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Introdução

Aula 1
O que é a harmonia?
Trata-se de conhecer os diferentes acordes e ser capaz de tocá-los? Ou seria, talvez, a arte
de encadeá-los? Não é uma série de regras de harmonia que é preciso memorizar e aplicar?
Quando se fazem erros de harmonia? É possível aprender a compor no estilo de algum autor
de que gostamos? Existe ainda alguma coisa a ser inventada dentro da harmonia ou tudo já
foi dito?

Não é preciso, talvez, constatar primeiramente, que a harmonia cobre muitas noções que com
frequência se confundem?

No sentido moderno, a harmonia é a organização da música em relação com seus acordes,


suas formações, seus encadeamentos, as relações que estabelecem uns com os outros, suas
funções, os momentos nos quais eles se colocam.

Ao começarmos esse estudo, nos colocamos um certo número de questões interessantes. A


que chamamos aqui de "harmonia aplicada à música popular", é o resultado de um sincretismo
entre a prática da harmonia tradicional - aquela que se estuda nos conservatórios - e o que
acontece no âmbito do que chamamos de "música popular". Trata-se de um âmbito bastante
amplo, que vai do Blues ao Rock, da Bossa Nova ao Jazz, do Pop ao Choro, ao Samba, e por ai
vai. Já que cada manifestação musical possui suas características, é possível encontrar uma
matriz comum, uma ferramenta que possa dar conta de entendermos "todos" os fenômenos?

Pessoalmente, entendo o estudo da harmonia como o pilar fundamental em que se baseia


todo o estudo da música. O arranjo, a composição, a improvisação, a re-harmonização e até
a performance se apoiam no estudo da harmonia.

Para aproveitar ao máximo esse curso, é importante que você tenha um conhecimento prévio
das noções de base da teoria musical: saber ler o pentagrama, o conhecimento dos intervalos
(simples e compostos), das escalas maiores, das armaduras de clave.

Outra coisa importante na qual acredito é a necessidade de realizarmos um estudo que seja,
ao mesmo tempo, teórico e prático. Isso implica a realização de exercícios, mas também um
esforço para fortalecermos nossa experiência auditiva. Pense nisso: a música existe porque a
ouvimos, não porque lemos sobre suas características.

Estamos iniciando, aqui, um estudo profundo, amplo e detalhado da harmonia.


Dedique-se de verdade ao estudo proposto nesse curso. Você verá suas habilidades se
multiplicarem, ampliando assim as oportunidades de realização pessoal e profissional no
campo da música.

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As perspectivas da harmonia
Aula 1
A harmonia engloba muitas noções ligadas entre si e que dependem umas das outras. A
harmonia não é algo estático. Ela está ligada aos movimentos de sons no tempo, bem como
ao contexto musical. Esse é um dos aspectos que a torna abstrata e difícil de definir.

Como apresentar todas as noções harmônicas? Qual ordem e qual lógica para detalhá-las?
Existe um único caminho a percorrer? A experiência acumulada, como professor e como
músico e compositor, me demonstrou que vários caminhos são possíveis, cada um tendo
vantagens e desvantagens. Todos contêm uma parte de absoluto (ou de arbitrário).

Para mim, uma questão importante é a de não nos limitarmos ao estudo de uma série de
regras harmônicas rígidas e sem expressão. É importante que, a partir dos estudos feitos,
possamos desenvolver capacidades pessoais de expressão artística – por que, afinal,
estudamos harmonia?

Sabendo sempre que qualquer tentativa de categorização acaba limitando o fenômeno como
um todo, e em conformidade com a ideia de que existe sempre uma constante interação entre
essas diferentes abordagens, podemos delimitar quatro grandes perspectivas:

- A perspectiva vertical (= verticalidade), que considera os materiais harmônicos – que


chamamos comumente de acordes. Um acorde forma uma “unidade vertical” no tempo. Nessa
perspectiva, estudamos a formação do acorde, as notas de tensão que ele pode adquirir, sua
densidade harmônica.

- A perspectiva tonal (= tonalidade), que considera o movimento dos acordes no tempo dentro
de um conjunto de acordes. Essa abordagem se foca no encadeamento dos acordes e em
suas funções.

- A perspectiva linear (= horizontalidade), que considera a relação entre os acordes e as


escalas e, também, o movimento das vozes dos acordes de um ponto de vista melódico. Há
movimentos dos diferentes sons que constituem um acorde em direção aos sons do acorde
seguinte. Podemos pensar, por exemplo, no movimento das notas numa “resolução de trítono”.
Fazem parte igualmente da perspectiva linear as notas de passagem, que não fazem parte
dos acordes, mas que conectam uns aos outros. A perspectiva linear, ainda, é próxima ao que,
na harmonia tradicional, se chama de contraponto.

- A perspectiva histórica, que considera uma outra dimensão do tempo – aquela da história.
A perspectiva histórica está situada em um outro plano diferente das outras perspectivas pois
ela as atravessa. Se, de fato, a harmonia é algo que mudou no tempo, isso comporta que
a perspectiva vertical, linear e tonal não cessaram de evoluir. A perspectiva histórica ajuda
a entender as diferenças de estilos e gêneros e a compreender como evoluiu a linguagem
harmônica no tempo. Desprovida das continuidades e descontinuidades da história e dos
estilos, a harmonia torna-se rapidamente um sistema fechado e rígido, limitando-se a “receitas
de cozinha” ou erguendo um estilo musical a dogma.

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