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Direito Tributário
Tributário Tributário
Érico Hack
Direito Tributário
2. °edição
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
__________________________________________________________________________________
H136d
2. ed.
Hack, Érico, 1979-
Direito tributário / Érico Hack. - 2. ed. - Curitiba, PR : IESDE BRASIL, 2013.
116 p. : 24 cm
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-3629-5
1. Direito tributário - Brasil. I. Título.
13-1539.
CDU: 34:351.713(81)
11.03.13 13.03.13 043366
__________________________________________________________________________________
16 | Direito Tributário
17 | Finalidades do tributo
20 | A Constituição Federal de 1988 e a competência para a criação dos tributos
23 | Legislação citada na aula
31
Princípios e limites da tributação
31 | Princípios tributários e limitações ao poder de tributar
32 | Princípio da legalidade
34 | Anterioridade
36 | Princípio da capacidade contributiva
43 | Legislação citada na aula
49
Obrigação tributária e crédito tributário
49 | Introdução
50 | Hipótese de incidência e fato gerador
51 | Fato jurídico tributário e consequente
53 | Obrigação tributária principal e acessória
54 | Crédito tributário, lançamento e suas modalidades
56 | Suspensão da exigibilidade, extinção e exclusão do crédito tributário
65 | Legislação citada na aula
75
Modalidades tributárias e tributos em espécie
75 | Modalidades tributárias
82 | Principais tributos do sistema tributário nacional
88 | Legislação citada na aula
Regimes tributários,
crimes tributários 95
e tributação internacional
95 | Regimes de tributação nas empresas
98 | Crimes contra a ordem tributária
102 | Direito Tributário Internacional
106 | Legislação citada na aula
115
Referências
Apresentação
O Direito Tributário é um ramo do Direito que
Direito Tributário
estuda a tributação em geral. Os tributos são,
em uma breve síntese, prestações em dinheiro
pagas ao Estado, que se destinam principalmen-
te à manutenção deste, provendo-o de recursos
para a realização das atividades públicas.
No Brasil, a complexidade do sistema tributário
é tamanha que é inviável pretender em apenas
um livro abordar todos os assuntos, teorias e
tributos existentes em nosso ordenamento jurí-
dico. Dessa forma, aqui serão estudados os con-
ceitos, os institutos e os princípios básicos do
Direito Tributário brasileiro.
A intenção do presente livro é dar ao estudante
de área não jurídica um conhecimento básico
da matéria. Apesar de básico, nosso estudo será
sólido, fundamentado em doutrina de renome
e na legislação vigente. Serão deixados de lado
assuntos polêmicos e discussões acadêmicas
acerca do assunto, tratando-se apenas de con-
ceitos pacíficos.
Na obra, os assuntos serão tratados a partir da
parte geral do Direito Tributário, que versa sobre
regras gerais que servem a todos os tributos. Ini-
cialmente, será estudado o conceito de tributo,
suas finalidades e os princípios que regem esse
ramo do Direito. Após esse início, serão tratados
os temas da obrigação tributária e do crédito tri-
butário, estudando-se seu surgimento, seus ele-
mentos e as formas como o tributo desaparece.
Depois, serão analisadas as características de
cada uma das modalidades tributárias (impos-
tos, taxas, contribuições de melhoria, contribui-
ções e empréstimos compulsórios). Concluída a
parte geral, serão estudados os principais tribu-
tos hoje existentes no direito brasileiro.
Por fim, serão estudados assuntos acessórios
Direito Tributário
ao Direito Tributário geral e específico, como a
tributação internacional, os principais regimes
de tributação para empresas e os crimes contra a
ordem tributária.
Cada capítulo trará exercícios e os textos da legis-
lação mencionada, de maneira a permitir ao aluno
a fixação dos conteúdos vistos. As obras indicadas
na bibliografia de cada capítulo servem também
como indicação ao leitor, caso seja necessário maior
aprofundamento sobre os assuntos.
Espera-se que a obra cumpra com os objetivos
expostos, dando ao leitor um conhecimento
adequado sobre o Direito Tributário para aplica-
ção em sua vida profissional e acadêmica.
Introdução ao Direito Tributário
Introdução
Atualmente o homem vive em sociedade, convivendo e colaborando
com seus semelhantes. Dessa forma, é possível um melhor desenvolvimento
da humanidade, já que há uma conjugação de esforços entre os homens
para alcançar objetivos comuns. O que é muito grande para um homem só
realizar pode ser feito por vários homens em conjunto, e isso fundamenta a
existência da sociedade.
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Introdução ao Direito Tributário
Se a atividade do Estado aproveita a todos, é justo que seu custo seja re-
partido entre seus membros. Assim, tem-se a figura do tributo, que é uma
prestação obrigatória em dinheiro paga ao Estado e que tem a destinação
principal de prover recursos para sua manutenção e para a realização de
suas atividades.
Conceito de tributo
O conceito de tributo, no direito brasileiro, é dado pelo artigo 3.º do Código
Tributário Nacional (CTN):
Art. 3.º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada.
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Introdução ao Direito Tributário
Diz-se que atos lícitos são os que estão de acordo com o direito; são aque-
les que não contrariam as normas legais, que obedecem aos seus preceitos.
Por exemplo, uma pessoa que estaciona seu veículo no local permitido está
praticando um ato lícito, ou seja, que não contraria o direito.
O ato ilícito, por sua vez, é aquele contrário ao direito. Dessa forma, no
mesmo exemplo acima, se alguém estaciona em local proibido ou sobre a
calçada, está praticando um ato ilícito. Por ser contrário ao direito, o ato ilí-
cito deve ser reprimido, e por isso pressupõe a aplicação de uma pena, de
uma sanção quando ocorre. Então, quando um indivíduo estaciona seu carro
ilicitamente, está obrigado a pagar uma multa, que nada mais é do que uma
prestação pecuniária compulsória prevista em lei.
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Introdução ao Direito Tributário
O tributo não pode, portanto, ser utilizado como pena pela prática de um
ato ilícito; para esses casos existem as multas. Esse é justamente o elemento
que diferencia os tributos das multas: estas nascem de um ato contrário ao di-
reito, enquanto que os tributos nascem de um ato de acordo com o direito.
Pelo termo lei, entende-se uma norma jurídica aprovada pelo Poder Le-
gislativo, dentro do processo determinado pela Constituição Federal (CF). A
lei federal, por exemplo, é aquela discutida e aprovada na Câmara dos Depu-
tados e no Senado Federal, posteriormente sancionada pelo presidente da
República e publicada no Diário Oficial da União.
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Introdução ao Direito Tributário
Assim, vê-se que o tributo só pode ser criado por lei, não sendo admitida
sua criação por norma de posição hierárquica inferior.
Logo, conclui-se que o ato de cobrança dos tributos deve ser um ato admi-
nistrativo, ou seja, um ato praticado pela Administração Pública. Geralmente,
quem cobra os tributos no plano federal é a Secretaria da Receita Federal
do Brasil (SRF) e, nos planos estadual e municipal, as respectivas Secretarias
da Fazenda. Esses são órgãos públicos, integrantes da Administração Pública
direta e ligados ao Poder Executivo dos três níveis.
O conceito diz que tal atividade deve ser vinculada, e por isso deve-se
analisar a diferença entre vinculação e discricionariedade.
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Introdução ao Direito Tributário
a atuação vinculada é aquela em que a lei aponta o que deve ser fei-
to em uma determinada situação, não havendo margem para escolha
por parte do agente;
Direito Tributário
Visto o conceito de tributo, descobre-se o objeto de estudo do Direito Tribu-
tário: é o ramo do Direito que estuda os tributos e as relações deles decorrentes.
16
Introdução ao Direito Tributário
Essas questões são estudadas pelo Direito Financeiro, ramo do Direito de-
dicado às finanças públicas e ao orçamento. O tributo, no entanto, por sua
importância como fonte maior de recursos para o Estado, é estudado em
um ramo distinto do Direito Financeiro, pois possui uma disciplina própria.
Esse raciocínio demonstra a ligação existente entre o Direito Tributário e o
Direito Financeiro.
Como diz o próprio conceito de tributo visto acima, este é cobrado por
meio de “atividade administrativa plenamente vinculada”, o que aponta para
uma forte atuação, na área tributária, de regras do Direito Administrativo.
Finalidades do tributo
No conceito de tributo não está incluída a sua finalidade, ou seja, a sua
cobrança não depende de para que o tributo é cobrado: basta que se encaixe
no conceito do artigo 3.º do CTN. Entretanto, esse fato não impede que a
finalidade tenha relevância na análise dos tributos e de sua cobrança.
Tributos fiscais
Os tributos fiscais são aqueles que têm a finalidade de arrecadar valores
para a manutenção do Estado. São tributos que, baseados na capacidade
contributiva dos contribuintes, retiram dinheiro destes, que é destinado ao
caixa do Estado para o pagamento de suas despesas em geral. Essa arre-
cadação é utilizada para o pagamento dos servidores, para a manutenção
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Introdução ao Direito Tributário
Tributos extrafiscais
Por outro lado, existem os tributos chamados de extrafiscais. Esses tribu-
tos são cobrados com objetivos diversos da mera arrecadação de receitas
para o financiamento do Estado. A intenção do tributo chamado de extra-
fiscal é a realização de uma política pública ou a obtenção de um resultado
pretendido pelo Estado.
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Introdução ao Direito Tributário
Isso ocorre porque o tributo, pelo simples fato de ser cobrado, causa um
impacto econômico no contribuinte: ele é incluído nos custos dos produtos
e reflete no custo da mão de obra. Dessa forma, acaba também tendo efeitos
que não se resumem a arrecadar dinheiro para o Estado.
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Introdução ao Direito Tributário
Por exemplo: um agente de trânsito que aplica uma multa está cumprin-
do uma norma jurídica. Essa norma deve estar de acordo com a norma de
posição hierárquica superior, que pode ser um regulamento que lhe atribui
competência para o ato, bem como a lei de trânsito que prevê a infração
constatada e a pena correspondente; essa lei, por sua vez, deve estar de
acordo com a Constituição.
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Introdução ao Direito Tributário
Dessa forma, a Constituição não cria nenhum tributo: ela apenas possibili-
ta que os entes da Federação criem os tributos de acordo com as competên-
cias estabelecidas por ela. O conteúdo da lei tributária (a forma de apuração,
a alíquota, a forma de pagamento e outros elementos do tributo) é definido
pelo ente que institui o tributo, no processo de elaboração dessa lei.
Pelo exposto, é vedado que um ente institua tributos sobre fatos relati-
vos a outro ente. Então, um tributo instituído por um município que incida
sobre a renda, contraria a CF e é inconstitucional, pois cabe apenas à União
tributar esse fato.
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Introdução ao Direito Tributário
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Introdução ao Direito Tributário
Título I
Disposições Gerais
Art. 3.º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela
se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Constituição Federal
Título VI
Da Tributação e do Orçamento
Capítulo I
Seção III
IV - produtos industrializados;
[...]
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Introdução ao Direito Tributário
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam
não cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados
nesta Constituição;
Seção IV
[...]
Seção V
II - transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por
natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem
como cessão de direitos a sua aquisição;
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei
complementar.
[...]
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Introdução ao Direito Tributário
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Introdução ao Direito Tributário
A Ciência das Finanças Públicas está para o Direito Tributário tal como a
Ciência da Administração está para o Direito Administrativo; a Ciência Econô-
mica, ou Economia, está para o Direito Econômico; a Criminologia está para o
Direito Penal, e assim por diante.
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Introdução ao Direito Tributário
A Ciência das Finanças é ciência do ser. Suas leis são leis de causalidade.
Entre elas está aquela, muito importante, segundo a qual quanto mais elevada
a alíquota do tributo, mais forte a tendência do contribuinte para práticas evasi-
vas. A Ciência do Direito Tributário bem como a Ciência do Direito Financeiro
são ciências do dever-ser. Suas leis são leis de imputação, sendo enunciadas
sempre como dever-ser.
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Introdução ao Direito Tributário
Atividades de aplicação
1. Sobre o conceito de tributo, comente o seguinte caso: o prefeito de sua
cidade, em ano de eleição, para agradar os eleitores, decide facultar aos
proprietários de imóveis o pagamento do IPTU. Ou seja, dá uma ordem
para o Fisco municipal que faça “vistas grossas” a quem não pagar o
tributo, deixando de cobrá-lo. Tal procedimento está correto?
Gabarito
1 Deve ser mencionado que, pelo conceito de tributo, o pagamento des-
te é compulsório, então não pode ser dispensado. Outra resposta certa
menciona que o tributo deve ser cobrado por atividade administrativa
vinculada, ou seja, a autoridade não pode deixar de cobrar o tributo de
acordo com a sua vontade.
3. Da Constituição Federal.
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Princípios e limites da tributação
Princípios tributários
e limitações ao poder de tributar
A tributação, para poder ser exigida, deve obedecer a limites e princípios
estabelecidos pela Constituição Federal (CF). Da mesma maneira que é dever
do cidadão contribuir com as despesas do Estado, é também seu direito que
a tributação não lhe inviabilize a vida. Por isso, existe na Constituição um con-
junto de normas que se destina a proteger o cidadão de abusos do Estado.
31
Princípios e limites da tributação
é “sob pena de multa”. Logo, tal regra significa que se alguém estacionar
sobre a calçada sofrerá uma multa. O fato da vida real, quando se encaixa
na descrição feita pela hipótese da regra, desencadeia a consequência
por ela prevista.
Dessa forma, vê-se que as regras são formuladas em obediência aos princí-
pios, já que estes, genéricos e abstratos, regem aquelas, específicas e concretas.
Princípio da legalidade
De todos os princípios, o mais importante é o da legalidade. O próprio
conceito de tributo informa que há a necessidade de lei para a sua criação.
Contudo, o princípio exposto na Constituição torna ainda mais importante a
legalidade em matéria tributária.
32
Princípios e limites da tributação
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei; [...]
Aqui não se faz referência apenas ao Direito Tributário, mas a todos os ci-
dadãos e a todas as situações. Pelo texto constitucional conclui-se que tudo
aquilo que não for proibido pode ser feito, e que aquilo que não for obrigatório
não precisa ser feito. Assim, quando a Administração Pública exige de um
contribuinte um documento que este não é obrigado por lei a possuir, está
violando o princípio da legalidade. Com isso, vê-se que em todas as situações,
a mesma lei que impõe obrigações garante proteção a direitos.
A CF tem uma seção específica para tratar dos limites à tributação. Nela, o
primeiro limite tratado é o seguinte:
Seção II
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
Assim, o tributo só pode ser criado por lei, entendida esta como a norma exa-
rada pelo Poder Legislativo, sancionada pelo chefe do Executivo e publicada no
Diário Oficial. Não se admite, portanto, a criação ou a majoração de um tributo
por decreto, portaria ou outra norma de posição hierárquica inferior à lei.
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Princípios e limites da tributação
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[...]
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver
instituído ou aumentado; [...]
Isso significa que o tributo, para ser cobrado, além de precisar de lei, só
pode incidir sobre fatos ocorridos depois da edição dessa lei. A lei, em geral,
não pode retroagir para atingir eventos ocorridos antes de sua existência. O
mesmo acontece com o tributo.
Dessa forma, se for editada uma lei em abril de 2008 determinando que o
Imposto de Renda (IR) deve ser aumentado em 10% e cobrado desde julho
de 2007, verifica-se uma clara violação à CF e à irretroatividade das normas.
Anterioridade
Outra garantia concedida ao contribuinte é a anterioridade. Por ela, a
cobrança de tributos novos ou de tributos majorados inicia-se somente
após certo período.
[...]
[...]
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou; [...]
Assim, se uma lei que cria um novo tributo for publicada em 10 de feve-
reiro de 2008, só poderá ser ele cobrado a partir de 1.º de janeiro de 2009.
34
Princípios e limites da tributação
Essa regra era burlada pelo governo, que criava ou majorava os tributos
no final do ano e publicava as leis no dia 31 de dezembro. Pela letra do texto
constitucional, essas normas seriam aplicáveis a partir do dia seguinte, 1.º de
janeiro, que já era o exercício seguinte ao da publicação da lei. Às vezes essas
leis eram publicadas em edições extras do Diário Oficial, com circulação limi-
tada a alguns exemplares, apenas para se cumprir a formalidade. Fica claro
que tal procedimento surpreendia o contribuinte, violando a garantia da an-
terioridade que se justifica exatamente como forma de possibilitar àquele
conhecer a lei e organizar o pagamento do tributo em tempo hábil.
[...]
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea “b”; [...]
Assim, essa regra se soma à regra já existente; ou seja, qualquer lei que
crie ou aumente tributo só será aplicada após um prazo mínimo de 90 dias
da sua publicação. Entre essa regra e a anterior, prevalece aquela que dá
maior tempo ao contribuinte. Por exemplo: uma lei que cria um tributo é
publicada em 1.º de novembro de 2008; esse tributo então só poderá ser
cobrado em 30 de janeiro de 2009, 90 dias após a publicação da lei. Já se a
mesma lei fosse publicada em agosto de 2008, o tributo só poderia ser co-
brado em 1.º de janeiro de 2009. Isso ocorre porque, nesse caso, o prazo de
90 dias implicaria a exigência do tributo ainda no ano de 2008, o que daria ao
contribuinte um prazo menor. Prevalece, então, a regra anterior, que fornece
prazo maior ao contribuinte.
Essa regra é aplicada à grande maioria dos tributos existentes hoje. Toda-
via, há uma exceção importante: as contribuições sociais reguladas pelo artigo
195 da CF estão sujeitas à chamada anterioridade nonagesimal, também co-
nhecida como “noventena”:
Art. 195. [...]
§6.º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos
noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se
lhes aplicando o disposto no art. 150, III, “b”.
35
Princípios e limites da tributação
36
Princípios e limites da tributação
§1.º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados
segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária,
especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os
direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades
econômicas do contribuinte.
Assim, por meio desse princípio são estabelecidos limites para a incidên-
cia tributária, de maneira a impedir que o Estado se exceda na cobrança,
cobrando demais do cidadão. A capacidade contributiva também impõe
critérios para que os tributos incidam de maneira semelhante para cada
contribuinte.
37
Princípios e limites da tributação
Vedação do confisco
Esse limite está estabelecido explicitamente no artigo 150 da Constituição:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[...]
Por efeito de confisco, entende-se que, nesse caso, o tributo é tão exces-
sivo que acaba por tomar para o Estado a própria riqueza que deu origem
ao tributo.
38
Princípios e limites da tributação
de confisco, então, é quando o tributo incide tão pesadamente que acaba to-
mando esse fato econômico que motivou o tributo.
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Princípios e limites da tributação
Esse limite significa que aqueles que ganham menos que o mínimo vital
não possuem capacidade contributiva; ou seja, deles, o Estado não pode
arrecadar tributos sob pena de colocar em risco sua subsistência. Além da
ausência da capacidade contributiva, esse limite se justifica pela dignidade
da pessoa humana, de maneira que a arrecadação de tributos de quem não
possui capacidade de contribuir põe em risco não só a subsistência, mas
também a vida digna.
Seletividade
A progressividade das alíquotas se adequa melhor aos tributos que de-
rivam da renda e do patrimônio (IR, IPTU, IPVA). Nessas situações, quanto
maior a renda ou o patrimônio, maior a alíquota, pois maior é a demonstra-
ção de capacidade contributiva do contribuinte.
Para que essa situação não ocorra, a Constituição indica que o IPI e o ICMS
(que são os principais tributos incidentes sobre o consumo) serão seletivos,
em função da essencialidade do bem tributado. A CF assim estabelece:
41
Princípios e limites da tributação
[...]
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
[...]
[...]
III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços; [...]
Constituição Federal
Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei; [...]
§1.º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente
para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e
nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
[...]
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[...]
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver
instituído ou aumentado;
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea “b”;
[...]
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Princípios e limites da tributação
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
[...]
[...]
III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços; [...]
§6.º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos
noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se
lhes aplicando o disposto no art. 150, III, “b”.
Capacidade contributiva
(SCHOUERI, 2005, p. 281-284)
44
Princípios e limites da tributação
A questão exige, para sua solução, que se defina, antes, o que se investiga a
partir da capacidade contributiva: i) um limite ou critério para a graduação da tri-
butação; ou ii) um parâmetro para a distinção entre situações tributáveis e não
tributáveis. No primeiro caso, falar-se-á em capacidade contributiva relativa ou
subjetiva; no último, em capacidade contributiva absoluta ou objetiva. Esta será
“a existência de uma riqueza apta a ser tributada (capacidade contributiva como
pressuposto de tributação)”, enquanto no sentido subjetivo será “a parcela dessa
riqueza que será objeto da tributação em face de condições individuais (capaci-
dade contributiva como critério de graduação e limite do tributo).”
45
Princípios e limites da tributação
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Princípios e limites da tributação
Atividades de aplicação
1. Uma lei que institui um novo tributo foi publicada em 1.º de dezem-
bro de 2007. Explique quando o novo tributo poderá começar a ser
cobrado.
Gabarito
1. Nesse caso, o novo tributo só poderá ser cobrado 90 (noventa) dias após
a publicação da lei, uma vez que esse prazo é maior que o da regra da an-
terioridade, que é de apenas um mês para o próximo exercício (2008).
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Obrigação tributária
e crédito tributário
Introdução
O tributo é uma prestação do contribuinte ao Estado. Criado por lei, nas hi-
póteses nela previstas, fornece ao Estado o direito de cobrar o valor do tributo;
por outro lado, cria para o contribuinte o dever de pagar o valor ao Estado.
Uma vez constituído o crédito tributário, ele passa a ser exigido, só po-
dendo ter sua exigibilidade suspensa, bem como ser extinto ou excluído, nas
hipóteses previstas pelo Código Tributário Nacional (CTN).
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Obrigação tributária e crédito tributário
Aqui, vê-se claramente este esquema: a lei prevê uma hipótese (“matar
alguém”), que é a descrição de um fato que pode acontecer na vida real. A
pena (“reclusão, de seis a vinte anos”) é a consequência, que deve ser apli-
cada quando a hipótese acontecer. Dessa forma, quando uma pessoa mata
outra, esse fato se encaixa na descrição hipotética da lei (“matar alguém”) e,
portanto, a quem praticou o fato deverá ser aplicada a consequência (“reclu-
são, de seis a vinte anos”).
A lógica acima descrita é a que rege a lei tributária. A hipótese aqui é cha-
mada de hipótese de incidência. Ela descreve os fatos que geram a obrigação
tributária. Assim, quando a lei fala que deverá pagar Imposto de Renda todo
aquele que auferir renda ou proventos de qualquer natureza, tem-se então a
hipótese de incidência desse tributo.
50
Obrigação tributária e crédito tributário
somente deve-se ter o cuidado de verificar se ela está sendo usada para de-
signar a hipótese de incidência ou o fato jurídico tributário.
Critério pessoal
O critério pessoal indica quem deve pagar e quem pode cobrar o tributo.
Sujeito ativo
Chama-se de sujeito ativo da obrigação tributária o titular do direito de
cobrar o tributo. A lei indica quem pode exigir o tributo, podendo ser o pró-
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Obrigação tributária e crédito tributário
prio ente estatal que o criou ou algum outro ente por ele indicado. O sujeito
ativo então é quem cobra o tributo.
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Obrigação tributária e crédito tributário
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Obrigação tributária e crédito tributário
Crédito tributário,
lançamento e suas modalidades
O crédito tributário nasce junto com a obrigação tributária e corresponde
ao direito de o Estado cobrar determinado valor do sujeito passivo.
Lançamento de ofício
O lançamento de ofício é aquele com a menor participação do sujeito
passivo. Nessa modalidade, a autoridade pratica todos os atos do lança-
mento: identifica a ocorrência do fato jurídico tributário, aponta o sujei-
to passivo, a alíquota, a base de cálculo e estabelece o valor a ser pago.
Quando o sujeito passivo recebe a cobrança, precisa apenas ir ao banco
e recolher o valor. Nessa hipótese, normalmente encontramos o IPTU,
quando o município identifica todos os elementos do tributo e envia ao
contribuinte o carnê de pagamento já preenchido com o valor devido.
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Obrigação tributária e crédito tributário
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Obrigação tributária e crédito tributário
Suspensão da exigibilidade,
extinção e exclusão do crédito tributário
Com a formalização do crédito tributário, ele se torna exigível, ou seja, o
Estado passa a cobrar o valor devido.
I - moratória;
III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário
administrativo;
VI - o parcelamento.
[...]
Moratória
Moratória é a prorrogação do prazo de pagamento de um tributo, conce-
dida pelo Fisco (Estado) ao devedor. Trata-se de um instrumento que permite
ao Estado fornecer ao contribuinte um período de carência no pagamento
dos tributos, deixando de arrecadar o valor devido na data certa. Assim, se
um tributo deveria ser pago em 30 de abril de 2008, ele pode ter seu prazo
prorrogado, por exemplo, para 31 de julho de 2008.
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Obrigação tributária e crédito tributário
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Obrigação tributária e crédito tributário
Parcelamento
O parcelamento ocorre quando o contribuinte requer o pagamento do
crédito tributário em diversas parcelas periódicas e sucessivas. Deve ser con-
cedido por lei, que determinará as condições e os prazos.
59
Obrigação tributária e crédito tributário
I - o pagamento;
II - a compensação;
III - a transação;
IV - remissão;
V - a prescrição e a decadência;
[...]
Pagamento
Pagamento é a forma mais convencional de extinção do crédito tributá-
rio. Aqui, o contribuinte simplesmente recolhe o valor do crédito devido, ex-
tinguindo a obrigação.
Compensação
A compensação ocorre quando o credor de uma dívida é, ao mesmo tempo,
devedor em outra dívida na qual o credor é o devedor da primeira dívida.
Assim, há o chamado “encontro de contas”, compensando-se as dívidas até
o seu limite.
Transação
Transação é um acordo realizado entre o Estado e o contribuinte. Nova-
mente, é necessária a existência de lei que permita a transação e estabeleça
suas condições. Atualmente, no plano federal, inexiste tal lei, de maneira que
não se encontram transações no Brasil.
Remissão
Remissão é o perdão da dívida concedido pelo Estado ao contribuinte.
Exige lei que estabeleça as condições para sua concessão, não podendo
ser arbitrária.
Decadência
A decadência ocorre quando, após certo lapso de tempo, o Fisco perde o
direito de constituir o crédito tributário contra o contribuinte. O Fisco possui
61
Obrigação tributária e crédito tributário
O CTN prevê o prazo de cinco anos para o Fisco constituir o crédito. Esse
prazo é contado a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em
que o crédito poderia ter sido lançado. Por exemplo: se o Fisco deixa de efe-
tuar o lançamento do IPTU relativo a 2008 dentro deste ano, ele tem cinco
anos a partir de 1.º de janeiro de 2009 para constituir o crédito; depois desse
prazo, se não o fizer, extingue-se o crédito.
Prescrição
A cada direito corresponde uma ação judicial para protegê-lo. Assim,
sempre que alguém tem direito a alguma coisa, existe uma ação que pode
ser usada para pedir ao Poder Judiciário a proteção de tal direito. No caso do
crédito tributário, o Estado possui o direito de cobrar o contribuinte. Caso
este não pague, ao Estado cabe a ação de execução fiscal para cobrar o con-
tribuinte perante o Poder Judiciário.
62
Obrigação tributária e crédito tributário
Consignação em pagamento
Essa hipótese ocorre quando o contribuinte deseja pagar o tributo e o
Fisco não recebe o valor. O contribuinte pode então propor uma ação judicial
e efetuar a consignação em pagamento, ou seja, pagar o tributo por depósito
em conta judicial.
63
Obrigação tributária e crédito tributário
Dação em pagamento
Dação em pagamento é a quitação do valor do tributo mediante a entrega
ao Estado de um bem imóvel de propriedade do contribuinte. É a extinção
do crédito tributário com prestação diferente de dinheiro.
I - a isenção;
II - a anistia.
[...]
Isenção
A isenção é como uma exceção da lei tributária, que exclui da sua inci-
dência algumas pessoas em situação especial. Em condições normais, tais
pessoas seriam tributadas, mas em virtude de lei essas pessoas não sofrem a
incidência do tributo.
Por exemplo, o IPI é cobrado sobre veículos novos. Todavia, a União resol-
veu isentar do IPI os deficientes físicos que adquirirem carros adaptados à
sua deficiência: esses carros então ficam livres do pagamento do tributo; se
não fosse a lei de isenção, seriam tributados normalmente.
A isenção também exige lei para ser concedida. É muito utilizada como
instrumento de extrafiscalidade, com os conhecidos incentivos fiscais. Por
64
Obrigação tributária e crédito tributário
Anistia
A anistia corresponde ao perdão concedido pelo Estado a infrações co-
metidas pelo contribuinte. Em decorrência de tal perdão, cancelam-se as
multas punitivas da infração.
§1.º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito
dela decorrente.
[...]
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o
respectivo fato gerador;
65
Obrigação tributária e crédito tributário
[...]
Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta.
Art. 140. As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus
efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade
não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem.
[...]
[...]
Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação
atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da
autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando
conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.
§1.º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito,
sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento.
[...]
§4.º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência
do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado,
considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se
comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
I - moratória;
III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário
administrativo;
66
Obrigação tributária e crédito tributário
VI - o parcelamento.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações
assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela
consequentes.
[...]
I - o pagamento;
II - a compensação;
III - a transação;
IV - remissão;
V - a prescrição e a decadência;
Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito
sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto
nos artigos 144 e 149.
[...]
67
Obrigação tributária e crédito tributário
[...]
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5
(cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado;
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o
lançamento anteriormente efetuado.
Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o
decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição
do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória
indispensável ao lançamento.
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados
da data da sua constituição definitiva.
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento
do débito pelo devedor.
I - a isenção;
II - a anistia.
Código Penal
Homicídio simples
68
Obrigação tributária e crédito tributário
[...]
69
Obrigação tributária e crédito tributário
70
Obrigação tributária e crédito tributário
Atividades de aplicação
1. Leia a seguinte lei hipotética:
Art. 1.º Fica instituído o imposto sobre bicicletas.
Art. 4.º O valor do imposto será correspondente a 5% do valor da bicicleta, que será
determinado de acordo com tabela divulgada pelo Fisco.
Art. 5.º Para pagar o tributo, deverá o contribuinte preencher guia-padrão do Fisco,
aplicando a alíquota de 5% sobre o valor da tabela para sua bicicleta, devendo recolher
71
Obrigação tributária e crédito tributário
o valor até o último dia útil do mês de janeiro do ano posterior ao que foi proprietário
da bicicleta.
Art. 6.º O contribuinte deverá guardar a guia de recolhimento pelo prazo legal para
eventual fiscalização.
Gabarito
1. a) artigo 2.º; b) artigo 3.º; c) artigo 4.º; d) por homologação.
72
Modalidades tributárias
e tributos em espécie
Modalidades tributárias
Tributos são prestações pecuniárias compulsórias, conforme estabelece o
artigo 3.º do Código Tributário Nacional (CTN). Todas as cobranças efetuadas
pelo Estado que se encaixem em tal conceito são consideradas tributos, e
estão sujeitas à disciplina própria para sua cobrança.
impostos;
taxas;
contribuições de melhoria;
contribuições;
empréstimos compulsórios.
75
Modalidades tributárias e tributos em espécie
A seguir, serão estudadas cada uma das cinco modalidades tributárias, com
seus conceitos e suas características.
Imposto
Usualmente, usa-se imposto como sinônimo de tributo. É comum escutar
que se pagam muitos impostos, ou que a carga de impostos é elevada. Toda-
via, deve-se alertar que imposto é apenas uma das modalidades dos tributos,
sendo que o correto é afirmar que a carga de tributos é elevada, pois aí estão
incluídos não só os impostos como também as demais modalidades.
Os impostos são fontes de recursos para o Estado por excelência. Eles inci-
dem sobre fatos que denotem capacidade contributiva do contribuinte, ou seja,
fatos econômicos que demonstrem a capacidade de contribuir com o Estado.
Aliás, os impostos não possuem destinação específica (CF, art. 167, IV),
ou seja, são pagos pelo contribuinte e vão para o caixa geral do Estado, po-
76
Modalidades tributárias e tributos em espécie
O imposto pode ser instituído pela União, pelos estados, pelos municí-
pios e pelo Distrito Federal, observando-se as suas competências. Então, se o
Estado possui competência para criar tributo sobre a propriedade de veícu-
los automotores, a ele é lícito cobrar o IPVA.
Taxa
A taxa possui o conceito inverso ao de imposto, ou seja, decorre diretamente
de uma atividade estatal relacionada ao contribuinte. O CTN assim define taxa:
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios,
no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do
poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível,
prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
Assim, a taxa é um tributo devido toda vez que o contribuinte utiliza ati-
vidades estatais relacionadas ao serviço público ou ao poder de polícia. Por
exemplo: quando alguém solicita a emissão de passaporte, paga uma taxa,
pois se trata de um serviço público diretamente ligado ao contribuinte, ou
seja, um serviço prestado a uma determinada pessoa.
77
Modalidades tributárias e tributos em espécie
O valor arrecadado por meio da cobrança das taxas também não tem des-
tinação específica: vai para o caixa geral do Estado. A taxa pode ser cobrada
pela União, pelos estados, pelos municípios e pelo Distrito Federal, sempre
que esses entes entenderem que há serviço público ou poder de polícia pas-
sível de gerar a cobrança.
Contribuição de melhoria
A contribuição de melhoria é um tributo que pode ser cobrado sempre que
uma obra pública tiver ocasionado valorização em imóveis pertencentes a parti-
culares. O CTN assim conceitua essa modalidade:
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para
fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como
limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra
resultar para cada imóvel beneficiado.
78
Modalidades tributárias e tributos em espécie
Contribuição
Imposto, taxa e contribuição de melhoria são as modalidades tributárias
mais tradicionais, previstas pelo CTN. Todavia, existem duas modalidades
previstas apenas pela Constituição Federal, que mais recentemente têm sido
estudadas e utilizadas: a contribuição e o empréstimo compulsório.
79
Modalidades tributárias e tributos em espécie
80
Modalidades tributárias e tributos em espécie
Empréstimo compulsório
O empréstimo compulsório está previsto na CF:
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
A CF estabeleceu que esse tributo somente pode ser instituído nas hipóteses
de despesa extraordinária decorrente de calamidade ou guerra externa; note-se
que a despesa só pode ser derivada dessas duas situações. Ademais, também
pode ser cobrado em caso de investimento público relevante e urgente.
Dessa forma, o valor arrecadado por esse tributo deve ser utilizado apenas
na finalidade que o justificou. O empréstimo só pode ser instituído pela União
Federal, e mediante lei complementar, que exige aprovação pela maioria absoluta
dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal (ao contrário das
leis ordinárias, que exigem maioria simples).
Principais tributos do
sistema tributário nacional
Neste tópico, pretende-se analisar brevemente alguns dos principais tri-
butos vigentes hoje no Brasil. Serão analisados seus elementos fundamen-
tais, como a competência para instituição, a hipótese de incidência, a base
de cálculo e a alíquota.
Tributos federais
Os tributos a seguir são de competência da União Federal, e por isso ge-
ralmente são chamados de tributos federais.
82
Modalidades tributárias e tributos em espécie
Para as pessoas jurídicas, a base de cálculo pode ser apurada pelo lucro
real ou presumido, sendo de 15% a alíquota aplicável em ambos os casos.
A apuração da base de cálculo pelo lucro real ocorre pela contabilização de
receitas e despesas, sendo encontrada após a subtração do valor das despe-
sas do valor das receitas. No lucro presumido, presume-se o lucro da empresa
apenas com base no seu faturamento, sem a necessidade de se subtrair as
despesas; ou seja, com base no valor faturado pela empresa, estima-se o lucro
em um percentual desse valor, e sobre esse lucro estimado incide a alíquota.
Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que
tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade,
ou o aperfeiçoe para o consumo.
83
Modalidades tributárias e tributos em espécie
Ainda deve-se lembrar que o IPI está sujeito ao regime da não cumula-
tividade. Por esse regime, o valor do IPI pago na aquisição de insumos para
a fabricação de um produto pode ser usado como crédito e descontado do
valor do IPI do novo produto.
85
Modalidades tributárias e tributos em espécie
Tributos estaduais
Serão vistos agora os principais tributos de competência dos Estados.
A base de cálculo é o valor da operação que lhe deu origem. A alíquota depen-
de do estado que se analisa. Assim como o IPI, é sujeito à não cumulatividade.
86
Modalidades tributárias e tributos em espécie
Sua alíquota geralmente fica entre 2% e 2,5% para automóveis, mas varia
de acordo com cada estado.
Tributos municipais
Os tributos de competência dos municípios são expostos a seguir.
87
Modalidades tributárias e tributos em espécie
Constituição Federal
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
[...]
[...]
[...]
Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que
tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade,
ou o aperfeiçoe para o consumo.
[...]
88
Modalidades tributárias e tributos em espécie
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício
regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público
específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas.
[...]
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para
fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como
limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra
resultar para cada imóvel beneficiado.
Conceito de imposto
(MACHADO, 2007, p. 318-319)
89
Modalidades tributárias e tributos em espécie
90
Modalidades tributárias e tributos em espécie
Conceito de taxa
(MACHADO, 2007, p. 443- 444)
Enquanto o imposto é uma espécie de tributo cujo fato gerador não está vincu-
lado a nenhuma atividade estatal específica relativa ao contribuinte (CTN, art. 16),
a taxa, pelo contrário, tem seu fato gerador vinculado a uma atividade estatal es-
pecífica relativa ao contribuinte. Por isto é que se diz, reproduzindo a ideia de A. D.
Giannini (Instituizoni di Diritto Tributario, Dott. Milano, A. Giuffrè Editore, 1948, p. 39),
que a taxa é um tributo vinculado. A primeira característica da taxa, portanto, é ser
um tributo cujo fato gerador é vinculado a uma atividade estatal específica relativa
ao contribuinte. Esta característica a distingue do imposto, entretanto não basta
para sua identificação específica, porque também a contribuição de melhoria tem
seu fato gerador vinculado a uma atividade estatal específica. Acrescente-se, pois,
que a taxa é vinculada a serviço público, ou ao exercício do poder de polícia.
91
Modalidades tributárias e tributos em espécie
Atividades de aplicação
1. Em entrevista, um empresário declarou o seguinte: “O problema para
a atividade empresarial no Brasil é que a carga de impostos é muito
alta”. Do ponto de vista do Direito Tributário, a frase está totalmente
correta? Justifique.
Gabarito
1. A frase é incorreta. A carga de tributos é muito alta. Tributo designa o
total das cobranças do Estado (impostos, taxas, contribuições) e impos-
to é só uma espécie de tributo.
92
Regimes tributários, crimes
tributários e tributação internacional
A apuração desses tributos pode se dar pelo lucro real, pelo lucro presumi-
do ou pelo lucro arbitrado, conforme será explicado a seguir.
Deve-se lembrar sempre que não é possível afirmar com certeza que
determinado regime seja mais vantajoso que outro. Tudo depende da rea-
lidade da empresa, de maneira que antes de se optar pelos regimes dispo-
níveis deve-se analisar a situação no caso concreto. Cada regime se adequa
melhor a determinadas situações, de maneira que é sempre recomendável
a análise por um profissional habilitado para se escolher a melhor opção.
Lucro real
O lucro real é o regime mais tradicional de apuração da base de cálculo
do Imposto de Renda e da CSLL. Como se sabe, o IR incide sobre renda e
95
Regimes tributários, crimes tributários e tributação internacional
Na tributação pelo lucro real, como o nome já diz, apura-se o efetivo lucro
da empresa, o chamado Lucro Antes do IR (LAIR); ou seja, contabilizam-se as
receitas e as despesas, e a diferença é a base de cálculo do tributo, sobre a qual
incide a alíquota, obtendo-se então o valor a pagar. Caso a despesa supere a
receita, não havendo sobra (prejuízo), não há IR a pagar, pois não houve renda.
Lucro presumido
O lucro presumido é uma forma simplificada de tributação, aplicável à apu-
ração da base de cálculo do IR e da CSLL. Nessa modalidade, há uma pre-
sunção legal do lucro do contribuinte, e sobre esse lucro presumido incide a
alíquota do tributo.
96
Regimes tributários, crimes tributários e tributação internacional
Lucro arbitrado
O lucro arbitrado é utilizado quando o contribuinte deixa de cumprir obri-
gações acessórias relativas à apuração da base de cálculo. Assim, é utilizado
pela autoridade fiscalizadora que, na falta de elementos para apurar a base
de cálculo real, arbitra um valor e sobre este cobra o tributo. Em algumas hi-
póteses previstas na lei, é permitido ao contribuinte arbitrar o próprio lucro.
Simples
O Simples Nacional é um regime tributário que abrange, em um único
pagamento, diversos tributos da União, dos estados e dos municípios. Ante-
riormente, o Simples aplicava-se apenas aos tributos federais, mas recentes
modificações na legislação ampliaram sua incidência para tributos estaduais
e municipais. Dessa forma, o Simples atualmente abrange o pagamento de IR,
CSLL, PIS, Cofins, IPI, ISS, ICMS e contribuição social do empregador ao INSS.
97
Regimes tributários, crimes tributários e tributação internacional
Esse sistema aplica-se a micro empresas com receita bruta anual igual
ou inferior a R$360.000,00 e para as empresas de pequeno porte consi-
deradas aquelas com renda bruta superior a R$360.000,00 até o limite de
R$3.600.000,00. Além desse requisito, deve-se atender a outros colocados
pela lei; assim, algumas pessoas jurídicas, mesmo com receita bruta inferior
ao limite legal, não podem se beneficiar do regime (como sociedades de ad-
vogados, corretores etc.).
98
Regimes tributários, crimes tributários e tributação internacional
Ocorre que, nos ilícitos tributários, alguns são menos graves (não paga-
mento, falta ou atraso no cumprimento de obrigação acessória) e ensejam
apenas a multa administrativa. A punição para esses ilícitos é mera pena pe-
cuniária, cobrada juntamente com o valor devido.
III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro
documento relativo à operação tributável;
IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber
falso ou inexato;
99
Regimes tributários, crimes tributários e tributação internacional
I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar
outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;
100
Regimes tributários, crimes tributários e tributação internacional
Note-se que o inciso II não descreve como crime o mero não pagamento
do tributo; o que é crime é o procedimento de descontar o valor de terceiro
e não repassá-lo aos cofres públicos. Por exemplo: a empresa que desconta
Imposto de Renda na Fonte (IRPF) do salário dos empregados atua na condi-
ção de responsável tributário, e deve repassar os valores aos cofres públicos;
os empregados são os contribuintes. Se a empresa deixa de recolher o valor
aos cofres públicos, há o crime acima tipificado.
O artigo acima (inciso IV) também faz menção aos incentivos fiscais, pu-
nindo aqueles que pagam comissões para sua concessão, ou que os utilizam
de maneira diversa daquela a que são destinados.
101
Regimes tributários, crimes tributários e tributação internacional
Art. 34. Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos na Lei n.º 8.137, de 27 de
dezembro de 1990, e na Lei n.º 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente promover
o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento
da denúncia.
A polêmica ocorre porque se demonstra que os crimes fiscais têm nítido ca-
ráter arrecadatório, ou seja, a sanção penal é utilizada como instrumento de co-
brança do Fisco. O Direito Penal, pelo caráter severo das consequências que traz,
geralmente é utilizado apenas em último caso, para punir os comportamentos
mais reprováveis. Todavia, seu uso para cobrar tributos acaba por ferir esse ca-
ráter, sendo um mero instrumento à disposição do Fisco. Outra crítica que se faz
é que o contribuinte pode pagar o tributo e se livrar do crime, pois aquele que
pratica um crime comum sem violência (um furto simples, por exemplo), mesmo
se restituir a coisa furtada não deixa de responder pelo delito.
102
Regimes tributários, crimes tributários e tributação internacional
Tratados internacionais
O ponto principal do chamado Direito Tributário Internacional é a questão
sobre qual regime jurídico adotar quando a situação for passível de tributa-
ção por dois regimes jurídicos distintos. O instrumento para a solução dessas
questões são os chamados tratados internacionais contra a dupla tributação.
103
Regimes tributários, crimes tributários e tributação internacional
O conteúdo dos tratados é variado, não havendo critérios fixos para se deci-
dir qual legislação será utilizada em cada caso; isso depende da negociação do
tratado, sendo decidido de acordo com o caso concreto.
104
Regimes tributários, crimes tributários e tributação internacional
105
Regimes tributários, crimes tributários e tributação internacional
Nesse sentido, a pessoa pode, por exemplo, transferir seu domicílio tributá-
rio a fim de evitar a tributação mais gravosa no Estado de residência original.
Também pode praticar atos que permitam aproveitar a existência dos tratados
para evitar a bitributação. A essa prática normalmente dá-se o nome de treaty
shopping, pois o contribuinte escolhe a qual tratado prefere se submeter. Nessa
prática, o contribuinte pode inserir terceira pessoa (empresa) em outro país, para
utilizar o tratado do qual este país é beneficiário, a fim de reduzir tributos.
Essa prática vem sendo combatida pelos países, com a adoção de cláusu-
las nos tratados visando evitá-la.
Lei 8.137/90
Art. 1.° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição
social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro
documento relativo à operação tributável;
IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber
falso ou inexato;
I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar
outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;
106
Regimes tributários, crimes tributários e tributação internacional
Lei 9.249/95
Art. 34. Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos na Lei n.º 8.137, de 27 de
dezembro de 1990, e na Lei n.º 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente promover
o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento
da denúncia.
Decreto 87.976/82
ARTIGO VI
ARTIGO VIII
Código Penal
Apropriação indébita previdenciária
107
Regimes tributários, crimes tributários e tributação internacional
Lucro real
(MACHADO, 2007, p. 341-344)
[...]
108
Regimes tributários, crimes tributários e tributação internacional
Lucro presumido
As firmas individuais e as pessoas jurídicas cuja receita bruta seja inferior a
determinado montante e que atendam, ainda, a outras exigências da lei ficam
dispensadas de fazer a escrituração contábil de suas transações e o Imposto
de Renda, nestes casos, é calculado sobre o lucro presumido, que é determina-
do pela aplicação de coeficientes legalmente definidos, sobre a receita bruta
anual, conforme a natureza da atividade. Para apuração da receita bruta é
sempre considerado o ano civil.
Se a pessoa jurídica não se encontra nas condições para optar pela tributa-
ção com base no lucro presumido, e não dispõe de escrituração contábil regu-
lar para demonstrar seu lucro real, será tributada pelo lucro arbitrado.
Lucro arbitrado
A regra, repita-se, é ser o imposto calculado sobre o lucro real. A tributação
com base no lucro arbitrado poderá ocorrer nos seguintes casos:
109
Regimes tributários, crimes tributários e tributação internacional
110
Regimes tributários, crimes tributários e tributação internacional
a demonstração contábil de seu lucro real, com base no qual será calculado o
seu Imposto de Renda. Ou da ocorrência de prejuízo que o eximirá do imposto.
A tributação com base no lucro real é regra, da qual somente se pode afas-
tar a autoridade administrativa em situações nas quais o contribuinte, obriga-
do a manter escrituração contábil, não a mantenha, impossibilitando, assim, o
conhecimento do resultado econômico de sua atividade.
A tributação com base no lucro arbitrado não é penalidade, nem como tal
pode ser entendida, em face da Constituição e do Código Tributário Nacional.
É apenas um meio, uma técnica, cuja adoção a lei autoriza, à míngua de forma
mais adequada de tributar a renda das pessoas jurídicas que não a apurem
mediante escrituração contábil.
111
Regimes tributários, crimes tributários e tributação internacional
Atividades de aplicação
1. Qual a vantagem da apuração do Imposto de Renda pelo lucro presu-
mido, ao invés de pelo lucro real?
Gabarito
1. O regime do lucro presumido é mais simplificado e fácil de ser conta-
bilizado, porque a apuração das despesas não é tão rígida quanto no
regime do lucro real.
112
Referências
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 11. ed. São Paulo:
Saraiva, 1999.
FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o Comércio Exterior. São Paulo: Dia-
lética, 2005.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 28. ed. Revista, atualizada
e ampliada. São Paulo: Malheiros, 2007.
115
Direito Direito
Direito Tributário
Tributário Tributário
Érico Hack