Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A palavra República deriva do latim res publica, ou “coisa
pública” adotando o sentido de uma forma de governo dos
cidadãos, ao contrário da monarquia que seria vista como
um governo pessoal. Entretanto, não devemos ver no golpe
que, em 509 a. C., destruiu a monarquia e implantou a
República qualquer significado “democrático” voltado para
a criação de uma forma de governo amplamente aberta aos
interesses populares. Ao contrário, a República criada em
Roma foi uma instituição basicamente patrícia, como
atestam os mecanismos de governo e controle social implementados logo após seu estabelecimento.
A eliminação do cargo do rei efetivamente acabou com a concentração de poderes, gerando o
aparecimento das magistraturas e os vários cargos administrativos que marcaram a República. O fim da
concentração de poderes fez com que nenhum cargo administrativo em Roma fosse mais importante que o
Senado, o qual passou a ser órgão máximo da República. O fato de ele ser formado exclusivamente por
patrícios, em caráter vitalício, era o fator que garantia a eles grande concentração de poder. O Senado
controlava a administração, as finanças, os assuntos militares e exercia poder legislativo e judiciário. Também
era ele quem elegia os magistrados e, em casos de calamidade pública, indicava um ditador, que por um
período máximo de seis meses governava em plenos poderes.
As lutas da plebe
A reação da plebe contra o caráter elitista da estrutura política da República foi bastante rápida.
Dezesseis anos depois de instalada a república, no ano de 493a.C. os plebeus retiraram-se de Roma ameaçando
fundar aos pés do Monte Sagrado uma nova cidade. Os patrícios tiveram de ceder ante essa greve social, dada
uma série de razões. Em primeiro lugar, a mão de obra romana ainda era essencialmente representada por
plebeus mas que isso, as centúrias plebeias eram usadas como instrumento de primeiro combate, servindo para
desorganizar o adversário para só então sobrevir o ataque das cinturas patrícias. Uma das primeiras conquistas
dos plebeus foi o cargo de tribunos da Plebe que garantia o poder de vetar as decisões do senado.
Outra importante conquista da Plebe foi aprovação da Lei das doze tábuas. Tratava-se de uma
compilação escrita das leis até então orais de Roma, redigidas em 12 placas de bronze e afixadas nas paredes do
fórum, local público a qual qualquer cidadão teria acesso. Outras leis conquistadas foram as leis Licínia-Sextia
que aboliu a escravidão por dívidas, franquearam aos plebeus a posse das terras do Estado e estabeleceram a
obrigatoriedade de um dos cônsules ser sempre plebeu. Em 286 a.C., as leis votadas pela Assembleia da Plebe
passaram a ter validade para todo o Estado romano, originando plebiscito.
O início da expansão romana
Desde a sua fundação, Roma apresentou uma clara vocação para o crescimento, rapidamente
expandindo o seu domínio sobre o Lácio e submetendo os demais povos da região. Esse domínio inicialmente
limitado ao Lácio, começou alastrar-se quando os romanos invadiram e arrasaram a Etrúria incorporando-a ao
seu domínio. A vitória sobre os etruscos teve o efeito de provocar uma reação em cadeia. Fortalecidos por essa
conquista e pela vitória sobre os gauleses, um povo que vivia ao norte da Península Itálica e que 387 a. C., havia
chegado a invadir Roma, os romanos viram-se livres dos principais adversários que tinham em toda a
península. Mais que isso, cada conquista exigia novas conquistas para garantir sua posse segurança ponto
dessa forma, num período muito curto, Roma viu se senhora de toda a península. Foi com a posse dessa porção
sul da Península e da Sicília pelos romanos que gerou o choque entre Roma e a cidade de Cartago, motivando as
Guerras Púnicas, marco inicial da conquista do Mediterrâneo e da formação do Império.
As Guerras Púnicas e o estabelecimento do domínio sobre o Mediterrâneo
Cartago, situada na região da atual Tunísia, próxima a atual cidade de Tunis, era na sua origem, uma
das muitas colônias fundadas pelos fenícios para facilitar o seu comércio Mediterrâneo. O poderio da cidade
ampliou-se a partir do declínio das cidades fenícias chegando Cartago a estabelecer, a partir do século IV a. C.,
um vasto domínio sobre o noroeste da África, costa mediterrânea da Península Ibérica, sul da França, Sul da
Itália e Sicília. Desde tempos muito remotos, os romanos chamavam a região onde se erguia Cartago, de
“Punis” de onde se originou o nome Guerras Púnicas, dado ao conflito que envolveu Roma e Cartago numa
disputa pela hegemonia sobre o Mediterrâneo Ocidental.
A primeira guerra foi fruto direto da extensão dos domínios romanos à Sicília. Em seu decorrer,
Roma, além de potência terrestre, transformou-se também em potência naval, obtendo com a Vitória o
domínio sobre as Ilhas Córsega e Sardenha. A Segunda Guerra representou o mais sério desafio a sobrevivência
do Estado romano. O general cartaginês Aníbal, é considerado um dos maiores táticos de todos os tempos,
conseguiu neutralizar a estrutura de defesa Romana invertendo toda a lógica do ataque. Naturalmente, as
defesas romanas concentravam-se no Mediterrâneo, esperando um ataque óbvio de Cartago a partir do mar.
Aníbal, entretanto optou por um ataque por terra conduzindo seus exércitos através da península ibérica e sul
da França invadindo a Itália pelo Norte através dos Alpes. Esse conflito chegou ao fim com a batalha de Zama.
A vitória sobre Cartago significou para Roma o imediato controle sobre os antigos domínios cartagineses. Logo
após a derrota de Aníbal criou-se em Roma o sentimento de que só aniquilação definitiva de Cartago poderia
afastar de vez o perigo.
Essa expansão provocou algumas mudanças na estrutura interna de Roma. Em primeiro lugar, as
riquezas geradas pela expansão praticamente aniquilar a pequena agricultura plebéia, ao mesmo tempo o vasto
comércio que se desenvolvia ocupava o lugar antes pertencente a atividade agrícola a ampla camada de
pequenos proprietários tendeu a desaparecer, em função da concorrência dos gêneros advindos da província e
do latifúndio Patrício, o qual tinha seu crescimento fortemente apoiado na mão de obra escrava. Verificou-se
em Roma o processo de concentração fundiária, com as grandes propriedades patrícias transformadas em
grandes latifúndios voltados a uma produção extensiva de exportação a qual o trabalho escravo adaptava-se
perfeitamente. A miséria da Plebe, sem terra e sem trabalho no campo, conduziu-a um amplo processo de
êxodo rural, concentrando em Roma uma massa miserável gerando diversas tensões sociais e políticas. Ao
mesmo tempo, o crescimento do comércio abriu possibilidades homens novos ou cavaleiros. o conjunto dessas
transformações teve por efeito enfraquecer o poder Patrício e fortalecer o poder militar.