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Desnutrição é uma condição em que ocorrem problemas de saúde como resultado

de uma dieta com consumo insuficiente ou excessivo de nutrientes.[3][1] A


desnutrição pode ter origem em desiquilíbrios de calorias, proteínas, hidratos
de carbono ou sais minerais.[1] O consumo insuficiente de nutrientes denomina-
se subnutrição e o consumo excessivo supernutrição.[2]O termo desnutrição
é muitas vezes usado como sinónimo de subnutrição para se referir especificamente aos
casos em que a pessoa não consome calorias, proteínas ou micronutrientes em
quantidade suficiente.[2][12] A subnutrição durante a gravidez ou antes dos dois anos
de idade pode causar problemas permanentes a nível do desenvolvimento físico e
intelectual.[1] A subnutrição extrema, denominada inanição, manifesta-se através de
sintomas como baixa estatura, corpo muito magro, níveis de energia muito baixos e
pernas e abdómen inchados.[1][2] As pessoas subnutridas apresentam maior risco de
contrair infeções e estão frequentemente frias.[2] Os sintomas da deficiência de
micronutrientes dependem do micronutriente em falta.[2]
A causa mais comum de subnutrição é a indisponibilidade de alimentos de
qualidade.[5] Esta situação tem geralmente origem na pobreza ou no elevado custo
económico dos alimentos.[1][5] Podem também contribuir para esta condição a falta
de amamentação e uma série de doenças infeciosas como
a gastroenterite, pneumonia, malária e sarampo, as quais aumentam a
necessidade de nutrientes.[5] Existem dois tipos principais de
subnutrição: desnutrição proteico-energética e desnutrição causada por
deficiências dietéticas.[12] A desnutrição proteico-energética tem duas formas
graves: marasmo (falta de proteínas e calorias) e kwashiorkor (falta de
proteínas).[2]Entre as deficiências de micronutrientes mais comuns estão
a deficiência de ferro, deficiência de iodo e deficiência de vitamina
A.[2] Estas deficiências são mais comuns durante a gravidez, dado que aumentam as
necessidades do corpo.[13] Em alguns países em vias de
desenvolvimento começa-se a verificar sobrenutrição na forma
de obesidade nas mesmas comunidades em que existe subnutrição.[14] Entre outras
causas de desnutrição estão a anorexia nervosa e cirurgia bariátrica.[15][16]
A melhoria da nutrição é uma das formas mais eficazes de ajuda ao
desenvolvimento.[6] A amamentação permite diminuir a incidência de
desnutrição e morte em crianças.[1][8] Nas crianças mais novas, fornecer alimentos para
além do leite materno entre os seis meses e dois anos de idade melhora o
prognóstico.[8] Há evidências sólidas que apoiam a eficácia de suplementação
alimentar de vários micronutrientes em grávidas e crianças mais novas nos países em
vias de desenvolvimento.[8] Para garantir o acesso a alimentos, tanto a distribuição de
comida como a distribuição de dinheiro para que as pessoas possam comprar alimentos
nos mercados locais são medidas eficazes.[6][17] Apenas alimentar as crianças nas
escolas não é suficiente.[6] Em muitos casos, é possível tratar a desnutrição na
residência da pessoa com alimentos terapêuticos.[8] O tratamento hospitalar está
recomendado para casos de desnutrição grave com complicações de saúde.[8]O
tratamento geralmente consiste em tratar a hipoglicemia e hipotermia, revertendo
a desidratação e alimentando gradualmente a pessoa.[8][18] Os antibióticoss de
rotina estão recomendados devido ao elevado risco de infeções.[18] Entre as medidas a
longo prazo estão a melhoria das práticas agrícolas,[7] a diminuição da pobreza, o
investimento em saneamento e a emancipação das mulheres.[6]
A subnutrição é mais comum nos países em vias de desenvolvimento.[19] Em
2015 existiam em todo o mundo 793 milhões de pessoas subnutridas, o que corresponde
a 13% do total da população.[10] A percentagem tem vindo a diminuir gradualmente
desde 1990, ano em que 23% da população se encontrava subnutrida.[10][20] Estima-se
que em 2012 outros mil milhões de pessoas tivessem deficiências de vitaminas e sais
minerais.[6] Estima-se que em 2015 a desnutrição proteico-energética tenha causado a
morte a 323 000 pessoas, uma diminuição em relação às 510 000 mortes em
1990.[11][21] As outras deficiências dietéticas, como a deficiência de iodo ou de ferro,
causaram a morte a outras 83 000 pessoas.[11] Em 2010, a desnutrição foi a causa de
1,4% de todos os anos de vida corrigidos pela
incapacidade.[6][22] Acredita-se que cerca de um terço das mortes de crianças
tenham origem em subnutrição, embora raramente seja esta a indicação da causa da
morte.[5] Estima-se que em 2010 a subnutrição tenha contribuído para a morte de 1,5
milhões de mortes entre mulheres e crianças,[23] embora algumas estimativas apontem
para valores superiores a 3 milhões.[8] Estima-se que em 2013 cerca de 165 milhões de
crianças tivessem atrasos no desenvolvimento devido a desnutrição.[8] A subnutrição é
mais comum entre alguns grupos populacionais, como crianças com menos de cinco
anos, idosos e mulheres, em particular as grávidas ou que se encontram a amamentar.
Em idosos, a subnutrição deve-se a fatores físicos, psicológicos e sociais.[24]

Referências
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Children's Fund. 2010. pp. 61 and 75. ISBN 978-92-806-4466-1
2. ↑ a b c d e f g h Young, E.M. (2012). Food and development. Abingdon,
Oxon: Routledge. pp. 36–38. ISBN 9781135999414
3. ↑ a b malnutrition em Dicionário Médico de Dorland
4. ↑ Papadia C, Di Sabatino A, Corazza GR, Forbes A (2014). «Diagnosing
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Med (Review). 9 (1): 3–8. PMID 23179329. doi:10.1007/s11739-012-
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5. ↑ a b c d e «Maternal, newborn, child and adolescent health». WHO.
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6. ↑ a b c d e f g h «An update of 'The Neglected Crisis of Undernutrition:
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7. ↑ a b Jonathan A. Foley, Navin Ramankutty, Kate A. Brauman, Emily S.
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11. ↑ a b c GBD 2015 Mortality and Causes of Death, Collaborators.
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14. ↑ «Progress For Children: A Report Card On Nutrition»(PDF).
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15. ↑ Prentice, editor-in-chief, Benjamin Caballero ; editors, Lindsay
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16. ↑ Stoelting's anesthesia and co-existing disease 6th ed.
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