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01 H1-A1-Introducao PDF
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Aula 1
O que é a harmonia?
Trata-se de conhecer os diferentes acordes e ser capaz de tocá-los? Ou seria, talvez, a arte
de encadeá-los? Não é uma série de regras de harmonia que é preciso memorizar e aplicar?
Quando se fazem erros de harmonia? É possível aprender a compor no estilo de algum autor
de que gostamos? Existe ainda alguma coisa a ser inventada dentro da harmonia ou tudo já
foi dito?
Não é preciso, talvez, constatar primeiramente, que a harmonia cobre muitas noções que com
frequência se confundem?
Para aproveitar ao máximo esse curso, é importante que você tenha um conhecimento prévio
das noções de base da teoria musical: saber ler o pentagrama, o conhecimento dos intervalos
(simples e compostos), das escalas maiores, das armaduras de clave.
Outra coisa importante na qual acredito é a necessidade de realizarmos um estudo que seja,
ao mesmo tempo, teórico e prático. Isso implica a realização de exercícios, mas também um
esforço para fortalecermos nossa experiência auditiva. Pense nisso: a música existe porque a
ouvimos, não porque lemos sobre suas características.
Como apresentar todas as noções harmônicas? Qual ordem e qual lógica para detalhá-las?
Existe um único caminho a percorrer? A experiência acumulada, como professor e como
músico e compositor, me demonstrou que vários caminhos são possíveis, cada um tendo
vantagens e desvantagens. Todos contêm uma parte de absoluto (ou de arbitrário).
Para mim, uma questão importante é a de não nos limitarmos ao estudo de uma série de
regras harmônicas rígidas e sem expressão. É importante que, a partir dos estudos feitos,
possamos desenvolver capacidades pessoais de expressão artística – por que, afinal,
estudamos harmonia?
Sabendo sempre que qualquer tentativa de categorização acaba limitando o fenômeno como
um todo, e em conformidade com a ideia de que existe sempre uma constante interação entre
essas diferentes abordagens, podemos delimitar quatro grandes perspectivas:
- A perspectiva tonal (= tonalidade), que considera o movimento dos acordes no tempo dentro
de um conjunto de acordes. Essa abordagem se foca no encadeamento dos acordes e em
suas funções.
- A perspectiva histórica, que considera uma outra dimensão do tempo – aquela da história.
A perspectiva histórica está situada em um outro plano diferente das outras perspectivas pois
ela as atravessa. Se, de fato, a harmonia é algo que mudou no tempo, isso comporta que
a perspectiva vertical, linear e tonal não cessaram de evoluir. A perspectiva histórica ajuda
a entender as diferenças de estilos e gêneros e a compreender como evoluiu a linguagem
harmônica no tempo. Desprovida das continuidades e descontinuidades da história e dos
estilos, a harmonia torna-se rapidamente um sistema fechado e rígido, limitando-se a “receitas
de cozinha” ou erguendo um estilo musical a dogma.