A experiência jurídica é uma experiência normativa.
O homem se desenvolve guiado por regras jurídicas, toda a nossa vida é repleta de normas, que nos ditam o que é permitido e o que não é. Sendo assim, o Direito constitui uma parte notável, e talvez a mais visível da nossa experiência normativa.
2. VARIEDADE E MULTIPLICIDADE DAS NORMAS
Além das normas jurídicas, existem preceitos religiosos, morais, sociais,
que conduzem a vida do indivíduo. Cada indivíduo pertence a diversos grupos sociais, como a igreja, o Estado, a família. Cada uma dessas instituições se constituí de regras de conduta, o indivíduo formula a direção da própria vida com base em tais regras. Todas essas regras são muito diversas pela finalidade que perseguem, pelo tipo de obrigação que fazem surgir, pelos sujeitos a quem se dirigem. Mas todas têm a finalidade de influenciar o comportamento do indivíduo e dos grupos.
3. O DIREITO É INSTITUIÇÃO?
Os elementos constitutivos do conceito de direito são três: a sociedade,
como base de fato pela qual o direito ganha existência; a ordem, como o fim a que tende o direito; a organização, como meio para realizar a ordem. Dos três elementos, o mais importante é a organização. Só a organização é a razão suficiente do direito, a razão pela qual o direito é aquilo que é, e sem a qual não seria o que é. Isso significa dizer que, o direito nasce no momento em uma sociedade passa da fase não organizada para a fase organizada. O fenômeno dessa passagem se chama, institucionalização. Dizemos que um grupo social se institucionaliza quando este, cria sua própria organização.
4. O PLURALISMO JURÍDICO
A teoria institucionalizada abriu os horizontes da experiência jurídica
para além das fronteiras do Estado. Fazendo do direito um fenômeno social e considerando o fenômeno da organização como critério fundamental para distinguir uma sociedade jurídica de uma sociedade não jurídica. Essa teoria rompeu com a teoria estatalista do direito, que considera o direito apenas o direito estatal. A teoria estatalista do direito é produto histórico da formação dos grandes Estados Modernos, erigidos sobre a dissolução da sociedade medieval. Essa sociedade era pluralista, ou seja, formada por diversos ordenamentos jurídicos. Se hoje ainda persiste uma tendência em identificar o direito com o direito estatal, essa é uma consequência do processo histórico de centralização do poder normativo que caracterizou o surgimento do Estado Moderno. A teoria institucionalizada representa uma reação ao estatalismo. Ela é uma das maneiras pelas quais os teóricos do direito e da política tentaram resistir à invasão do Estado.
5. OBSERVAÇÕES CRÍTICAS
A teoria da instituição é analisada como uma teoria cientifica, isto é,
como teoria que se propõe a oferecer meios distintos e melhores do que os oferecidos pela teoria normativa. O problema sobre o qual se insiste na polemica entre pluralistas e monistas, é a de que se o direito é apenas aquele produzido pelo estado ou também aquele produzido por grupos sociais diversos. Quem afirma que o direito é apenas aquele produzido pelo Estado, usa a palavra direito em sentido restrito, ao contrario daqueles que afirmam que o direito também é produzido por instituições diversas. Não existe uma definição falsa ou verdadeira, entretanto, é mais oportuno ver o direito de uma maneira mais ampla, porque limitando o direito a norma, se contraria o uso linguístico que chama de direito também o direito das instituições sociais.
6. O DIREITO É UMA RELAÇÃO INTERSUBJETIVA?
A teoria da instituição surge criticando não somente a teoria normativa
como também a teoria da relação intersubjetiva. Segundo os defensores do institucinalismo, uma pura e simples relação entre dois sujeitos não constituí direito, para que surja o direito é necessário que esta relação esteja inserida em uma serie mais vasta e complexa de relações constituintes, ou seja, a instituição. A doutrina da instituição, se inspira nas correntes sociológicas mais modernas, que considera o direito como um produto não do indivíduo ou dos indivíduos, mas da sociedade em seu complexo.
7. EXAME DE OUTRA TEORIA
A mais recente teoria do direito como relação jurídica está exposta na (Teoria Geral do Direito de Alessandro Levi). Levi fez do conceito de relação jurídica o pilar sobre o qual exigiu sua construção. Ele diz ser a relação jurídica o conceito sobre o qual se funda a construção sistemática ou cientifica de todo ordenamento jurídico. Levi também eleva a relação jurídica a um conceito filosófico, a uma espécie de categoria fundamental e originaria para a compreensão do direito. Por “relação jurídica” Levi entende, uma relação intersubjetiva, ou seja, entre dois sujeitos dos quais um é titular de obrigação e o outro de direito.
8. OBESERVAÇÕES CRÍTICAS
A relação jurídica é uma relação direito-dever. A relação jurídica,
enquanto direito-dever remete sempre a duas regras de conduta, dentre as quais a primeira atribui um poder, e a outra atribui um dever. A relação jurídica é caracterizada não pela matéria que constitui seu objeto, mas pelo modo em os sujeitos se comportam em face do outro. Ou seja, o que caracteriza tal relação não é o conteúdo, mas a forma. É a norma que qualifica a relação e a transforma em relação jurídica e não vice-versa.