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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIBA

CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS E AGRARIAS


DEPARTAMENTO DE LETRAS E HUMANIDADES
TEORIA E CRÍTICA LITERÁRIA II

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

NOME:_____________________________________________________________________________________

Após a leitura do conto João e Maria e com base na sua interpretação do texto literário, redija um texto crítico entre
40 e 50 linhas comentando como se apresenta o enredo (a organização dos momentos da trama, conflito dramático);
os tipos de personagens e suas características fundamentais; qual o ponto de vista e a postura do narrador; e como
se desenvolve a questão da temporalidade. (Cada um dos 4 aspectos abordados valem 2,5 na nota)
João e Maria – Luis Fernando Veríssimo

Esta é uma daquelas histórias que as pessoas juram que aconteceram, não faz
muito sentido, com um amigo delas. Há anos você ouve a mesma história, sempre
com a garantia de que aconteceu mesmo. Há pouco, com um amigo. Nesta versão o
amigo se chama João e a mulher se chama Maria, para simplificar.
O João começou a desconfiar das constantes conversas da Maria com José,
amigo do casal. Volta e meia o João pegava a Maria e o Zé cochichando, e quando se
aproximava deles, eles paravam.
- O que vocês dois tanto conversam?
- Nada.
Ou a Maria estava falando ao telefone e, quando o João chegava, dizia - "Não
posso agora" e desligava.
- Quem era?
- Ninguém.
Não foi uma nem duas vezes. Durante semanas, o ninguém ligou muito. E um
dia a Maria anunciou que precisava viajar. Sua vó Nica. No interior. Muito mal. Nas
últimas. Precisava vê-la. Iria na 6ª de manhã e voltaria no domingo.
- Logo na 6ª, Maria?
- Por quê? Que que tem na 6ª?
- Nada.
João telefonou para a sogra e perguntou como ia a vó Nica.
- A mamãe? Deve estar bem. Foi com o grupo dela fazer compras no Paraguai.
Maria só levou uma pequena sacola na viagem. Claro, pensou João. Só o que
iria precisar, no hotel em que se encontraria com o Zé para um fim de semana de
amor. No fim da tarde, só para confirmar, João telefonou do seu escritório para o
escritório do Zé. Não, o seu José não estava. Tinha saído cedo e avisado que não
voltaria. Muito bem, pensou João. Muito bem. Era assim que ela queria? Pois muito
bem. Ele se vingaria. Levaria uma mulher para casa. Sim, para casa. Uma mulher,
não. Duas. Fariam um maneger a troi, ou como quer que se chama aquilo - na cama
do casal!
Na boate, já bêbado, João perguntou para as duas mulheres, Vanessa e Giselle:
- Sabem que dia é hoje?
- Fala, filhote - disse Vanessa.
- O meu aniversário. E sabe que presente a minha mulher me deu?
- O quê? (Gisele)
- Cornos! E com o Zé. Com o Zé!
- Sempre tem um Zé - filosofou a Vanessa.
João desconfiara que uma das duas mulheres era um travesti, mas ao chegarem
a casa, ele não se lembrava mais qual. Decretou que os três tirariam a roupa antes
de entrar na casa. As mulheres toparam. Quando João conseguiu acertar o buraco da
fechadura e abrir a porta, a Gisele tinha pulado nas suas costas e se pendurado no
seu pescoço, e a Vanessa tentava pegar o seu pénis, e era assim que eles estavam
quando as luzes da casa se acenderam e todos que estavam lá para a festa de
aniversário que a Maria e o José tinham passado semanas planejando gritaram -
"Surpresa!".

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