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NOME DA REVISTA

DURABILIDADE DE CONCRETOS PRODUZIDOS


COM AGREGADOS RECICLÁVEIS PROVENIENTES
DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO
CLAYTON BONANI NOVAIS
RESUMO
Cla.bono@hotmail.com
Os recursos naturais, antes tidos como inesgotáveis e renováveis, tem
trazido muita incerteza sobre o futuro da construção civil e gerado gra-
ves problemas ambientais e sanitários. A falta de aterros para o descarte
do grande volume dos resíduos gerado pela construção civil nos faz
perceber a importância de estudos que viabilizem a reutilização destes
materiais. Assim, será realizado um estudo experimental em concretos
produzidos com a substituição, em diferentes percentuais, dos agrega-
dos miúdos naturais, por agregados reciclados, avaliando as proprie-
dades mecânica de resistência à compressão axial, trabalhabilidade,
absorção de agua e estudar aspectos de durabilidade desses concretos,
quando submetidos a penetração acelerada de íons de cloreto. Será
moldados corpos de prova (CPs) seguindo os critérios da ABCP em
duas relação água cimento (A/C) (0.4 e 0,6) e em quatro porcentagens
de substituições e um referência, (REF, 25%, 50%, 75% e 100).

Palavras-Chave: compressão axial; absorção de água e porosidade; íons


de cloreto

ABSTRACT

Natural resources, previously considered as inexhaustible and


renewable as it follows its exploration of excessive and uncon-
trolled manner has caused much uncertainty about the future of
construction and created serious environmental and health prob-
lems. The lack of landfill for proper disposal of large volume of
waste generated by the construction makes us realize the im-
portance of studies that make feasible the reuse of these materi-
als. Due to these reasons an experimental study will be conduct-
ed in con - crete produced by replacing, in different percentages
of natural aggregates by recycled aggregates kids , evaluating
the mechanical properties of compressive strength , workability,
water absorption and study aspects of durability of these con-
crete, when subjected to accelerated penetration of chloride ions
. CPs will be molded according to the criteria of ABCP in two the
Anhanguera Educacional Ltda. A / C ( 0.4 and 0.6 ) and four percentages of substitutions and
reference ( REF, 25 % , 50 % , 75 % and 100 ) .
Correspondência/Contato

Alameda Maria Tereza, 4266

Valinhos, São Paulo

CEP 13.278-181

rc.ipade@anhanguera.com

Sistema Anhanguera de Revistas Eletrônicas


Modelo versão 31 1
sare.anhanguera.com

Coordenação
DURABILIDADE DE
CONCRETOS PRODUZIDOS
COM AGREGADOS
RECICLÁVEIS
PROVENIENTES DE
RESÍDUOS DE
CONSTRUÇÃO

Anhanguera Educacional Ltda.

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Coordenação
Clayton Bonani Novais 3

1. Introdução

O crescimento populacional e o acelerado processo de urbanização dos municípios têm contribu-


ído para a geração de grandes volumes de resíduos de construção e demolição (RCD). A constru-
ção civil é sem dúvidas o maior gerador de resíduos de toda a sociedade.

No Brasil, não há números precisos que apontam uma estimativa nacional da


geração de resíduos. As estimativas pontuais levam a uma geração anual entre 220 a 670
quilos por habitante. Na cidade de São Paulo, só a indústria da construção civil gera 90.000
metros cúbicos de entulho por mês e esse montante corresponde apenas ao material que
chega a aterros oficiais. Para um edifício, cuja massa de materiais equivale a 1000 kg/m², o
entulho gerado corresponde a aproximadamente 5% da massa total do edifício (ANDRADE
et al., 2001; JOHN, 2000; PINTO, 1999, apud Vieira, 2003).

Portanto é de extrema importância buscar alternativas para reduzir o acúmulo


destes resíduos. Uma delas seria a melhoria da qualidade dos processos da construção civil,
o que resultaria em uma redução de perda de materiais. Outra alternativa reciclar esses
resíduos. A reciclagem pode resultar na redução de custos e do volume de extração da
matéria-prima, preservando os recursos naturais e minimizando os problemas gerados
pelos resíduos de construção.

Para que seja possível realizar uma análise do comportamento do concreto


produzido com RCD’s, se faz necessário conhecer algumas características dos agregados
usados no traço de concreto e também algumas características do concreto já endurecido.

Considerando que os agregados reciclados, principalmente os materiais cerâmicos,


são materiais porosos e apresentam uma taxa elevada de absorção de água, e que pode in-
fluenciar na relação final do fator água cimento (A/C), deixando o concreto muito seco, de-
ve-se avaliar criteriosamente esta propriedade para que não venha a interferir na durabili-
dade (TROIAN,2010)

Os íons de cloreto são considerados uns dos piores agentes de deterioração de uma
estrutura de concreto, pois eles penetram na estrutura porosa do concreto e atingem a
armadura, podendo provocar corrosão e levar a estrutura ao colapso.

Por estes motivos, será realizado um estudo comparativo entre um concreto


moldado com os agregados naturais, que servirá como valores de referência, e concretos
obtidos com a substituição do agregado miúdo natural por agregado miúdos obtidos
através da reciclagem de RCD. Para esta comparação será utilizado a resistência à

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compressão axial, a trabalhabilidade, a absorção de água e a sua durabilidade quando


submetidos a ataques de íons de cloreto.

2. Justificativa

Há uma grande preocupação com o futuro da engenharia civil, no que tange á fonte de matéria
prima natural. O esgotamento de algumas fontes de jazidas de rocha basáltica e calcária, e dos
areeiros implica diretamente sobre o valor das edificações, devido ao afastamento cada vez mais
das jazidas dos locais de consumo. E isto está motivando vários pesquisadores em se empenha-
rem nos estudos da utilização do RCD como uma possível substituição dos agregados naturais.

A reciclagem dos RCD representa vantagens econômicas, sociais e ambientais, tais


como:

• economia na aquisição de matéria-prima, devido à substituição de materiais


convencionais, pelo resíduo;

• diminuição da poluição gerada pelo resíduo;

• minimizar as consequências negativas como enchentes e assoreamento de


rios e córregos, decorrente da disposição irregular;

• preservação das reservas naturais de matéria-prima;

• diminuição do resíduo depositado em aterros;

• abertura de novos negócios e geração de empregos diretos e indiretos.

Porem, para que estes agregados naturais possam ser substituídos por RCD se faz
necessário que os concretos produzidos com estes materiais apresentem características
similares aos produzidos com agregados naturais, para que sejam atendidas as exigências
de normas já impostas aos concretos convencionais.

Sabe-se que os íons de cloreto nas estruturas de concreto são originados de duas
formas: no amassamento, sendo este então incorporado na pasta do concreto devido a
agregados contaminados, um exemplo clássico são as areias das praias.

Pode também estar inseridos por meio externo, Troian, (2010) citou Siqueira (2008)
que escreveu que as formas de contaminação dos concretos por íons cloretos e o mecanismo
de transporte destes íons através da rede de poros ocorrem de quatro formas: Absorção
Capilar, Permeabilidade, Difusão e Migração Iônica.

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Devido à estas necessidades, o escopo deste trabalho acadêmico, será uma análise
da resistência à compressão axial, a absorção de água e a sua durabilidade do concreto,
usando RCD como agregado, quando submetidos a ataques de íons de cloreto.

3. Concreto

3.1 Porosidade e absorção de água

Segundo Cascudo (1997). Os mecanismos de transporte de cloretos estão diretamente ligados ao


tamanho e a comunicação entre os poros e são responsáveis pela movimentação dos cloretos no
interior do concreto. Os principais são a absorção capilar, difusão iônica permeabilidade sob
pressão e migração iônica.

Cascudo (1997) definiu os mecanismos de transporte de cloretos como:

Absorção: é a absorção de soluções ricas em íons provenientes de sais dissolvidos,


e em sua maioria das vezes ocorrem em ambientes marinhos e geralmente representa o
primeiro passo para a contaminação externa da peça de concreto.

A absorção capilar é dependente da porosidade aberta (comunicação entre os


poros) e isto permite o transporte de substancias para o interior da peça.

Difusão iônica: com exceção da absorção capilar, que se dá, primeiramente, por
contaminação superficial a difusão iônica ocorre no interior do concreto, onde o teor de
umidade é mais elevado, então a difusão iônica é o mecanismo de transporte predominante
dos cloretos.

Permeabilidade: é um dos principais parâmetros de qualidade do concreto e estão


diretamente relacionados com a interconexão dos poros, devido a este princípio, os aditivos
incorporadores de ar não contribuem para a permeabilidade devido seus poros não estarem
ligados entre si.

Migração iônica: no concreto, a migração pode se dar pelo próprio campo elétrico
gerado pelo processo eletroquímico, como o que ocorre em um processo de proteção
catódica.
Em suma pode-se afirmar que na grande maioria dos casos, os mecanismos de transporte
de cloretos presente nos concretos são a absorção capilar e a difusão iônica. A absorção se
da na camada superficial do concreto, geralmente onde ocorre a molhagem e a secagem do
cobrimento pela ação das intemperes: mais para o interior do concreto onde as presenças
de eletrólitos são mais constantes, tem-se basicamente a difusão, (CASCUDO, 1997).
O estudo da absorção de água em agregados reciclados é de extrema relevância,
sendo um material mais poroso que o agregado convencional ele pode interferir no

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comportamento do concreto quando adicionados na mistura, podendo prejudicar a


durabilidade e a resistência do novo material. Apesar do fato dos RCD possuírem uma
composição heterogênea e por muitas vezes não se enquadrarem em critérios específicos,
estes apresentam grande potencial para ser reciclados.

Bicca, (2000) relata que, de uma maneira geral, a formação dos poros na pasta de
cimento hidratada se dá, em sua maioria dos casos, por dois motivos: pelos poros capilares
que são vazios não ocupados pela hidratação da pasta de cimento e estão associados com a
água capilar; por isto vão depender da relação A/C e do grau de hidratação da pasta: os
poros também podem ser formados durante o processo de mistura, momento em que certa
quantidade de ar é aprisionada na pasta, porem parte deste ar é normalmente expulso por
ocasião do adensamento do concreto.

De modo geral, o concreto com agregados reciclados precisam responder


satisfatoriamente ao transporte de fluídos, para que se possa produzir um concreto de
qualidade e então possa ser avaliada a durabilidade destes concretos.

3.2 Penetração acelerada de íons de cloreto

As armaduras de aço que estão dentro de um concreto são protegidas da corrosão devido a um
fenômeno conhecido como passivação do aço, devido a uma alta alcalinidade do concreto com
valores que chega até a um Ph de 12.5. (HELENE, 1997)

Segundo TROIAN (2010), os íons cloreto podem aparecer no concreto devido a


uma contaminação dos agregados incorporados na receita no amassamento. Quando o
concreto alcança o seu estado endurecido, os íons começam um processo de despacivação
da armadura.

Outra forma se dá por um processo de agentes externos que, penetram no concreto


já endurecido, servindo como veículo para os íons de cloreto. Então se torna realmente
fundamental o entendimento de sua forma de atuação e a capacidade dos materiais de
impedirem a sua penetração acarretando em um menor índice de corrosão e assim
aumentando a vida útil da estrutura.

Troian, 2010 citou Gentil, 1996 que relatou o seguinte sobre o meio de corrosão.

A corrosão de armaduras no interior do concreto procede basicamente por mecanismos


eletroquímicos, onde ocorre uma reação elétrica que envolve a condução de cargas, ou se-
ja, elétrons entre regiões diferentes de um mesmo metal. Pode ser feito uma subdivisão no
metal, pois em uma região ocorrem as reações que equivalem à perda de elétrons (região
anódica), enquanto em outra se processam as reações de consumo de elétrons (região ca-

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tódica). A movimentação de íons ocorre pelo eletrólito, que, se tratando do concreto, é a


solução contida nos seus poros. Na região anódica acontecem as reações de oxidação do
metal, que consiste na dissolução do átomo metálico ou na liberação de íons metálicos pa-
ra o eletrólito e formação de um fluxo de elétrons através do eletrodo (metal) para a região
catódica.

A corrosão pode ser acelerada por agentes agressivos contidos ou absorvidos pelo
concreto, entre eles podem-se citar os íons sulfetos (S--), os cloretos (Cl-), os nitritos (NO3),
o gás sulfídrico (H2S), o cátion amônio (NH4+), os óxidos de enxofre (SO2, SO3), gás
carbônico (CO2), dentre outros. Esses agentes não permitem a formação ou quebram a
película existente de passivação do aço, acelerando a corrosão (HELENE, 1997).

A compreensão da AASHTO T277 (ASTM C1202) teve como base a movimentação


de íons cloretos por ação de um campo elétrico, que, por possuírem carga negativa, migram
em direção a outro pólo eletroquimicamente positivo. O procedimento do ensaio é
controlado através da corrente passante, sendo que o aumento da mesma pode ser
correlacionado com uma maior quantidade de cloretos que penetra do concreto, onde o
acréscimo da concentração de cloretos diminui a resistividade do concreto. Apesar de este
método ser muito utilizado no meio científico existem muitas controvérsias em relação aos
princípios do ensaio (ANDRADE et.al, 1993, apud Vieira,2003).

O método é acelerado, o que não retrata as condições normais de exposição de um


concreto ou argamassa, pois apresenta uma diferença de potencial elevada (60 V) tornando
o ensaio um tanto agressivo. Este fato relata que as análises realizadas só servem para uma
avaliação qualitativa. Kulakowski (1994), apud Vieira (2003).

Vieira (2003) e Troian 2010 relataram que no boletim técnico publicado pela Grace Cons-
truction Products (2006) comparando métodos de ensaio, é destacado o fato do ensaio não
medir a resistência à penetração dos íons cloreto, mas sim mede a resistividade do concre-
to, e não representa uma situação real, pois não há condição em que o concreto seja expos-
to a uma diferença de potencial de 60V na vida útil das estruturas. Seguindo a mesma li-
nha de pensamento, Shi et.al (1998) destacam que a medição da corrente passante especifi-
cada pela ASTM C1202 não é um método correto para avaliar a penetração rápida de clo-
retos em concretos com uso de materiais cimentícios. Os autores alegam que estes materi-
ais causariam reduções na resistividade elétrica em mais de 90%, em função da modifica-
ção na composição da solução dos poros, fator esse pouco importante no transporte de
íons cloreto no concreto. Apesar de este teste apresentar muita controvérsia, Bicca (1996)
conclui que o método da ASTM C1202 pode ser considerado válido para situações de con-
trole de parâmetros de qualidade quando feito para concretos com mesmos componentes e
proporções de mistura e é aplicável em quase todos os tipos de concretos, principalmente
quando se deseja comparar resultados em relação a outro de referência.O teste inicialmen-
te possui na câmera do cátodo solução de íons cloreto e na câmera do ânodo ausência de

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cloretos, onde há a presença de água destilada ou solução de Ca (OH)2. A tensão então é


aplicada para induzir os íons cloreto através do concreto até a câmara do ânodo e a solu-
ção nesta câmara é periodicamente controlada, coletando-se amostras para determinar a
concentração de cloretos nessas amostras. A mudança da concentração de cloretos em fun-
ção do tempo permite um cálculo dos coeficientes de difusão, através de modelo matemá-
tico (STANISH et.al, 1997, apud Vieira, 2003).

A diferença mais importante a ser destacada entre os métodos de ensaio é a tensão


aplicada. Isto pode afetar diretamente o tempo necessário para realizar o teste. A tensão
deve ser suficientemente baixa para evitar o aquecimento da amostra e suficientemente alta
para garantir uma curta duração do teste (GJØRV and ANDRADE, 1993; DELEGRAVE,
et.al, 1996 apud PEREIRA,2001,apud,Vieira,2003).

4 Metodologia
Visando cumprir os objetivos propostos neste trabalho de avaliar, mediante experimentos labora-
toriais, algumas propriedades do RCD e do concreto produzido com ele, foram realizados ensai-
os de caracterização para poder avaliar algumas propriedades e o comportamento destes materi-
ais.

Para elaborar a receita de concreto foram adotadas as diretrizes da ABCP, o


cimento de escolha foi o Cauê CPII-F

Para que possamos ter uma quantidade considerável de dados e assim poder
realizar uma analise do comportamento do concreto produzido com diferentes
porcentagens de substituição de areia virgem por RCD miúdo foram dosados, pelo método
da ABCP, receitas com substituição de 25%, 50%, 75% e 100% do agregado miúdo natural
pelo agregado proveniente de britagem do RCD e uma outra receita com os agregado
naturais para poder servir como referência.

Os materiais separados para confecção da receita de concreto foram, em quase sua


totalidade, rejeito cerâmico como mostra o gráfico 1. Assim ocorreu um significativo
esforço para selecionar materiais com pouca variação em suas características, mesmo
sabendo que os materiais possuem uma alta absorção de água e porosidade elevada.

Os RCD, principalmente os de rejeito cerâmicos, possuem em suas propriedades


uma taxa elevada de absorção de água e um alto teor de porosidade. Para avaliar os efeitos
que absorção de água dos RCD tem sobre o concreto, foram fixado duas relação A/C (0,4 e
0,6). Devido a estas problemáticas as receitas foram dosadas em função da relações A/C e
não em função da resistência de projeto e por este motivo não foi utilizada a curva de
ABRANS.

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Para cada relação água cimento foram dosadas uma receita com materiais virgem e
para as quatro porcentagem de substituição, para cada receita foram retirado 8 corpos de
prova (CP’s) sendo rompidos 2 nas idades de 7, 14, e 28 dias para avaliar a resistência a
compressão.

Para o ensaio de absorção de água foi destinado 1 CP e, e por fim 1 CP, do qual
foram retirados duas amostras, para o ensaio de ataque acelerado de íons de cloreto.

TROIAN, 2010 citou ZORDAN, 2000, que relata que os RCD provavelmente seja o
material mais heterogêneo dos resíduos industriais. Tendo em vista a grande quantidade e
a grande diversidade de matérias que são empregados em um mesmo empreendimento de
construção civil, sendo que nem ao menos um resíduo de concreto ou argamassa é igual,
quando comparados com materiais de duas obras.
GRÁFICO 1:PORCENTAGEM DO RCD

FONTE : AUTOR, 2014

Os materiais foram coletados em uma empresa que confecciona churrasqueiras,


esta empresa recebe os materiais proveniente de várias obras, porém a maior parte destes
materiais são provenientes de rejeitos cerâmicos de algumas olarias situadas nas
proximidades de Campo Grande-MS.

Os resíduos foram coletados e logo após sua coleta foram retiradas as impurezas,
como materiais metálicos, gesso, madeira, resíduos orgânicos, entre outros.

5 Caracterização dos materiais


Os RCD’s triturados foram passados por uma peneira #4,8 para se obter o agregado reciclado
miúdo, nos quais seriam utilizados nas misturas de concreto.

Para a granulometria foram adotadas as diretrizes da NBR NM 248:2003. De


acordo com os resultados obtidos nas amostras dos materiais granulares miúdos, naturais e
dos RCD, verificou-se que os agregados miúdos naturais apresentaram uma curva
granulométrica uniforme, ou seja, as grandes maiorias dos grãos possuem uma faixa de
tamanho semelhantes e isto pode prejudicar o empacotamento dos agregados no concreto,
enquanto que os agregados proveniente da britagem do RCD apresentaram uma curva bem

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graduada e um módulo de finura bem maior que a do agregado miúdo natural ensaiados,
isto poderá influenciar no ganho de resistência mecânica e diminuir a porosidade. Como
pode ser verificado no gráfico abaixo:
GRÁFICO 2: CURVA GRANULOMÉTRICA DOS MATERIAIS QUE COMPÕE O TRAÇO

FONTE: AUTOR, 2014

Analisando a curva granulométrica e devido a grande discrepância entre as


granulometrias, foram realizadas varias combinações de areia virgem e pedrisco a fim de
encontrar uma curva granulométrica que se assemelha com a curva granulométrica dos
RCD’s para minimizar a diferença entre os materiais usados na elaboração da receita de
concreto.
GRÁFICO 3: CURVA GRANULOMÉTRICA DOS COMPOSIÇÕES

FONTE: AUTOR, 2014

Mesmo com várias composições de agregado miúdo e pedrisco não foi possível
encontrar uma curva granulométrica que encaixasse próximo a curva do RCD. Então foi
adotado como parâmetro de escolha uma composição que tenha o mesmo módulo de
finura do RCD ensaiado.

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Verifica-se então, que a composição com as características mais semelhantes ao


agregado miúdo proveniente da britagem de resíduos de construção é a composição de
63,5% de areia virgem e de 36,5% de pedrisco conforme o gráfico abaixo.
GRÁFICO 4: MODULO DE FINURA DAS SUBSTITUIÇÕES, RCD E AREIA VIRGEM

FONTE: AUTOR, 2014

Para a determinação da massa específica real foram adotados os parâmetros da


NBR 6508: porém no momento em que as amostras foram aquecidas, as amostras dos
agregados miúdo de RCD foram fragmentadas, devido estes contratempos também foram
verificados a determinação da massa específica do agregado miúdo de RCD pelo frasco de
Chapman- NBR9776, que serviu para uma avaliação da variação da massa específica real
causada pela fragmentação do agregado de RCD.

Para o peso específico do agregado miúdo, foi realizada uma composição nas
proporções de 63,5% de areia virgem e de 36,5% de pedrisco e esta composição foi
denominada como Amostra 1. Tendo definido a amostra 1, foram introduzido o RCD em
diferentes porcentagem e uma outra amostra, composta de areia virgem, pedrisco e RCD
miúdo, foi denominada de Amostra 2, com pode-se verificar na tabela abaixo.
TABELA 1: DADOS UTILIZADOS PARA DOSAGEM DA RECEITA A/C 0,4

Relação agua/Cimento 0,4


Ƴ Areia Ƴ Ƴ RCD Ƴ Ƴ Pedrisco Ƴ Amostra Ƴ Amostra
Picnômetros Pedrisco (Chapman) Areia (63,5%) (36,5%) 1 2
Referência 2639 3036 1675,765 1108,14 2783,905 2784
100% 2639 3036 2336 1675,765 1108,14 2783,905 2336
75% 2639 3036 2336 1675,765 1108,14 2783,905 2448
50% 2639 3036 2336 1675,765 1108,14 2783,905 2560
25% 2639 3036 2336 1675,765 1108,14 2783,905 2672
(Peso especí-
ɣ Kg/m^3
fico)
Amostra 1 Equivale a composição de 63,5% de areia natural e 36,5% de pedrisco
Amostra 2 Equivale a composição da amostra 1 e o RCD em suas porcentagem de substituição
FONTE: AUTOR, 2014

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TABELA 2: DADOS UTILIZADOS PARA DOSAGEM DA RECEITA A/C0,6

Relação agua/Cimento 0,6


ɣ
ɣ ɣ ɣ ɣ ɣ
Areia ɣ
) RCD Areia Pedrisco Amostra Amostra
(Picnôme- Pedrisco
(Chapman) (63,5%) (36,5%) 1 2
tros)
Ref. 2639 3036 1675,765 1108,14 2783,90 2784
100% RCD 2639 3036 2336 1483,36 1108,14 2591,5 2336
75% RCD 2639 3036 2336 1483,36 1108,14 2591,5 2400
50%RCD 2639 3036 2336 1483,36 1108,14 2591,5 2464
25%RCD 2639 3036 2336 1483,36 1108,14 2591,5 2528
(Peso
ɣ Kg/m^3
específico)
Amostra 1 Equivale a composição de 63,5% de areia natural e 36,5% de pedrisco
Amostra 2 Equivale a composição da amostra 1 e o RCD em suas porcentagem de substituição

FONTE: AUTOR, 2014

A massa específica do cimento foi determinada por meio do frasco volumétrico de Le Chatelier, segundo
o disposto na Norma NM 23:2000. Também foi realizado ensaio de peso específico aparente do agregado
graúdo, conforme a NBR NM 53.

Na tentativa de minimizar os problemas de uma alta porosidade e absorção de


água, o abatimento tronco de cone adotado para cálculo da receita foi de 90 mm, podendo
variar em 10 mm tanto para mais como para menos e o teor de argamassa foi corrigido para
0,5.
TABELA 3: DADOS UTILIZADOS PARA DOSAGEM DA RECEITA A/C0,4

Relação agua/Cimento 0,4


Teor
Ƴ
Ƴ Ƴ
MF (Kg/m^3) D Max Ar-
( Kg/m^3) (Kg/m^3) Abatimento
Amostra/RCD Brita 0 (brita 0) ga-
Cimento Brita 0
(Compactada) mas-
sa
3085 2,71 3014 1665 19 mm (80 a 100)mm 0,5
3085 2,71 3014 1665 19 mm (80 a 100)mm 0,5
3085 2,71 3014 1665 19 mm (80 a 100)mm 0,5
3085 2,71 3014 1665 19 mm (80 a 100)mm 0,5
3085 2,71 3014 1665 19 mm (80 a 100)mm 0,5
FONTE: AUTOR, 2014

TABELA 4: DADOS UTILIZADOS PARA DOSAGEM DA RECEITA A/C0,6

Relação água/Cimento 0,6


Ƴ Ƴ Ƴ
MF D Max Teor
(Kg/m^3) (Kg/m^3) (Kg/m^3) Abatimento
(Amostra/RCD) (brita 0) Argamassa
Brita 0 Brita 0

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Clayton Bonani Novais 13

Cimento (Compactada)
3085 2,71 3014 1665 19 mm (80 a 100)mm 0,5
3085 2,71 3014 1665 19 mm (80 a 100)mm 0,5
3085 2,71 3014 1665 19 mm (80 a 100)mm 0,507
3085 2,71 3014 1665 19 mm (80 a 100)mm 0,5
3085 2,71 3014 1665 19 mm (80 a 100)mm 0,506
FONTE: AUTOR, 2014

6 Apresentação dos resultados

6.1 Absorção de água


A absorção de água tem relação direta com a porosidade do material. BICCA (2000), cita que a
permeabilidade do concreto esta relacionada diretamente com a porosidade dos materiais que
formam a pasta.

Para determinar a absorção de água foram seguidas as diretrizes da NBR 9778.


Foram ensaiados 1 CP apenas na idade de 28 dias e o resultado estão dispostos na tabela a
seguir.
TABELA 5: ABSORÇÃO DE ÁGUA A/C 0,4(KG/ M^3)

A/C 0,4
Peso sat. Peso seco
% da mistura % absorção
(Kg/m^3) (Kg/m^3)
REF 3919,2 3721,3 5,32
100% 3649,2 3373,3 8,18
75% 3726,4 3471,2 7,35
50% 3763,1 3516,4 7,02
25% 3748,5 3529,2 6,21

FONTE: AUTOR, 2014

TABELA 6: ABSORÇÃO DE ÁGUA A/C 0,6 (KG/M^3)


Absorção de água
Peso sat Peso seco
% da mistura % absorção
(Kg/m^3) (Kg/m^3)
REF 3884,6 3655 6,28
100% 3663,8 3379,3 8,42
75% 3730,3 3511,2 6,24
50% 3793,9 3597,2 5,47
25% 3886,1 3657,1 6,26

FONTE: AUTOR, 1014


Avaliando os resultados pode-se concluir que o peso dos CPs varia à medida que
aumenta a substituição dos agregados miúdo, esta variação de peso ocorre devido ao fato
que materiais cerâmicos possuem um peso específico menor que o peso específico da areia
natural

Como os materiais cerâmicos possui um alto índice de porosidade, a absorção de


água também tem um comportamento linear, ou seja, conforme aumenta a porcentagem de
substituição dos agregados também aumenta a absorção de água.

6.3 Resistência à compressão axial


‘Nome da Revista • Vol. xx, Nº. xx, Ano 2013 • p. 1-22
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Os corpos de prova submetidos ao ensaio de compressão axial seguiram os padrões estabelecidos


pela NBR 5739- Concreto: ensaios de compressão em corpos de provas cilíndricos.

A relação A/C é o fator de maior importância para o ganho de resistência nos


concretos. A resistência à compressão axial neste trabalho foi tratada estatisticamente
estudando a influencia da variação da relação A/C e a variação das porcentagens de
substituição do agregado miúdo natural, pelo agregado proveniente da britagem de RCD.

VIEIRA, (2003) relata que é preciso levar em conta fatores como a porosidade e a
resistência do próprio agregado. Com agregados naturais, o concreto tem sua ruptura na
zona de transição e o concreto com reciclados tem seu rompimento no corpo do próprio
agregado reciclado. Porem, neste trabalho, estas características tendem a ser de menor
importância devido ao material de substituição ser o agregado miúdo e este apresentar
uma graduação bem graduada.

BICCA (2000) relaciona porosidade e resistência e conclui que a resistência de um


material esta em sua parte solida e não nos vazios, então a porosidade irá produzir
concretos mais leves, porem menos resistentes e se ainda os poros forem interligados e
abertos possibilitara a penetração de água e junto com a água também ocorrerá o transporte
dos íons de cloreto.
GRÁFICO 5: COMPRESSÃO AXIAL A/C 0,4 E 0,6

FONTE AUTOR. 2014

No ensaio de compressão axial dos concretos com o fator A/C de 0,4, o concreto
dosado como referência apresentou uma resistência a compressão, consideravelmente
maior, do que os concretos confeccionados com RCD. Isto provavelmente ocorreu devido a
baixa relação A/C que proporcionou um abatimento baixo e pelo alto teor de materiais
basáltico. Verificando o ganho de resistência ao longo da cura, os concretos de referência os,
100% e o de 75% de substituição apresentaram, em idades mais recentes, um ganho maior

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de resistência. Enquanto os de 25% e o de 50% de substituição apresentarm, na segunda


metade da cura, um ganho de resistência consideravelmente maior.

GRÁFICO 6: PORCENTAGEM DE GANHO DE RESISTÊNCIA PARA 14 DIAS

FONTE :AUTOR, 2014

Nos concretos com 25% e com 50% de porcentagem de substituição do agregado


miúdo, houve um ganho de resistência final maior que os outros concretos. Porem este
ganho de reistência ocorreu no intervalo entre 14 e 28 dias de cura sendo que a
porcentagem de ganho de resistência aos 14 dias, tendo como referência a resistência
obtida com os ensaios de rompimento dos CPs aos 7 dias de cura, foram inferiores a dos
concretos com as 100% e 75% de substituiçao.

Este ganho de resistência dos concretos produzidos com alta parcentagem de


substituição do agregado miúdo virgem por agregado miúdo de RCD se deu devido a
granulometria do RCD estar caracterizada em uma curva bem graduada, e isto contribuiu
para um melhor empacotamento, agregando maior resistência aos concretos com uma alta
porcentagem de substituição.

Os concretos com uma alta porcentagem de substituição da areia pelo RCD


apresentou, visualmente, no momento de moldar os CPs, uma boa plasticidade e mesmo
com um “slump” baixo moudava-se com maior facilidade quando eram realizada o
apiloamento das camadas.

Para a relação A/C de 0,6, o concreto de referência apresentou uma resistência,


consideravelmente menor, que os concretos com substituição do agregado natural pelo
agregado miúdo de RCD. Isto ocorreu devido ao concreto de referência estar com uma
grande quantidade de material basáltico, e isto contribuiu para que o abatimento ficasse
prejudicado devido a falta de sustentabilidade que à argamassa poderia proporcionar ao
concreto.

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Os concretos com substituição do agregado miúdo natural pelo reciclado, em todas


as porcentagem, apresentou uma resistência maior que o concreto de referência.

BICCA, (2000), afirma que a água absorvida pelo agregado reciclado não fará parte
da mistura e não afetará diretamente “o slump,’’ a relaçao água/cimento ou a qualidade da
pasta.

Tendo como base a experiência de BICCA, (2000) pode-se então constatar que os
concretos com substituição do agregado miúdo natural pelo reciclado, apresentaram um
maior ganho de resistência devido este concreto não ter sofrido uma pré-molhagem.
Quando os concretos de todas as porcentagens de substituição foram moldadas, parte da
água da relacão A/C foi absorvida pelos poros dos agregados reciclados e se esta água
absorvida não faz parte da mistura, a relação A/C diminuiu e deixou a pasta mais rica e
então contribuiu para um maior ganho resistência ao concreto. Outro fator importante é
devido a uma boa graduacão do agregados reciclados, que melhorou o empacotamento do
concreto.

As receita dos concretos foram dosadas em função da relação A/C e não para uma
determinada resistência, isto acarreta a uma variação da resistência à compressão axial final
à medida que se varia as substituições do agregado miúdo natural pelo agregado miúdo
reciclado. Então fica impossibilitada a verificação do ganho de resistência dos concretos até
os 7 dias de cura úmida. Tendo então os primeiros resultados, as resistências obtidas com o
rompimento dos CPs aos 7 diasde cura.

De acordo com o grafico 6, porcentagem de ganho de resistência, o concreto que


apresentou o menor ganho de resistência foi o concreto dosado como referência.

Comparando as porcentagens de ganho de resistência para a idade de 14 dias,


tendo como referência os resultados obtidos como rompimento dos CPs aos 7 dias de cura.
O concreto dosado como referência apresentou o menor ganho de resistência aos 7 dias de
cura. Na evolução do ganho de resistência, que foram dos 7 aos 14 dias, o concreto dosado
como referência apresentou uma porcentagem de ganho de resistência que superou apenas
o concreto com 25% de substituição do agregado miúdo, ficando então com um ganho de
resistência inferior aos concretos dosados com50%, 75% e 100%. Vale a pena solientar que
ao final dos 28 dias de cura úmida o concreto dosado como referência apresentou o menor
ganho de resistência de todos os concretos dosados com substituiçao da areia pelo RCD
miúdo.

6.4 Penetração acelerada de íons de cloreto

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Os ensaios de durabilidade foram executados seguindo as diretrizes da norma ASTM C 1202. Os


ensaios de penetração acelerada de íons de cloreto foram realizados em duas relação de água
/cimento e em duas amostras(prova e contra-prova), tendo como finalidade a verificação da in-
fluência que a quantidede de água, associada à várias porcentagens de substituições de areia
virgem por agregado miúdo reciclado,implicará aos concretos por eles produzidos.

Após a obtenção dos resultados em Amper foram calculadas as cargas passante de


acordo com a equação 2:

Onde

Q= Carga Passante (Coulombs)

= Corrente inicial (Amperes)

= Corrente (Amperes) no tempo (min) aplicado

GRÁFICO 7 RESULTADOS DO ENSAIOS DE DURABILIDADE AMOSTRA 1 E 2

FONTE :AUTOR, 2014

Os concretos moldados, com um fator A/C de 0,4 apresentaram um


comportamento com poucas variações da corrente passante e manteve um comportamento
quase que sempre linear com a carga inicial, mantendo assim a mesma sequência dos
resultados para as duas amostras.

O concreto que apresentou a menor carga passante e, por consequência uma maior
durabilidade foi, nas duas amostras, o concreto com 100% de substituição da areia pelo
RCD, seguido dos concretos com 75%,e com comportamentos similares aos concretos de
referência, 25% e o de 50% de substituição.
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TABELA 7: PARÂMETROS PARA AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS.

Penetração de íon cloreto baseado na carga passante


Carga Passante (Coulombs) Penetrabilidade de íons cloretos
› 4.000 Alta
2.000 - 4.000 Moderado
1.000 - 2.000 Baixa
100 - 1.000 Muito baixa
‹ 100 Negligenciada
FONTE: ASTM C1202/2012

O concreto com 100% de RCD apresentou a menor carga passante dos CPs
ensaiados com a relação A/C de 0,4 e ficou classificado com um grau moderado. Os demais
concretos ficaram classificados com uma alta penetrabilidade de íons de cloreto, porém o
concreto com 75% de substituição ficou bem próximo da transição que passa da alta
penetrabilidade de íons de cloreto para a moderada penetrabilidade.
GRÁFICO 8 RESULTADOS DO ENSAIOS DE DURABILIDADE EM CO ULOMBS DAS AMOSTRAS 1 E 2

FONTE :AUTOR, 2014

Para os concretos com relação A/C de 0,6 e com alta porcentagem de substituição
do agregado miúdo natural pelo agregado miúdo de RCD, os resultados ficaram
classificados na faixa de moderada penetrabilidade de íons de cloreto. Os concretos com
substituição de 100%, 75% e 50% tiveram resultados com muito pouca variação, enquanto
que o concreto com 25% de substituição e o concreto dosado como referência ficaram
classificados na faixa de alta penetrabilidade de íons de cloreto, sendo que o concreto com
25% obteve um resultado bem próximo da faixa de transição que passa da alta para a
moderada penetrabilidade dos íons.

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GRÁFICO 9:DURABILIDADE PARA A/C 0,4 E 0,6

FONTE :AUTOR, 2014

7 Considerações finais

7.1 Compressão axial


Vale apena salientar que os concretos produzidos com o agregado miúdo proveniente de RCD
segue a tendência da curva de a Abrans, ou seja, à proporção que aumenta a relação A/C ocorre
um decréscimo na resistência.

O ganho de resistência da relação A/C de 0,4, foi maior que o ganho de resistência
da relação A/C 0,6, isto ocorre devido à quantidade de cimento utilizado para a confecção
dos concretos com a relação A/C 0,4 ter sido bem maior que a quantidade utilizada na
receita de 0,6. Avaliando o impacto ambiental, este alto consumo de cimento inviabiliza a
sua produção.

Tomando como referência o concreto produzido com a relação A/C 0,4 que
tiveram uma resistência maior que todos os concretos produzidos com A/C 0,6, e
avaliando o ganho de resistência em todas as porcentagens de substituição, constatamos
que:

O concreto dosado como referência e com a relação A/C 0,6 alcançou para as
idades de 7, 14 e 28 dias alcançou respectivamente 28,28%, 34,11% e 37,98% da resistência
alcançada pelo concreto referência A/C 0,4 e isto corresponde a uma queda significativa de
resistência.

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Para os concretos com 100%, 75%%, 50% e com 25% de substituição, as variações
dos ganhos de resistência dos concretos com A/C 0,6 ficaram entre 68% e 89% da
resistência alcançada pelos concretos dosados com A/C 0,4.

: TABELA 8 DIFERENÇA DE RESISTÊNCIA DO CONCRETO A/C 0,6 EM RELAÇÃO AO CONCRETO A/C 0.4

Diferença de resistência do concreto 0,6 em relação ao 0,4 em %

REF 100% RCD 75% RCD 50% RCD 25% RCD


7 Dias 28,28% 73% 74% 68% 82%
14 Dias 34,11% 85% 86% 83% 84%
28 Dias 37,98% 89% 89% 79% 77%
FONTE :AUTOR, 2014

Devido esta porcentagem pode-se concluir que os concretos produzidos com


agregados com miúdo de RCD, no critério compressão axial, apresentaram resultados
satisfatório para a relação A/C de 0,6, pois mesmo com uma quantidade de cimento menor
a perda de resistência também foi pequena quando comparado com concretos de
referência, e isto viabiliza sua produção.

7.3 Absorção de água


Em uma pesquisa similar Vieira (2003), relata que a alta taxa de absorção de água dos agregados
deve ser discutida. Por ser um agregado mais poroso, obviamente irá precisar de mais água para
ter a mesma trabalhabilidade que concretos com agregados convencionais.

A absorção de água dos concretos estão relacionada com a porosidade dos


materiais que compõe a receita. Para os concretos ensaiados, foram adicionado à mistura
agregados reciclados que possuiam uma alta taxa de porosidade e isto contribuiu para que
os concretos produzidos com agregados reciclados apresentasse uma taxa de absorção de
água maior que os concretos produzidos com agregados virgens.

7.4 ÍONS DE CLORETO


Os materiais utilizados nesta pesquisa foram, em quase sua totalidade, rejeito cerâmico e estes
materiais possuem uma porosidade maior que a dos outros agregados naturais utilizados para
dosagem das receitas.

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Para a confecção do concretos, o agregado miúdo foi incorporado ao concreto com


umidade ambiente, ou seja, umidade higroscópica e não foi adotada pré molhagem.

Estes agregados porosos, quando entraram em contato com a brita, o cimento e a


metade da água incorporaram em seus poros, uma água já misturada com o cimento e isto
contribuiu para que os poros fossem parcialmente solidificados e isto diminuiu os poros
dos grãos maiores. Os grãos maiores formaram poros sem comunicação entre si. Isto junto
com uma granulometria bem graduada, colaborou para um bom empacotamento
agregando um ótimo fechamento dos poros, restando então apenas os poros dos agregados
parcialmente solidificado pela mistura da água com o cimento e os poros com pouca
comunicação entre si e isto contribuiu para que os concretos produzidos com agregado
reciclado obtivesse bons resultados para o ensaio de durabilidade

Constata-se então que os concretos produzidos com substituição do agregado


miúdo natural pelo agregado miído proveniente de RCD apresenta resultados satisfatório,
quando refere-se a permeabilidade de íons de cloreto.

Vale a pena enfatizar que o método é acelerado, pois apresenta uma diferença de
potencial elevada (60 V). Devido esta alta voltagem este ensaio só servem para uma
avaliação qualitativa.

Referencia
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de corpos-de-prova. Rio de Janeiro, 2008.
________. NBR 5739: informação e documentação: Concreto - Ensaio de Compressão de Corpos de
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________. NBR 6118: informação e documentação: Projeto de estruturas de concreto - Procedimen-
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________. NBR 9776: informação e documentação: Determinação da massa específica de agregados
miúdos por meio do frasco Chapman. Rio de Janeiro, 2007.
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nação da absorção de água por imersão-índice de vazios e massa especifica. Rio de Janeiro, 1987.
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lométrica. Rio de Janeiro, 2003.
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_________NBR 15113: Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes, aterro, diretrizes para
projeto, implantação e operação, Rio de Janeiro 2004.
_________NBR 7181:1988 Granulometria de agregado.
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_________ASTM C1202 (ASTM, 2012). Standard Test Method for Electrical Indication of Concretes
Ability to Resist Chloride Ion Penetration: Método de teste padrão para indicação elétrica de Concre-

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Clayton Bonani Novais 22

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civil) UFRGS, 2003. www.lume.ufrgs.br
__________VIEIRA G. L, Viabilidade técnica da utilização de concretos com agregados reciclados de resí-
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ETRANSFORMAÇÃO MINERAL-SGM (Relatório Técnico 30 Perfil de brita para construção civil, 2009).-
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