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Artigo

Cobrança de assinatura mensal para


telefone fixo pode estar próxima do fim

:::01/08/04

Você já imaginou ter em sua residência uma linha de telefone fixo sem
pagamento da assinatura mensal e, ainda, com um medidor de pulsos? Esta
pode ser a realidade de um futuro bem próximo, pois tramita na Câmara dos
Deputados o Projeto de lei 5.476/01, que tem por objetivo modificar a Lei Geral
de Telecomunicações e propõe a extinção do valor cobrado pela assinatura das
contas telefônicas. Se o projeto for aprovado, serão cobrados do assinante
somente os pulsos efetivamente utilizados.

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) e demais Órgãos de


Defesa do Consumidor entendem ser abusiva a cobrança da assinatura das contas
telefônicas.

Isto porque a assinatura é um valor pago mensalmente pelo consumidor à


concessionária. Mesmo que o serviço não seja utilizado, todo mês a cobrança é
realizada. Tal atitude fere a lei consumerista, segundo a qual o consumidor só está
obrigado a pagar por aquilo que efetivamente consumiu. Essa conduta caracteriza
prática abusiva, proibida pelo Código de Defesa do Consumidor.

Assim sendo, tal fato frustra qualquer tentativa do consumidor de economizar nos
gastos com o telefone fixo, porque não consegue pagar a conta. Para muitos, a
alternativa é abrir mão do serviço, apesar de sua importância.

Existe uma empresa de telefonia que não é a favor da cobrança da assinatura


mensal, por isso, não cobra a assinatura, alega, ainda, que o custo da
disponibilidade do serviço pode ser perfeitamente coberto somente com o que é
cobrado pelo consumo de pulsos.

Isto é bom, já que a cobrança da assinatura é injustificável. Com o aumento da


concorrência, a estratégia de cobrar assinatura mensal terá de ser revista, a
exemplo do que ocorreu com a telefonia celular.

Desta forma, fica claro que, mesmo oferecendo planos sem a cobrança de
assinatura mensal, a empresa obtém lucro. Assim, é perfeitamente possível isentar
o consumidor dessa tarifa.

Aparelho para medir pulsos pode ser uma alternativa para a


economia doméstica
As empresas de telefonia fixa não apresentam para o consumidor um histórico
detalhado de todas as ligações efetuadas, conforme a lei determina. Nas contas,
só vêm descritas as ligações interurbanas e as a cobrar. As ligações locais nunca
são detalhadas e, por incrível que pareça, o consumidor quase sempre paga
"pulsos além da franquia". Com isso, as operadoras deixam de cumprir o que
determina a Lei 5.966/73, já que não possuem equipamento homologado e
aferido pelo Órgão Executivo do Governo para a devida e correta medição de
unidade de medida oficial que, no caso, seria o pulso.

Desta forma, fica caracterizado o defeito na prestação do serviço das


concessionárias, exatamente por falta de mecanismo que possa controlar o que
efetivamente foi gasto pelo consumidor. Deveria ser implantado, por cada
empresa, um aparelho que permitisse aferir os pulsos telefônicos nas residências,
sendo chamado, por exemplo, de medidor de pulsos, pulsômetro ou qualquer
outra coisa que o valha, conforme o faz as prestadoras de outros serviços públicos,
evitando, assim, permanentes discussões sobre ligações não reconhecidas.

Porém, enquanto isso não acontece, o que se vê são as empresas de telefonia


apresentando em suas contas uma quantidade de pulsos que o consumidor nem
sempre concorda. A empresa o fixa unilateralmente, sem dar ao usuário direito de
discutir as ligações ali não discriminadas, que ficam sem qualquer margem de
controle pelo consumidor, violando, assim, a regra contida no inciso III do
artigo do art. 6°, da lei 8078/90, caracterizando a má prestação de serviço em
conseqüência da deficiente e inadequada aferição praticada, contrariando o que
determina o artigo 22, da lei citada e, ainda, caracteriza a prática abusiva
prevista no Código de Defesa do Consumidor notadamente em seu inciso V,
artigo 39.

O pulso nada mais é que uma "criação" das empresas telefônicas para justificar a
cobrança, contrariando o que determina o inciso VIII, do artigo 39, do Código de
Defesa do Consumidor, já que não é aprovado pelo Inmetro e Conmetro. Por isso,
em alguns Estados, algumas residências já possuem aparelhos para medir os
pulsos telefônicos; ou seja, aquilo que o consumidor efetivamente gastou. Desta
forma, esperamos que em breve possamos contar com um aparelho desta
natureza.

Juiz suspende assinatura de telefone em São


Paulo
MARCOS CÉZARI
da Folha de S.Paulo

Uma liminar concedida pelo juiz Paulo Cícero Augusto Pereira, da 1ª Vara Cível de
Catanduva (385 km de São Paulo), suspende a cobrança da taxa de assinatura
mensal de todos os clientes da Telefônica no Estado.

A liminar --decisão provisória-- foi concedida por Pereira ao julgar, em 25 de


junho, uma ação civil pública do deputado estadual José Dilson de Carvalho (PDT)
e do CDCon (Centro de Defesa do Consumidor e Cidadania), de São Carlos (SP). O
juiz fixou multa diária de R$ 100 caso a Telefônica descumpra a decisão.
Ontem, a Telefônica informou, por meio de sua assessoria de imprensa, "que se
reserva o direito de somente se manifestar tão logo seja notificada e conheça o
teor da decisão judicial". Significa dizer que a empresa, após conhecer e analisar a
decisão da Justiça, vai entrar com recurso para tentar derrubar a liminar e manter
a cobrança da taxa.

"Prática abusiva"

Pereira já havia concedido liminar a idêntico pedido feito em maio por três clientes
da Telefônica. Na ação civil pública, o benefício atinge todos os assinantes, sejam
residenciais ou comerciais.

Hoje, a Telefônica cobra R$ 31,14 por mês dos clientes residenciais (esse valor
vale por até cem pulsos) e R$ 49,93 dos não-residenciais (até 90 pulsos).

Na ação, o deputado e o CDCon afirmam que o valor cobrado pela Telefônica é


ilegal porque independe da utilização do telefone. Ou seja, se os clientes não
fizerem nenhuma ligação --ou fizerem ligações que atinjam apenas os limites de
franquia--, pagarão os mesmos R$ 31,14 ou R$ 49,93.

Essa cobrança, afirma a ação, fere o princípio segundo o qual o consumidor só é


obrigado a pagar por aquilo que efetivamente consumiu, ou seja, os pulsos
utilizados. "O desrespeito a esse princípio caracteriza prática abusiva, proibida pelo
Código de Defesa do Consumidor."

A ação ressalta que a cobrança da assinatura mensal na conta telefônica, com os


serviços utilizados pelos consumidores (pulsos, chamadas interurbanas, ligações
para celulares etc.), é ilegal porque não existe lei específica que a autorize.

Está em tramitação na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo o projeto de


lei nº 342/2004, também do deputado Dilson de Carvalho, com o objetivo de
proibir a cobrança da taxa de assinatura dos consumidores dos serviços de
telefonia em todo o Estado.

Cobrança autorizada
Juiz não suspende pagamento de assinatura de telefone

A cobrança de assinatura mensal feita pela Telefônica, em princípio, é legal. O


entendimento é do juiz Adevanir Carlos Moreira da Silva, da 5ª Vara Cível de São Paulo.
Ele rejeitou, nesta terça-feira (20/7), a Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público.
Se deferida, todos os consumidores de São Paulo seriam dispensados do pagamento.

O MP pediu a concessão da liminar alegando ser “ilícita a cobrança de assinatura mensal


por falta de fundamento legal e contratual”. O argumento foi rejeitado. Moreira da Silveira
afirmou que "o contrato de prestação de serviços telefônicos comutados e o plano básico do
serviço local, que acompanham a inicial são indicativos da legalidade da cobrança".
A Justiça entendeu, ainda, que a suspensão da cobrança da tarifa iria acarretar a revisão de
tarifa, com aumento do preço do serviço, que prejudicaria, principalmente os milhares de
usuários de baixa renda que se utilizam de “orelhões”.

A Telefônica conseguiu recentemente suspender liminar do juiz Paulo Cícero Augusto


Pereira, da 1ª Vara Cível da Comarca de Catanduva (SP). O juiz suspendeu a cobrança de
assinatura básica.

Este mês, a empresa também teve outra vitória. A 32ª Vara de São Paulo também negou
liminar pedida pela Anadec -- Associação Nacional de Defesa da Cidadania e do
Consumidor -- para suspender a cobrança da assinatura mensal. Segundo a entidade, a
taxação é abusiva por não existir contraprestação da tarifa.

A 32ª Vara de São Paulo, no entanto, entendeu que a assinatura presta-se a cobrir custos
operacionais e de manutenção da empresa e viabiliza os investimentos da Telefônica.
Segundo a decisão, a cobrança tem respaldo na Lei Geral das Telecomunicações (Lei 9.472,
de julho de 1997).

Depois da liminar negada para a Anadec, o Instituto Barão de Mauá de Defesa de Vítimas e
Consumidores entrou com pedido para ser admitido como litisconsorte na ação da 32ª Vara.
O pedido foi deferido e a liminar deve ser reapreciada na semana que vem.

Leia trechos da sentença da 5ª Vara Cível:

CONCLUSÃO

Em 16 de julho de 2004, faço estes autos conclusos ao MM(a). Juiz(a) de Direito, Dr(a).
Adevanir Carlos Moreira da Silveira.

Processo nº: 000.04.073695-4

Ação Civil Pública

Trata-se de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo
contra Telecomunicações de São Paulo S.A. - TELESP. Afirma ser ilícita a cobrança de
assinatura mensal por falta de fundamento legal e contratual. Pede a concessão de liminar
para que a ré se abstenha da cobrança ou deposite em juízo o montante arrecado a este
título.

Indefiro o pedido de liminar, pois não vislumbro, de modo flagrante, a ilegalidade afirmada
pelo autor. Os documentos existentes no inquérito civil, notadamente o contrato de
prestação de serviços telefônicos comutados e o plano básico do serviço local, que
acompanham a inicial são indicativos da legalidade da cobrança, estabelecida em função de
estar a disposição do usuário a estrutura necessária para fruição dos serviços, seja para
fazer, seja para apenas receber ligações telefônicas.
Cite-se com as advertências legais.

Int.

São Paulo, 16 de julho de 2004.

Adevanir Carlos Moreira da Silveira


Juiz(a) de Direito Auxiliar

Leia trechos da decisão da 32ª Vara Cível

Processo nº 000.04.071521-3

Ação Civil Pública

Cuida-se de requerimento de mandado liminar em ação civil pública, que objetiva o


sobrestamento da cobrança da tarifa de assinatura mensal. Aduz, em apertada síntese, que
tal cobrança fere aos ditames da legislação consumerista, por abusiva, vez que inexiste
contraprestação nesta tarifa. Decido.

A assinatura mensal presta-se a cobrir parte dos custos de operação e manutenção da rede
de telefonia, relativos à disponibilidade individual do acesso, além de viabilizar
investimentos e universalização dos serviços de telefonia (Resolução 43, do Conselho
Nacional de Telecomunicações).

Ainda deve-se asseverar que a cobrança da tarifa básica tem arrimo na Lei Geral das
Telecomunicações (Lei ? 9.472, de 16 de julho de 1997), Portaria 226/97 do Ministério das
Comunicações, na Resolução 43 do CONTEL e no contrato administrativo de concessão
para a exploração de serviços de telecomunicações.

Logo, não se vislumbra a aparência do direito alegado pela autora, posto que, à primeira
vista, parte dos recursos da cobrança da tarifa básica é revertida nos serviços de telefonia.

Também é certo que a suspensão da cobrança desta tarifa acarretará uma revisão tarifária,
com elevação do preço do serviço de telefonia (pulso telefônico), para restabelecer o
equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão anteriormente entabulado pelo
Poder Concedente e a concessionária, ora ré.

Por conseguinte, esta elevação do preço do pulso causará, de maneira mais contundente,
prejuízos aos milhares de usuários paulistanos de baixa renda que utilizam os telefones de
uso público, os populares "orelhões". Assim, não se entrevê o perigo de demora da
concessão da tutela. Indefiro, portanto, a medida liminar requestada. Intimem-se. Cite-se.

Revista Consultor Jurídico, 21 de julho de 2004

Instituto de Defesa do Consumidor quer provar ilegalidade da assinatura básica


de telefonia

Agência Brasil

BRASÍLIA - O advogado do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor


(IDEC), Marcos Diegues, disse que a cobrança mensal da assinatura básica de
telefones fixos é ilegal, pois ela não é uma taxa. A assinatura básica, segundo ele,
não é compulsória, como a taxa de iluminação pública, por exemplo.

A taxa de iluminação pública é cobrada de todos os cidadãos, independentemente


se ela é usada ou não.

O instituto entrou com uma ação civil pública junto a Justiça do Estado de São
Paulo contra a cobrança da assinatura básica de telefones fixos. “O IDEC pede
que seja definitivamente provado que essa cobrança é ilegal e que seja devolvido
em dobro todos os valores que já foram pagos pelo consumidor”, disse o
advogado. “O justo é que o consumidor pague apenas pelo pulso usado”,
acrescentou.

TELEFONIA E TELECOMUNICAÇÕES

26 de Julho de 2004
Idec propõe ação pelo fim da cobrança da assinatura de telefonia

Participe da campanha eletrônica: peça o fim da assinatura da telefonia

O IDEC propôs no dia 23 de julho, perante a Justiça Federal de São Paulo, Ação Civil
Pública com pedido de tutela antecipada, em face da Anatel e das concessionárias
que prestam o serviço de telefonia fixa no país: Brasil Telecom, CTBC Telecom,
Sercomtel, Telemar Norte Leste e Telesp.

A ação visa a declaração judicial de ilegalidade da cobrança de assinatura básica


mensal e conseqüente suspensão da mesma. O Instituto de Defesa do Consumidor
requereu, ainda, a condenação das rés à devolução em dobro dos valores já pagos
pelos consumidores em todo o país.

A assinatura corresponde a um valor fixo mensal, devido por todos os assinantes,


independente de se fazer ou não uso do telefone, sem a qual o consumidor não tem
acesso ao serviço. O alto preço fixado pelas prestadoras do setor, com a chancela da
Anatel, tem inviabilizado o acesso ao serviço de telefonia fixa a um grande número de
brasileiros. Com a procedência da ação, os consumidores terão acesso ao serviço
sem o pagamento desse valor.

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