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Mayra Baia de Alfaia Damasceno1

OIAPOQUE

Oiapoque a palavra traduz-se “casa dos Waiãpi”. A expressão representada em


tupi-guarany marca o nome da cidade onde começa o território nacional brasileiro.
O termo indígena consiste em razão dos primeiros moradores terem origem dos
povos Waiãpi. Oiapoque originou-se da morada de um mestiço chamado Emile
Martinic. Não há registro de data precisa, mas, em razão de sua referência, a
localidade passou a ser conhecida como “Martinica”, termo ainda utilizado para
designar antigos habitantes.
Somente em 23 de maio de 1945, foi erguido um monumento determinando o marco
inicial do Brasil, como símbolo da soberania nacional sobre as áreas limítrofes,
frente ao Contestado Franco-Brasileiro.

LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA

O Município de Oiapoque está inserido na região norte do Amapá e seus vínculos


com o Brasil podem ser ponderados como recentes se considerarmos a
inconstância dos limites territoriais do “contestado franco-brasileiro” que se encerrou
no início do século XX.
Oiapoque está localizado a 600 km da capital do estado, Macapá, e a pouco mais
de 200
km do município brasileiro mais próximo chamado Calçoene. Nessa configuração
espacial, a região de Oiapoque é constituída muito mais pelas relações
transfronteiriças com o Platô das Guianas do que com a área de influência de
Macapá. Situado ao norte do Estado do Amapá, com uma área de pouco mais de 22
mil km2, o Município de Oiapoque faz limite com Calçoene, em pequenos trechos
com Serra do Navio e Pedra Branca do Amapari
e com o Município de Laranjal do Jari. O rio que delega nome a cidade e ao
município está situado ao norte e representa o limite da fronteira internacional com o

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Acadêmica do curso Licenciatura em História, turma 2013
território ultramarino da Guiana Francesa, possessão político-administrativa de
raízes coloniais do Estado Francês
Localização do Município de Oiapoque (AP)
Fonte: Elaborado por Alexandre Rauber, adaptado de IBGE (2014).

POPULAÇÃO

De acordo com as estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


(IBGE), em 2016, sua população era de 24.892 habitantes.
A região apresenta, há séculos, considerável população ameríndia e fluxo migratório
intenso. Por sinal, a região pode ser pensada sob diversos aspectos, como
espaço de intersecção e de redes de relações interculturais.

QUILOMBOS E INDÍGENAS

INDÍGENAS:
Os indígenas do Oiapoque, compostos na contemporaneidade sobretudo pelos
povos Palikur-Arukwayene, Karipuna, Galibi-Marworno e Galibi Kali’na, juntamente
com créoles, antillesses, cearenses, paraenses, maranhenses, ribeirinhos e
caboclos de diversos lugares, formam o tecido étnico complexo de constituição
desta região que não pode ser definida somente como “terra de índios”, de “não
índios”, de caribenhos e de amazônicos, mas como um lugar de fronteira, o lugar da
diversidade e da alteridade, um lugar de encontros e desencontros realizados há
séculos.
Os quatro povos que habitam a região do baixo rio Oiapoque falam línguas aruak
(os Palikur), carib (os Galibi-Kali’na) e patoá (os Karipuna e os Galibi-Marworno).
Falam também português e francês, aprendidos no processo de inter-relações com
diferentes povos que, nos últimos 400 anos, transitaram por essa região de fronteira
e devido à proximidade com a Guiana Francesa. Estes quatro povos ocupam três
Terras Indígenas (TI Uaçá, TI Juminá e TI Galibi), demarcadas e homologadas, que
abrangem 23% da extensão territorial do município de Oiapoque. Estas terras
configuram uma grande área contínua, cortada a Oeste pela BR-156, que liga
Macapá ao Oiapoque. Os índios alimentam-se basicamente de peixe, de farinha de
mandioca e de frutas. A farinha de mandioca excedente é comercializada, em
Oiapoque, ou trocada por outros produtos. Estima-se que sejam hoje cerca de 7.000
índios divididos em 39 aldeias e na cidade de Oiapoque. Na década de 70, os
quatro grupos indígenas iniciaram um processo de organização política conjunta
com a realização anual de grandes assembleias indígenas, nas quais discutem
problemas comuns da área, tomam decisões e encaminham reivindicações às
autoridades.

QUILOMBOS

A comunidade do Kulumbu do Patuazinho está localizada no Município de


Oiapoque, com acesso pela BR 156, km 672. Seu o nome deriva da denominação
do córrego que serve de porta de entrada para a comunidade, com uma pequena
modificação ou simplificação, pois ele é identificado como córrego do Patauazinho.
Além disso, o mesmo nome também evoca uma comida típica feita pelos negros da
Guiana Francesa, que mantiveram e ainda mantêm forte relação com a
comunidade, o “kulumbu”. Com aproximadamente vinte anos de existência,
Kulumbu do Patuazinho é o primeiro quilombo amapaense que se iniciou como
quilombo urbano.

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