Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RevBrasEngBarragensAbr2016 PDF
RevBrasEngBarragensAbr2016 PDF
comercial@rossetiimper.com.br
REPARO, PROTEÇÃO E
IMPERMEABILIZAÇÃO
EM ESTRUTURAS
DE CONCRETO
4 WWW.CBDB.ORG.BR
HOLOFOTE
Uma das primeiras medidas tributárias positivas do governo do presidente Humberto Alencar Castello
Branco, inspirada pelo então ministro do Planejamento Roberto Campos foi a transformação do imposto
sobre vendas e consignações, altamente deletério por ser em cascata, em Imposto sobre Circulação de
Mercadorias (ICM). Naquela ocasião, ele seguiu o modelo do Mercado Comum Europeu. Para estruturar
a mudança, que tantos benefícios trouxe à economia nacional, foi formado um grupo de trabalho com participação dos ilustres juristas
Gilberto Ulhoa Canto e Rubens Gomes de Souza, e do destacado engenheiro Mário Henrique Simonsen. Para a criação do ICM, cobrado
sobre o valor acrescido, em 1965 foi promulgada a Emenda 18 à Constituição Nacional de 1946. Posteriormente ampliado, o imposto
passou a abranger também serviços especiais, formando o atual ICMS.
O ICMS é regido por Lei Complementar Federal que estabelece princípios gerais, explicitando o que é previsto na Constituição.
É recolhido por estados da União e Distrito Federal seguindo leis estaduais. Na legislação brasileira há estranhezas como a única
exceção no recolhimento do ICMS para estados produtores de combustíveis fósseis. Nesse caso, o recolhimento favorece estados
consumidores desses produtos, penalizando estranhamente estados produtores, ambientalmente impactados.
As legislações estaduais estabelecem diferentes incidências de imposto, o que possibilita, há décadas, a guerra fiscal. Neste
cenário, governos estaduais concedem, por longos períodos, abatimentos ou isenções para as indústrias. O objetivo é que elas
instalem suas fábricas em seus territórios. A prática difundida encontra resistência do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os estados têm a prerrogativa de estabelecer critérios de cobrança do ICMS relativo à energia elétrica gerada em seus territórios.
Considerando o difundido costume em nossa terra, verifica-se que o ICMS sobre a geração de energia elétrica é muito elevado
na maioria dos estados. A História auxilia: desde a Derrama, no século XVIII, que gerou a Inconfidência Mineira, o brasileiro vive com
impostos cada vez maiores em contraste com serviços e assistências governamentais cada vez mais precários.
Contribui para a comprovação dos cálculos divulgados em 2015 pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN) o fato
de as tarifas médias de energia elétrica das indústrias do País serem as mais altas do mundo. A consequência desta diferença é que
a competitividade da indústria nacional acaba sendo prejudicada no mercado globalizado.
Além do exuberante valor do ICMS que incide nas tarifas de energia elétrica, há aspectos curiosos que merecem avaliação. Em hidrelétricas
construídas em rios que delimitam estados da Federação ou que atravessam limite estadual, tendo casa de força em um estado e reservatório
predominantemente em outro, a legislação “estranhamente” determina que o ICMS seja recolhido para o estado onde está a casa de força.
O legislador ignorou que uma usina hidrelétrica é formada por uma barragem que acumula energia potencial no seu reservatório,
e que essa energia é transformada em energia mecânica pelas turbinas. Em seguida, ela é convertida em energia elétrica pelos
geradores. Portanto, a produção de energia elétrica é iniciada no reservatório, mesmo que operado a fio d’água.
A exclusividade do ICMS para o estado onde está a casa de força fomenta a disputa entre os estados para abrigá-la. Ciente disso,
o empreendedor joga com governadores e prefeitos com o intuito de causar uma pequena guerra fiscal. É justamente desse modo
que ele costuma obter vantagens fiscais para seu empreendimento.
Por outro lado, nas hidrelétricas instaladas em limites estaduais, frequentemente o empreendedor é pressionado por estados e municípios
no que se refere à posição da casa de força, tendo em vista a arrecadação do ICMS. Nesse caso, o empreendedor pode ter um aliado no estado
selecionado como local da casa de força. Mas, vale lembrar que esta alternativa provavelmente venha a desagradar importantes setores da
política regional de residentes na margem oposta - acarretando dificuldades adicionais às muitas já enfrentadas na implantação de uma usina.
Com base no acima exposto e objetivando trazer justiça para estados limítrofes e o benefício da tranquilidade aos empreendedores
de usinas hidrelétricas, urge alterar a legislação visando à partição do ICMS nos casos em que a usina esteja em mais de um estado.
Flavio Miguez. Formado em engenharia em 1967 e em mestrado em geologia, ambos pela UFRJ. Chefe de divisão de Furnas, diretor técnico
da Enge-Rio, diretor adjunto da Poli-UFRJ, diretor da ABCE, presidente do CBDB, diretor da ANE, professor da UFRJ.
HIDRELÉTRICA
SANTO ANTÔNIO
QUARTA
Em operação desde março de 2012, a Hidrelétrica
Santo Antônio, localizada no rio Madeira, em Porto Velho,
Rondônia, vem ampliando sua capacidade de geração de
MAIOR
energia, de fonte limpa e renovável, a cada nova turbina que
coloca em funcionamento.
Hoje, suas 38 turbinas em operação representam 76% da
GERADORA
capacidade total de geração de energia, quantificada por uma
potência instalada de 2.714,72 Megawatts.
Quando estiver com a 50ª turbina em operação, em
HÍDRICA
novembro deste ano, a Hidrelétrica Santo Antônio atingirá
a capacidade de geração de 3.568 Megawatts. É energia
suficiente para atender ao consumo de 45 milhões de
pessoas, consolidando a posição de quarta maior geradora
6 WWW.CBDB.ORG.BR
Tecnologia de ponta na Amazônia
As turbinas utilizadas na Hidrelétrica Santo Antônio são do corrente contínua de 600 kV, pelo denominado “Linhão do Madeira”,
tipo bulbo, as mais indicadas para geração de energia para grandes com uma extensão 2.375 km. Considerada a mais longa linha de
vazões e baixas quedas. Por isso, não requerem a formação de um transmissão do mundo, ela atravessa 90 municípios brasileiros.
grande reservatório, o que reduz substancialmente os impactos A energia produzida pela estrutura Santo Antônio abastecerá o
socioambientais naturais durante a implantação e operação de uma Sudeste do País, bem como as diversas regiões brasileiras (inclusive
hidrelétrica. Rondônia, onde foi produzida) por meio do Sistema Interligado
Com potência média de 71,6 Megawatts, as turbinas da Nacional (SIN).
estrutura Santo Antônio são consideradas uma das maiores em Mas, a Hidrelétrica Santo Antônio possui um diferencial em
funcionamento no mundo – seja em relação à sua capacidade de relação à distribuição da energia que produz: ela também abastece
geração ou às suas dimensões: são nove metros de diâmetro e 900 diretamente Rondônia e Acre. Isto ocorre por meio de uma linha
toneladas, cada uma. de transmissão de 230 kV construída pela própria hidrelétrica. Esta
A energia produzida pela Hidrelétrica Santo Antônio é linha será alimentada exclusivamente pelas seis turbinas que fazem
transmitida até a subestação coletora de Porto Velho, por meio de parte da ampliação promovida pela geradora. O projeto original
duas linhas de transmissão. previa 44 turbinas. Até novembro deste ano, a hidrelétrica terá 50
De lá, segue para Araraquara, no interior de São Paulo, em unidades geradoras.
Energia produzida no local abastece Rondônia, Acre e o Sudeste do País As turbinas do complexo estão entre as maiores do mundo em atividade
Sustentabilidade,
já analisados, o maior número de notas máximas na categoria
Implantação, de acordo com avaliação independente realizada pela
International Hydropower Association (IHA). Fundada há quase 20
o principal pilar anos, com o suporte da UNESCO, a organização sem fins lucrativos
mede a sustentabilidade de empreendimentos hidrelétricos em todo
da Hidrelétrica o mundo.
O resultado da avaliação se dá após a análise de 20 tópicos
O investimento da Hidrelétrica Santo Antônio em sustentabilidade chegará a R$ 2 bilhões até o término da implantação da usina
8 WWW.CBDB.ORG.BR
Programas
socioambientais
O projeto da Hidrelétrica Santo Antônio se beneficiou
das características naturais do rio Madeira para aproveitar ao
máximo o seu potencial hídrico e gerar energia.
As suas turbinas são movidas pelas características únicas da
vazão do rio Madeira, que apresenta uma variação entre 4 mil
m3/s no período de seca e mais de 40 mil m3/s no período de cheia.
O uso de turbinas bulbo dispensa a formação de grandes A ampliação da usina respeita as melhores práticas de sustentabilidade
reservatórios, como é o caso da Hidrelétrica Santo Antônio.
Ela possui um reservatório de 422 km2, área praticamente igual
à ocupada pelo rio Madeira durante os períodos de cheia.
Hoje, a hidrelétrica apresenta um dos melhores coeficientes
de geração do País, que é de nove Megawatts para cada km2 de
reservatório.
A geração de grande quantidade de energia com um
reservatório relativamente pequeno é um dos principais
benefícios socioambientais atribuídos ao projeto que norteou
a construção e operação da estrutura Santo Antônio.
Mas o investimento para a implantação da Hidrelétrica
Santo Antônio não foi apenas conceitual. Ele respeitou as
melhores práticas em sustentabilidade e seguiu à risca os
Princípios do Equador, que fiscalizam todo o empreendimento,
Programas socioambientais protegem o ambiente físico e o meio biótico
com duras sanções em caso de descumprimento das normas
estabelecidas para a área socioambiental.
No caso da usina Santo Antônio, o
investimento em sustentabilidade chegará
a R$ 2 bilhões até o final da implantação.
A verba foi investida em 28 programas
socioambientais, focados em ações voltadas
para a população local, proteção do
ambiente físico (solo, clima, lençóis freáticos
e sedimentos) e do meio biótico (flora e
fauna aquática e terrestre, qualidade da
água, supressão da vegetação e resgate da
fauna), reassentamento de comunidades e
investimentos nas áreas de saúde pública,
educação e infraestrutura. desse modo a
hidrelétrica contribuiu para a melhoria da
qualidade de vida de milhares pessoas, nos Resgate da fauna e supressão da vegetação são aspectos primordiais no processo
mais diversos aspectos.
Conhecimento compartilhado
A implantação da Hidrelétrica Santo Antônio, em Porto de temas pertinentes à região, ao setor e ao empreendimento, foi
Velho, abriu oportunidades para ampliar o conhecimento local distribuída nestes locais. O livro Peixes do rio Madeira, com cerca
em diversas frentes, como tecnologia, história natural e humana de mil páginas, também fez parte desta ação social.
da região, entre outras. Outra publicação distribuída pela Santo Antônio Energia foi o
O compromisso em compartilhar o conhecimento adquirido Guia de Fauna das Espécies Resgatadas. A obra mostra os animais
sempre foi constante na empresa. Publicações específicas silvestres da região que foram encontrados durante as atividades
entregues para entidades de ensino e centro de pesquisas são do Programa de Conservação de Fauna, realizado em áreas do
alguns dos exemplos neste sentido. A coleção Saiba Mais, que trata canteiro de obras e do reservatório.
GUIA DE FAUNA
PEIXES DO DAS ESPÉCIES
COLEÇÃO SAIBA MAIS RIO MADEIRA RESGATADAS
Disponível no site da Santo Disponível no Disponível no
Antônio Energia: www. site da Santo site da Santo
santoantonioenergia.com.br Antônio Energia Antônio Energia
Com as 50 turbinas, o total de royalties pagos anualmente pela hidrelétrica deve superar os R$ 100 milhões
10 WWW.CBDB.ORG.BR
A Hidrelétrica Santo Antônio iniciou a geração de energia nove meses antes do que previa o cronograma original
Incremento de receita
No Brasil, todas as hidrelétricas pagam royalties pelo uso das
águas que geram energia. Esta operação é denominada Compensação
Financeira pela Utilização dos Recursos Hídricos para Fins de
Geração de Energia Elétrica (CFURH), instituída pela Constituição
Federal de 1988 e regulamentada pela lei nº 7990/1989.
A Hidrelétrica Santo Antônio iniciou a geração de energia em 30
de março de 2012 – nove meses antes do que previa o cronograma
original. Desde então, a Santo Antônio Energia, concessionária
responsável pela construção e operação da hidrelétrica, paga
mensalmente royalties de acordo com a sua geração efetiva.
Estes royalties são divididos da seguinte forma: 45% para
Rondônia, 45% para Porto Velho e 10% para a União. Para todas
as esferas, o recebimento de royalties representa um incremento
substancial de recursos que podem ser aplicados em diversos
setores, buscando o desenvolvimento local e regional e a melhoria da
qualidade de vida das pessoas.
De abril de 2012 até dezembro de 2015, o total de royalties pagos
pela Hidrelétrica Santo Antônio, e divididos de acordo com a forma
descrita acima, soma mais de R$ 126 milhões.
A partir da geração plena, que será atingida com as 50 turbinas
em operação, estima-se que o total de royalties pagos anualmente Em quase três anos, o total de royalties pagos pela usina soma mais de R$ 126 milhões
COMPATIBILIZAÇÃO DO USO
DOS RECURSOS HÍDRICOS:
O CONFLITO ENTRE A GERAÇÃO
HIDRELÉTRICA COM OS DEMAIS
USUÁRIOS DE ÁGUA
Mônica de Aquino Galeano Massera da HORA | Professora e Coordenadora da
Pós-Graduação em Defesa e Segurança Civil - Universidade Federal Fluminense
RESUMO ABSTRACT
A garantia do uso múltiplo da água é um dos objetivos principais da The guarantee of multiple-use water systems is one of the
gestão de recursos hídricos no Brasil. Entretanto, o papel das usinas main objectives of Brazilian water resource management.
hidrelétricas ainda não está claro para o alcance de tal finalidade. However, the role of hydropower plants is still unclear in the
Este artigo apresenta uma metodologia para apoiar a operação das achievement of this objective. This paper introduces a method
usinas hidrelétricas, levando em consideração a compatibilização da to support hydropower plants operation taking into account
geração de energia com possíveis perdas associadas ao atendimento the compatibility of energy generation with possible losses
de demandas de outros usuários, representadas por retiradas de associated in meeting upstream water demands. A case study
água a montante dos aproveitamentos. Como aplicação do método of the Tocantins and Araguaia basins is presented. The results
foi escolhida a bacia dos rios Tocantins e Araguaia. Os resultados obtained corroborate the applicability of the proposed method.
obtidos confirmam a aplicabilidade da metodologia proposta.
12 WWW.CBDB.ORG.BR
1. INTRODUÇÃO São Paulo e Rio de Janeiro adotam o valor de 50% de Q7,10;
Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba adotam o valor de 90%
A
Lei 9.433/1997 trouxe uma inovação na gestão, no de Q90%; Sergipe adota 100% de Q90%; Bahia adota 80% de Q90%
ordenamento e no planejamento do uso da água e Tocantins adota 75% de Q90%. Observa-se que conforme o
nas bacias hidrográficas, principalmente pelos valor de VMO estipulado, alguns órgãos estaduais são mais
instrumentos previstos para implementação da legislação. restritivos do que a ANA, em termos de quantidade de água
Destaca-se, dentre eles, a outorga. A outorga é o instrumento disponível para uso nos rios. Isto ocorre em Minas Gerais,
administrativo e legal do poder público de facultar o uso da São Paulo e Rio de Janeiro, enquanto que outros são menos
água em uma determinada quantidade durante um prazo restritivos como Sergipe, Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba,
fixo. De natureza complexa, a outorga tem a função de ratear Bahia e Tocantins.
a água disponível entre demandas atuais e futuras visando o Por outro lado, a concessão de água para outros usos
benefício de um conjunto de usuários nos aspectos econômicos a montante dos aproveitamentos hidrelétricos implica
(p.ex. abastecimento industrial e agrícola), sociais (p.ex. diretamente na redução da geração de energia, uma vez que
abastecimento humano) e de sustentabilidade ambiental. Ela ela é função da vazão afluente, da queda e dos rendimentos dos
respeita ainda a classe em que o curso d’água estiver enquadrado grupos turbina-gerador-transformador, sendo expressa por:
e os seus usos múltiplos (navegação, geração hidráulica de E = f (Qaflu,h,g,η)
energia, recreação, etc).
O presente artigo buscou analisar a compatibilização do onde E representa a energia, em MWh; Qaflu é a vazão
uso da água e da geração hidráulica de energia. Para tanto afluente ao aproveitamento hidrelétrico, em m3s-1; h é a queda
foi simulada a operação de reservatórios de regularização. O líquida, em m; g é a aceleração da gravidade e igual a 9,81
procedimento foi fundamentado com fórmulas matemáticas m3s-2; e η representa o rendimento do grupo turbina-gerador-
que incorporaram os usos múltiplos. Para avaliar a metodologia transformador.
proposta foi desenvolvida a ferramenta computacional Para estimativa da vazão afluente ao aproveitamento
denominada SisUca (Sistema de Simulação de Usinas e Usos hidrelétrico, a Empresa de Pesquisa de Energia (EPE) recomenda
Consuntivos de Água). Como estudo de caso foi escolhida a a adoção do histórico de vazões naturais definido pelo Operador
bacia dos rios Tocantins e Araguaia. Nacional do Sistema Elétrico (ONS), (EPE, 2008 [2]). A vazão
natural é obtida por meio de um processo de reconstituição, e
corresponde àquela que ocorreria em uma seção do rio se não
2. USOS MÚLTIPLOS DOS RECURSOS houvesse as ações antrópicas na bacia contribuinte. Ou seja,
HÍDRICOS se retira os efeitos da operação dos reservatórios existentes a
montante e incorpora as vazões relativas à evaporação líquida
Dada a necessidade do conhecimento do volume de água nos reservatórios e aos usos consuntivos da água a montante do
disponível nos rios para rateio entre demandas de usos atuais e reservatório (ONS, 2007 [3]).
futuros (do conceito de outorga), foi estipulado o termo Vazão Neste caso, os valores referentes aos usos consuntivos são
Máxima Outorgável (VMO), ou seja, máxima vazão disponível oriundos das resoluções publicadas pela ANA, quando da
para os usos múltiplos em rios. Como o uso ilimitado da água emissão da Declaração de Reserva de Disponibilidade Hídrica
pode gerar escassez hídrica ou conflitos entre usuários, os (DRDH) (EPE, 2008 [2]). Esta, por sua vez, é transformada
órgãos públicos gestores de recursos hídricos têm adotado, automaticamente em outorga de direito de uso de recursos
como critério conservador, restringir a outorga aos seguintes hídricos à instituição ou empresa que receber a concessão ou
valores de referência: vazões Q95% ou Q90%, obtidas das curvas de a autorização de uso do potencial de energia hidráulica (artigo
permanência no tempo ou, ainda, a vazão Q7,10, menor média 5º da Lei 13.081/2015). A DRDH tem por finalidade reservar
anual em sete dias consecutivos com 10 anos de recorrência ao aproveitamento as vazões médias mensais correspondentes
(ANA, 2007 [1]). à diferença entre a vazão natural no local do empreendimento
A Agência Nacional de Águas (ANA), responsável pela e os usos consuntivos a montante dele (ANA, 2009).
emissão de outorgas em rios de domínio da União, define a Para definição da série de usos consuntivos, a ANA utiliza
VMO como sendo 70% da Q95%. Já os rios de domínio estadual o Sistema para Estimativa de Usos Consuntivos da Água
seguem os critérios definidos pelos seus respectivos órgãos (SEUCA), que gera as séries das vazões de retirada, de retorno
gestores de recursos hídricos. Por exemplo: Minas Gerais, e de consumo em cada município das bacias incrementais que
vazões geradas são oriundas de informações dos STO. ANTONIO MADEIRA Nº 556/2006 90,0 4.869 (2)
3.408
censos agropecuários, demográficos municipais BELO MONTE XINGÚ Nº 48/2011 11,8 939 (3)
657
14 WWW.CBDB.ORG.BR
onde ΔVi representa a variação do volume da usina i, em m3; • Nível d´água do reservatório no mês anterior entre o máximo
Qaflu i é a vazão afluente à usina i, em m3s-1; Qturbi é a vazão normal e o máximo maximorum: nesta condição, o reservatório
turbinada na usina i, em m3s-1; Qvert i é a vazão vertida na estaria cheio, então a vazão turbinada seria igual a vazão máxima
usina i, em m3s-1; Qevapi é a vazão evaporada no reservatório turbinável.
da usina i, em m3s-1 e ns representa o número de segundos de A vazão regularizada foi definida como sendo a maior vazão
um mês médio e igual a 2,6298 * 106. turbinada de forma constante, ao longo do período de simulação,
A metodologia proposta por HORA (2008 [10]) buscou durante a condição de enchimento ou deplecionamento do
introduzir uma nova variável representada por retiradas de reservatório. Portanto, ela representa a média das vazões
água (Qusos), limitada à totalidade do valor da VMO. Assim, afluentes do período em que o reservatório estava totalmente
a vazão afluente passará a contabilizar cenários de retiradas cheio (100%), passou pelo instante em que ficou vazio (0%),
de água a montante de cada aproveitamento de uma cascata, e tornou a ficar cheio novamente (100%), sem reenchimentos
permitindo ao usuário avaliar a evolução das possíveis perdas totais intermediários - utilizando, neste intervalo de tempo,
de geração de energia em função do incremento dos usos todo o volume útil do reservatório. Por sua vez, o volume útil do
consuntivos. A vazão afluente a uma usina será expressa por: reservatório da usina i num mês t ( Vutil i,t ) será expresso por:
Qaflu i = Qincri + ∑ Qdeflu k − Qusos Vutil i,t = Vutil i,t−1 + (Qaflu i,t ⋅ ns) − (Qturbi,t ⋅ ns) − Vevap i,t
k∈M
onde Vutil i,t−1 é o volume útil da usina i no mês anterior, t-1, em
Qaflu i =[Qnat i − ∑ Qnat k ]+ ∑ [Qturb k + Qvert k ] − Qusos m3; Qaflu i,t é a vazão afluente à usina i no mês t, em m3s-1; Qturbi,t
k∈M k∈M
é a vazão turbinada na usina i no mês t, em m3s-1 e definida a partir
Qusos ≤ VMO
do nível d´água correspondente ao volume útil do mês anterior;
onde Qincri é a vazão natural incremental no trecho entre Vevapi,t é o volume evaporado na usina i no mês t, em m3.
a usina i e a(s) usina(s) de montante, em m3s-1 (representa a Em resumo, o objetivo da formulação proposta é o de
vazão natural da usina i descontada da vazão natural da usina representar, da melhor forma possível, a operação dinâmica do
de montante k); Qdeflu k é a vazão defluente das usinas de conjunto de usinas de uma cascata em uma bacia hidrográfica,
montante, em m3s-1 (representa a soma das vazões turbinada qual seja: a afluência a uma usina i é função da vazão defluente
e vertida na usina de montante k); Qusos representa a vazão da usina de montante i-1, acrescida da vazão incremental entre
retirada no trecho entre as usinas k e i, em m3s-1 (representa os ambas, levando em consideração as retiradas para outros usos,
usos consuntivos, limitados à VMO, no trecho intermediário limitadas ao valor da VMO, e ainda, os efeitos da evaporação
entre a usina i e a existente imediatamente a montante de i); M na operação do reservatório da usina i.
é o conjunto das usinas imediatamente à montante da usina i. Nas usinas a fio d´água não existe a vazão regularizada,
A produção mensal de energia da usina é representada por: sendo o turbinamento função apenas da vazão afluente limitada
ao engolimento máximo das máquinas. Neste caso, a regra de
E i = 0,00981⋅ ηi ⋅ h i ⋅Qturbi ⋅ n h operação é do tipo “o que entra” é igual ao que “sai”, ou seja:
onde Ei representa a produção média mensal de energia da usina Qdefl i,t = Qaflu i,t − Qevapi,t
i, em MWmês; h i é a queda líquida da usina i, em m; Qturbi é a
vazão turbinada no mês na usina i, em m3s-1; ηi é o rendimento onde Qevapi,t é a vazão evaporada na usina i no mês t, em m3s-1.
do conjunto turbina-gerador da usina i; nh representa o número
de horas de um mês médio e igual a 730,5. 4. PRINCIPAIS RESULTADOS DA
Sob o enfoque da compatibilização do uso múltiplo da SIMULAÇÃO DA OPERAÇÃO
água com a geração de energia, se propõe uma nova regra de
turbinamento, de modo a viabilizar um possível aumento da
DA GERAÇÃO HIDRÁULICA
disponibilidade hídrica para jusante dos aproveitamentos, que ENERGÉTICA
passará a ser definida em dois patamares:
• Nível d´água do reservatório no mês anterior entre o mínimo Para a simulação hidráulica energética do conjunto de usinas
normal e o máximo normal: nesta condição, o reservatório da bacia dos rios Tocantins e Araguaia, foram selecionados os
estaria em fase de enchimento ou deplecionamento, então a seguintes aproveitamentos: Serra da Mesa (SM), Cana Brava
vazão turbinada seria igual a vazão regularizada; (CB), São Salvador (SS), Peixe Angical (PA), Lajeado (L),
Couto Magalhães (CM), Santa Isabel (SI) e Tucuruí (T), cuja As informações das principais características físicas, hidráulicas
topologia esquemática é mostrada na Figura 1. e energéticas dos aproveitamentos hidrelétricos estão relacionadas
na Tabela 3 e foram extraídas do banco de dados do Sistema
de Informação do Potencial Hidrelétrico Brasileiro (SIPOT) da
Eletrobrás.
Os cenários para atendimento às demandas de água para outros
usos foram estabelecidos a partir de porcentagens da VMO: 25%,
50%, 75% e 100%. A partir destes cenários, foi simulada a operação
hidráulica energética através da utilização do SisUca para as
seguintes condições de contorno:
• Sem retirada de vazões ao longo do período de 1931 a 2006;
• Com retiradas crescentes de 25%, 50%, 75% e 100% da VMO
(primeira usina da cascata) e das parcelas de 25%, 50%, 75% e 100%
da VMO incremental (demais usinas da cascata) da série de vazões
ao longo do período de 1931 a 2006.
Os resultados encontrados, em energia produzida e perdas
decorrentes por uso consuntivo da água, são apresentados na Tabela
4, onde se pode observar a variação da energia média, resultante da
simulação do período de 1931 a 2006, e da energia firme, resultante
da simulação do período crítico do sistema (junho de 1949 a
novembro de 1956). Observa-se que as perdas na bacia hidrográfica
para o conjunto de usinas consideradas variaram entre 2,9% e 12,1%
Figura 1 – Configuração esquemática das usinas na bacia dos rios
para a energia média, e 4,2% e 16,7% para a energia firme.
Tocantins e Araguaia
16 WWW.CBDB.ORG.BR
Concomitantemente à perda de energia, o atendimento crescente de em bacias hidrográficas de maior conflito, que passariam a operar
vazões para outros usos a montante de aproveitamentos hidrelétricos de forma diferenciada da praticada pelo setor elétrico. Neste
implica diretamente na redução das vazões regularizadas e, caso, as usinas passariam a ser comandadas pela demanda
consequentemente, na disponibilidade hídrica para jusante, como hídrica da bacia e não pela demanda energética de curto prazo
pode ser observado nos resultados mostrados na Tabela 5. do sistema interligado.
Tabela 5 – Impacto da redução da vazão regularizada pela retirada crescente de vazões para outros usos
18 WWW.CBDB.ORG.BR
SEGURANÇA DE BARRAGENS
IMPACTOS DA REGULAMENTAÇÃO
E IMPLANTAÇÃO DA POLÍTICA
NACIONAL DE SEGURANÇA DE
BARRAGENS NO SETOR MINERAL
Luiz Paniago NEVES | Geólogo, Mestre, Especialista em Segurança de Barragens
RESUMO ABSTRACT
A Lei nº 12.334, de 20 de setembro de 2010, a qual estabeleceu The Law nº 12.334 of September 20, 2010, which established the
a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB) no Brasil, National Dam Safety Policy in Brazil, delegated to the regulatory
delegou aos órgãos fiscalizadores de alguns setores governamentais agencies of some government departments tasked to surveillance
a incumbência de inspecionar e criar regulamentos sobre o tema and create regulations on the subject to its audited dams. Specifically
para suas barragens vistoriadas. O Departamento Nacional de the National Department of Mineral Production (DNPM),
Produção Mineral (DNPM) regulamentou os artigos 8º, 9º, 10º, 11º regulated the Articles 8, 9, 10, 11 and 12 of the said Law, creating
e 12º da citada Lei, criando novas atribuições aos empreendedores new assignments to entrepreneurs in order to improve the safety
no sentido de aprimorar a gestão da segurança das barragens de management Mining Dams for it audited. This paper aims to
mineração fiscalizadas pelo órgão. O presente trabalho tem por compare the management and consequently security of mining dams
objetivo comparar a gestão e, consequentemente, a segurança das before the enactment of the laws on the subject with the current
barragens de mineração antes da promulgação das legislações scenario. For this, the Critical Risk was used as base of this study
sobre o tema diante do cenário atual. Para tal, se utilizou o Risco using the comparative methodology between the pre and post data
Crítico (RC) como balizador deste estudo. Usou-se a metodologia entry into force of normative legal acts. In the study it was found that
comparativa entre os dados pré e pós entrada em vigor dos atos with the implementation of the laws, there has been a qualitative
normativos legais. Com o estudo foi possível constatar que com improvement in the management and reduction of critical risk of
a implementação das legislações, houve melhora qualitativa na mining dams, these audited by the DNPM.
gestão e diminuição do Risco Crítico das barragens de mineração
fiscalizadas pelo DNPM. Keywords: Dam Safety, regulation, surveillance, Critical Risk
O
elaborados muitos projetos e executadas obras de barragens
histórico legal sobre Segurança de Barragens no
com ênfase para a geração de energia (Usina Hidrelétrica de
mundo remonta a décadas passadas onde, por
Sobradinho, Tucuruí, Itaipu e Balbina).
exemplo, em Portugal, a legislação sobre o tema é de
No contexto da mineração, o “boom mineral” ocorrido nos
1990. Entretanto, nas últimas décadas houve uma crescente
anos 2006/2007 promoveu alterações substanciais no cenário
preocupação a respeito do assunto e com a necessidade de uma
existente até então. O citado “boom” fez com que os preços das
maior participação do Estado brasileiro. É fato que as barragens
commodities se elevassem fazendo com que as escalas de produção
são de grande importância para o desenvolvimento de
das minas aumentassem, bem como dando oportunidade para
qualquer sociedade (armazenamento de água para os diversos
a abertura de novas minas. Por consequência, as barragens de
usos, regularização de vazão, geração de energia, retenção de
rejeito de mineração existentes tiveram que ser “alteadas” e
resíduos minerais e/ou industriais). Contudo, essas estruturas
até mesmo novas barragens de rejeitos foram construídas. De
podem aumentar a exposição da sociedade, das infraestruturas
maneira análoga, os empreendimentos industriais seguiram a
e dos locais existentes à jusante daquelas, a níveis de riscos
mesma tendência.
considerados relevantes.
Após a promulgação da Lei 12.334/2010, em 21 de setembro
Especificamente em relação às empresas de mineração, é
do citado ano, e das regulamentações por parte dos órgãos
sabido que diversas companhias de grande, médio ou pequeno
responsáveis, em especial o DNPM, (em 03 de setembro de
porte já detinham a essência do tema de Segurança de Barragens
2012 e em 11 de dezembro de 2013 o DNPM regulamentou
inseridas em seu cotidiano. Entretanto, adequações se fizeram
todos dispositivos legais a ele imputados), foi possível fazer
necessárias com o advento da referida lei. Outras empresas
um comparativo de como estava a gestão de Segurança das
que não detinham esta temática em sua essência tiveram que
Barragens por ele fiscalizadas e como ficou esta gestão após a
se adequar seguindo o exposto na legislação vigente (tanto em
publicação dos citados dispositivos legais. Essa comparação é
relação à lei quanto aos seus consequentes regulamentos).
de grande importância para se poder constatar se a criação/
A inserção legal do Brasil na temática de Segurança de
promulgação de uma lei (e seus regulamentos - com o fim de
Barragens se deu com a promulgação da Lei n.º 12.334, de 20
aumentar a segurança das barragens) atingiu seu objetivo e se é
de setembro de 2010, quando os diversos órgãos fiscalizadores
necessário aperfeiçoar/retificar tais atos legais.
foram inseridos no assunto, como a Agência Nacional de Águas
(ANA), a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL),
o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos 2. DESENVOLVIMENTO
Naturais Renováveis (IBAMA) e seus órgãos descentralizados,
e o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). As Pelo fato do presente trabalho abordar uma análise
instituições de inspeção tiveram que, de acordo com obrigações pioneira, haja vista a recente publicação dos normativos que
advindas da Lei 12.334/2010, criar Resoluções e Portarias com o regulamentaram o tema, o estudo histórico e literário se baseou
fim de regulamentar alguns artigos da citada legislação federal. nas legislações de outros países, além de projetos de lei e
No País, dentre os motivos que levaram a aglutinação de legislações brasileiras.
esforços para a elaboração e aprovação da Lei nº 12.334/2010, Em Portugal, foi publicado o Decreto-Lei nº 11 em 6 de
cabe destaque ao reconhecimento do elevado nível de janeiro de 1990. Ele versa sobre a regulamentação geral e
problemas de natureza organizacional, responsável pelo estado ampla de segurança das barragens no país. Já em 1993, ainda
geral de abandono de milhares de barragens brasileiras, com em Portugal, foi publicado um regulamento mais direcionado
vulnerabilidades latentes em projetos, construção e operação às pequenas barragens. Nos Estados Unidos, o tema começou
de estruturas existentes. No Nordeste, as barragens eram a ser tratado e regulamentado desde 1920, no estado da
projetadas para a condição de máximo aproveitamento do vale, Califórnia, mas foi estruturado anos depois com as agências
com a formação de grandes reservatórios de água. Os projetos federais, como o U.S. Army Corps of Engineers (USACE) e o
eram elaborados tendo como prioridade a utilização da água Departamento de Interior. Durante o início do século XX,
para o consumo humano e dessedentação de animais, sendo foram construídas muitas barragens e institucionalizadas
as atividades de irrigação e de geração de energia consideradas diversas normas de segurança.
secundárias. Durante as décadas de 70 e 80 foram construídos Os projetos de lei analisados serviram como arcabouço e
20 WWW.CBDB.ORG.BR
estrutura para a elaboração da publicada Lei nº 12.334/2010, do empreendimento, os planos e procedimentos (operação,
assim como a legislação estadual (Decreto nº 10.752/1977, manutenção, inspeção, monitoramento e instrumentação),
São Paulo). Todos estes seguiam a metodologia de gestão os registros e controles (operação, manutenção, inspeção,
continuada nas barragens e sugeriam auditorias regulares nas monitoramento, instrumentação, bem como os testes de
estruturas. equipamentos hidráulicos, elétricos, mecânicos e etc.), os
relatórios de inspeção (regulares e especiais, caso haja), além
2.2 OBJETIVO da revisão periódica de segurança da barragem e o Plano de
Ação de Emergência de Barragem de Mineração (PAEBM) -
O objetivo deste trabalho é fazer um comparativo de como este quando exigido.
estava a gestão da Segurança de Barragens de mineração antes Para classificar uma barragem (nos termos da Resolução
da promulgação da Lei nº 12.334/2010 e seus regulamentos com CNRH nº 143/2012), é necessário somar os itens do quadro de
o cenário atual, após a implementação destes atos normativos categorização de uma barragem para o quesito Risco Crítico
legais. Tendo em vista que o marco temporal para poder executar (que contempla três itens, com 17 subitens), somar os subitens
o comparativo alvo do estudo em tela foi a partir de 21 de setembro do Dano Potencial Associado (que contém um item com quatro
de 2010, se analisou o banco de dados do DNPM das barragens subitens) e verificar suas pontuações de acordo com o range de
de mineração antes da referida lei e seus regulamentos, e as pontos atingido. Deste modo, a barragem será catalogada em
informações colhidas após cinco anos de sua implementação. As baixo, médio ou alto, tanto em relação a seu Dano Potencial
informações alvo de comparação são semelhantes e permitem Associado quanto ao seu Risco Crítico. Destes parâmetros,
fazer um comparativo seguro e confiável. as barragens são classificadas em A, B, C, D ou E, de acordo
A Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB) com uma matriz Dano Potencial versus Risco Crítico. A
tem como instrumentos de aplicação (art. 6º): o sistema de matriz elaborada pelo DNPM e descrita na Portaria DNPM nº
classificação de barragens por categoria de risco e por dano 416/2012 é explicitada na figura 01 a seguir.
potencial associado; o Plano de Segurança de Barragem
(PSB); o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de
Barragens (SNISB); o Sistema Nacional de Informações sobre
o Meio Ambiente (Sinima); o Cadastro Técnico Federal de
Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; o Cadastro
Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras
ou Utilizadoras de Recursos Ambientais, e o Relatório de
Segurança de Barragens.
Um ponto importante da lei foi a delimitação de quais
estruturas estariam ou não dentro da PNSB. Para que uma
barragem esteja dentro da PNSB deve atender a Lei nº
12.334/2010 em plenitude. Ou seja, ela deve apresentar pelo FIGURA 1 – Classes das barragens de mineração de acordo com Portaria
menos uma das seguintes características: DNPM nº 416/2012. Fonte: Portaria DNPM nº 416/2012 – anexo I
a. Altura do maciço, contada do ponto mais baixo da
fundação à crista, maior ou igual a 15 m (quinze metros); Conforme o art. 4º da Resolução CNRH nº 143/2012, quanto
b. Capacidade total do reservatório maior ou igual a à categoria de risco, as barragens serão classificadas de acordo
3.000.000m³ (três milhões de metros cúbicos); com aspectos da própria barragem que possam influenciar na
c. Reservatório que contenha resíduos perigosos conforme possibilidade de ocorrência de acidente. São levados em conta
normas técnicas aplicáveis; critérios como: características técnicas (englobando a altura
d. Categoria de Dano Potencial Associado (DPA), médio do barramento, o comprimento do coroamento da barragem,
ou alto, em termos econômicos, sociais, ambientais ou de o tipo de barragem quanto ao material de construção, o tipo
perda de vidas humanas, conforme definido no art. 6o. de fundação da barragem, a idade da barragem, o tempo de
O PSB é um instrumento criado pela Lei nº 12.334/2010 recorrência da vazão de projeto do vertedouro); estado de
com o intuido de maximizar a gestão da Segurança das conservação da barragem (abrangendo: confiabilidade das
Barragens. Ele contempla, ao menos, as informações gerais estruturas extravasoras; confiabilidade das estruturas de adução;
da barragem e do empreendedor, a documentação técnica eclusa; percolação; deformações e recalques; deterioração
REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE BARRAGENS 21
SEGURANÇA DE BARRAGENS :: IMPACTOS DA REGULAMENTAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA DE BARRAGENS NO SETOR MINERAL
22 WWW.CBDB.ORG.BR
FIGURA 3 – Barragens de mineração cadastradas no DNPM
subdivididas por estado (2010)
Das dez estruturas analisadas em 2012 e em 2015, ocorreu fato de os dados que munem esse item (Dano Potencial Associado)
evolução na gestão da segurança em oito empreendimentos. serem independentes da citada gestão. A barragem está onde o
Ou seja, o risco de colapsos ou problemas nestas estruturas foi minério está, independente do que está a jusante da estrutura. Do
minimizado em três anos. As duas estruturas que não tiveram mesmo modo, o que está a jusante do barramento ali permanecerá.
evolução qualitativa, mantiveram suas posições (Risco Crítico Dificilmente uma cidade ou infraestrutura será retirada pelo fato de
baixo nas duas) pois já detinham em seu cotidiano a Segurança existir uma barragem a montante dessas ocupações.
de Barragens como premissa. Estas citadas estruturas tiveram
apenas que se adequar à legislação, substancialmente em sua
forma: organização e apresentação de registros e documentos.
A tabela 01 resume os dados coletados nas vistorias,
representando o nome das barragens por letras, a fim de manter
o sigilo dos empreendedores analisados.
Risco Crítico
Barragem de Mineração
2012 2015
A médio baixo
B baixo baixo
C alto baixo
D alto médio
E médio baixo
F médio baixo
G alto baixo
H baixo baixo
FIGURA 8 – Barragens de mineração classificadas por DPA (2015)
I médio baixo
J alto médio
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tabela 01 – Comparativo de dez barragens de mineração classificadas por seu
Risco Crítico nos anos de 2012 e 2015
Depreende-se dos dados analisados e resultados apresentados
que, notoriamente, a promulgação da Lei nº 12.334/2010,
e consequentemente as resoluções do CNRH e as Portarias
regulamentadoras do DNPM, promoveram aumento na qualidade
da gestão das barragens de mineração. Dois anos após a promulgação
da lei, o cadastro do DNPM cresceu 145%. E, após a entrada em vigor
das portarias, houve acréscimo de 10% neste quantitativo. O cadastro
do DNPM foi majorado mostrando que existiam estruturas que não
estavam sendo gerenciadas pelo órgão.
Entretanto, o item mais importante alcançado com o estudo
proposto foi o fato de que houve diminuição percentual do Risco
Crítico das BMs. Ocorreu decréscimo percentual de 3% nas BMs
classificadas com Risco Crítico alto, e consequentemente aumento
percentual, também em 3%, das BMs classificadas em Risco Crítico
baixo (figuras 05 e 06). A comprovação é oriunda da análise do banco
de dados do órgão gestor da segurança das barragens de mineração. Da
FIGURA 7 – Barragens de mineração classificadas por DPA (2012) mesma forma, o estudo avaliou pontualmente dez BMs do cadastro de
2012 e 2015, onde o Risco Crítico destes foi diminuído, ou seja, houve
Analisando os gráficos referentes ao Dano Potencial Associado, migração de Risco Crítico alto para médio ou para baixo (tabela 01).
é perceptível o que foi relatado antes: a análise por Dano Potencial A regulamentação de um tema de tão grande magnitude
Associado não nos permite uma clara conclusão da evolução ou e importância, tanto para os empreendedores quanto para os
involução da gestão da Segurança das Barragens. Isto ocorre pelo fiscalizadores e, especialmente, à sociedade civil, foi essencial. A
24 WWW.CBDB.ORG.BR
entrada em vigor dos dispositivos legais trouxe à tona a necessidade PORTUGAL. Decreto-Lei n. 409. Regulamento de Pequenas Barragens. Lisboa:
de se ter parâmetros para a gestão e a segurança das barragens. Com Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, 1993. Diário da República,
essa homogeneização de procedimentos, a segurança das estruturas 290/93 Série IA, 14 dez. 1993.
PORTUGAL. Decreto-Lei n. 344, 15 out. 2007. Regulamento de Segurança de
foi maximizada e a tendência é que a referida segurança seja sempre
Barragens. Lisboa: Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, 2007.
crescente, de modo a garantir harmonia entre os entes envolvidos
Diário da República, Série 1, n.198, 15 out. 2007.
em um ambiente sustentável. É certo que quem mais ganha com isso Relatório de segurança de barragens 2011. Agência Nacional de Águas. Brasília:
é a sociedade civil, pois o risco para a vida humana e para o meio ANA. (2012).
ambiente são mitigados. Regulatory Impact Analysis: A Tool for policy coherence 2009. OECD Reviews of
Regulatory Reform.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS RODRIGO, D (2005). Regulatory Impact Analysis in OECD Countries. Challenges
for Developing Countries, OECD, Paris.
U.S. ARMY CORPS OF ENGINEERS - USACE. Safety of Dams – Policy and
CNRH (2012). Resolução nº 143/2012. Seção 1 do D.O.U de 4 de setembro de 2012. Procedure Draft. Washington DC: Engineering and Design, 2003.
CNRH (2012). Resolução nº 144/2012. Seção 1 do D.O.U de 4 de setembro de 2012. VISEU, T.; MARTINS, R. Safety risks of small dams. In: BERGA, L. (Ed.) Dam Safety.
COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS. Guia básico de segurança de barragens. Rotterdam: Balkema, 1998. p. 283-288.
São Paulo: CBDB, 2001. VOGEL, A. Risk classification of dams in relation to a failure-cause-specific break
DNPM (2012). Portaria do Diretor Geral do DNPM nº 416/2012. Seção 1 do D.O.U mechanism. In: BERGA, L. (Ed.) Dam Safety. Rotterdam: Balkema, 1998. p. 377-381.
de 5 de setembro de 2012.
DNPM (2013). Portaria do Diretor Geral do DNPM nº 526/2013. Seção 1 do D.O.U
de 11 de dezembro de 2013. Luiz Paniago Neves
MENESCAL, R. A.; VIEIRA, V. P. P. B.; OLIVEIRA, S. K. F. Terminologia para Geólogo, mestre, especialista em Segurança de Barragens.
análise de risco e segurança de barragens. In: MENESCAL, R. A. (coord.) A segurança Experiências profissionais: Departamento Nacional de
de barragens e a gestão de recursos hídricos. Brasília: Ministério da Integração Nacional, Produção Mineral (DNPM); Especialista em Recursos
2005a. p. 31-49. Minerais; Coordenador de Fiscalização da Pesquisa Mineral;
PALÁCIO DO PLANALTO (2010). Lei nº 12.334/2010. Seção 1 do D.O.U de 21 de Gestor Segurança de Barragens de Mineração e Portarias
setembro de 2010 DNPM nº 416/2012 e 526/2013. Atuou também na IBRAM-
PORTUGAL. Decreto-Lei n. 11, 06 jan. 1990. Regulamento de Segurança de DF, Votorantim Metais e Jardim Botânico de Brasilia. Ministrou
Barragens. Lisboa: Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, 1990. workshop Gestão de Segurança de Barragens de Mineração e
Diário da República, Série 1, n.5, 06 jan. 1990. Cursos de Gestão de Segurança de Barragens de Mineração.
IDEIAJATO: consultoria e projetos de engenharia e arquitetura em edificações, barragens e estruturas associadas, com tecnologia,
confiabilidade e segurança, para aproveitamento de recursos e redução de custos. Técnicos com experiência em barragens para:
D e s e n v o l v e d o r a d o S i s t e m a I n t e l i g e n t e d e S e g u ra n ç a d e B a r ra g e n s – I D A M S , h á 1 0 a n o s n o m e r c a d o .
So�ware web completo e amigável para gerenciamento de documentos, dados, guias, inspeções, instruções técnicas, análise temporal e
instantânea de instrumentação, análise de risco pelo FMEA e GUT, classificação e emissão de relatórios aos Órgãos Reguladores.
Rua Teixeira de Freitas, 490/1201, Santo Antônio | Belo Horizonte | MG| CEP: 30350-180
Celular: +55 31 9 9957 3878 | Telefax: +55 31 3296 3878
contato@ideiajato.com.br | www.ideiajato.com.br
HIDROLOGIA
MODELO DE PREVISÃO
DE CHEIAS DURANTE A
CONSTRUÇÃO DA UHE
SÃO ROQUE
Anaximandro Steckling MULLER | Engenheiro Civil, M.Sc – Engevix Engenharia S.A.
Diego David BAPTISTA de Souza | Coordenador, M.Sc – Engevix Engenharia S.A.
Guilherme Piaie de Oliveira PALMA | Engenheiro Civil – Engevix Engenharia S.A.
RESUMO ABSTRACT
Este trabalho apresenta o estudo de caso de implantação de This paper presents a case study of a rain-flow model for weather
um modelo chuva-vazão para previsão meteorológica durante forecast during the construction of São Roque HPP, in Canoas
a construção da Usina Hidrelétrica (UHE) São Roque, no rio River, Santa Catarina State. The model was based on artificial
Canoas, estado de Santa Catarina. O modelo foi elaborado com neural networks technique (NARX), and showed great results. The
base na técnica de Redes Neurais Artificiais (RNA) e apresentou flow forecast has allowed anticipating to the site works the flood
ótimos resultados. A previsão das vazões permitiu antecipar à obra events in a weekly basis, adding greater security on the planning
com antecedência semanal os eventos de cheia, agregando maior and construction.
segurança ao planejamento e construção.
26 WWW.CBDB.ORG.BR
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS Energética S/A. A construção está sendo realizada em regime
Engineering, Construction and Procurement (EPC) pela Engevix
A
construção de uma Usina Hidrelétrica (UHE) Construções S/A, e o projeto executivo está sendo desenvolvido pela
sempre lida com um risco associado a cada uma de Engevix Engenharia S/A.
suas etapas. É o chamado risco hidrológico. Como as A UHE São Roque possui um reservatório de acumulação com
estruturas componentes da usina são construídas no leito do volume útil de 459 hm³, com deplecionamento de 14 m. A barragem
rio e em suas proximidades, elas devem estar protegidas em é em Concreto Compactado com Rolo (CCR) com fechamento
caso de ocorrência das cheias naturais do rio. nas ombreiras em enrocamento com núcleo. A altura máxima da
A proteção dada às estruturas é definida em função de um risco barragem é de 60 m. O vertedouro é de soleira livre, com 390 m de
hidrológico associado, diante do tipo de estrutura, do custo da comprimento e capacidade para passagem da cheia QMP de 12.928
proteção, e do impacto que viria a ser causado em caso de inundação m³/s, sendo um dos maiores vertedouros de soleira livre do Brasil
e/ou ruptura. Também pode ser definida com estudo de mínimo em termos de vazão de projeto. A potência instalada da usina é de
impacto global através do valor esperado do risco. 141,9 MW, dividida em três máquinas Francis.
Assim, mesmo contando com obras de proteção como A Figura 1 apresenta o arranjo geral do empreendimento.
ensecadeiras e/ou septos, as estruturas
de uma usina hidrelétrica estão sujeitas a
galgamentos, rupturas e/ou inundações -
na medida do critério do risco hidrológico
adotado e/ou calculado -, que podem
causar prejuízos financeiros ou de
cronograma. No pior cenário podem
causar ainda mortes de seres humanos.
Torna-se essencial fornecer à equipe
de construção da usina uma previsão
confiável da probabilidade de ocorrência
de eventos de cheia superiores aos previstos
nos critérios de projeto, com antecedência suficiente que permita FIGURA 1 – Arranjo geral do empreendimento
a rápida adaptação da obra, de maneira a evitar e/ou minimizar os
prejuízos. Para a construção da usina, foram planejadas duas fases de
Este artigo apresenta o sistema de previsão de cheias adotado para desvio do rio. Na primeira fase, o rio Canoas foi estrangulado
a construção da UHE São Roque. O sistema se baseia na aplicação através de uma ensecadeira longitudinal (ensecadeira de 1ª fase). No
de um modelo chuva-vazão desenvolvido através do método das recinto ensecado foram construídas as adufas de desvio e parte do
Redes Neurais Artificiais (RNA), calibrado com dados das estações barramento e vertedouro. A Figura 2 apresenta a 1ª etapa de desvio.
pluviométricas e fluviométricas na região
do empreendimento. O artigo apresenta
também exemplo da aplicação deste sistema
para eventos reais de cheia ocorridos
durante a construção da usina.
2. A USINA
HIDRELÉTRICA
SÃO ROQUE
A Usina Hidrelétrica São Roque está
em construção no rio Canoas, em Santa
Catarina, entre os municípios de Vargem
e São José do Cerrito. A concessionária da usina é a São Roque FIGURA 2 - Desvio de 1ª etapa UHE São Roque - modelo 3d
REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE BARRAGENS 27
HIDROLOGIA :: MODELO DE PREVISÃO DE CHEIAS DURANTE A CONSTRUÇÃO DA UHE SÃO ROQUE
Na 2ª fase de desvio, as águas do rio Canoas foram Para a calibragem das vazões foram utilizados dados
direcionadas para as adufas de desvio através de duas disponíveis de precipitação e vazão. Para a modelagem foi usada
ensecadeiras transversais ao rio (ensecadeiras de 2ª fase). uma rede neural artificial auto-regressiva não linear com entrada
A Figura 3 apresenta a 2º etapa de desvio. O critério de exógena (NARX), que tem sua arquitetura típica apresentada
projeto para o risco hidrológico foi de uma cheia com tempo na Figura 4 [1].
de recorrência de dez anos. As redes neurais do tipo NARX permitem a previsão de
eventos utilizando dados dependentes
(Y) calculados com a própria rede no
horizonte em que se deseja, sendo
esta uma variação das redes neurais
recorrentes [1].
28 WWW.CBDB.ORG.BR
O processo de calibração da rede obteve o melhor resultado para
a 5ª época de ajuste dos pesos, apresentando um R² de 0,98. Para a
validação e teste da calibração os R² foram, respectivamente, 0,95 e 0,98.
Após calibração, validação e teste, a arquitetura da rede é
modificada para aplicação na previsão em um horizonte de mais de
um dia. Para estas situações, os valores de vazão são os calculados pela
própria rede. Na Figura 7 é apresentada a arquitetura modificada.
4. APLICAÇÃO
O procedimento em aplicação consiste em semanalmente
encaminhar para a obra a previsão de vazões e níveis do rio Canoas
FIGURA 5 – Arquitetura rede NARX para a calibração na região do empreendimento. Essa previsão é acompanhada
diariamente e a cada mudança significativa nas previsões hidro-
de precipitação média na bacia com o método de Thiessen. a. Execução do CCR de 2ª etapa em patamares
Os dados de previsão de precipitação são coletados com
o horizonte de sete dias no início de cada semana, e vão sendo A adoção de um planejamento da execução do CCR em diversos
gradativamente atualizados ao longo deste período. As previsões patamares possibilita que, no caso de ocorrência de algum evento de
podem ser drasticamente alteradas, sendo este o fator limitante da galgamento, a produção não seja interrompida, uma vez que existem
precisão do modelo. blocos em elevações acima do nível da água do evento de cheia.
Os acessos da obra para a barragem foram também otimizados de
4.2. PREVISÃO DE VAZÕES maneira a permitir este trabalho com a barragem CCR em diferentes
níveis. A Figura 9 ilustra a execução do CCR 2ª etapa com a adoção
de patamares.
Com a vazão anterior obtida a partir do Sistema de Monitoramento
Hidrológico da ANA e com a previsão de precipitações médias
b. Execução da ensecadeira de jusante para acesso
na bacia, os cálculos são efetuados com o modelo chuva-vazão.
Determinam-se, então, as previsões de vazões na região da UHE São
Para permitir a continuidade na execução do CCR no caso de
Roque. Na Figura 8 são apresentados os resultados da aplicação do
galgamentos foi executada uma ensecadeira provisória de jusante
modelo para o mês de setembro com a precipitação aferida.
para promover o acesso dos equipamentos. A
Figura 10 ilustra a ensecadeira executada.
30 WWW.CBDB.ORG.BR
4.5. EVENTO DE CHEIA 26/09/15 A 30/09/15 O trabalho apresentou, ao final, o relato do evento de cheia do
término de setembro de 2015, o que ocasionou o galgamento do
No dia 24/09/15, tendo por base as previsões de precipitação, foi trecho rebaixado da barragem CCR. A previsão confiável desta
enviado para a obra um alerta de evento de cheia para o período cheia permitiu à obra planejar antecipadamente as ações a serem
de 26/09/15 – 30/09/15. As estimativas indicavam que as vazões tomadas, como, por exemplo, a retirada de equipamentos e pessoal.
afluentes na UHE São Roque causariam galgamento dos blocos do Assim, garantiram a segurança de todos durante o evento. A medida
CCR na margem esquerda provocando uma sobrelevação do N.A a permitiu ainda a retomada rápida das atividades.
montante na cota 721,0 m.
Conforme pode ser observado nas Figuras 11 e 12, o evento 6. PALAVRAS-CHAVE
previsto ocorreu e provocou o galgamento dos blocos de CCR em
uma sobrelevação na cota 720,97 m. Modelo chuva x vazão, hidrologia, redes neurais, previsão
meteorológica, UHE São Roque.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] HAYKIN, S. (1994) “Neural Networks – A Comprehensive Foundation”, New
York: Macmillan College Publishing Company;
[2] MATLAB (2015) “Neural Network Toolbox Documentation”. Disponível
em: <http://www.mathworks.com/access/helpdesk/help/toolbox/nnet.shtml?BB=1>
Acesso em julho. 2015.
[3] Rede de monitoramento hidrológico da agencia nacional de águas (ANA).
FIGURA 11 – Galgamento CCR 27/09/2015 Disponível em:<http://mapas-hidro.ana.gov.br> Acesso de Julho a Setembro 2015.
[4] Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de
Santa Catarina (CIRAM) Disponível em:< http://ciram.epagri.sc.gov.br> Acesso de
Julho a Setembro 2015.
ASPECTOS ECONÔMICOS,
TÉCNICOS E GESTÃO DE
RISCOS NA IMPLANTAÇÃO
DE EMPREENDIMENTOS –
UMA VISÃO DE ACIONISTA
Cleber José de CARVALHO | Cia Energética de Minas Gerais S.A.
Flávio Dutra DOEHLER | Cia Energética de Minas Gerais S.A.
Octávio Viggiano Barbosa Nascimento de SOUZA | Aliança Geração de Energia S.A.
RESUMO ABSTRACT
A gestão do Grupo Cemig, hoje com 200 empresas, requer The head of the Cemig Group, today holding 200 companies,
atendimento a preceitos de sua estratégia. No caso de projetos de requires adherence to precepts of their strategy. For projects of
geração de energia, são adotados modelos de gestão de participação, power generation, management models of participation, even
mesmo quando não há controle societário. Este trabalho apresenta o when there is corporate control are adopted. This paper presents
gerenciamento de um megaprojeto de Usina Hidrelétrica, por meio the management of a hydroelectric megaproject, by monitoring
do monitoramento e análise financeiros, de engenharia e de meio and analyzing financy, engineering and environmental aspects
ambiente, na visão do acionista. Uma equipe de analistas técnicos, under the shareholder point of vew. A staff of technical analysts,
apoiada por áreas especializadas da Cemig, avalia sistematicamente supported by specialized areas of Cemig, systematically evaluates
as informações da Sociedade de Propósito Específico (SPE). Após the informations provided by the SPC, comparing them with the
compara-as com o previsto no seu Plano de Negócios da participação the original Cemig participation in the business plan, to seek
para buscar soluções de problemas em comitês da SPE. É uma solutions for questions coming from the SPC committees. It is a real
verdadeira ferramenta de gestão de projetos inserida na governança project management tool inserted in the SPC corporate governance
corporativa, visando à preservação da qualidade Cemig. in order to preserve the Cemig standard of quality.
32 WWW.CBDB.ORG.BR
1. INTRODUÇÃO 2.2. O EMPREENDIMENTO
A
implantação de empreendimentos de geração deve O empreendimento prevê a construção em quatro sítios:
ser acompanhada pelo empreendedor acionista, Pimental, Belo Monte, Canal de Derivação e Diques. O sítio
considerando variáveis do projeto, tais como o seu Pimental consiste em uma barragem no rio Xingu, no estado do
porte e o montante a ser investido, dentre outras. O modelo Pará, com uma casa de força complementar e um vertedouro,
de gestão adotado no escopo desse trabalho visa atender à localizados cerca de 40 km a jusante da cidade de Altamira. Este
necessidade dos acionistas ativos, ou seja, aqueles que buscam complexo forma o reservatório principal.
influenciar positivamente na implantação do projeto. O resultado A partir desse reservatório, a água será desviada pelo Canal de
esperado de sua operação deve ser a elevação da capacidade dos Derivação, com 20 km de extensão, para formar o reservatório
tomadores de decisão do trabalho. Isto ocorre com o subsídio intermediário, na região denominada Volta Grande do Xingu.
técnico e estratégico na seleção de alternativas viáveis acerca O reservatório intermediário será formado com a construção
do empreendimento, trazendo assim uma efetiva vantagem de 28 diques e três barragens. A área total dos dois reservatórios
competitiva para a preservação da taxa de retorno do projeto e a será de 478 km², dividida entre os municípios de Vitória do
prevenção do conflito de agência. Xingu (248 km²), Brasil Novo (0,5 km²) e Altamira (267 km²),
As informações para subsidiar o investidor que irá realizar o sendo 359 km² do reservatório principal situado no rio Xingu
acompanhamento podem ser apresentadas por meio de relatórios e 119 km² no reservatório intermediário formado fora da calha
de avanço físico e financeiro do empreendimento, fornecido pelo do rio Xingu.
agente responsável pela implantação. O vertedouro terá 18 comportas de 20 m x 22,3 m, com
É importante que essas informações sejam verificadas por capacidade máxima de vazão de 62.000 m³/s. Será construído
profissionais capacitados para atestar o avanço no campo e adjacente à barragem um sistema de transposição de peixes.
monitorar a qualidade das entregas, bem como a identificação A usina terá duas casas de força. A casa de força principal será
de riscos técnicos e não técnicos que podem impactar o construída no sítio Belo Monte e terá 18 turbinas tipo Francis,
empreendimento. Os impactos podem ser positivos ou com potência instalada total de 11 mil MW, vazão máxima de
negativos. Oportunidades pertencem ao primeiro grupo. Já as engolimento de 13.950 m³/s e queda líquida de 87 m. A casa de
ameaças são características da segunda opção e podem alterar força complementar será construída no sítio Pimental e terá seis
significativamente a qualidade, os custos e os prazos. turbinas Kaplan de eixo horizontal, com potência total instalada
A proposta do trabalho é customizar o controle, alinhado com de 233,1 MW, queda líquida de 11,4 m e vazão máxima turbinada
os anseios das principais partes interessadas no empreendimento. de 2.268 m³/s.
Foi estabelecido um hidrograma para garantir um nível
mínimo da água no trecho de vazão reduzida, variável ao longo
2. CARACTERIZAÇÃO DO do ano, a fim de assegurar a navegabilidade do rio e as condições
satisfatórias para a vida aquática.
EMPREENDIMENTO – AMAZÔNIA
ENERGIA
3. CARACTERIZAÇÃO DO
2.1. CASO DA PARTICIPAÇÃO DA AMAZÔNIA NO EMPREENDEDOR
EMPREENDIMENTO
O porte do empreendimento, a região na qual ele está inserido
A Amazônia Energia, empresa que tem parte da Cemig Geração e os tipos de sócios ou acionistas participantes, em geral, são
e Transmissão e da Light Serviços de Eletricidade, iniciou sua informações que indicam o nível de controle que deverá ser
participação na Usina Hidrelétrica (UHE) Belo Monte em outubro de aplicado, alinhado com a governança das respectivas empresas.
2011, com a aquisição do percentual de 9,77% do empreendimento.
A partir dessa data, a empresa tomou a decisão de realizar o 3.1. PARTES INTERESSADAS
acompanhamento da implantação por meio de um modelo de gestão
de uma forma prática. A medida tinha o foco no ciclo completo do Destacam-se entre as partes interessadas no projeto: acionista,
investimento, desde a implantação até a operação e a manutenção. empregados do agente responsável pela implantação ou SPE, agente
construtor e agente financiador. O modelo de gestão foi elaborado 3.1.4. AGENTE CONSTRUTOR
com o foco do acionista.
É a empresa responsável pela construção do empreendimento
3.1.1. ACIONISTA e seus subcontratados.
34 WWW.CBDB.ORG.BR
4. MODELO DE GESTÃO NA VISÃO DO Para atender à expectativa da principal parte interessada aqui
considerada, o acionista, é necessário elevar a sua capacidade de
ACIONISTA tomar decisões sobre o empreendimento. A SPE, em geral, informa
o ocorrido por meio de relatórios técnicos e administrativos. Essas
O modelo de gestão, Figura 1, elaborado para atender a
informações são analisadas e um relatório é emitido com os registros
necessidade do acionista ativo (aquele que participa ativamente
das impressões e alertas da equipe técnica para o acionista.
do acompanhamento da implantação do empreendimento), tem
As informações com potencial de maior impacto para o
o objetivo de prevenir sobre o conflito de agência, gerenciando
empreendimento são analisadas por meio de ferramentas adequadas
os riscos e analisando a sensibilidade dos impactos no
visando ao esclarecimento do acionista. Ele deve saber os motivos
empreendimento.
do que está acontecendo, qual a tendência em curto e médio prazos,
Como resultado, o modelo de gestão deve fornecer ao acionista,
e quais ações poderiam ser tomadas para mitigação.
de forma antecipada, os impactos relevantes e a estruturação de
O objetivo, portanto, é municiar o acionista com informações
soluções tempestivas. Ele deve fornecer ainda o monitoramento
sobre os riscos e oportunidades, considerando os aspectos técnicos
da coerência entre os avanços físicos e financeiros, alertando o
e econômicos para auxiliá-lo na tomada de decisão.
acionista para os principais riscos e oportunidades. Além disso,
O modelo de gestão coleta as informações necessárias junto
deve estar atento às variações de premissas estabelecidas na origem
à SPE (relatórios técnicos e informações originadas de visitas ao
do plano de negócio, utilizando, quando necessário, o corpo técnico
campo), e realiza a consolidação dessas informações para a emissão
disponível para otimização dos resultados do negócio.
de relatório com registros das
impressões e alertas da equipe
técnica para o acionista.
5. DEFINIÇÃO DA
METODOLOGIA E
RECURSOS
5.1. METODOLOGIA
os projetos sejam executados otimizando prazo e custo, com maior A análise de risco é realizada com o software @RISK [4]. Cada
segurança e confiabilidade operacional. risco mapeado tem o seu impacto no custo (CAPEX) e no prazo
O PMBOK [3] é um guia de boas práticas em gestão de projetos (cronograma) identificado em três cenários: pessimista, mais
elaborado pelo PMI. Esse guia apresenta as boas práticas para provável e otimista. O software, por meio da simulação de Monte
estruturação de processos e ferramentas que podem ser utilizadas Carlo, realiza diversas interações entre os dados e fornece como
de acordo com a necessidade de cada projeto, sendo, portanto, saída as distribuições probabilísticas de variação do CAPEX e da
bastante flexível e aplicável a todos empreendimentos. data de entrada em operação.
6. ASPECTOS DE CONTROLE
Os aspectos de controle consideram as nove
áreas do conhecimento do PMBOK mais o plano de
negócio. Os itens escopo, tempo, custo, qualidade,
recursos humanos, comunicação, risco, aquisição e
integração são analisados em ciclos do PDCA.
FIGURA 2 – Estrutura organizacional para o modelo
6.1. ESCOPO
5.2.2. FERRAMENTAS
O controle do escopo na visão do acionista está focado
5.2.2.1 OFFICE 365 no avanço físico do empreendimento. A Figura 3 considera,
portanto, que toda infraestrutura necessária para a construção
Foram adotados o Microsoft SharePoint On-line que possibilita a está sendo realizada e não entrará no controle.
criação e o gerenciamento de sites customizados para o empreendimento
e para a equipe, e o Microsoft Office 365 para melhorar a segurança dos 6.2. TEMPO
acessos e a possibilidade de compartilhar e editar documentos em
tempo real com outros usuários, bem como sincronizar documentos O acompanhamento do cronograma averigua a entrada
com a sua estação de trabalho e arquivar na nuvem. em operação de cada unidade geradora nas datas contratuais.
A escolha do Office 365 levou em conta a facilidade de operação A partir do cronograma da SPE são selecionadas as
do programa. Não é necessário ter conhecimento avançado de macroatividades para elaborar um novo cronograma na visão
Tecnologia da Informação (TI) para usá-lo. Qualquer usuário com do acionista, no qual é visualizado o empreendimento numa
conhecimento básico pode configurar e usar seus recursos. quantidade reduzida de atividades.
36 WWW.CBDB.ORG.BR
6.5. RECURSOS HUMANOS
6.6. COMUNICAÇÃO
6.7. RISCO
6.8. AQUISIÇÃO
FIGURA 3 – Avanço físico-financeiro
O acompanhamento da aquisição de materiais e serviços deve
ser realizado considerando o alinhamento, prioritariamente, com
6.3. CUSTO as aquisições que impactam a qualidade, o custo e o prazo de
implantação do empreendimento.
A análise de custo deve buscar atender às premissas
estabelecidas no plano de negócio considerando a implantação
e a operação. Entretanto, variações no prazo de implantação, na 6.9. INTEGRAÇÃO
qualidade e no custo da operação impactam significativamente o
retorno para o acionista. A visão de curto prazo frequentemente A integração das áreas que participam da implantação do
exercida pelo agente responsável pela implantação tende a não empreendimento é realizada por meio do site. Lá as informações
considerar essas variáveis no longo prazo. estão disponibilizadas aos técnicos e ao acionista.
A avaliação da qualidade da implantação deve ser realizada À medida que o empreendimento avança, as premissas podem
pelas equipes técnicas com o objetivo de garantir a segurança ser confirmadas ou alteradas em função de cenários econômicos e
operacional de acordo com o órgão regulador e evitar impactos alterações de projeto necessárias e relevantes. Assim sendo, a TIR
no prazo e no custo. é calculada e os impactos avaliados.
38 WWW.CBDB.ORG.BR
FIGURA 5 – Painel da TIR
10. CONCLUSÕES
de documentos, dashboard, agenda do projeto e reuniões técnicas Considerando que:
e do conselho de administração. • O acionista necessita ter visão ampliada contemplando todo
O site do empreendimento disponibiliza também o painel o ciclo de vida do empreendimento (implantação, operação e
dinâmico de aferições de sensibilidade na TIR com base nos descomissionamento);
cenários de riscos identificados. Os itens de maior impacto são • A SPE fornece ao acionista somente informações básicas sobre
listados no painel de questões com o objetivo de demonstrar o a implantação do empreendimento;
resultado das análises de ação direta do acionista, já priorizadas • Há conflito de agência entre o acionista e a SPE;
pela ação da equipe própria. • O acionista deve se posicionar de maneira segura quanto ao
empreendimento;
• As obras, por vezes,
sofrem atrasos e sobrecusto,
é plausível analisar algumas
conclusões.
Sendo assim, o acionista
deve realizar um controle
próprio e eficiente do empre-
endimento para se certificar
da situação real com o objetivo
de ampliar a visão fornecida
pela SPE. O acionista deve
ter capacidade de antever os
riscos e agir preventivamente.
Ele tem que confrontar as
informações geradas pela SPE
com as da sua equipe própria,
melhorando a capacidade
de tomar decisões junto ao
conselho de administração e
mitigando o risco do conflito
de agência.
11. AGRADECIMENTOS
Cleber José de Carvalho
Agradecemos às empresas Amazônia Energia, Cemig e Light Na Cemig desde 1983, atuou na área de segurança de
barragens até 1997 e no Laboratório de Solos até 2006 como
pela permissão e oportunidade de publicar esse trabalho. Eng. geotécnico e coordenador. A partir de 2006, como
coordenador das atividades relativas à prestação de serviços de
Barreiras RXE contra quedas de rochas, feitas de fio de aço de alta resistência
Geobrugg AG | Rua Visconde de Pirajá, 82 sl.606 | 22410-003 - Rio de Janeiro, Brasil | Phone + 55 21 3624 1449 | www.geobrugg.com | info@geobrugg.com
GEOLOGIA DE ENGENHARIA
RESUMO ABSTRACT
As Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) Indaiazinho e Indaiá The Indaiazinho and Indaiá Grande Small Power Plants were built
Grande foram implantadas no rio Indaiá Grande, perto da borda in the Indaiá Grande river, near the northwest border of the Paraná
noroeste da Bacia Sedimentar do Paraná, no estado de Mato Grosso. Sedimentary Basin, in the Ma-to Grosso state. Their foundations are
Suas fundações estão no derrame basáltico inferior da formação Serra in the lowest basaltic layer of the Serra Geral Formation, immediately
Geral, imediatamente acima do arenito Botucatu, principal compo- above the Botucatu sandstone, the main component of the Guarani
nente do Aquífero Guarani, que se estende ao Paraguai, Uruguai e Aquiferous, that reaches Paraguay, Uruguay and Argentina lands.
Argentina. As desfavoráveis características hidrogeomecânicas deste The unfavorable hydrogeomechanical characteristics of this contact
contato exigiram forte interação entre Geologia e Engenharia para demanded a strong interaction of Geology and Engineering to define
definir a posição espacial das casas de força, cuja escavação mais the power house’s spatial location, which deepest excavation could
profunda poderia criar risco de prazo e custo de construção. Este be a risk to the construction schedule and cost. This geological
condicionamento geológico prevaleceu na concepção final das conditioning prevailed on the overall conception of the plants,
usinas, inclusive em seus equipamentos de geração. including the generation equipments.
REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE BARRAGENS 41
GEOLOGIA DE ENGENHARIA :: PCHs INDAIAZINHO E INDAIÁ GRANDE: UM CASO DE INTERAÇÃO GEOLOGIA - ENGENHARIA NA CONCEPÇÃO DAS OBRAS
A
s Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) Indaiazinho
e Indaiá Grande pertencem à Omega Energia Renovável
2.1 RESUMO DOS ESTUDOS E PROJETOS
e possuem potência instalada de 12,5 e 20,0 MW, res-
pectivamente. Elas foram implantadas no rio Indaiá Grande,
O trecho do rio Indaiá Grande onde estão implantadas as PCHs
no município de Cassilândia, no Mato Grosso do Sul, 70 km
foi primeiramente estudado em 2000, quando a Empresa Energética
a oeste de sua sede, distando 10 km uma da outra (Figura 1).
do Mato Grosso do Sul (Enersul) emitiu os estudos de inventário
hidrelétrico do rio Sucuriú, identificando cinco aproveitamentos
no rio Indaiá Grande, seu afluente esquerdo. A primeira versão
do projeto básico foi apresentada à Agência Nacional de Energia
Elétrica (ANEEL) em 2004.
Após algumas trocas de concessões entre 2005 e 2008,
foram elaborados e apresentados ao órgão os correspondentes
projetos básicos consolidados. Seguiu-se a contratação dos
projetos executivos e das obras, que consumiram 20 meses até
o início da operação comercial, em setembro de 2012.
42 WWW.CBDB.ORG.BR
– onde houve problemas impostos
pelo nível piezométrico do arenito −
permitiu trazer à escala local os dados
regionais do mesmo mapa.
As cotas piezométricas foram
confrontadas com as do terreno natural:
460 a 430 m na PCH Indaiazinho e
430 a 400 m na PCH Indaiá Grande.
Confirmou-se o risco de as escavações
das casas de força − mais profundas
e originalmente previstas nas Els.
425 e 393 m − atingirem o topo do
arenito, podendo comprometer o
ritmo e o custo das obras. Era preciso
que as fundações resultassem acima
do contato arenito-basalto para que
a espessura preservada deste último
compensasse, sem controle artificial, a
subpressão do artesianismo. Impunha-
FIGURA 3 - PCH Indaiá Grande: evolução do arranjo geral se detalhar a posição e as características da faixa de contato. Ao final das
à direita − e sempre num mesmo enquadramento topográfico. Sua numerosas sondagens rotativas, o cenário geológico ficou caracterizado
parte superior evidencia que os eixos de barramento não sofreram conforme a Figura 4 e o texto que a segue.
mudança muito expressiva e a inferior destaca que as estruturas de
concreto tiveram sua posição significativamente modificada. A razão
disso está nas casas de força, pois elas foram as primeiras estruturas a
ter sua posição redefinida para onde o topo do arenito Botucatu fosse
mais profundo. Daí decorreu a posição dos vertedouros − ditada
também por aspectos hidráulicos – e das barragens de terra, que
respeitaram uma distância segura da cabeceira da cachoeira presente
nas duas PCHs.
3. CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS
DO MACIÇO ROCHOSO
FIGURA 4 - Seção geológica pelo circuito hidráulico de geração das PCHs
3.1 RESUMO DAS INVESTIGAÇÕES REALIZADAS
3.2 BASALTO
Como as usinas estão junto à borda noroeste da Bacia Sedimentar
do Paraná, o primeiro passo no desenvolvimento dos projetos básicos O mesmo derrame basáltico está presente nas duas obras, mas
consolidados foi analisar detidamente o mapa hidrogeológico do somente a sua porção densa cinza-escura, de textura fina, livre das
Aquífero Guarani [1]. Ele contém, à escala 1:2.500.000, um detalhado típicas juntas-falhas, geralmente situadas sob o pacote vesicular-
estudo desta unidade geológica, com valiosos dados sobre a posição do amigdalóide superior. A espessura que remanesceu da erosão e do
topo do arenito Botucatu e de suas linhas isopiezométricas, com curvas intemperismo varia de 35 a 40 m, conforme o relevo natural, por
de nível a cada 400 e 100 m, respectivamente – as que o mapa permite. cima, e o topo do arenito Botucatu, por baixo. A faixa superficial do
Essa primeira atividade evidenciou que ambas as PCHs se situam maciço, com até 4,5 m de espessura, é relaxada, semidecomposta,
numa região em que o topo do arenito está ao redor da El. 400 m, muito fraturada e certamente muito permeável, pois os ensaios de
com cota piezométrica abaixo da El. 450 m e no limite provável de seu perda d’água foram frequentemente impedidos justamente pelo
artesianismo surgente. A análise de outras obras implantadas na área intenso fraturamento. Essa faixa relaxada ainda abriga o lençol
44 WWW.CBDB.ORG.BR
torno da El. 360 m sob o leito do rio, segundo uma sondagem a 4.3 BARRAGENS DE TERRA
montante da cachoeira. Como a base dela está ao redor da El. 400
m, esta diferença de 40 m indica ausência de relação com o arenito. Como já comentado, as alterações do eixo das barragens de terra
em ambas as margens dos dois aproveitamentos decorreram de
Na região da casa de força, o topo do arenito vai ganhando cotas
simples geometria, buscando alcançar os pontos topograficamente
progressivamente mais altas, alcançando a El. 410 m no trecho mais elevados a partir dos componentes em concreto.
final da barragem de terra à direita. Ele desenha em planta uma
superfície convexa bastante evidente. Sua geratriz, por assim dizer,
mostra uma inclinação de 8° com a horizontal para leste, coerente 5. IMPLICAÇÕES NOS PROJETOS
com o que se dá em escala regional da bacia sedimentar como um MECÂNICOS
todo, mas não necessariamente o reflexo local disso.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] CAMPOS, H. (2000) – “Mapa Hidrogeológico do Aquífero Guarani”,
publica-do pelo Convênio CNPq − Universidade do Vale dos Sinos (Centro de
Ciências Exatas e Tecnológicas).
46 WWW.CBDB.ORG.BR
INSTRUMENTAÇÃO
RESUMO ABSTRACT
Procura-se apresentar nesse trabalho as vantagens dos pêndulos In this paper are emphasized the advantages of direct pendulums
diretos na instrumentação das barragens de concreto, sejam elas do in the monitoring of gravity type, buttress or arch concrete dams.
tipo gravidade, contrafortes, gravidade-aliviada ou arco. Por se tratar As an instrument of high precision, mechanical devices and low
de um instrumento de boa precisão, concepção mecânica e baixo cost, it allows the measurement of horizontal dam displacement
custo, o mesmo permite a medição dos deslocamentos horizontais throughout its useful dam life, which is around 50 years. Many
da barragem durante toda sua vida útil - no mínimo 50 anos. Muitas of the Brazilian concrete dams are being monitored with geodetic
das barragens de concreto estão sendo monitoradas com medições measurements, which do not ensure the required accuracy and the
geodésicas, que não asseguram a precisão necessária, e com custo annual measurement budget is much higher than with the use of
anual de medição que suplanta em muito ao dos pêndulos. direct pendulum.
Recomenda-se ao final, após se mostrar as vantagens dos pêndulos It is recommended at the end, after showing the several advantages
sobre as medições geodésicas, que toda barragem de concreto com of pendulums over the geodetic measurement, that all concrete
altura igual ou superior a 40 m seja dotada de pêndulos diretos, o dam with more than 40 m high, would have to be monitored with
que deveria passar a ser uma exigência das novas guias e normas direct pendulum, which recommendation should be included at a
da Agência Nacional de Águas (ANA) e da Agência Nacional de requirement of the new ANA and ANEEL guidelines.
Energia Elétrica (ANEEL).
REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE BARRAGENS 47
INSTRUMENTAÇÃO :: A IMPORTÂNCIA DOS PÊNDULOS DIRETOS NA INSTRUMENTAÇÃO DAS BARRAGENS DE CONCRETO
O
Pêndulo Direto (PD) nada mais é que um fio de prumo Os pêndulos diretos devem ser instalados nos “blocos
de precisão instalado entre a crista da barragem e chaves” da barragem, ou seja, nos blocos principais que
sua fundação com um fio de aço e um peso em sua receberão os vários tipos de instrumentos. O Pêndulo Direto
extremidade inferior. O fio deve utilizar um aço inox de alta irá medir os deslocamentos horizontais da crista da barragem
resistência, suportando pelo menos 60 kgf/mm2. O peso é em relação à sua base, sendo importante que esses mesmos
cilíndrico e dotado de aletas, mantido dentro de um tanque “blocos chaves” sejam dotados também de pêndulo invertido,
com óleo para assegurar a rápida estabilização das leituras. ou roseta de extensômetros múltiplos na fundação.
A Figura 1 mostra um Pêndulo Direto instalado no Os pêndulos invertidos devem ser instalados nos blocos
laboratório de concreto da Usina Hidrelétrica (UHE) Itaipu dotados de poços de investigação na fundação, sendo
Binacional. Ela apresenta os vários componentes, tais como o substituídos por rosetas de extensômetros de hastes quando
aparelho de suspensão e fixação do fio, o tanque com o peso e não houver poços de drenagem ou de prospecção. Essa foi a
a base do coordinômetro. Os deslocamentos horizontais do fio técnica utilizada com sucesso na instrumentação da barragem
em relação à parede de concreto da galeria são medidos com principal de Itaipu, assim como nas barragens de Três Irmãos,
um coordinômetro ótico ou eletrônico, segundo as direções Xingó, Itá, dentre outras.
montante/jusante e margem direita/esquerda. O sistema de A Figura 2 apresenta o esquema que tem sido utilizado
coordinômetro eletrônico é confeccionado com micrômetros com sucesso no lugar dos pêndulos invertidos. Ele é feito com
que asseguram a medição de deslocamentos com resolução de uma roseta de extensômetros de hastes. Ressalta-se que para a
0,01 mm, e precisão da ordem de ± 0,05 mm. obtenção dos deslocamentos horizontais há sempre necessidade
de três extensômetros de hastes na roseta, e não de apenas
dois. O emprego de apenas dois extensômetros não permite
a medição do deslocamento horizontal da barragem com a
Aparelho de
fixação do fio precisão necessária. Na Figura 2, a seguir, os deslocamentos
medidos pelos extensômetros são designados de δ1, δ2, δ3,
enquanto R é o deslocamento resultante da barragem. [1]
Base do
coordinômetro
FIGURA 2 - Barragem
gravidade instrumentada
com roseta de
extensômetros no lugar
de pêndulo invertido e
determinação da resultante
FIGURA 1 - Ilustração de um pêndulo com seus vários componentes dos deslocamentos
48 WWW.CBDB.ORG.BR
- Monitorar os deslocamentos “absolutos” dos “blocos chaves” em
relação a um referencial profundo no maciço rochoso de fundação;
- Monitorar os deslocamentos diferenciais entre blocos ao longo
de toda a extensão da barragem.
Com esse arranjo dá para ter um bom controle dos deslocamentos
da barragem (Fig. 3), de modo a assegurar a pronta detecção de
qualquer eventual anomalia, em termos de deslocamento estrutural.
FIGURA 3 – Mais adiante é apresentado o caso do acidente que ocorreu na
Representação dos barragem em arco de Zeuzier, na Suíça, após 20 anos de operação
deslocamentos da estrutura, o qual foi prontamente detectado pelo sistema de
horizontais da pêndulos diretos.
barragem e da
fundação
3. DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS
Na fase de elaboração do projeto de instrumentação das MEDIDOS EM BARRAGENS
estruturas de concreto é importante dotar os “blocos chaves”
instrumentados de pêndulos e as juntas de contração entre blocos Os deslocamentos horizontais da barragem, durante o período
de medidores triortogonais de junta. Esses medidores devem ser de enchimento do reservatório e operação, são dependentes dos
instalados em todas as juntas de contração, ao longo da extensão da seguintes fatores:
galeria. Com esse arranjo da instrumentação é possível: - Ação do empuxo hidrostático sobre o paramento de montante,
FIGURA 4 - Deslocamentos horizontais medidos pelo PD em um “bloco chave” da barragem principal de Itaipu
deformando a fundação; para uma boa definição da elástica da estrutura. Maiores detalhes
- Ação do empuxo hidrostático sobre o paramento de montante, sobre os resultados nos pêndulos na barragem principal de Itaipu
deformando a estrutura de concreto da barragem; poderão ser obtidos nas referências [2] e [3].
- Variação da temperatura ambiente anual sobre o concreto. Verifica-se, no exemplo acima, que mesmo blocos de uma
A ação desses fatores sobre os deslocamentos da barragem barragem com 180 m de altura, como em Itaipu, os deslocamentos
ocorre durante os períodos de enchimento do reservatório e máximos de caráter “elástico” que ocorreram na fase de enchimento
operação. Durante o período operacional se observa deslocamentos do reservatório foram de apenas de 12 mm. Para uma barragem de
da crista da barragem para jusante em função do resfriamento concreto tipo gravidade com 50 m de altura, esses deslocamento
do paramento de jusante no inverno, e, também, a sua volta para são da ordem de 5 mm, apenas. Esses exemplos são relativos às
montante no verão - portanto, com variações cíclicas entre jusante e barragens sobre derrames basálticos. Nota-se, dessa forma, que
montante, conforme mostrado na Fig. 4, para um pêndulo instalado deslocamentos dessa magnitude precisarão ser medidos com
na barragem principal de Itaipu. instrumentos que assegurem uma precisão da ordem de ± 0,1 mm,
Na Figura 4 cabe ressaltar, também, a boa qualidade dos gráficos excepcionalmente de ± 0,5 mm.
de acompanhamento da UHE Itaipu, no qual os deslocamentos Às vésperas do enchimento do reservatório da UHE Cana
horizontais medidos pelo PD são apresentados conjuntamente com Brava, barragem de concreto gravidade com altura máxima da
as variações da temperatura ambiente e níveis de água a montante ordem de 60 m, houve a oportunidade de prestar assessoria na
e a jusante, o que facilita e agiliza a análise dos deslocamentos instrumentação, e opinar sobre a instalação dos Marcos Superficiais
medidos pelos pêndulos. (MS) que estavam previstos sobre a crista da barragem. Foi solicitada,
Na Figura 5 está posta a imagem de uma seção transversal de um então, uma reunião com a equipe de topografia, para saber qual seria
“bloco chave” com 180 m de altura com os deslocamentos horizontais a previsão que se conseguiria com os equipamentos disponíveis na
no sentido montante-jusante, medidos em diferentes alturas da usina, tendo em vista as grandes distâncias envolvidas nas medições
estrutura. O ano de 1984 corresponde ao final do enchimento geodésicas.
do reservatório. Apresentam-se também os deslocamentos Ao serem informados que os deslocamentos medidos teriam
medidos até 1998, após cerca de 14 anos de operação. As bases de que sê-lo com uma precisão da ordem de ± 0,5 mm, pelo menos, a
coordinômetro nesse bloco foram instaladas a cada 25 m de altura, equipe de topografia comunicou que com os equipamentos existentes
na usina a precisão seria de ± 5,0 mm. Constatou-se que somente
alugando equipamentos de alta precisão seria possível conseguir a
exatidão necessária. Em decorrência do alto custo da locação desses
equipamentos, a solução encontrada foi eliminar os Marcos Superficiais
(MS). Passou-se a monitorar os deslocamentos das estruturas usando
apenas os pêndulos diretos, associados aos medidores triortogonais de
junta instalados ao longo da galeria de drenagem.
Tendo por base essa experiência na medição dos deslocamentos
das estruturas de concreto de Cana Brava, é considerável salientar
que, no caso de outras barragens gravidade de dimensões similares,
se fossem realizadas reuniões prévias com a equipe de topografia
para a análise da precisão necessária, muitos dos MS instalados
nessas barragens teriam sido eliminados - o que viria implicar em
economias significativas no custo anual de monitoramento.
50 WWW.CBDB.ORG.BR
em operação e com comportamento absolutamente normal até a
época de escavação do túnel rodoviário nas proximidades.
Toda barragem de concreto com altura igual ou superior Sobre os Deslocamentos Horizontais na Barragem Principal de Itaipu”, Anais XV
a 40 m deveria ser dotada de pêndulos diretos, nos “blocos Seminário Nacional de Grandes Barragens, Tema III, Rio de Janeiro;
chaves” instrumentados. Isso em decorrência de sua precisão [3] BETIOLI, I., PORTO, E.C., PIASENTIN, C., SILVEIRA, J.F.A., SUCHAROV,
na medição dos deslocamentos horizontais da barragem, M. (1999) – “Comportamento das Estruturas de Concreto da Usina Hidrelétrica de
alertando prontamente sobre qualquer eventual anomalia, Itaipu Após 16 Anos de Operação”, Anais Seminário Nacional de Grandes Barragens,
conforme mostrado aqui com o acidente da barragem de pg. 223 a 234 – Belo Horizonte.
Zeuzier, na Suíça. [4] WASSER ENERGIE (1982) – “Comportement Anormal du Barragem Voûte
Fica aqui a recomendação para que a ANA e a ANEEL de Zeuzier (Suisse)”, Edição Especial para ICOLD, Abril/82.
SERVIÇOS NA ÁREA DE
CONSULTORIA GEOTÉCNICA
1. INTRODUÇÃO
Os trabalhos a serem apresentados ao Conselho Editorial da A página de rosto deve ser limitada a uma única página, ou seja, todas
Revista Brasileira de Engenharia de Barragens do CBDB deverão as informações necessárias devem estar nela contidas (título, nome e
ser inéditos, não tendo sido antes publicados por quaisquer meios. cargo dos autores, Resumo e Abstract).
Apenas profissionais qualificados deverão ser aceitos como autores. 7.1 - Cabeçalho
Profissionais recém-formados ou estagiários poderão ser aceitos, O Cabeçalho, a ser apresentado apenas na página de rosto, está
desde que participem como colaboradores. indicado no exemplo a seguir. A fonte é Arial 10, iniciais em maiúscula
ou versalete (conforme a versão do Word 97 for Windows ou superior).
2. EXTENSÃO DO TRABALHO Na primeira linha deve ser digitado: Comitê Brasileiro de Barragens.
Os trabalhos, para serem aceitos para divulgação, deverão ter no Na segunda linha: Revista Brasileira de Engenharia de Barragens do
máximo dez páginas, incluindo as ilustrações, esquemas e o sumário CBDB.
em português e inglês. Os trabalhos que excederem este número de Na terceira linha: a data; exemplo: 11 de abril de 2013.
páginas serão devolvidos aos autores para sua eventual redução. 7.2 – Título do trabalho
O título do trabalho deve ser digitado em letra maiúscula, negrito e
3. TIPO DE ARQUIVO MAGNÉTICO alinhamento centralizado. Este é o único item do trabalho que recebe
Os trabalhos a serem recebidos pelo Conselho Editorial da Revista negrito.
Brasileira de Engenharia de Barragens do CBDB deverão estar em 7.3 – Autores e coautores
formato Word 97 for Windows ou superior. Não serão recebidos Os nomes dos autores deverão ser apresentados com apenas um
arquivos em separado, isto é, com o texto e as ilustrações em arquivos dos sobrenomes todo em letras maiúsculas. Abaixo do nome de cada
diferentes. As ilustrações deverão ser agrupadas no corpo dos um dos autores deverá ser indicado, com letras maiúsculas iniciais,
trabalhos em formato JPEG. o título profissional (Consultor, Título Universitário, Diretor Técnico,
Coordenador Geral, etc) e ao lado, separado por um traço, a empresa
4. NÚMERO DE AUTORES E COAUTORES ou instituição do autor (ver também item 4).
Os autores e coautores estão limitados a um número máximo de 7.4 – Resumo / Abstract (item sem numeração)
quatro, ou seja, um autor e até três coautores. Os trabalhos com mais Cada trabalho deverá ser iniciado por um resumo em português, não
de quatro participantes serão devolvidos aos autores para atendimento excedendo dez linhas, seguido de um resumo (também de no máximo
a esta diretriz. Caso haja mais colaboradores no trabalho, os mesmos dez linhas) em inglês (Abstract), para permitir seu cadastramento por
poderão ser citados em Agradecimentos (ver item 10). organismos internacionais. Para auxiliar na versão dos resumos para o
inglês, consultar os dicionários técnicos do CBDB/ICOLD disponíveis
5. CONFIGURAÇÃO DE PÁGINA no site www.cbdb.org.br.
A configuração de página deve obedecer a seguinte formatação: Serão devolvidos os trabalhos que não apresentarem adequadamente
Margens: o Resumo e o respectivo Abstract.
- Superior: 2,5 cm; Quando houver necessidade, o Resumo e o Abstract poderão ter
- Inferior : 2,0 cm; mais que dez linhas, desde que caibam na página de rosto e não haja
- Esquerda: 2,5 cm; discordância com os demais itens desta diretriz.
- Direita: 2,5 cm;
- Medianiz: 0 cm. 8. ITEMIZAÇÃO GERAL
A partir da margem: Os itens principais do trabalho deverão ser numerados sequencialmente,
- Cabeçalho: 1,27 cm; com a Introdução recebendo o N° 1 e as Referências Bibliográficas
- Rodapé: 1,27 cm. recebendo o número final. Estes deverão ser digitados com letra
Tamanho do Papel: maiúscula e centralizados na linha, com recuo esquerdo de 0,50 cm.
- A4 (21 x 29,7 cm); Exemplo:
- Largura: 21 cm; 1. INTRODUÇÃO
- Altura: 29,7 cm; Os itens secundários serão alinhados sempre à esquerda, com a
- Orientação: retrato em todo o trabalho. designação sequencial, por exemplo: 2.1, 2.2, 2.3, etc., em minúsculo
com apenas a primeira letra em maiúsculo, usando a formatação em
6. PADRÃO DE LETRAS E ESPAÇAMENTO maiúscula ou versalete, conforme a versão do Word 97 for Windows
Os trabalhos deverão ser digitados em arquivo Word 97 for Windows ou superiror. Caso haja a necessidade de nova itemização, a mesma
ou superior, com as seguintes formatações de fonte: deverá ser, por exemplo: 3.1.1, 3.1.2, 3.1.3, etc., em itálico, com as
Fonte: letras minúsculas e somente a primeira letra maiúscula.
- Arial; Exemplo:
- Tamanho 12 em todo o trabalho. 2.1 Item Secundário
Parágrafo: 2.1.1 Item Terciário
- Espaçamento entre linhas: simples; O primeiro parágrafo, após cada item ou subitem, deverá ser iniciado
- Alinhamento: justificado; uma linha após o título do item (ou subitem), com alinhamento justificado.
- Marcadores como o desta linha (traço) poderão ser utilizados sempre A primeira palavra deverá começar junto à margem esquerda.
que necessário. Entre um parágrafo e outro deverá sempre ser deixada uma linha de
espaçamento, sendo que entre a última linha do último parágrafo e o
7. PÁGINA DE ROSTO item seguinte deverão ser deixadas duas linhas.
Apenas na primeira página deverá constar o Cabeçalho (ver item 7.1).
O título do trabalho deverá ser escrito a 60 mm do topo (configurar 9. CONCLUSÕES
apenas esta página com margem superior de 6 cm), em letra Neste item o(s) autor(es) deverá(ão) apresentar de forma bem sucinta as
maiúscula, em negrito e centralizado na página. Na sequência deverão principais conclusões ou recomendações que resultaram de sua pesquisa,
ser apresentados os nomes dos autores, com os respectivos títulos trabalho ou relato de um determinado evento técnico. (Adaptado das
profissionais e instituição (ver item 7.3). Em seguida, o Resumo e o “Diretrizes para apresentação de trabalhos para seminários, simpósios
Abstract (ver item 7.4). e workshops organizados pelo CBDB” do XXIX Seminário Nacional de
Grandes Barragens (SNGB), Porto de Galinhas, PE, 2013). em cores, sempre que necessário. Caso sejam utilizadas cores
Trabalhos sem uma conclusão final serão devolvidos aos autores para para representar desenhos e figuras, deverá haver convenções de
as devidas complementações. representação que permitam identificações independentes da cor.
As ilustrações poderão ser apresentadas com a orientação retrato ou
10. AGRADECIMENTOS (item opcional) paisagem, ou seja, poderão ser giradas na página de forma a mudar a
A critério do autor, poderão ser apresentados agradecimentos às sua orientação. A configuração da página deve permanecer sempre
empresas e/ou pessoas que contribuíram para a elaboração do orientada como retrato para garantir a posição do rodapé uniforme em
trabalho, sempre após o item Conclusões. todo o documento (ver item 5). Desta forma, o título da ilustração também
permanecerá com a orientação retrato. Não serão aceitos trabalhos com
11. PALAVRAS-CHAVE as ilustrações em separado ou em outro programa que não seja o Word 97
Após os Agradecimentos, deverá ser apresentada uma relação de no for Windows ou superior.
mínimo três e no máximo cinco palavras-chave, para possibilitar a
localização do trabalho em função das mesmas na versão eletrônica 14. TABELAS
dos anais (CD). Caso não haja Agradecimentos, o item Palavras-Chave As tabelas deverão ser incorporadas ao texto, não devendo ser
deverá ser apresentado após o item Conclusões. apresentadas em separado. A tabela deverá ter alinhamento centralizado.
O tamanho da fonte pode ser inferior ao especificado para todo o trabalho
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (Arial 12), desde que o conteúdo permaneça legível e a fonte não seja
O item Referências Bibliográficas é o último. Ele encerra o trabalho. inferior a Arial 7. Todas as referidas tabelas deverão ser identificadas pela
Deverá estar posicionado após o item Palavras-chave. O padrão para palavra “TABELA” e numeradas sequencialmente. A palavra “TABELA”,
a apresentação das referências bibliográficas é o mesmo da Comissão sua numeração e título deverão ser apresentados abaixo da mesma e
Internacional das Grandes Barragens (ICOLD), conforme diretrizes a também centralizados. O título das tabelas deverá ser escrito com a
seguir, com exemplo ilustrativo: primeira letra em maiúsculo. A referência a elas no texto do trabalho deve
Todas as referências bibliográficas deverão ser indicadas no texto com ser em minúsculo, apenas com a inicial em maiúscula.
a numeração respectiva; As tabelas poderão ser apresentadas com a orientação retrato ou paisagem,
Todas as referências apresentadas deverão ser numeradas ou seja, poderão ser giradas na página de forma a mudar a sua orientação.
sequencialmente (na ordem em que aparecem no texto) mostrando o A configuração da página deve permanecer sempre orientada
número em destaque e entre colchetes após a citação; como retrato, para garantir a posição do rodapé uniforme em todo
O nome do(s) autor(es) deverá(ão) ser apresentado(s) em letras o documento (ver item 5). Desta forma, o título da tabela também
maiúsculas, com o sobrenome por extenso, seguido das iniciais do permanecerá com a orientação retrato.
primeiro nome e dos nomes intermediários, separadas por ponto;
Na sequência, deverá ser indicado, entre parênteses, o ano de 15. SIMBOLOGIA E FÓRMULAS
publicação dos anais ou do livro consultado, com hífen ao final; Todas as grandezas físicas deverão ser expressas em unidades do
Na sequência, indicar entre aspas o título do trabalho ou do livro Sistema Métrico Internacional. As equações e fórmulas devem ser
consultado, com apenas a primeira letra maiúscula e com vírgula ao localizadas à esquerda e numeradas, entre parênteses, junto ao
final; limite direito na mesma linha, deixando uma linha em branco entre
Indicar na sequência os anais em que o trabalho foi apresentado, as equações/fórmulas e o texto. Todos os parâmetros das equações
seguido do tema, volume dos anais e país ou cidade em que o mesmo e fórmulas deverão ser indicados com suas respectivas unidades.
foi realizado. A referência a elas no texto do trabalho deve ser com a palavra
Exemplo: “Equação” ou “Fórmula” e o respectivo número ao lado, ou seja, em
O texto deverá estar com alinhamento justificado e recuo especial com minúsculo, apenas com a inicial em maiúscula.
deslocamento de 1,00 cm (Formatar Parágrafo).
Exemplo: 16. TEMÁRIO / CONTRIBUIÇÕES
[1] DUNNICLIFF, J. (1989) – “Geotechnical Instrumentation for Field O tema deverá ser indicado pelo autor, quando do encaminhamento
Performance”, livro editado pela John Wiley & Sons, Inc., New York; do trabalho ao Conselho Editorial da Revista Brasileira de Engenharia
[2] HOWLEY, I., McGRATH, S. e STEAWRT, D. (2000) – “A Business de Barragens do CBDB.
Risk Approach to PrioritizingDam Safety Upgrading Decisions”, Anais Caso o Conselho Editorial não concorde com o assunto selecionado
Congresso Internacional ICOLD, Beijing, Q.76 – R.17; pelo autor, este poderá ser eventualmente deslocado para outro tópico.
[3] SILVEIRA, J.F.A. (2003) – “A Medição do Coeficiente de Poisson em Se o trabalho não se encaixar em nenhum dos temas selecionados
uma de Nossas Barragens”, Anais XXV Seminário Nacional de Grandes para o evento mas apresentar bom nível ténico, poderá ser publicado
Barragens – CBDB, Salvador, BA. como Contribuição Técnica.
54 WWW.CBDB.ORG.BR