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HABEAS CORPUS,
COM PEDIDO DE LIMINAR,
BREVE SUMA
Prisão preventiva. Alegação de que o paciente teria fomentado e financiado
organização criminosa encabeçada por Dario Messer enquanto este estava foragido
no Paraguai, por ter alegadamente “ajudado” com dinheiro a tal pessoa nesse país,
com a finalidade de custear advogados paraguaios que o defenderiam perante o
Judiciário paraguaio.
Ausência de fundamentação idônea. O ato coator possui fundamentação genérica,
não individualizada em relação aos crimes que teriam sido cometidos (requisito do
art. 313, do CPP), sem indicar nenhuma possibilidade de influência no processo ou
na ordem pública (art. 312, do CPP).
Dario Messer é alvo de vários mandados de prisão, tendo sido a imputada
organização desbaratada, resumindo-se a alegada conduta do paciente como auxílio
para custear advogados de terceira pessoa (pouco importando o status, foragido ou
não). O fato (caso verdadeiro fosse), por sinal, merece ser lido criticamente: “ajuda”
com dinheiro próprio, de origem lícita, permitido pela legislação, para custear
advogados, tudo isso em outro país. Mais: imputação de fato posterior ao alegado
funcionamento da organização criminosa.
Impossibilidade de influência na instrução ou na ordem pública.
Constrangimento ilegal evidenciado. Necessidade de concessão de medida liminar e
sua confirmação.
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Art. 93, IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às
próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito
à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação.
2Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem
econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando
houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
I – nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro)
anos;
3 STF, HC 139.325, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 10/8/2017: “Ausência de fundamentação
idônea. Decisão contrária à jurisprudência dominante desta Corte. Constrangimento ilegal
configurado.”
STJ, RHC 116.635/SC, Rel. Ministro Rogerio Schietti Cruz, DJe de 9/10/2019: “Embora a decisão
combatida haja mencionado indícios de serem os acusados integrantes da associação criminosa PGC - Primeiro Grupo
Catarinense, voltada à prática habitual do tráfico de drogas, não foram indicadas razões bastantes para embasar a
cautela pessoal mais extremada do recorrente. Em relação a ele é dito, apenas, que assinou a ata de uma reunião do
referido grupo e está registrado como contato na agenda telefônica de um dos coacusados. 4. Não há, pois, narrativa
individualizada de condutas do réu que revelem periculosidade concreta desmedida , a
evidenciar a mencionada necessidade de sua custódia provisória.”
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para, em tese, regularizar a sua situação perante as autoridades paraguaias. Ora, ofertar
“ajuda” financeira para custeio de defesa processual (direito constitucionalmente
assegurado) não é ilícito e não pode ser interpretado como auxílio a fuga!
ação do paciente teria ocorrido tão somente no período de fuga de Dario Messer. Não
há dúvida, assim, que se está a falar de pós-fato impunível.
POSTO ISTO,
Pedem deferimento.
Nikolai Olchanowski
O.A.B./PR nº 78.396