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PROCESSO Nº 529/2019
RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO
I DOS FATOS
II DO MÉRITO
2
Está comprovado que os servidores não estáveis compuseram a Comissão
Processante e participaram de toda a Instrução do Processo Administrativo, o
que impõe a aplicação da sanção de nulidade absoluta ao referido ato, que
acusa de forma notória e categórica os prejuízos causados ao investigado.
Referida nulidade alcança, ainda, os atos que foram praticados com
fundamento naqueles em que o Servidor não estável interveio, tal como
apregoa a teoria dos frutos da árvore envenenada. Reitera-se, por sua
oportunidade, que a repressão aos atos ilícitos, onde quer que ocorram, deve
ser executada com determinação e eficiência, mas não se pode admitir que, a
pretexto de sancionar o desprezo das garantias processuais das pessoas.
3
Estatuto do Servidor do Município de Cascavel não se conforma com os
princípios da própria Constituição Federal, sendo considerado nulo o processo
administrativo conduzido por comissão processante de servidores não estáveis,
por violar os princípios da imparcialidade e moralidade.
Apesar da autonomia conferida aos Municípios pela Constituição Federal para
a regulamentação do regime jurídico aplicável aos seus servidores, os
princípios constitucionais da impessoalidade, imparcialidade e moralidade do
administrador no exercício de suas atividades devem ser observados.
A intenção do legislador ao editar o artigo 149 da Lei 8.112/90, foi resguardar o
princípio da imparcialidade e moralidade no julgamento administrativo, uma vez
que o servidor estável, membro de comissão disciplinar, não se intimidará com
a hipótese de pressão dos seus superiores em razão da ausência do receio de
perda do emprego público. Assim, embora a legislação municipal não exija
explicitamente que a Comissão seja composta por servidor estável, é verdade
que o Art. 226 do Estatuto do Servidor do Município de Cascavel, não se
conforma, neste aspecto, com os princípios informadores do processo
administrativo estabelecido na lei nacional e na própria Constituição Federal.
4
Ou seja, a penalidade a ser aplicada requer uma proporcionalidade mínima à
gravidade da infração, além dos danos evidenciados. Estes causados por
imaturidade funcional e inexperiência no trabalho, além de que não contavam
com outro servidor com experiência pré-estabelecida, sendo que os três
servidores são da Primeira turma da Guarda Municipal.
Trata-se da necessária observância à previsão legal da proporcionalidade,
disposta no Art. 2º da Lei que Regula o Processo Administrativo, Lei n.º
9.784/1999:
Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da
Legalidade, Finalidade, Motivação, Razoabilidade, Proporcionalidade,
Moralidade, Ampla Defesa, Contraditório, Segurança Jurídica, Interesse
Público e Eficiência.
1
Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional, ed. Atlas, São Paulo, 2004, 4ª edição, p.
370.
5
Consoante o fundamentos fáticos e jurídicos retro expendidos, requer o
recebimento deste Recurso de Reconsideração, para fins de que seja revista a
decisão, requerendo preliminarmente que o processo seja arquivado devido à
ocorrência da nulidade na formação da Comissão processante. Caso tal
argumento não seja aceito, requer-se subsidiariamente que seja feita uma
revisão na penalidade aplicada ao Recorrente deixando de lhe ser aplicada
qualquer penalidade que seja, ou subsidiariamente, que seja a pena de
demissão convertida em pena de suspensão.
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Recorrente – Emerson Pezzolato