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INTRODUÇÃO :
Em 2005, comemorou-se o Ano Mundial da Física. A época escolhida coincidiu com o
centenário da publicação de um importante artigo para o conhecimento científico: “Sobre a
Eletrodinâmica dos Corpos em Movimento” de Albert Einstein (1879-1955).
O ano de 1905 foi denominado “ano miraculoso” para Einstein, pois junto àquele artigo, ele
publicou outros quatro, abordando vários assuntos: efeito fotoelétrico, conceito de quantum de luz,
movimento browniano, equivalência entre massa e energia e o novo método de determinação de
dimensões das moléculas, demonstrando uma grande produção acadêmica. Em 1916, continuando
sua produção, Einstein publicou um artigo, “Fundamentos da Teoria da Relatividade Geral”,
apresentando o que ficou conhecido como Teoria da Relatividade Geral.
Qual a importância da s Teorias da Relatividade de Einstein e seus princípios?
Segundo Rindler e Beiglböck (1977), pode-se perceber relevância deste trabalho, em
comparação aos de outros cientistas, como Newton.
Como boa teoria, contudo, a Relatividade Restrita não lançou luz
sobre fatos já conhecidos. Ela abriu novos campos de pesquisa. A situação
pode ser comparada àquela da astronomia à época do intricado sistema
geocêntrico (correspondente à teoria de Lorentz) quando apareceram as
idéias libertadoras de Copérnico, Galileu e Newton. Em ambos os casos, o
progresso foi alcançado por mudanças de referenciais.
Portanto, houve uma revolução científica, um novo paradigma emergiu.
O que se aprende na escola sobre esta teoria de tão grande impacto no meio científico?
Terrazan (1992) responde, indicando que a física escolar é a física clássica:
Na verdade, a prática escolar usual exclui tanto o nascimento da ciência,
como a entendemos, a partir da Grécia Antiga, como as grandes mudanças no
pensamento científico ocorridas na virada deste século e as teorias daí decorrentes.
A grande concentração de tópicos se dá na física desenvolvida entre 1600 e 1850[...]
Assim, os conteúdos que comumente abrigamos sob a denominação de física
moderna não atingem os nossos estudantes. O que se pode esper ar de uma física
escolar que esteja tão descompassada/ defasada no tempo?
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs, 1999) vinculam conteúdos ao cotidiano do
aluno e ressaltam a omissão dos desenvolvimentos realizados durante o século XX, no ensino de
física.
Contudo, segundo pesquisa realizada (OLIVEIRA et al, 2007), de dez professores
entrevistados, sete nunca trabalharam com Física Moderna e Contemporânea. Apesar do que
apontam os documentos oficiais, houve pouca mudança em relação aos conteúdos ensinados, além
de poucos trabalhos que envolvem projetos interdisciplinares.
M ETODOLOGIA :
Buscando responder à questão anteriormente destacada estão sendo construídos cinco textos
de leitura para alunos. Os alunos a que os textos se destinavam estudavam Física numa escola
regular, com uma carga horária de 3 tempos semanais. O tema central do curso, mecânica, foi
desenvolvido a partir de aulas expositivas e atividades experimentais. O primeiro assunto abordado
foi o estudo do movimento, numa perspectiva cinemática. Depois o destaque foi o estudo das Leis
de Newton, trabalhando-se as três leis mais a Teoria da Gravitação Universal. As Teorias da
Relatividade Restrita e Geral não eram temas oficiais do curso, mas foram assuntos discutidos, a
partir das leituras dos textos entregues aos alunos.
Os alunos receberam os textos por meio eletrônico, lera m individualmente, fora de sala de
aula, e responderam a questões, cujas respostas foram entregues à professora. A análise das
respostas norteou tanto os debates em sala de aula, em torno aos temas estudados, quanto a
confecção dos novos textos.
Todos os textos foram desenvolvidos a partir de um eixo comum: utilizar um texto de
literatura para construir com os alunos uma reflexão em torno a um assunto específico da Física.
Como o objetivo primeiro do trabalho era trazer à sala de aula a Teoria da Relatividade Restrita e
Geral, os cinco temas escolhidos visavam permitir ao leitor reflexões em torno ao estudo do
movimento ao longo da história.
Para iniciar o trabalho, foi elaborado um texto que discute o papel da ciência no mundo
contemporâneo, a partir de um romance do Machado de Assis, o Alienista. Por que escolher o
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primeiro texto sobre a ciência se o tema central da proposta era a Teoria da Relatividade Restrita e
Geral?
Pierre Thuillier (1994, p.25) escreveu a respeito da ciência moderna:
A revolução científica foi de certo modo sobre determinada; a
convergência de múltiplos fatores favoráveis, segundo a expressão consagrada, é
que a tornou possível e até inevitável [...] conjunto de transformações sócio -
culturais que dizia respeito aos modos de produzir, aos modos de viver, aos modos
de sentir e aos modos de pensar.
Portanto, para se compreender uma teoria científica, além do aspecto conceitual, é
necessário abordar o contexto filosófico, político e cultural da época de sua concepção.
Neste sentido, a História e a Filosofia da Ciência apresentam caminhos para o entendimento
da evolução do pensamento científico.
Como revoluções científicas, as Teorias da Relatividade de Einstein tiveram repercussões
além da Física, rompendo com o senso comum.
Escolher o texto de Machado de Assis teve a finalidade de levar o aluno a refletir sobre a
ciência, como construção humana, histórica e filosoficamente contextualizada.
De um lado, no início da pesquisa, o mago ou “bruxo do Cosme Velho”, Machado de Assis
escrevendo sobre o trabalho do cientista, Doutor Bacamarte, que abalou a sociedade com suas
teorias sobre a loucura. Do outro lado, mais adiante na pesquisa, o “mago” da Física Moderna,
Albert Einstein, sintetizando uma nova teoria sobre a luz, a partir de conceitos científicos e idéias
filosóficas abalando a sociedade de sua época.
E essas duas culturas, apresentadas para o aluno pelos “magos” se interpenetram no campo
da imaginação e da criatividade, privilégios da humanidade.
O segundo texto trata de um assunto muito importante à compreensão das mudanças trazidas
pela Teoria da Relatividade Restrita, o conceito de referencial. Nesse texto foram exploradas as
transformações de Galileu, com base no conto A Luneta Mágica, de Joaquim Manuel de Macedo.
Tem como ponto de partida uma citação de Galileu Galilei sobre movimento, em sua obra Diálogo
Sobre os Dois Maiores Sistemas do Mundo. Em uma perspectiva histórico-filosófica, descreve -se
sucintamente, a época e a sociedade em que Galileu vivia e tempos anteriores, com referência a
filósofos naturais e artistas. A questão do “ponto de vista” é contextualizada no texto literário,
entremeado com menções aos ensinamentos de Galileu.
O terceiro texto apresenta a Teoria da Gravitação Universal de Newton e o conceito de
espaço absoluto, partindo do texto de literatura de cordel, Issac Newton (Gonçalo Ferreira da Silva,
2007).
O quarto discute a idéia de éter no século XIX. E o quinto, partindo de trechos do livro O
Sonho de Einstein de Alan Lightman, apresenta as teorias da relativid ade, restrita e geral.
AVALIAÇÃO DE UM PROCES S O:
O trabalho aqui apresentado encontra-se em processo. Porém a avaliação das respostas de
alguns textos, assim como a análise do desenvolvimento do curso em sala mostrou que os alunos se
envolveram no processo. As respostas construídas pelos alunos foram cuidadosas, eles escreveram
muito e, em sala de aula, retomaram, em alguns momentos, assuntos discutidos nos textos.
Almeida e Silva (1998) destacam, em um trabalho sobre produção de leitura em aulas de
Físic a, adotando o ponto de vista de Orlandi (1987; 1988), o sentido do texto para o sujeito que lê é
efeito, também, de outras leituras e histórias de vida desse sujeito.
Na análise das respostas, esta perspectiva está sendo considerada. A análise das respostas
dos alunos às questões do primeiro texto forma fundamentais para o desenvolvimento dos outros
textos. Nesse sentido, torna -se importante destacar as avaliações referentes a esse momento.
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Análise das respostas às questões propostas do primeiro texto (anexo 1):
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As respostas dos alunos no primeiro texto expõem várias idéias deles a respeito da ciência.
Eles referem-se à ciência como um processo não fechado; algo que progride com acúmulo de
conhecimentos; um conhecimento associado à tecnologia. Destacam a observação como ponto de
partida para o conhecimento científico.
Apesar dos elementos apontados, não podemos dizer que os alunos possuem uma visão de
ciência formada. Apesar de a maioria discordar da ciência como produto impessoal, mais da metade
dos alunos discordou, também, da ciência subjetiva e em processo.
A conclusão de que os alunos não possuem uma visão de ciência formada foi fundamental
para a construção dos textos seguintes. Em todos os textos houve a preocupação de trazer uma
reflexão sobre o modo de produção da ciência, junto com a discussão do tema propriamente dito.
Por exemplo, no segundo texto sobre referencial houve uma preocupação em trazer questões
históricas, como a da invenção da perspectiva, para confrontar com o conto A Luneta Mágica, de
Joaquim Manuel de Macedo, de forma a permitir ao leitor perceber como a visão da natureza em
uma certa época é fundamental à ciência que ali está sendo construída.
COMENTÁRIOS FINAIS :
Finalmente, pretende-se responder à questão: a Literatura pode ser um caminho para
introduzir as Teorias da Relatividade Restrita e Geral no Ensino Médio?
A resposta a essa pergunta pode ser de certa forma encontrada em alguns trabalhos em torno
ao ensino de ciências. Um estudo de cas o da relação entre Arte e ensino dessas teorias, empreendido
por Guerra et al (2007), mostra que a Literatura como as artes plásticas pode ser um caminho para
ensinar as Teorias da Relatividade Restrita e Geral, dando um significado maior ao estudo que o do
formalismo matemático. Zanetic (1998) discutiu as relações entre Literatura e Ciência e, Meck
(2004) mostrou as várias formas de interconexão entre Física e Literatura.
A presença da imaginação, de metáforas e analogias é demonstrada no nascimento destas
teorias. Einstein, aos 16 anos freqüentava uma escola na Suíça, segundo Reis et al (2005), cujas
atividades curriculares procuravam desenvolver a visualização e a intuição como meios para se
chegar ao conhecimento, proposta do educador Johann Heinrich Pestalozzi. Ao realizar, nesta
época, uma experiência de pensamento que mostrou um paradoxo na Teoria Eletromagnética,
Einstein concebeu uma resposta que levou ao novo conhecimento científico sobre a luz.
Assim, a imaginação foi um fator preponderante na conc epção das Teorias da Relatividade
de Einstein.
A proposta pedagógica aqui discutida está sendo aplicada no ano letivo de 2008. Logo o que
se tem é uma avaliação parcial do processo. Porém a análise das respostas dos alunos até o
momento, assim como o envolvimento deles com a leitura e com a realização do trabalho mostra
que a leitura de textos literários é uma atividade que favorece a construção de imagens, despertando
a fantasia que também estava presente na experiência de pensamento de Einstein. O objetivo foi
atingido, pois os alunos estão refletindo sobre a Física de forma mais ampla, considerando outros
contextos junto a Matemática.
Seja como veículo para despertar a imaginação, seja como veículo para contextualizar o
ensino dos conceitos científicos das Teorias da Relatividade de Einstein, a Literatura favorece a
aquisição e construção dos conceitos propostos, como os trabalhos acima citados sugerem,
procurando-se ratificar esta afirmação através do futuro resultado desta pesquisa.
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ANEXO 1
A Ciência
1. Citação de um famoso cientista, destacada em uma obra do historiador da ciência, Pierre Thuillier.
2. Cataplasma: massa medicamentosa feita de farinhas, polpas ou pó de raízes e folhas que se aplica sobre alguma parte do corpo dolorida ou
inflamada.
3. Ápice: ponto máximo, grau mais elevado.
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Dessa forma, defende -se que através dos órgãos dos sentidos normais e inalterados, registrando-se
fielmente o que acontece e utilizando a linguagem matemática para relacionar os registros, chega -se
ao conhecimento verdadeiro da Natureza. Mas o que é conhecimento verdadeiro? Será o científico
ou haverá outros?
Nem sempre a investigação sobre a natureza foi feita seguindo-se um método constituído
por etapas que deveriam ser seguidas em certa ordem, e, nem sempre, esta investigação partia dos
fenômenos observados.
Na Antiga Grécia, Heráclito que vivia em um lugar chamado Éfeso, daí ser conhecido como
Heráclito de Éfeso (544 – 484 a.C.) empenhou-se na questão do conhecimento dos seres e da
Natureza. Como entender os seres se eles mudam constantemente? Para ele e seus seguidores, tudo
está em constante movimento. Os fenômenos observados nos revelam o dinamismo de todos os
seres. Ao tomarmos banho em um rio hoje, será uma ação nunca mais repetida. Amanhã, não será
mais o mesmo rio em que nos banharemos.
Na contra mão das idéias de Heráclito, apareceu Parmênides da cidade de Eléia, Parmênides
de Eléia (acerca de 540 – 470 a.C.) que alegava: para chegarmos ao verdadeiro conhecimento dos
seres é preciso usar a mente e não através da observação dos fenômenos. O verdadeiro ser não
muda, é perfeito, acabado. As mudanças percebidas pelos sentidos são enganosas e falsas. Não há
início, nem fim do ser verdadeiro. Só há o presente eterno.
Platão (428 – 347 a.C.), outro filósofo grego que se destacou na busca do conhecimento
verdadeiro sobre os seres e a Natureza, procurou conciliar as idéias de Parmênides e Heráclito. Para
ele, as mudanças estavam nas aparências, no mundo sensíve l dos fenômenos e do movimento. O
mundo das idéias, aquele comum à mente de todos os homens, era imutável e imóvel.
Aristóteles (384 – 322 a.C.) discípulo de Platão discordou de seu mestre. Harmonizando as
idéias de Heráclito e Parmênides com as suas próprias idéias, dizia haver um mundo repleto de
mudanças (mundo sublunar, abaixo da Lua) imperfeito, e outro mundo perfeito, eterno (mundo
supralunar, acima da Lua). Elaborou uma nova teoria do conhecimento, onde a observação dos
fenômenos nos daria pistas im portantes.
Retornando às idéias que foram sedimentadas no século XVII (Revolução Científica), os
fenômenos observados são a base do conhecimento científico, assim como em Aristóteles. Mas, a
diferença está em um método ordenado de observação e experimenta ção e na descrição matemática
das leis que regem os fenômenos, objetiva, o mais livre possível da subjetividade do pesquisador.
Com Galileu e seus contemporâneos inaugura-se a Ciência Moderna.
Dr. Bacamarte certamente estava convencido que as observações dos casos de loucura
levariam diretamente à formulação correta de uma teoria sobre as causas de insanidade. A Casa
Verde, de domínio público, foi inaugurada e, a partir de então, aqueles que viviam reclusos em seus
lares mudaram-se para o novo endereço, com o diagnóstico confirmado de doença mental para
internação.
Porém, um dia o Dr. Bacamarte revela ao seu amigo boticário4 , o Sr. Crispim Soares:
– Estou muito contente, disse ele.
– Notícias do nosso povo? perguntou o boticário com a voz trêmula.
O alienista fez um gesto magnífico, e respondeu:
– Trata -se de coisa mais alta, trata -se de uma experiência científica. Digo experiência,
porque não me atrevo a assegurar desde já a minha idéia; nem a ciência e outra coisa, Sr. Soares,
senão uma investigação constante... A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha
perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente. (cap.4, 3 o parágrafo)
Para provar sua teoria sobre a loucura que afetaria muita gente, o Dr. Bacamarte recolhe
muitas pessoas à Casa Verde, muitos cidadãos queridos pelo povo da cidade.
Neste ponto, merece atenção o procedimento do Dr. Bacamarte. Os casos de loucura agora
verificariam sua teoria ou os casos de sanidade ou equilíbrio mental refutariam suas idéias?
4. Boticário: farmacêutico.
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Eis ai um fator que pode ser inconveniente à pesquisa científica: tão preocupado em ser o
mais objetivo possível, o Dr. Bacamarte torna-se cada vez mais subjetivo na escolha dos pacientes.
De acordo com o filósofo da ciência Karl Popper (1902 – 1994), não se pode disser que uma teoria
científica é provavelmente verdadeira a partir da observação. A teoria é uma suposição dos
cientistas para superar problemas criados por teorias anteriores. Antes da observação do fenômeno
há uma teoria, cuja validade é testada pelos experimentos.
Gaston Bachelard (1884 – 1962), outro filósofo da ciência atesta que a ciência progride por
tentativa e erro e a teoria que explica o fenômeno é a melhor que se dispõe no momento. Além
disso, o contexto histórico e social influencia a escolha de uma teoria científica. Como?
A população de Itaguaí atribui muitas causas ao comportamento do doutor e ao que
acontecia:
...O alienista dizia que só eram admitidos os casos patológicos, mas pouca gente lhe dava
crédito. Sucediam-se as versões populares. Vingança, cobiça de dinheiro, castigo de Deus,
monomania do próprio médico, plano secreto do Rio de Janeiro com o fim de destruir em Itaguaí
qualquer gérmen de prosperidade... (Cap.5, 28 o parágrafo)
Após a internação de diversos cidadãos, a população ficou aterrorizada e começou uma
revolta, liderada pelo barbeiro Porfírio.
Cerca de trezentas pessoas encaminharam-se à casa do Dr. Bacamarte, exigindo que a Casa
Verde fosse demolida. A polícia interveio, mas, para surpresa geral, inicialmente alguns e, depois
muitos destes policiais se juntaram à causa dos rebeldes. O governo da cidade foi deposto e quem
assumiu foi o Sr. Porfírio, líder dos revoltosos.
Estabelecido o novo governo, o Sr. Porfírio visitou o Dr. Bacamarte e afirmou, para espanto
geral:
– Engana -se Vossa Senhoria, disse o barbeiro... Com razão ou sem ela, a opinião crê que a
maior parte dos doidos ali metidos estão em seu perfeito juízo, mas o governo reconhece que a
questão é puramente científica e não cogita em resolver com posturas as questões científicas...
Demais, a Casa Verde é uma instituição pública... (Cap. 9, 2 o parágrafo)
Poucos dias depois, cerca de cinqüenta aclamadores do novo governo foram colocados na
Casa Verde, pelo Dr. Bacamarte e mais indignação provocou entre a população. A crise só foi
debelada por ordem do vice-rei e mais pessoas foram recolhidas. A autoridade do Dr. Bacamarte era
incontestável. Até Crispim Soares e o presidente da Câmara não foram poupados. “Tudo era
loucura” (Cap. 10, 5 o parágrafo).
Mas, de repente... deixo o final dessa estória para o leitor curioso em saber como tudo
terminou.
A crítica ao Cientificismo, filosofia em que a ciência é a única fonte de conhecimento
verdadeiro está presente nesse texto de Machado de Assis.
E agora, caro leitor, está pronto para responder às questões iniciais sobre a ciência? Vou
enumerá-las, novamente, acrescentando outras também relevantes.
Questões:
1- A ciência, considerada como um conjunto pronto e acabado de conhecimentos é a mais
impessoal das produções humanas. Você concorda com essa afirmação? Cite partes do
texto que justifiquem sua resposta.
2- A ciência considerada como um projeto que se realiza progressivamente é tão subjetiva e
psicologicamente condicionada como qualquer empreendimento humano. Você
concorda com essa afirmação? Cite partes do texto que justifiquem sua resposta.
3- O Dr. Bacamarte era um cientista ou um louco?
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