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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

ANÁLISE ESTRUTURAL 2

Relatório de Projeto

Análise e Dimensionamento de Sistema Estrutural

Pórticos Planos de Edificação de Andares Múltiplos

Responsáveis técnicos: Ailana da Silva Mendes


Gabriel Lucas Cedraz Guimarães
Juliana Farias Araujo
Luan Bezerra Santos
Vinicius Moreira de Souza

Feira de Santana – Bahia – Brasil

Setembro/ 2019
2

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................3
1.1 Descrição da Estrutura .............................................................................4
2 DADOS DO PROJETO....................................................................................6
2.1 Tipos de cargas consideradas ..................................................................6
2.2 Normas e procedimentos utilizados ..........................................................6
2.3 Propriedades dos materiais utilizados .......................................................7
2.4 Formas e dimensões da estrutura e dos elementos estruturais ................8
2.5 Condições de carregamentos e vínculos da estrutura analisada ...................9
3 CASOS E COMBINAÇÕES DE CARGAS .................................................... 10
3.1 Combinação de carga 1 (Verificação dos Deslocamentos) .......................... 10
3.2 Combinação de carga 2 (Verificação dos Esforços) .................................... 10
4 CRITÉRIOS DE FALHA ................................................................................ 11
4.2 Escoamento e ruptura das seções .......................................................... 11
4.3 Deslocamento e desconforto excessivo .................................................. 12
5 MODELO ESTRUTURAL ADOTADO ........................................................... 13
6 ANÁLISE MECÂNICA E DIMENSIONAMENTO........................................... 19
6.1 Combinação de carga 1 – Verificação de esforços a falha por escoamento ou
ruptura da seção............................................................................................... 20
6.2 Combinação de carga 2 – Verificação de deslocamentos excessivos ......... 22
7 CONCLUSÕES FINAIS ................................................................................ 27
8 REFERÊNCIAS ............................................................................................ 28
ANEXO A – Numeração dos nós e elementos do pórtico analisado .............. 29
3

Universidade Estadual de Feira de Santana


Departamento de Tecnologia
Curso de Engenharia Civil
Contratante: Prof. Geraldo Belmonte
E-mail: g.belmonte@ig.com.br
Projeto: Pórticos planos de edificações de andares múltiplos

RELATÓRIO

1 INTRODUÇÃO

O Projeto Estrutural, comumente associado ao cálculo de estruturas, nada mais é


que o dimensionamento de toda superestrutura responsável pela sustentação das
edificações. Devem ser dimensionados os pilares, as vigas e as lajes, sendo esses
elementos os condutores da carga que chegará ao solo. A responsabilidade desse
dimensionamento é essencial, pois se trata da segurança do empreendimento,
evitando tanto o desmoronamento quanto a aparição de patologias, como trincas,
quedas de revestimentos e recalque de pisos.

As estruturas metálicas ganharam uma notável escala de utilização no Brasil, se


apresentando como opção na indústria da construção civil desde o início do século
XIX, consonante ao grande avanço na fabricação de perfis de aço, devido a
implantação de grandes siderúrgicas que passaram a operar no país. Os perfis de aço
são aqueles cuja seção transversal se assemelha às formas das letras H, U, I ou Z,
recebendo uma denominação referente a essas letras.

A utilização de estruturas metálicas se apresenta como uma opção frente as


estruturas de concreto armado e possui diversas vantagens, tais como: a não
dependência de formas para moldagem, sendo o aço estrutural encomendado como
se solicita em projeto; o aço é um material mais leve, o que diminui a carga solicitante
4

do projeto; esse tipo de estrutura também apresenta maior flexibilidade, oferecendo


maior viabilidade de adaptações, ampliações ou reformas, além da redução de
desperdício de materiais, o que é muito comum na execução de superestrutura de
concreto armado.

Segundo Leet (2010), para projetar uma estrutura, deve-se aprender a pôr em
prática uma análise estrutural que estabelece as forças internas e deslocamentos em
todos os pontos, produzidos pelas cargas de projeto. Os projetistas determinam as
forças internas nos membros importantes para dimensionar tanto os membros como
as ligações entre eles. Além disso, avaliam os deslocamentos para garantir uma
estrutura resistente, que não apresente deslocamento ou vibração excessivos sob
carga de modo que sua função seja prejudicada.

1.1 Descrição da Estrutura

O presente relatório apresenta a análise e o dimensionamento de um pórtico


plano que é um elemento estrutural de uma edificação de andares múltiplos em
estrutura metálica, com colunas engastadas na base. Deve-se escolher algum perfil I
ou H para ser utilizado nas colunas e vigas, dimensionando através de seções
otimizadas como um sistema de pórtico plano. A figura 1 apresenta o desenho global
da estrutura, enquanto a figura 2 apresenta o subsistema analisado, evidenciando a
identificação dos elementos.
5

Figura 1: Edifício de Andares Múltiplos em aço

Figura 2: Planta de Elevação da fachada X1Z (Subsistema Analisado)


6

2 DADOS DO PROJETO

2.1 Tipos de cargas consideradas

Segundo a NBR 8800:2008, na análise estrutural deve ser considerada a


influência de todas as ações que possam produzir efeitos significativos para a
estrutura, levando-se em conta os estados-limites últimos e de serviço. As cargas que
se deve considerar são classificadas como permanentes, variáveis e excepcionais.

Cargas permanentes são as que permanecem com valores praticamente


constantes em toda a vida útil da construção. Para a análise feita foram consideradas
as chamadas ações permanentes diretas, na qual estão presentes o peso próprio da
estrutura, dos elementos construtivos e das ações permanentes.

Cargas variáveis são as que apresentam variações significativas durante a vida


útil da construção. As ações variáveis consideradas na análise foram as causadas pelo
uso da edificação e pela ação do vento.

Cargas excepcionais são as que têm duração muito curta e baixa probabilidade
de ocorrência durante a vida útil da construção, como explosões, choques de veículos,
incêndios, enchentes e sismos excepcionais. Para a análise em questão não foram
consideradas nenhuma ação excepcional.

2.2 Normas e procedimentos utilizados

Foram utilizadas as seguintes normas brasileiras regulamentadoras:

6118/2014 – Projeto de estruturas de concreto armado;

6120/1980 – Cargas para Cálculo de estruturas e edificações;


7

6123/1988 – Força devido aos ventos;

8621/2003 – Ações e segurança na estrutura – Procedimento;

8800/2008 – Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de


edifícios.

2.3 Propriedades dos materiais utilizados

Os elementos estruturais reticulados utilizados são perfis de aço-carbono. Os


aço-carbono são os tipos mais usados, onde há um aumento de resistência,
comparado ao ferro puro, produzido pelo carbono e, em menor proporção, pelo
manganês.

Os principais tipos de aço-carbono usados no mundo são representados na


tabela 1.

Tabela 1: Propriedades de Aços-carbono

Limite de
Teor de carbono Resistência à
Especificação escoamento fy
(%) ruptura fu (MPa)
(MPa)

ABNT MR250 Baixo 250 400

ASTM A36 0,25-0,29 250 400-500

EN S235 Baixo 235 360

Segundo a NBR 8800:2008, devem ser adotadas as seguintes propriedades


mecânicas para realização dos cálculos:

• Módulo de elasticidade, Ea = 200 000 MPa;


8

• Coeficiente de Poisson, νa = 0,30;

• Módulo de Elasticidade Transversal, Ga = 77 000 MPa;

• Coeficiente de dilatação térmica, βa = 1,2 x 10-5 ºC-1;

• Massa específica, ρa = 7 850 kg/m³.

2.4 Formas e dimensões da estrutura e dos elementos estruturais

Os elementos de aço estrutural podem ter diversas formas: chapas, barras,


perfis laminados, fios trefilados, cordoalhas e cabos. As chapas, barras e perfis são
fabricadas em sucessivos passes e recebem a forma desejada com o aço pré-
aquecido. Fios trefilados são obtidos puxando uma barra de aço sucessivamente por
meio de fieiras com diâmetros decrescentes. As cordoalhas e cabos são formados por
associação de fios.

Os perfis laminados recebem formas de H, I, C e L. Para o projeto em questão


foram sugeridos os perfis laminados de forma I e H, cujas configurações de dimensões
são detalhadas na Figura 3.

Figura 3: Dimensões de um Perfil de Aço


9

2.5 Condições de carregamentos e vínculos da estrutura analisada

Os carregamentos adotados na análise da estrutura foram obtidos através da


NBR 6120:1980. Os valores considerados para o cálculo das cargas permanentes da
estrutura estão na tabela abaixo:

Tabela 2: Peso específico dos materiais

Peso específico
Materiais
aparente (kN/m³)

Tijolos Furados 13

Lajotas cerâmicas 18

Argamassa de cimento e areia 21

Concreto armado 25

Para a carga acidental foi considerado o valor de utilização de um edifício


residencial, que é de 2,0 kN/m². A carga referente ao vento foi calculada considerando
os dados e critério da NBR 6123:1988.

Todas as vinculações da estrutura analisada foram consideradas como rígidas,


ou seja, os elementos se encontram engastados uns aos outros. Exemplos de como
os elementos são engastados podem ser vistos na figura abaixo:
10

Figura 4: Exemplo de engaste viga-pilar e pilar-pilar

3 CASOS E COMBINAÇÕES DE CARGAS

3.1 Combinação de carga 1 (Verificação dos Deslocamentos)

Para a verificação dos deslocamentos na estrutura, altera-se as ações


permanentes de uso e as ações da carga do vento. Dessa forma, a carga de projeto
considerada deve ser igual ao peso próprio do aço, somado ao peso próprio do
concreto (piso e cobertura), somado também a 40% da carga de uso e a 30% da carga
de vento.

3.2 Combinação de carga 2 (Verificação dos Esforços)

Para a verificação dos esforços na estrutura, altera-se as ações permanentes


do peso próprio e da carga de uso, bem como as ações da carga do vento. Dessa
forma, a carga de projeto deve ser igual a 1,25 do peso próprio do aço, somado a 1,40
do peso próprio da laje de concreto (piso e cobertura), somado também a 1,5 x 0,7 da
carga de uso e a 1,4 da carga de vento.
11

4 CRITÉRIOS DE FALHA

4.2 Escoamento e ruptura das seções

Pfeil (2013) afirma que ultrapassando o regime elástico, o material apresenta


uma propriedade, chamada escoamento ou cedência, caracterizada pelo aumento de
deformação com tensão constante. A tensão que produz o escoamento chama-se
limite de escoamento do material e os aços-carbono usuais têm limite de escoamento
250 MPa.

Como critério do dimensionamento, foi utilizado, além da análise do menor peso


possível para estrutura, o método das tensões combinadas, usando a seguinte
equação de verificação:

𝑁𝑆𝑑 8 𝑀𝑆𝑑,𝑥 𝑀𝑆𝑑,𝑦


+ ( + ) ≤ 1,0 Equação 01
𝑁𝑅𝑑 9 𝑀𝑅𝑑,𝑥 𝑀𝑅𝑑,𝑦

Onde:

𝑁𝑆𝑑 é a força normal solicitante de cálculo de tração ou de compressão,


a que for aplicável;

𝑁𝑅𝑑 é a força normal resistente de cálculo de tração ou de compressão,


a que for aplicável;

𝑀𝑆𝑑,𝑥 e 𝑀𝑆𝑑,𝑦 são os momentos fletores solicitantes de cálculo,


respectivamente em torno dos eixos x e y da seção transversal;

𝑀𝑅𝑑,𝑥 e 𝑀𝑅𝑑,𝑦 são os momentos fletores resistentes de cálculo,


respectivamente em torno dos eixos x e y da seção transversal;
12

Os esforços solicitantes devem ser observados quando os carregamentos agem


sobre a estrutura, enquanto os esforços resistentes são calculados através de outras
equações, que seguem:

𝐴𝑔 𝑓𝑦
𝑁𝑅𝑑 = (Carga de tração) Equação 02
1,1

𝑁𝑅𝑑 = 1,5 𝐴𝑔 𝑓𝑦 (Carga de compressão) Equação 03

𝑀𝑅𝑑 = 𝑊𝑥𝑡 𝑓𝑦
Equação 04
1,1

Onde:

𝐴𝑔 é a área bruta da seção;

𝑓𝑦 é o limite de escoamento do aço;

𝑊𝑥𝑡 é o módulo resistente à flexão da seção.

4.3 Deslocamento e desconforto excessivo

Outro critério de falha que deve ser observado no dimensionamento são as


condições de deslocamento da estrutura, tanto os verticais, quanto os horizontais.
13

Durante a execução de um projeto estrutural, um dos principais objetivos é evitar a


ocorrência de grandes deslocamentos, excessivas vibrações e danos locais.

O critério adota que a deflexão horizontal máxima no topo da edificação não


deve ser superior a H/400 (sendo H a altura do prédio), bem como a deflexão vertical
em cada viga não deve ser superior a L/350 (L sendo o comprimento livre da viga).

5 MODELO ESTRUTURAL ADOTADO

Figura 5: Modelo estrutural


14

Como pode-se observar na Figura 5, para efetuar a análise estrutural do pórtico


pertencente ao plano x1z devem, também, ser levados em consideração os elementos
perpendiculares que se apoiam nos elementos do plano.

Os carregamentos atuantes sobre as lajes são o seu peso próprio,


revestimentos e a carga acidental adotada – exceto para as lajes de cobertura, onde
só o peso próprio atua. As lajes são vinculadas de modo que, se há outra laje vizinha
à analisada elas são engastadas uma na outra e apoiadas sobre a viga, se não há a
laje é simplesmente apoiada sobre a viga. As reações das lajes são feitas como
determinadas na NBR 6118/14, onde são traçadas retas inclinadas, a partir dos
vértices da laje, com ângulo de 45º entre apoios do mesmo tipo e 60º a partir do apoio
engastado, sendo formados triângulos e trapézios onde a carga é uniformemente
distribuída sobre essas áreas é transferida para os elementos de apoio, as vigas.

Figura 6: Distribuição de Cargas nas Lajes

A tabela 3 mostra o cálculo da laje 1, de cobertura, e a distribuição das cargas


para as vigas – a viga 1 é a presente no plano, a viga 1.1 é a perpendicular à esquerda
e a viga 1.2 a perpendicular à direita. A tabela 4 mostra o mesmo exemplo de cálculo
para a laje 4, que se encontra na mesma posição da laje 1 mas em um pavimento
exatamente abaixo.
15

Tabela 3: Cálculo distribuição de cargas da Laje 1

Laje 1

Carga permanente
Peso (kN/m) Carga Carga
Lviga Atrapézio Hlaje específico
Viga Peso Contra acidental vigas
(m) (m²) (m) aparente Piso
Próprio piso (kN/m²) (kN/m)
(kN/m³) (kN/m²)
(kN/m²) (kN/m²)

V1 5 4,3923 0,10 2,50 0,00 0,00 0,00 2,20

V1.1 4 2,9282 0,10 25,00 2,50 0,00 0,00 0,00 1,83

V1.2 4 5,0718 0,10 2,50 0,00 0,00 0,00 3,17

Tabela 4: Cálculo distribuição de cargas da Laje 4

Laje 4

Peso Carga permanente (kN/m)


Carga Carga
Lviga Atrapézio Hlaje específico Peso Contra
Viga Piso acidental vigas
(m) (m²) (m) aparente Próprio piso
(kN/m²) (kN/m²) (kN/m)
(kN/m³) (kN/m²) (kN/m²)

V4 5 4,3923 0,10 25,00 2,50 0,42 0,18 2,00 3,43

V4.1 4 2,9282 0,10 25,00 2,50 0,42 0,18 2,00 2,85

V4.2 4 5,0710 0,10 25,00 2,50 0,42 0,18 2,00 4,94


16

As cargas que atuam nas vigas são: as transmitidas pela laje, o peso próprio e
a carga da parede que se encontra sobre a viga, considerando os tijolos e a argamassa
– exceto para as vigas que se encontram na cobertura, onde não há paredes.

Figura 7: Distribuição de Cargas nas Vigas

A tabela 5 mostra o exemplo de cálculo da viga 4 – referente à laje 4. Os


modelos de cálculo das outras lajes foram idênticos, havendo mudança apenas nas
cargas. A tabela 6 mostra o cálculo de uma viga perpendicular ao plano, onde foi
calculada a reação no pilar para futuro lançamento no programa Ftool.

Tabela 5: Cálculo de carga da viga 4

VIGA 4

Massa Peso Peso Carga


Carga Laje
Lviga (m) Linear Próprio Parede Total
(kN/m)
(Kg/m) (kN/m) (kN/m) (kN/m)

5 24 0,24 3,43 4,68 8,35


17

Tabela 6: Cálculo de carga da viga 4.1

VIGA 4.1

Massa Peso Carga Peso Carga


Lviga Reação
Pilar Linear Próprio Laje Parede Total
(m) pilar (kN)
(Kg/m) (kN/m) (kN/m) (kN/m) (kN/m)

P5 4 24 0,24 2,85 4,68 7,77 15,55

Os pilares resistem às cargas que vêm das vigas, tanto as do plano quanto as
perpendiculares, ao seu peso próprio – que atua como uma carga distribuída axial ao
elemento – e aos carregamentos dos pilares superiores – exceto para os pilares da
cobertura.

Além disso há a carga do vento que atua na estrutura de maneira global. Dada
a categoria e classe da edificação, é possível achar os fatores de cálculo e assim, a
pressão que atua na fachada. Para a consideração da força devido ao vento no pórtico
plano foi considerada a área de influência da carga do vento que atua na fachada
lateral ao pórtico do plano estudado, como demonstra a figura 8.

A partir da área de influência, pôde-se calcular a carga distribuída na lateral do


pórtico, como mostra a tabela 7.
18

Figura 8: Área de influência do vento no pórtico estudado

Tabela 7: Carga do vento no pórtico

CARGA VENTO

Carga
Altura V0 Pressão
Pavimento b p Fr S1 S2 S3 Vk dist.
(m) (m/s) (N/m²)
(kN/m)

1 3,00 0,72 21,50 283,32 0,57

2 6,00 0,78 23,44 336,92 0,67

3 9,00 0,82 24,66 372,87 0,75

4 12,00 0,85 25,57 400,67 0,80


0,85 0,13 0,98 1,00 1,00 30,00
5 15,00 0,88 26,29 423,66 0,85

6 18,00 0,90 26,90 443,42 0,89

7 21,00 0,91 27,42 460,84 0,92

8 24,00 0,93 27,88 476,48 0,95


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6 ANÁLISE MECÂNICA E DIMENSIONAMENTO

Foi realizado um pré-dimensionamento para as vigas, a partir da relação entre


o deslocamento vertical máximo estabelecido por norma (L/350) e a fórmula da flecha
para vigas engastadas (Equação 5), achando-se supostamente o momento de inércia
necessário para a seção.

𝑞 𝐿4
𝑓𝑚á𝑥 = Equação 05
384 𝐸𝑎
𝐼

Para o pré-dimensionamento dos pilares foi feita uma relação com o índice de
esbeltez máximo estabelecido por norma (λ<200) e a fórmula da tensão de flambagem
(Equação 6), associando à tensão de compressão e achando supostamente a área
mínima necessária para a seção dos pilares.

𝜋2 𝐸
𝜎𝑓𝑙 𝑎
= Equação 06
𝜆2

Após serem feitas as análises de combinações ambas as seções se mostraram


ineficientes. A seção escolhida para as vigas não satisfez à Equação 1, obtendo maior
que 1,0 na verificação de tensão combinada. A seção escolhida para os pilares
apresentou robustez excessiva, obtendo valor muito menor que 1,0 na verificação de
tensão combinada.

Assim, foram escolhidos diferentes perfis para os elementos da estrutura.


Foram selecionados os perfis W 150 x 24,0 e W 250 x 28,4 para vigas e pilares,
respectivamente. Cujas propriedades se encontram na Tabela 8.
20

Tabela 8: Propriedades dos perfis de vigas e pilares

Massa Espessura EIXO X - X EIXO Y - Y


Bitola (mm x d bf h d' Área
Linear tw Ix Wx Iy Wy ry
kg/m)
(kg/m)
(mm) (mm) tf (mm) (mm) (mm) (cm4) rx (cm)
(mm) (cm4) (cm³) (cm4) (cm³) (cm)

W 150x24,0 24 160 102 6,6 10,3 139 115 31,5 1384 173 6,63 183 35,9 2,41
W 250x28,4 28,4 260 102 6,4 10 240 220 36,6 4046 311,2 10,51 178 34,8 2,2

6.1 Combinação de carga 1 – Verificação de deslocamentos excessivos

Aplicando a combinação de carga mostrada no item 3.1 deste relatório, foram


obtidas as seguintes condições de carregamento para o modelo estrutural adotado
(Figura 9). Os resultados dos deslocamentos nos nós para essa combinação se
encontram na Tabela 9.

Figura 9: Cargas para verificação de deslocamentos


21

Tabela 9: Resultados da verificação dos deslocamentos

Deflexões

Dx Dy Rz
1 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00
2 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00
3 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00
4 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00
5 1,85E-03 -6,98E-04 -1,35E-03
6 1,87E-03 -1,34E-03 -8,91E-04
7 1,89E-03 -1,34E-03 -9,47E-04
8 1,90E-03 -7,40E-04 -6,21E-04
9 5,47E-03 -1,30E-03 -1,49E-03
10 5,46E-03 -2,50E-03 -1,13E-03
11 5,46E-03 -2,49E-03 -1,15E-03
12 5,46E-03 -1,38E-03 -9,15E-04
13 9,23E-03 -1,82E-03 -1,45E-03
14 9,22E-03 -3,47E-03 -1,07E-03
15 9,22E-03 -3,47E-03 -1,09E-03
16 9,23E-03 -1,93E-03 -8,38E-04
17 1,26E-02 -2,25E-03 -1,28E-03
18 1,26E-02 -4,27E-03 -9,17E-04
19 1,26E-02 -4,27E-03 -9,25E-04
20 1,26E-02 -2,37E-03 -6,67E-04
21 1,54E-02 -2,58E-03 -1,07E-03
22 1,54E-02 -4,89E-03 -7,18E-04
23 1,54E-02 -4,89E-03 -7,24E-04
24 1,54E-02 -2,72E-03 -4,50E-04
25 1,74E-02 -2,82E-03 -8,44E-04
26 1,74E-02 -5,34E-03 -5,14E-04
27 1,74E-02 -5,34E-03 -5,07E-04
28 1,74E-02 -2,96E-03 -2,36E-04
29 1,88E-02 -2,97E-03 -6,98E-04
30 1,88E-02 -5,60E-03 -3,11E-04
31 1,88E-02 -5,60E-03 -3,20E-04
32 1,88E-02 -3,11E-03 3,38E-05
33 1,96E-02 -3,02E-03 -3,58E-04
34 1,96E-02 -5,69E-03 -2,21E-04
35 1,96E-02 -5,68E-03 -1,40E-04
36 1,95E-02 -3,17E-03 -2,47E-05
MAIOR 0,01964 -0,005685 -0,001491
22

Vale ressaltar que tanto os nós quanto as barras não têm uma sequência
numérica devido a não organização no momento do lançamento no Ftool. Todavia, o
modelo do pórtico com a numeração de todos os seus elementos e nós seguem no
Anexo I.

Comparando os máximos valores obtidos com os limites anteriormente


estabelecidos, verifica-se que as seções adotadas atendem aso critérios de
deslocamento.

Tabela 10: Limites de deslocamento

Limite horizontal Limite vertical

0,06 -0,014285714

6.2 Combinação de carga 2 – Verificação de esforços a falha por


escoamento ou ruptura da seção

Aplicando a combinação de carga mostrada no item 3.2 deste relatório, foram


obtidas as seguintes condições de carregamento para o modelo estrutural adotado
(Figura 10). Os resultados dos esforços nas vigas e pilares se encontram nas tabelas
11 e 12, respectivamente.
23

Figura 10: Cargas para verificação de tensão combinada


24

Tabela 11: Resultado esforços nas vigas

VIGAS
Barra Valores σx σy Mz
Nói -3,87E+00 3,15E+01 2,31E+01
2
NóF 3,87E+00 3,48E+01 -3,13E+01
Nói -3,52E+00 2,87E+01 2,15E+01
5
NóF 3,52E+00 3,18E+01 -2,91E+01
Nói -3,90E+00 3,16E+01 2,36E+01
7
NóF 3,90E+00 3,46E+01 -3,10E+01
Nói 1,21E+00 3,14E+01 2,31E+01
9
NóF -1,21E+00 3,48E+01 -3,15E+01
Nói 2,71E-01 2,84E+01 2,06E+01
12
NóF -2,71E-01 3,21E+01 -2,99E+01
Nói 1,41E-01 3,10E+01 2,21E+01
14
NóF -1,41E-01 3,53E+01 -3,27E+01
Nói 5,42E-01 3,17E+01 2,38E+01
16
NóF -5,42E-01 3,45E+01 -3,07E+01
Nói -5,67E-02 2,85E+01 2,08E+01
19
NóF 5,67E-02 3,20E+01 -2,96E+01
Nói -5,13E-01 3,09E+01 2,18E+01
21
NóF 5,13E-01 3,53E+01 -3,29E+01
Nói 7,12E-01 3,22E+01 2,49E+01
23
NóF -7,12E-01 3,41E+01 -2,97E+01
Nói -1,89E-03 2,88E+01 2,15E+01
26
NóF 1,89E-03 3,17E+01 -2,90E+01
Nói -4,88E-01 3,10E+01 2,21E+01
28
NóF 4,88E-01 3,52E+01 -3,26E+01
Nói 8,41E-01 3,26E+01 2,61E+01
30
NóF -8,41E-01 3,36E+01 -2,85E+01
Nói 7,34E-02 2,91E+01 2,23E+01
33
NóF -7,34E-02 3,14E+01 -2,81E+01
Nói -3,97E-01 3,13E+01 2,27E+01
35
NóF 3,97E-01 3,50E+01 -3,20E+01
Nói 1,39E-01 3,31E+01 2,72E+01
37
NóF -1,39E-01 3,32E+01 -2,74E+01
Nói -3,39E-01 2,94E+01 2,31E+01
40
NóF 3,39E-01 3,11E+01 -2,73E+01
Nói -1,13E+00 3,15E+01 2,33E+01
42
NóF 1,13E+00 3,47E+01 -3,14E+01
Nói 3,58E+00 3,34E+01 2,79E+01
44
NóF -3,58E+00 3,29E+01 -2,66E+01
Nói 2,27E+00 2,97E+01 2,39E+01
47
NóF -2,27E+00 3,08E+01 -2,65E+01
Nói 2,37E+00 3,19E+01 2,41E+01
49
NóF -2,37E+00 3,44E+01 -3,04E+01
Nói 7,99E+00 9,12E+00 8,69E+00
51
NóF -7,99E+00 7,73E+00 -5,20E+00
Nói 8,09E+00 6,76E+00 5,04E+00
53
NóF -8,09E+00 7,34E+00 -6,51E+00
Nói 7,15E+00 7,18E+00 3,83E+00
55
NóF -7,15E+00 9,67E+00 -1,01E+01
25

A partir dos resultados obtidos foram calculados os esforços solicitantes e


resistentes de cálculo e obtenção da tensão combinada.

Tabela 12: Tensão combinada das vigas

NSD NRD MSD MRD


8,086 715,909 32,881 39,318
Tensão Combinada 0,755

Tabela 13: Resultado esforços nos pilares

PILARES
Barra Valores σx σy Mz
Nói 4,31E+02 -2,71E+00 4,55E+00
1
NóF -4,30E+02 2,96E+00 -1,29E+01
Nói 3,74E+02 -6,83E+00 -1,02E+01
3
NóF -3,73E+02 8,00E+00 -1,21E+01
Nói 8,49E+02 4,36E+00 1,35E+00
4
NóF -8,50E+02 -4,36E+00 1,17E+01
Nói 8,49E+02 3,55E+00 -3,69E-01
6
NóF -8,50E+02 -3,55E+00 1,10E+01
Nói 4,51E+02 8,92E+00 1,06E+01
8
NóF -4,53E+02 -9,17E+00 1,67E+01
Nói 3,17E+02 -6,79E+00 -1,10E+01
10
NóF -3,17E+02 7,96E+00 -1,11E+01
Nói 7,33E+02 4,71E+00 5,65E+00
11
NóF -7,35E+02 -4,71E+00 8,48E+00
Nói 7,33E+02 3,17E+00 3,65E+00
13
NóF -7,35E+02 -3,17E+00 5,85E+00
Nói 3,92E+02 1,17E+01 1,62E+01
15
NóF -3,92E+02 -1,28E+01 2,05E+01
Nói 2,61E+02 -7,42E+00 -1,27E+01
17
NóF -2,60E+02 8,59E+00 -1,13E+01
Nói 6,19E+02 3,78E+00 6,04E+00
18
NóF -6,20E+02 -3,78E+00 5,28E+00
Nói 6,18E+02 3,04E+00 4,92E+00
20
NóF -6,20E+02 -3,04E+00 4,19E+00
Nói 3,31E+02 1,09E+01 1,72E+01
22
NóF -3,32E+02 -1,15E+01 1,65E+01
Nói 2,03E+02 -7,88E+00 -1,36E+01
24
NóF -2,03E+02 9,05E+00 -1,18E+01
Nói 5,04E+02 3,18E+00 5,66E+00
25
NóF -5,05E+02 -3,18E+00 3,87E+00
Nói 5,04E+02 2,58E+00 4,87E+00
27
NóF -5,05E+02 -2,58E+00 2,88E+00
26

Nói 2,70E+02 1,07E+01 1,74E+01


29
NóF -2,71E+02 -1,14E+01 1,57E+01
Nói 1,46E+02 -8,21E+00 -1,43E+01
31
NóF -1,45E+02 9,38E+00 -1,21E+01
Nói 3,89E+02 2,46E+00 4,86E+00
32
NóF -3,90E+02 -2,46E+00 2,53E+00
Nói 3,89E+02 2,10E+00 4,33E+00
34
NóF -3,90E+02 -2,10E+00 1,96E+00
Nói 2,09E+02 1,05E+01 1,73E+01
36
NóF -2,10E+02 -1,12E+01 1,51E+01
Nói 8,74E+01 -9,24E+00 -1,51E+01
38
NóF -8,66E+01 1,04E+01 -1,44E+01
Nói 2,75E+02 1,70E+00 3,71E+00
39
NóF -2,76E+02 -1,70E+00 1,37E+00
Nói 2,75E+02 1,63E+00 3,73E+00
41
NóF -2,76E+02 -1,63E+00 1,15E+00
Nói 1,49E+02 1,01E+01 1,67E+01
43
NóF -1,50E+02 -1,09E+01 1,47E+01
Nói 2,88E+01 -6,82E+00 -1,35E+01
45
NóF -2,79E+01 7,99E+00 -8,69E+00
Nói 1,60E+02 1,22E+00 3,06E+00
46
NóF -1,62E+02 -1,22E+00 5,88E-01
Nói 1,60E+02 8,32E-01 2,28E+00
48
NóF -1,62E+02 -8,32E-01 2,11E-01
Nói 8,84E+01 1,04E+01 1,78E+01
50
NóF -8,96E+01 -1,12E+01 1,46E+01
Nói 4,60E+01 -9,28E-02 1,53E-01
52
NóF -4,72E+01 9,28E-02 -4,31E-01
Nói 4,60E+01 9,33E-01 2,68E+00
54
NóF -4,72E+01 -9,33E-01 1,20E-01
Nói 2,85E+01 7,15E+00 1,01E+01
56
NóF -2,96E+01 -8,01E+00 1,27E+01

Tabela 14: Tensão combinada dos pilares

NRD NSD MRD MSD


1372,500 849,936 70,727 20,463
Tensão Combinada 0,876

Comparando os valores obtidos nas vigas e pilares com o limite anteriormente


estabelecido, verifica-se que as seções adotadas atendem aso critérios das tensões
combinadas.
27

7 CONCLUSÕES FINAIS

O presente estudo atendeu com êxito o dimensionamento da estrutura metálica


proposta, atendendo tanto a verificação de esforços na falha por escoamento ou
ruptura da seção quanto a verificação de deslocamentos excessivos através das
tensões combinadas.

Na verificação dos deslocamentos excessivos, a estrutura apresentou um


deslocamento horizontal máximo de aproximadamente 0,02 m (Tabela 9) enquanto o
limite estabelecido pelo critério do projeto (H/400) foi de 0,06. Da mesma forma o
deslocamento vertical máximo de aproximadamente - 0,006 m (Tabela 9) foi inferior ao
limite estabelecido (L/350) que tem o valor de – 0,014 m. Portanto nota-se o
atendimento aos critérios de falha para deslocamentos excessivos, isso se deve mais
pelo fato dos vãos possuírem comprimentos não muito longos e do prédio não ser tão
alto, a ponto de favorecer o deslocamento horizontal.

Na verificação das tensões combinadas, a estrutura apresentou, para as vigas,


o parâmetro para tensão combinada igual a 0,755 e para os pilares igual a 0,876
(Tabelas 12 e 14). O critério de falha nessa situação equivale ao parâmetro da tensão
combinada ser maior que uma unidade (Equação 01) e nas duas situações o valor foi
inferior. Quanto mais próximo de uma unidade o parâmetro for, mais ótima é
considerada aquela seção que gerou os esforços responsáveis pela tensão combinada
e quanto mais próxima de zero, mais superdimensionada será a seção. Para tanto,
considerou-se que entre 0,7 e 0,9 estaria compreendido um intervalo ideal,
considerando uma margem de segurança no dimensionamento.

Por fim, vale ressaltar que os resultados não são os mais perfeitos possíveis
quando se trata do dimensionamento global do pórtico, pois o modelo estrutural
adotado leva em consideração apenas um plano do pórtico, para viabilidade de uso do
Ftool. O ideal seria a utilização de um modelo mais próximo da realidade, analisando
a estrutura como um todo, adotando-se um modelo 3D, por exemplo.
28

8 REFERÊNCIAS

[8.1] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de


estruturas de concreto armado. Rio de Janeiro, 2014.

[8.2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: Cargas


para Cálculo de estruturas e edificações. Rio de Janeiro, 1980.

[8.3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123: Força


devido aos ventos. Rio de Janeiro, 1988.

[8.4] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8621: Ações e


segurança na estrutura – Procedimento. Rio de Janeiro, 2003.

[8.5] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800: Projeto de


estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Rio de Janeiro,
2008.

[8.6] Leet, Kenneth M. Fundamentos da análise estrutural [recurso eletrônico]/ Keneth


M. Leet, Chia-Ming Uang, Anne M. Gilbert; tradução: João Eduardo Nóbrega Tortello;
revisão técnica: Pedro V. P. Mendonça. – 3. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre:
AMGH, 2010.

[8.7] Pfeil, Walter. Estruturas de aço: dimensionamento prático I. Walter Pfeil, Miche!e
Pfeil - 8.ed. - Rio de Janeiro: LTC, 2009.
29

ANEXO A – Numeração dos nós e elementos do pórtico analisado

Figura 11: Numeração dos elementos do pórtico

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