
em uma direção vertical.
Sob essas condições, não podemos usar a equação (1.5) para
obter a variação no comprimento. Em vez disso, devemos determinar
a variação no comprimento de um elemento diferencial da barra e
então integrar sobre o comprimento da barra.
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Barras com variações de cargas ou dimensões
Escolha ser você.

Escolhemos um elemento diferencial a uma distância ‘x’ da


extremidade esquerda da barra (Figura 2.11a). A força axial interna
N(x) agindo nessa seção transversal (Figura 2.11b) pode ser
determinada pelo equilíbrio usando o segmento AC ou o segmento
CB como um corpo livre. Em geral, essa força é uma função de ‘x’.
Conhecendo as dimensões da barra, podemos expressar a área da
seção transversal A(x) em função de x.
O alongamento dδ do elemento diferencial ((Figura 2.11c)
pode ser obtido através da equação δ = P·L / E·A, substituindo-se P
por N(x), L por d(x) e A por A(x), da seguinte maneira:

dδ = N(x)·d(x) (1.6)
E·A(x)
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Barras com variações de cargas ou dimensões

O alongamento de toda a barra é obtido integrando-se sobre o


comprimento:
L L
δ = ∫0 dδ = ∫0 N(x)·d(x) (1.7)
E·A(x)

Se as expressões para N(x) não forem por demais complexas,


a integral pode ser desenvolvida analiticamente e uma fórmula para
δ pode ser obtida. Entretanto, se uma integração formal é difícil ou
impossível, um método numérico deve ser usado.

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Limitações
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As equações (1.5) e (1.7) aplicam-se a barras feitas de


materiais elásticos, devido a presença do módulo de elasticidade E. A
fórmula δ=P·L/E·A foi obtida usando-se a suposição de que a
distribuição de tensão é uniforme sobre toda seção transversal
(baseada na fórmula σ = P/A). Essa suposição é válida para barras
prismáticas, mas não para barras afiladas e, por isso, a equação
(1.7) fornece resultados satisfatórios para uma barra afilada apenas
se o ângulo entre os lados da barra forem muito pequenos.
Como ilustração, se o ângulo entre os lados de uma barra for
20º, a tensão calculada pela expressão σ = P/A (em uma seção
transversal selecionada arbitrariamente) será 3% menor que a
tensão exata para aquela mesma seção transversal (calculada por
métodos mais avançados). Assim, podemos dizer que a equação
(2.7) será satisfatória se o ângulo de afilamento for pequeno. 18
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Escolha ser você. Estruturas Estaticamente Indeterminadas


As molas, barras e cabos que discutimos anteriormente têm
uma característica em comum – suas reações e forças podem ser
determinadas a partir de diagramas de corpo livre e equações de
equilíbrio. Essas estruturas são classificadas como estaticamente
determinadas.
determinadas Em especial, devemos notar que
as forças em uma estrutura estaticamente deter-
minada podem ser encontradas sem levar em
conta as propriedades dos materiais. Considere
a barra AB mostrada na figura 2.14. Os cálculos
para as forças axiais em ambas as partes da
barra, bem como para a reação R na base, inde-
pedem do material do qual a barra é feita.
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Escolha ser você. Estruturas Estaticamente Indeterminadas


A maioria das estruturas são mais complexas que a barra da
Figura 2.14 e suas reações e forças internas não podem ser
encontradas apenas através da estática. Essa situação é ilustrada na
Figura 2.15 que mostra a barra AB fixada em ambas
as extremidades. Agora, há duas reações verticais R1
E RB), mas apenas uma equação de equilíbrio
(∑FV = 0). Uma vez que essa equação de equilíbrio
tem duas incógnitas, ela não é suficiente para de-
terminar as reações, por isso esse tipo de estrutura
é classificada como estaticamente indeterminada.
indeterminada.
Para analisar tais estruturas devemos complementar
as equações de equilíbrio com equações adicionais
de deslocamento da estrutura. 20
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Estruturas Estaticamente Indeterminadas
Para analisar uma estrutura estaticamente indeterminada,
considere a Figura 2.16 a. A barra prismática AB
está fixada em suportes rígidos, em ambas as
extremidades e é carregada axialmente por uma
força P em um ponto intermediário C. Como já
discutido, as reações RA e RB não podem ser
encontradas apenas através das estática, porque
há somente uma equação de equilíbrio disponível

∑FV = 0
RA + RB – P = 0 (a)

É preciso uma equação adicional para


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encontrarmos as duas reações desconhecidas.
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Escolha ser você. Estruturas Estaticamente Indeterminadas


A equação adicional é baseada na observação de que uma
barra com ambas as extremidades fixadas não apresenta variação
no comprimento. Se separarmos a barra de seus suportes (Figura
2.16b) obtemos uma barra livre em ambas as extremidades e
carregada pelas três forças, RA,RB e P. Essas forças fazem a barra
sofrer uma variação δAB de comprimento, que deve ser igual a zero:

δAB = 0 (b)

Essa equação, chamada de equação de compatibilidade,


compatibilidade
expressa o fato de que a variação no comprimento da barra deve ser
compatível com as condições nos suportes.
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Escolha ser você. Estruturas Estaticamente Indeterminadas


Para resolver as Equações (a) e (b) devemos expressar a
equação de compatibilidade em termos de forças desconhecidas RA
e RB. As relações entre as forças que agem em uma barra e suas
variações de comprimento são conhecidas como relações força- força-
deslocamento.
deslocamento Essas relações têm várias formas, dependendo da
propriedade do material. Se o material é elástico linear, a equação
δ = P·L/E·A pode ser usada obter as relações de força-deslocamento.
Vamos assumir que a barra da Figura 2.16 tenha área da
seção transversal ‘A’ e seja feita de um material com módulo E. Então
as variações nos comprimentos dos segmentos superior e inferior da
barra são, respectivamente:
δ = RA · a e δCB = - RB · b (c, d)
E·A E·A 23
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Estruturas Estaticamente Indeterminadas
O sinal de menos indica o encurtamento da barra
(compressão). As equações (c) e (d) são relações de força-
deslocamento.
Estamos agora prontos para resolver simultaneamente os três
conjuntos de equações (a equação de equilíbrio, a equação de
compatibilidade e as relações de força-deslocamento). Nesse
exemplo, começamos combinando as relações de força-
deslocamento com a equação de compatibilidade:

δAB = δAC + δCB = RA · a – RB · b = 0 (e)


E·A E·A

Note que essa equação contém as duas reações como


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incógnitas
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Estruturas Estaticamente Indeterminadas
O próximo passo é resolver simultaneamente a equação de
equilíbrio (equação a) e a equação anterior (e). Os resultados são:

RA = P · b e RB = P · a (1.9 a,b)
L L

Com essas reações conhecidas, todas as outras quantidades


de força e deslocamentos podem ser determinadas. Suponha, por
exemplo, que desejamos encontrar o deslocamento para baixo δC do
ponto C. Esse deslocamento é igual ao alongamento do segmento AC:

δC = δAC = RA · a = P· a· b = 0 (1.10)
10)
E·A L·E· A
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Estruturas Estaticamente Indeterminadas

Podemos também encontrar as tensões nos dois segmentos


da barra diretamente através das forças axiais, como por exemplo:
σAC = RA = P · b
A A·L

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Comentários finais
Da discussão vemos que a análise de uma estrutura
estaticamente indeterminada envolve a formulação e a resolução de
equações de equilíbrio, equações de compatibilidade e relações
força-deslocamento. As equações de equilíbrio relacionam as cargas
que agem na estrutura às forças incógnitas (que podem ser reações
ou forças internas), e as equações de compatibilidade expressam
restrições aos deslocamentos das estruturas. As relações de força-
deslocamento são expressões que usam dimensões e propriedades
dos membros estruturais para relacionar forças e deslocamentos
desses membros. No caso das barras carregadas axialmente que se
comportam de maneira elástica linear, as relações são baseadas na
equação δ = P·L/E·A. Finalmente, todos os três conjuntos de
equações podem ser resolvidos simultaneamente para as forças e
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deslocamentos desconhecidos.

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