Você está na página 1de 7

CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC-CESMAC

JOÃO VITOR FERREIRA DE BARROS

OS PRINCÍPIOS PENAIS EM FACE DA ATUAL


CONJUNTURA POLÍTICA DO BRASIL

Maceió
2019.2
2

JOÃO VITOR FERREIRA DE BARROS

OS PRINCÍPIOS PENAIS EM FACE DA ATUAL


CONJUNTURA POLÍTICA DO BRASIL

Trabalho do Curso de Direito apresentado como requisito


de nota do 2º Período “A”, turno Vespertino de Direito no
Centro Universitário CESMAC, acerca da disciplina
Instituições Jurídicas, ministrada pelo Professor Dr. Jorge
Vieira.

MACEIÓ-AL
2019.2
3

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................4
1.1 A RECEPTIVIDADE DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NO DIREITO
PENAL........................................................................................................................4
1.2 DETALHES DO PACOTE ANTICRIME E O PERIGO DEMOCRÁTICOCNA
SEARA PENAL..........................................................................................................5
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................6
REFERÊNCIAS..........................................................................................................7
4

1. INTRODUÇÃO

A atual conjuntura política interfere em todos os segmentos institucionais do


Estado, sendo assim, é bem verdade, que o campo político passa a ser protagonista
em muitas vertentes no campo social. Desta maneira, é salutar acompanhar o que
muitos chamam de contemporaneidade legal, no campo Constitucional muitas obras
são escritas publicadas e adotadas no campo doutrinário, à exemplo disso é a
fabulosa obra do eminente Ministro Luís Roberto Barroso “Direito Constitucional
Contemporâneo”, que tange a modernidade à luz da Constituição.
Todos nós sabemos que a Carta Magna de 1988, traz em seu bojo um perfil
garantista e sem dúvida alguma a mais democrática de toda a história da República,
tanto é que sempre foi chamada de “Constituição Cidadã”.
Promulgar a Constituição Federal, foi a decisão mais assertiva que o congresso já
fez nesse país, uma vez que, os legisladores são representantes diretos do povo e,
com isso, traz segurança jurídica no cumprimento de obrigações e no fornecimento
de direitos.
Desta maneira, vem muito se discutindo, recentemente, acerca do amparo
constitucional em determinadas searas do Direito, uma delas é a seara penalista, em
que pese, todos nós sabemos que o conceito basilar do Direito Penal é o brocardo
em latim “ultima ratio”; é este instituto que tange todo o ordenamento jurídico
concernente a medidas mais severas que restrinjam a liberdade, a vida, saúde e
outros aspectos importantes para o desenvolvimento humano.
Segundo Luís Flávio Gomes, o Direito Penal comporta um conceito
extremamente útil ao labor do exegeta: "conceito dinâmico e social" , desta forma, o
doutrinador exprime uma ideia coerente e precisa, pois, sem dinamismo não há
transformação, sem compromisso social não se chega a lugar algum, nem tampouco
se transforma, evolui, torna-se abrangente nas demais esferas.
A ingerência do Direito Penal no sistema é forte e apenas a Constituição
impõe limites, todavia, conforme foi citado acima, a “ultima ratio” é o ponto de
equilíbrio no âmbito penal, pois, se não houvesse um Estado Democrático de Direito,
não tínhamos harmonizado todos esses questionamentos envolvendo o Direito
Penal em consonância com os Direito Humanos.
Desta forma, salienta-se que, o caráter humanitário que o Brasil possui ao redor do
mundo, seja preservado em pról de uma sociedade com comportamentos regulados
de forma séria e coerente, iluminados por um dispositivo justo e honesto, e ainda
que, as garantias constitucionais sejam preservadas, pois o Direito é a tradução da
Justiça.

1.1 A RECEPTIVIDADE DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NO


DIREITO PENAL

A Constituição Federal Brasileira é suprema diante do vasto campo normativo


que o Sistema Jurídico Brasileiro possui, é suma relevância ter a noção do que é um
princípio, pois estamos tratando da base que alicerça e fundamenta as mais
variadas leis.
Para Celso Antônio Bandeira de Melo: “o princípio exprime a noção de
mandamento nuclear de um sistema”.
É importante salientar o caráter central que o princípio possui e vem à
5

desempenhar, todavia, o mesmo atua em um campo constitucional e democrático,


pois a Constituição Federal em seu art.º 1º, caput, define o perfil político
constitucional do Brasil optando por um Estado Democrático de Direito, rechaçando
completamente o período ditatorial que vivemos no passado.
O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, assume o papel como princípio
mais importante da Carta Magna de 88, visto que os demais princípios decorrem
dele, inclusive os princípios fundamentais. De maneira metafórica podemos
conceitua-lo como a raíz de uma enorme árvore chamada Constituição, pela qual é
necessário existir e resistir a qualquer má influência normativa.
Portanto, o princípio supracitado é pedra angular no campo democrático e
jurídico em nosso país, atuando de forma eficaz onde ele subvenciona as demais
normas a sua tutela e controle legal, se assim podemos nos referir a esta atuação.

1.2 DETALHES DO PACOTE ANTICRIME E O PERIGO DEMOCRÁTICO NA


SEARA PENAL

Inicialmente, vale ressaltar, a mudança radical que o cenário político vem


sofrendo, uma vez que, os principais protagonistas do poder se encaixam no perfil
de extrema direita, chegando até flertar publicamente com o facismo. Desta maneira,
este setor que hoje predomina nas principais instituições desse país, costuma atacar
a Constituição de forma clara e aberta.
Muito se tem discutido acerca do Pacote Anticrime apresentado pelo atual
Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, uma vez que, após ter
comandado a operação “Lava – Jato” a mãos de ferro, chegou na esfera política
com status de justiceiro e honesto, todavia, há controvérsias, pois, vale lembrar que
antes de se tornar ministro do governo Bolsonaro, o mesmo ocupava o cargo de Juíz
Federal em Curitiba, comandando os julgamentos contra o ex-presidente Luíz Inácio
Lula da Silva.
Destarte, o então ministro de Estado, Sergio Moro, tenta emplacar o anteprojeto de
Lei, intitulado como Pacote Anticrime, carregando em seu âmago mudanças
arriscadas no tocante aos direitos e garantias fundamentais, principalmente dos
menos favorecidos.
É bem verdade, que o mesmo promove alterações diretas em 14(quatorze)
leis, abrangendo não só o Código Penal, mas também o Código de Processo Penal,
desta forma, ignorando o reflexo dos princípios constitucionais que servem de base
para todo o Sistema Jurídico Brasileiro, visto que, o Direito Penal não possui
autonomia distinta aos demais ramos do Direito, ao contrário, possui diretrizes
básicas oriundas do campo constitucional que refletem na esfera penal.
Existem três questões centrais que o bojo do projeto carrega em suas
características, o primeiro sem dúvidas é a corrupção; o segundo crime organizado;
e o terceiro crimes violentos.
Em vista disso, o que chama atenção dos principais operadores do Direito, é
o tocante ao instituto da legítima defesa, porquanto, se sua ideia era promover uma
espécie de razoabilidade entre o agente de segurança pública e o possível
criminoso, infelizmente o plano em tela promoveu um verdadeiro desequilíbrio
democrático na seara penal e, além do mais, contrariou todo universo garantista que
cerca não só o campo penalista, mas o âmbito constitucional que permeia o
ordenamento jurídico.
Outra preocupação constante é o entendimento e a interpretação de quem irá
aplicar o texto legal ao fato concreto, logo, sabemos que o entendimento poderá até
6

ser mantido, todavia, para o agente de segurança pública que exerce função
supostamente de perigo, será quase que inevitável os mesmos não serem
contemplados, mesmo que isso custe um preço alto diante da impunidade que se
anuncia.
Para tentar eximir-se da responsabilidade, o então ministro, Sérgio Moro,
alega que os juízes já fazem isso na prática, e que o projeto regula algo que já é
preexistente, porém, segundo dados da agência lusa em parceria com a ONG
Redes da Maré: “o ano de 2019 tem tido uma acentuada escalada de violência.
Isso pode ser explicado, entre outras coisas, pelo fato dos representantes dos
governos federal e estadual adotarem nos seus discursos e práticas a defesa
do uso da violência letal como principal estratégia de resolução dos problemas
da segurança pública no Rio de Janeiro”.
É salutar uma determinada clareza na compreensão desse assunto, uma vez
que existe uma necessidade por parte do Estado na punitividade do fato criminoso,
pois a conduta delitiva que o ser humano tende a cometer em determinados
momentos não confunda-se com excludente de ilicitude, deixando um pairar um ar
de injustiça no seio social.
Em suma, reafirmar a garantia de igualdade entre as partes mantendo o ar
democrático na lide em questão torna-se importantíssimo, pois, além de todo esse
controle, a imparcialidade do juiz também dever ser conduzida em caráter
Constitucional por este princípio que repercute dentro da esfera penal.
É fundamental, que o ser humano assimile a racionalidade que possui diante
do garantismo que este princípio assume. O viés democrático é elevado a valor
supremo assumindo protagonismo no campo político-jurídico, sendo assim um pilar
fundamental na República.
Partindo sob o prisma religioso, conceituamos o que é dignidade à partir da
relação que o ser humano possui com a imagem e semelhança de Divina, diante
disso entendemos a importância que a Bíblia Sagrada possui neste viés, contudo
respeitando vários aspectos e posicionamentos é o que mais se aproxima de um
contexto perfeito que se chegue a um determinado conceito.
Destarte, resta claro, a tentativa de suprimir direitos de uma forma legal e
camuflada, típico de um servo do sistema facista que se instalou nas entranhas
desta nação, e com isso apenas oprime as minorias que sobrevivem nos corredores
da desigualdade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Seara Penal é um ramo que necessita da democracia jurídica, de forma


eficaz onde as normas tutelam o controle legal brasileiro, trazendo o princípio da
dignidade humana para o ordenamento jurídico penal.
O Direito Penal vem polarizando atualmento um ramo democrático através
dos valores constitucionais pouco relevante e pouco satisfatório por haver pouca
melhoria social e que haja uma democracia não tão repressiva.
É evidente que, as consequências da imputação objetiva deve-se ter mais
atenção partido dos legisladores para que se torne sistemático e normativo com uma
eficácia satisfatória par a sociedade lesada, todavia dotada de um caráter axiológico.
Portanto, o Pacote vem sendo apresentado como inovador para o sistema
jurisdicional brasileiro, mas as leis que estão prestes à ser desconfiguradas, não
colocam um fim nessa problemática antiga, onde torna a punibilidade atitude lícita,
porém imoral.
7

REFERÊNCIAS

BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio de. Elementos de Direito administrativo. São


Paulo: RT, 1980.
BARROSO, Luis Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo. São
Paulo: Saraiva, 2009.
BASSO, M.; ALMEIDA, G. A. É preciso difundir mentalidade digital nas empresas. In:
KAMISNSKI, Omar (Org.), op. cit., 2007.
BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas: São Paulo: Martin Claret, 2001.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 16. ed. Parte Geral. São
Paulo: Saraiva, 2011. p. 95.
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Tradução: Carlos Nelson Coutinho. Editora
Campus. Rio de Janeiro, 1998.
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 12. ed. São Paulo: Malheiros,
2002.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de
outubro de 1988. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de
Luiz Roberto Curia, Livia Céspedes e Juliana Nicoletti. 9. Ed. São Paulo: Saraiva,
2013.
_______. Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias,
direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Brasília. 2014. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm. Acesso em:
06 abr. 2019.
.

Você também pode gostar