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RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I

Escolha ser você.

AULA 11
TENSÕES NORMAIS EM VIGAS
MATERIAIS ELÁSTICOS LINEARES

Porto Velho / RO
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RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I
Prof. Vânius Paiva

Escolha ser você.


TENSÕES NORMAIS EM VIGAS
Na aula passada, investigamos as deformações
longitudinais εx em uma viga em flexão pura. Uma vez que
elementos longitudinais em uma viga estão submetidos apenas à
tração ou à compressão, podemos utilizar a curva de tensão-
deformação do material para determinar as tensões a partir das
deformações. As tensões atuam sobre toda a seção transversal da
viga e variam de intensidade, dependendo da forma da curva de
tensão-deformação e das dimensões de sua seção transversal.
Como a direção x é longitudinal, utilizamos o símbolo σx para
denominar essas tensões.
A relação de tensão-deformação mais comum encontrada
na engenharia é a equação de material elástico linear. Para tais
materiais, substituímos a lei de Hooke para tensões uniaxiais
(σ = E · ε) na equação (5.4) obtemos: 2
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σx = E · εx = - E · y = - E · κ · y
ρ (5.7)
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Essa equação mostra que a tensão normal agindo sobre a


seção transversal varia linearmente com a distância ‘y’ da
superfície neutra. Esta distribuição de tensão é ilustrada na figura
5.9.a para o caso em que o momento fletor ‘M’ é positivo e a viga
flexiona-se comum uma curvatura positiva.

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Quando a curvatura é positiva, as tensões σx são negativas


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(compressão) acima da superfície neutra. Na figura, tensões de


compressão são indicadas por setas apontando para a seção
transversal e tensões de tração são indicadas por setas apontando
para fora da seção transversal.
Para a equação 5.7 tenha valor prático, temos que
posicionar a origem das coordenadas de tal forma que a distância y
possa ser determinada. Em outras palavras, precisamos localizar a
linha neutra da seção transversal. Também precisamos encontrar a
relação entre a curvatura e o momento fletor – de tal forma que
possamos substituir na equação 5.7 e obter uma equação
relacionando as tensões e o momento fletor. Esses dois objetivos
podem ser alcançados determinando-se a resultante das tensões σx
agindo na seção transversal. 4
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No caso geral, a resultante de tensões normais consiste em


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duas tensões resultantes: (1) uma força atuando na direção x e (2)


um momento fletor agindo em relação ao eixo z. Entretanto, a força
axial será zero quando a viga estiver submetida a flexão pura.
Portanto, podemos escrever as seguintes equações da Estática:

1) A força resultante na direção ‘x’ é igual a zero; e


2) A resultante de momento é igual ao momento fletor ‘M’.

A primeira equação dá a localização do eixo central e a


segunda, a relação momento-curvatura.

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Localização da Linha Neutra.
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Neutra.
Para obter a primeira equação da estática, consideramos
um elemento de área dA na seção transversal (Figura 5.9.b). O
elemento está localizado a uma distância ‘y’ da linha neutra,
portanto a tensão σx agindo no elemento é dada pela equação 5.7.
A força agindo sobre o elemento é igual a σx · dA e é de compressão
quando ‘y’ é positivo. Por não haver força resultante agindo na
seção transversal, a integral de σx · dA sobre a área A de toda a
seção transversal deve ser nula. Assim, a primeira equação da
estática é:
∫A σx · dA = - ∫A E · κ · y · dA = 0
Devido ao fato de a curvatura κ e o módulo de elasticidade E
serem constantes não nulas em qualquer seção transversal da viga
flexionada, eles não estão envolvidos na integração da área de
seção transversal. 6
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Logo, pode-se descartá-los, obtendo:

∫A y · dA = 0 (5.8)

Essa equação estabelece que o primeiro momento de área


da seção transversal, determinado em relação ao eixo z, é zero. Em
outras palavras, o eixo z deve passar pelo centróide da seção
transversal.
Uma vez que o eixo z é também a linha neutra, chegamos à
seguinte importante conclusão: “A linha neutra passa através do
centróide da área da seção transversal quando o material segue a
Lei de Hooke e não existem forças axiais agindo na seção
transversal.” Essa observação torna relativamente simples
transversal.
determinar a posição da linha neutra. 7
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É importante frisar que nossa discussão está limitada a


vigas em que o eixo y seja um eixo de simetria. Consequentemente,
o eixo y também passa através do centróide. Portanto, temos a
seguinte conclusão adicional: “A origem ‘O’ das coordenadas
(Figura 5.9.b) está localizada no centróide da área da seção
transversal.
transversal.”
Devido ao fato do eixo y ser um eixo de simetria da seção
transversal, segue que o eixo y é um eixo principal.
principal Uma vez que o
eixo z é perpendicular ao eixo y, ele também é um eixo principal.
principal
Assim, quando uma viga de material elástico linear é submetida a
uma flexão pura, os eixos ‘y’ e ‘z’ são eixos centrais.
centrais.

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Relação Momento-
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Momento-Curvatura
A segunda equação da estática expressa o fato de que o
momento resultante da tensão normal σx agindo sobre a seção
transversal é igual ao momento fletor M (Fig. 5.9.a). O elemento de
força σx · dA agindo no elemento de área dA (Fig. 5.9.b) está na
direção positiva do eixo x quando σx é positivo e na direção negativa
quando σx é negativo. Uma vez que o elemento dA está localizado
acima da linha neutra, uma tensão positiva σx agindo nesse
elemento produz um momento elementar igual a σx · y · dA. dA. Esse
momento elementar atua na direção oposta à do momento fletor
positivo M mostrado na Fig. 5.9.a. Portanto, o momento elementar
é:
dM = - σx · y · dA.
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A integral de todos esses momentos elementares em toda


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a área da seção transversal ‘A’ deve ser igual ao momento fletor:

M = - ∫A σx · y · dA.

Ou, com a substituição na equação (5.7):

M = ∫A κ · E · y2 · dA = κ · E ∫A y2 · dA (5.9)

Essa equação relaciona a curvatura da viga ao momento fletor M.


Uma vez que a integral na equação anterior é uma
propriedade da área de seção transversal, podemos reescrever:

M=κ·E·I (5.10)
10) 10
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Isso porque:
I = ∫A y2 · dA (5.11)
11)

Essa integral é o momento de inércia da área da seção


transversal em relação ao eixo z, ou seja, em relação à linha neutra.
Momentos de inércia são sempre positivos e têm dimensões de
comprimento elevadas à quarta potência (por exemplo: m4 ,cm4, ...).
A equação (5.10) pode ser rearranjada agora para expressar
em termos do momento fletor na viga:

κ= 1 = M (5.12)
12)
ρ E·I

Conhecida como equação momento-


momento-curvatura, a equação
(5.12) 11
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Conhecida como equação momento-


Escolha ser você.
momento-curvatura, a equação
(5.12) mostra que a curvatura é diretamente proporcional ao
momento fletor M e inversamente proporcional ao produto E · I, que
é chamado de rigidez de flexão da viga. A rigidez de flexão é uma
medida de resistência da viga ao momento, ou seja, quanto maior
for a rigidez de flexão, menor será a curvatura para um dado
momento fletor.
Quanto a convenção de sinais para os momentos fletores
vemos que um momento fletor positivo produz uma curvatura
positiva e um momento fletor
negativo produz uma curvatura
negativa (Figura 5.10).

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Fórmula da Flexão
Agora que localizamos a linha neutra e encontramos a
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relação momento-curvatura, podemos determinar as tensões em


termos do momento fletor. Substituindo a expressão da curvatura
(Equação 5.12) na expressão para σx (Equação 5.7) temos:

σx = - My (5.13)
13)
I
Essa equação, chamada de fórmula da flexão, mostra que
as tensões diretamente proporcionais ao momento fletor M e
inversamente proporcionais ao momento de inércia I da seção
transversal. Além disso, as tensões variam linearmente com a
distância y da linha neutra, como observado anteriormente.
Tensões calculadas a partir da fórmula de flexão são chamadas de
tensões fletoras ou tensões de flexão.
flexão. 13
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Caso o momento fletor na viga seja positivo, as tensões de
flexão serão positivas (tração) na parte da seção transversal em
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que ‘y’ é negativo, ou seja, na parte inferior da viga. As tensões na


parte superior da viga serão negativas (compressão). Caso o
momento fletor seja negativo, as tensões terão sinais invertidos.
Essas relações são mostradas na Figura 5.11.

Figura 5.11.
11. Relações entre
os sinais dos momentos fle-
fle-
tores e as direções das tem-
tem-
sões normais (a) momento
fletor positivo (b) momento 14
fletor negativo.
negativo.
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Máximas Tensões na Seção Transversal


Escolha ser você.

As máximas tensões fletoras de tração ou de compressão


em qualquer seção transversal ocorrem nos pontos mais distantes
da linha neutra. Vamos denominar c1 e c2 as distâncias da linha
neutra para os elementos extremos nas direções y positiva e
negativa, respectivamente (veja Figuras 5.9.b e 5.11). Então as
tensões normais máximas correspondentes σ1 e σ2 (provenientes da
fórmula de flexão são:

σ1 = - M · c1 = - M ; σ2 = - M · c2 = - M (5.14.
14.a, b)
I S1 I S2
Onde:
S1 = I ; S2 = I (5.15.
15.a,b)
c1 c2 15
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Os valores S1 e S2 são conhecidos como módulos de seção


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ou módulos de resistência, ou ainda, módulos resistentes da seção


transversal. Das equações (5.15.a e b), vemos que cada seção
possui dimensões de comprimento elevadas à terceira potência
(por exemplo, m3, cm3, ...). Repare que as distâncias c1 e c2 ao topo
e a base da viga são sempre valores positivos.
As vantagens de se expressar as tensões máximas em
termos de módulos de seção vêm do fato de que cada módulos de
seção combina as propriedades relevantes da seção transversal da
viga em um valor singular. Esse valor pode ser então listado em
tabelas e manuais como uma propriedade da viga, o que é mais
conveniente para projetistas.

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Formas Duplamente Simétricas


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Caso a seção transversal da viga seja simétrica em relação


ao eixo z e também em relação ao eixo y (seção transversal
duplamente simétrica), então c1 = c2 = c e as máximas tensões de
tração e compressão serão numericamente iguais:

σ1 = - σ2 = - Mc = - M ou σmáx = M (5.16.
16.a,b)
I S S

Em que:
S= I (5.17)
17)
c

é o único módulo de seção transversal. 17


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Para uma viga de seção transversal retangular de largura
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‘b’ e altura ‘h’ (Figura 5.12.a), o momento de inércia e módulo da


seção são:

I = b · h3 S = b · h2 (5.18.
18.a,b)
12 6

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Para uma viga de seção transversal circular de diâmetro ‘d’


Figura 5.12.b), essas propriedades são:

I = π · d4 S = π · d3 (5.19.
19.a,b)
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Propriedades de outras formas duplamente simétricas,


como tubos ocos (retangulares ou circulares) e formas com flanges
amplos, podem ser prontamente obtidas a partir das fórmulas
anteriores.

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Limitações
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As análises apresentadas são para flexões puras em vigas


prismáticas compostas de materiais homogêneos e elásticos
lineares. Caso a viga esteja submetida a uma flexão não uniforme,
a força cortante gerará um empenamento (distorção fora do plano)
das seções transversais. Assim, uma seção transversal que era
plana antes da flexão não o será depois da flexão. O empenamento
devido às deformações de cisalhamento complica muito o
comportamento da viga. Entretanto, uma análise cautelosa revela
que as tensões normais calculadas a partir da fórmula de flexão
não são significativamente alteradas pela presença de forças
cortantes e seu empenamento associado. Assim, podemos
justificadamente utilizar a teoria da flexão pura para calcular
tensões normais em vigas submetidas a flexão não uniforme. 20

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