1981 Fundamentos de Resistencia Dos Materiais

Fundamentos
de Resistência
dos Materiais
Katielly Tavares dos Santos
© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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Revisão Técnica
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Santos, Katielly Tavares dos
S237f Fundamentos de resistência dos materiais / Katielly
Tavares dos Santos. – Londrina : Editora e Distribuidora
Educacional S.A., 2019.
208 p.
ISBN 978-85-522-1594-3
1. Equilíbrio dos corpos. 2. Tensão-deformação.

3. Flexão. I. Santos, Katielly Tavares dos. II. Título.
CDD 620
Thamiris Mantovani CRB-8/9491
2019
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Unidade 1
Fundamentos da física�� 7
Seção 1
Unidades e vetores�� 9
Seção 2
Força e movimento��25
Seção 3
Equilíbrio dos Corpos��41
Unidade 2
Tensão e deformação��57
Seção 1
Comportamento dos materiais��59
Seção 2
Relação tensão-deformação��72
Seção 3
Aplicação do estado plano de tensões��86
Unidade 3
Estudo das seções planas�� 107
Seção 1
Introdução às características geométricas�� 109
Seção 2
Momento de inércia�� 124
Seção 3
Flexão�� 139
Unidade 4
Resistência dos Materiais: aplicações�� 159
Seção 1
Treliças e apoios�� 161
Seção 2
Torção e eixos�� 182
Seção 3
Flambagem de elementos comprimidos�� 197
Palavras do autor
O
lá, seja bem-vindo ao estudo dos Fundamentos de Resistência dos
Materiais. Esta disciplina tem por objetivo apresentar os conceitos
fundamentais da resistência dos materiais e suas aplicações. Para
isso, serão abordados os conceitos de física mecânica de forma clara, objetiva
e prática, visando à resolução de problemas do dia a dia. Portanto, torna-se
necessário, antes de tudo, conhecer os fundamentos da física a fim de entender
os conceitos de equilíbrio, força e deformação dos materiais durante a elabo-
ração, análise e desenvolvimento de um projeto estrutural.
É importante ressaltar que, para um bom aproveitamento e bom desempenho
nessa disciplina, é necessário compreender os conceitos vistos e buscar aplica-
ções práticas em seu cotidiano, tanto na área profissional quanto acadêmica.
Sendo assim, para atingir os objetivos esperados, este livro é composto
de quatro unidades de ensino. Na Unidade 1, iniciaremos nosso caminho
de aprendizado com os conceitos fundamentais da física. Abordaremos
as definições de unidades e vetores, compreenderemos o que são forças e
como isso está relacionado com o movimento de um corpo e quais condi-
ções devemos levar em consideração para verificar o equilíbrio de um corpo.
Em seguida, na Unidade 2, analisaremos as propriedades mecânicas dos
materiais, a fim de entender o comportamento deles quando solicitados, a
relação da tensão e a deformação e como isso está aplicado ao estado plano
de tensões. Na Unidade 3, o estudo das seções planas se faz necessário,
levando em consideração as características geométricas de cada estrutura
para ser possível calcular seu momento de inércia, tudo isso para verificar
como ocorre a flexão em um corpo. E, por fim, na Unidade 4, estudaremos
algumas aplicações dos conceitos abordados, focando as treliças, a torção em
eixos e a flambagem de elementos compridos.
Estudar os conceitos de resistência dos materiais não é uma tarefa fácil,
mas é necessária para o desenvolvimento de projetos estruturais. Muitos
serão os desafios encontrados ao longo do caminho. Contudo, conhecer um
material e saber quais as propriedades mecânicas que ele apresenta quando
carregado, faz com que, na escolha do material adequado para um determi-
nado projeto, você sempre tome a melhor decisão, por conhecer as caracte-
rísticas de cada componente, visando sempre o melhor custo-benefício.
Aproveite cada etapa desse caminho que percorreremos juntos e bons estudos!
Unidade 1
Fundamentos da física
Convite ao estudo
Caro aluno, seja bem-vindo a nossa primeira unidade do livro didático
da disciplina de Fundamentos de Resistência dos Materiais. Iniciaremos os
estudos abordando os conceitos fundamentais da física, que serão nossa
base para um bom entendimento do comportamento dos materiais a partir
da análise das suas propriedades mecânicas bem como das aplicações em
projetos estruturais.
A princípio, buscaremos entender como a física está relacionada com
os eventos de nosso cotidiano, como o movimento descrito por uma bola
quando chutada, os satélites que orbitam ao redor da Terra sem o auxílio
de propulsores (deslocando-se apenas por inércia), o porquê de todos os
materiais serem atraídos para o “chão”, o movimento de um nadador. Para
tanto, torna-se necessário conhecer as grandezas físicas e as unidades de
medida que elas possuem. Na sequência, compreenderemos como ocorre
o movimento em um corpo, em qual situação ele pode ser alterado e, por
fim, verificaremos em quais situações um corpo está em equilíbrio e por qual
motivo é importante para a análise estrutural de um projeto.
A competência dessa disciplina é conhecer os conceitos fundamentais da
física, conceitos de vetores, equilíbrio de ponto material e corpos rígidos.
Como resultado de aprendizagem, ao fim dessa disciplina, você será capaz
de analisar o estado de um ponto material e um corpo rígido, definindo as
condições básicas de equilíbrio.
Agora, chegou a hora de conhecer o desafio desta unidade de ensino:
neste contexto, você é recém-contratado em uma importante construtora
e foi inserido em um novo projeto para elaboração, desenvolvimento e
construção de um píer em uma conhecida praia no litoral do estado de Santa
Catarina. Nas especificações do projeto, foi enfatizado que esse píer deve ser
perpendicular à faixa de areia para atracação de embarcações por ambos os
lados. A Figura 1.1 apresenta uma ideia de como deve ser projetado o píer e
ilustra que ele deve ser perpendicular à faixa de areia.
Figura 1.1 | Píer perpendicular à faixa de areia
Fonte: https://goo.gl/BwWdFM. Acesso em: 18 mar. 2019.
O coordenador desse projeto solicitou que você elaborasse um laudo técnico

sobre as condições de estabilidade desse píer. Que conceitos físicos são neces-
sários para verificar a estabilidade desse píer? Quais as informações devem ser
levadas em consideração ao estudar a estabilidade de uma estrutura? Qual a
importância de saber se a estrutura analisada, nesse caso, o píer, apresenta ou
não estabilidade? Como isso influencia o desenvolvimento do projeto?
Para responder a essas questões, você deve primeiramente conhecer
as grandezas físicas e as unidades de medidas que compõem o Sistema
Internacional de Unidades (SI) bem como desenvolver cálculos entre vetores,
conhecer o conceito de força e calcular o equilibro de um ponto material,
entender e calcular o momento de uma força em uma estrutura e verificar o
equilíbrio estático do píer que será construído.
Bons estudos!
Seção 1
Unidades e vetores
Diálogo aberto
Caro aluno, você sabe da importância da física para o nosso dia a dia?
Física é um termo de origem grega, que significa natureza. Dessa forma,
ela é a ciência que estuda os fenômenos naturais e se desenvolve com base
na teoria e através de experimentos, para formular teorias que os explique.
Ela está presente em tudo! Então, estudar física é compreender o mundo a
sua volta, os motivos pelos quais os fenômenos naturais ocorrerem e como
isso está relacionando com os grandes impactos tecnológicos e ambientais
em nosso cotidiano. Dessa forma, iniciaremos nossos estudos abordando
os conceitos fundamentais da física, compreendendo o que são unidades de
medida das grandezas e identificando quando uma grandeza física é escalar
ou vetorial. Para as grandezas vetoriais, compreenderemos como os vetores
se relacionam e como são realizados os cálculos (soma e produto) entre
eles. Isso será a base para a construção dos conceitos futuros.
Seu contexto de aprendizagem é focado em uma importante constru-
tora e você foi inserido em um novo projeto para elaboração, desenvol-
vimento e construção de um píer em uma conhecida praia no litoral do
estado de Santa Catarina. Nas especificações do projeto, foi enfatizado que
esse píer deve ser perpendicular à faixa de areia para atracação de embar-
cações por ambos os lados.
Sendo assim, o coordenador reuniu a equipe de trabalho da qual você
faz parte para delegar o primeiro conjunto de tarefas que cada um deve
cumprir na fase inicial do projeto: elaborar um relatório com as informa-
ções fundamentais, ou seja, relatar os conceitos necessários para o desen-
volvimento dos cálculos no decorrer do projeto. Dessa forma, a sua tarefa
consiste em descrever os conceitos fundamentais para o desenvolvimento
do projeto. Ao final dessa atividade, você deverá entregar ao coordenador
um relatório com a pesquisa realizada. Essa pesquisa deverá conter as
definições de:
• Grandezas físicas, unidades de medidas no Sistema Internacional (SI)
e transformações de unidades.
• Grandezas escalares e vetoriais.
• Introdução à álgebra vetorial, plano cartesiano, versores, soma de
vetores, decomposição de vetores e vetor resultante.
9
• Produto escalar e produto vetorial.
• Para resolver esse desafio, os conceitos descritos no relatório precisam
ser discutidos.
Bons estudos!
Não pode faltar
Caro aluno, iniciemos o estudo dos conceitos fundamentais da física

partindo da definição de grandeza. Dizemos que grandeza é tudo aquilo
que se pode medir, ou seja, ela descreve qualitativa e quantitativamente uma
propriedade observada em um fenômeno físico. Associamos a grandeza com
sua unidade de medida.
Fazer a medida de uma grandeza é de suma importância para conhecer
o fenômeno de estudo. Por isso, medir grandezas não é algo novo: temos
registros de medidas de tamanho da Terra, da Lua e do Sol datadas por volta
de 3 a.C. Observe algumas medidas já realizadas e importantes para a ciência
(HEWITT, 2002):
• Tamanho da Terra: o raio da Terra tem aproximadamente 6.370 km e
sua circunferência, aproximadamente 40.000 km.
• Distância da Lua: aproximadamente 385.000 km (variando de acordo
com a órbita da Lua).
• Distância do Sol: aproximadamente 150.000.000 km (mais próximo
em dezembro – aproximadamente 147.000.000 km – e mais afastado
em junho – aproximadamente 152.000.000 km).
• Velocidade do som: aproximadamente 340 m/s.
• Velocidade da luz: aproximadamente 300.000.000 m/s
Reflita
Se há registros de medidas de tamanho da Terra, da Lua e do Sol datadas
por volta de 3 a.C., como essas medidas eram determinadas?
Grandezas escalares e vetoriais

Como já vimos, tudo que se pode medir é chamado de grandeza. As
grandezas se dividem em dois grandes grupos: escalares e vetoriais.
10
Dizemos que uma grandeza é escalar quando é necessário apenas uma
característica para sua completa definição, acompanhada de sua unidade de
medida. Essa característica é chamada de módulo, ou seja, a intensidade ou
valor que a grandeza apresenta. São exemplos de grandezas escalares: tempo,
temperatura, massa.
Contudo, dizemos que uma grandeza é vetorial quando necessita de três
características, acompanhadas de sua unidade de medida, para sua completa
definição, são elas: módulo, direção e sentido. Vimos que o módulo repre-
senta a intensidade, o valor, da grandeza. Agora, para entender a diferença
entre direção e sentido, analisemos a Figura 1.2.
Figura 1.2 | Diferenças entre direção e sentido
Fonte: elaborada pela autora.
Podemos associar um vetor com uma seta, como mostra a Figura 1.2.
Analisando a imagem, notamos que os vetores a e b têm a mesma direção
(horizontal), mas sentidos opostos (o vetor a aponta para a direita, enquanto
o vetor b aponta para a esquerda). Isso também acontece com os vetores c
e d, contudo, a direção é vertical e os sentidos, cima (vetor c) e baixo (vetor
d). Sendo assim, podemos dizer que a direção está associada à horizontal, à
vertical, ao norte, ao sul, ao leste, ao oeste. Enquanto o sentido está associado
à ponta da seta, como cima, baixo, direita, esquerda, positivo, negativo.
Indica-se que uma grandeza é vetorial de duas formas: deixamos seu
nome em destaque ou utilizamos uma seta indicando que a grandeza é
vetorial. Tomemos como exemplo o “vetor a”, da Figura 1.2. Ele pode ser

escrito: a ou a . As duas formas estão corretas e são apresentadas na litera-
tura. São exemplos de grandezas vetoriais: força, aceleração, distância.
Assimile
Uma grandeza escalar será sempre uma grandeza escalar. Contudo, uma
grandeza vetorial pode ser tratada como escalar quando apenas o seu
módulo for necessário para a compreensão do contexto. Por exemplo: a
distância de São Paulo à Curitiba é de aproximadamente 410 km.
11
Sabemos que distância é uma grandeza vetorial e, portanto, necessi-
taria do módulo, da direção e do sentido para sua definição. Contudo,
nesse contexto, apenas saber o módulo dessa grandeza é o bastante
para transmitir a informação necessária para o ouvinte.
Sistema Internacional de Unidades (SI)

Criado em 1960, na 11ª Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM),
o Sistema Internacional de Unidades (SI) surgiu para que houvesse uma
padronização nas unidades de medidas das grandezas físicas. Pois cada lugar
do mundo usava, e ainda usa, uma unidade de medida característica, dificul-
tando a compreensão das descobertas científicas nos periódicos publicados.
Nessa conferência, ficou decidido que haviam dois grupos de unidades:
fundamental e derivada. As unidades fundamentais eram compostas de
sete grandezas, e as demais eram derivadas com suas unidades de medidas
estabelecidas. Observe o Quadro 1.1, que apresenta grandezas fundamentais
do SI, acompanhadas de suas unidades de medidas.
Quadro 1.1 | Grandezas fundamentais
Grandeza Unidade de Medida (SI)

Tempo segundo (s)
Massa quilograma (kg)
Comprimento metro (m)
Temperatura Kelvin (K)
Corrente elétrica ampère (A)
Quantidade de matéria mol (mol)
Intensidade luminosa candela (cd)
Fonte: elaborado pela autora.
Dessa forma, as demais grandezas apresentam suas unidades de medidas

definidas das unidades fundamentais. O Quadro 1.2 apresenta algumas das
grandezas derivadas.
Quadro 1.2 | Exemplos de grandezas derivadas
Grandeza Unidade de Medida (SI)
velocidade metro por segundo (m/s)
área metro quadrado ( m )

2
12
kg .m
força Newton ( =N )
s2
N kg
pressão Pascal ( = = Pa )
m2 ms 2
Transformação de unidades e fatores de conversão

Frequentemente, é necessário mudar a unidade em que uma grandeza
física está expressa. Isso ocorre pelo fato de se utilizarem unidades de
medidas diferentes das usadas no SI. Por exemplo, no Brasil, a temperatura
é dada em graus Celsius (ºC), contudo, nos Estados Unidos da América
(EUA), a temperatura é dada em graus Fahrenheit (ºF). Ou, ainda, a unidade
da velocidade no SI é dada em metros por segundo, mas, habitualmente, nos
referimos à velocidade por quilometro por hora.
Para situações como essas, é necessário converter unidades de um sistema
de medidas para outro, realizando a transformação das unidades através dos
fatores de conversão. O Quadro 1.3 apresenta alguns fatores de conversão
comumente utilizados.
Quadro 1.3 | Alguns fatores de conversão
Relação Fator de Conversão
Quilômetro por hora para metro por segundo 3,6 km/h = 1 m/s
Hora para segundo 1 h = 3.600 s
Polegada para metro 1 polegada = 0,0254 m
Kelvin para graus Celsius 0 K = -273,15 ºC
Kelvin para graus Fahrenheit 0 K = -459,67 ºF
Quilograma força para Newton 1 kgf = 9,8 N
Fonte: adaptado de http://twixar.me/S4SK. Acesso em: 11 jul. 2019.
Algumas grandezas apresentam valores muito grandes ou muito pequenos,

como por exemplo a massa de um elétron, que tem valor de 9,1´10-31 kg. Para
grandezas desse tipo, utiliza-se prefixos de base 10 para facilitar a escrita do
número e evitar que algum algarismo seja perdido na resolução dos exercícios.
Esses prefixos são multiplicadores das unidades fundamentais com base em
várias potências de 10 e, para cada prefixo, há uma nomenclatura específica.
Observe o Quadro 1.4, ela apresenta alguns prefixos utilizados comumente.
13
Quadro 1.4 | Prefixos de base 10
Potência Prefixo Nomenclatura
109 giga G
106 mega M
10 3 quilo k
10 -2 centi c
10 -3 mili m
10 -6 micro m
10-9 nano n
Pesquise mais
Veja mais sobre o assunto nos livros indicados a seguir, disponíveis na Biblio-
teca Virtual. Sugerimos a leitura do primeiro capítulo de cada um deles:
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física: mecânica.

10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018. v. 1.
TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física para cientistas e engenheiros: mecânica,

oscilações e ondas, termodinâmica. Rio de Janeiro: LTC, 2011. v. 1.
Operação entre vetores

Falamos, anteriormente, que uma grandeza vetorial necessita de três
características para ser definida por completo: módulo, direção e sentido.
Podemos representar graficamente um vetor por um segmento de reta orien-
tado AB no plano, como é apresentado na Figura 1.3.
Figura 1.3 | Vetor: segmento de reta orientado no plano
14
Além da forma gráfica, um vetor pode ser descrito algebricamente, por meio
de um sistema de coordenadas cartesiano como referência. Assim, um vetor
 
genérico tridimensional u pode ser descrito por u(x , y , z ) = uxî + u y ˆj + uz kˆ .
Relacionando a direção do vetor com as direções do sistema cartesiano,
dizemos que o índice î está relacionado com o eixo x, o índice ĵ está relacio-
nado com o eixo y e, por fim, o índice k̂ está relacionado com o eixo z. Ou
seja, podemos dizer que: î = x ; ˆj = y ; kˆ = z .
Realizamos operações matemáticas com vetores, tanto na forma algébrica
quanto na forma gráfica, mas para isso algumas propriedades são importantes:
 
1. Se os vetores a e b têm mesmo módulo, direção e sentido, então

a =b .
 
2. Se a é um vetor e n um escalar, então n a é um vetor de mesma

direção e sentido que a , com intensidade n vezes maior.
   
3. A soma entre os vetores é comutativa, ou seja a + b = b + a .
4. A soma dos vetores, graficamente, se dá pela regra do paralelogramo,
como exemplificado na Figura 1.4.
Figura 1.4 | Soma de vetores pela regra do paralelogramo
Fonte: Carvalho (2000, p. 4).

5. O módulo do vetor soma ( R ) é dado pela equação:

R= (R 2
x
2
+R +R
y
2
z ).
Para compreender melhor a soma de vetores, tanto na forma algébrica

quanto gráfica, tomemos dois vetores, no plano, u = 3î + 2 ˆj e vˆ = 1î + 3 ˆj . A
 
soma vetorial u + v pode ser dada por:
15
• Forma algébrica:
     
u + v = (3î + 2 ˆj) + (1î + 3 ˆj) Þ u + v = (3 + 1)î + (2 + 3) ˆj Þ u + v = 4î + 5 ˆj
Para calcular o vetor resultante, temos:

        
u +v = R = (R 2
x + R 2y ) Þ u + v = R = (4 2
+ 52 ) Þ u + v = R = (41) » 6, 4
• Forma gráfica:
 
Os vetores u e v são vetores que têm valores em dois eixos, x e y respectiva-
mente. Primeiro precisamos “compor” esses vetores, tornando um vetor resul-

tante graficamente. Assim, a Figura 1.5 apresenta o vetor u na forma gráfica:

Figura 1.5 | Vetor u

Dessa forma, temos o vetor u expresso de forma gráfica, com seu módulo,

direção e sentido. Agora, a Figura 1.6 apresenta o vetor v na sua forma gráfica.

Figura 1.6 | Vetor v

Logo, temos o vetor v expresso de forma gráfica, com seu módulo,
 
direção e sentido. Com os vetores u e v expressos graficamente, podemos
 
agora realizar a soma gráfica do vetor u com o vetor v pela regra do parale-
logramo. Essa regra afirma que a soma gráfica entre vetores deve ser realizada
somando-se os vetores, colocando sempre o próximo vetor no final do
anterior. O vetor soma, ou vetor resultante, será o seguimento de reta orien-
tado que ligará o início da soma com o seu final, sendo o início da soma o
16
início do vetor resultante e o final da soma, o final do vetor resultante. A
 
Figura 1.7 apresenta a soma dos vetores u e v .
 
Figura 1.7 | Soma gráfica dos vetores u e v
 
Assim, temos o vetor soma u + v expresso pela forma gráfica, com seu
módulo, direção e sentido. Para calcular o módulo do vetor resultante, utili-
zamos os valores referentes às partes x e y, como expresso na Figura 1.8.
Figura 1.8 | Vetor resultante
Dessa forma, podemos calcular o módulo do vetor resultante por:

  
u +v = R = (R 2
x + R 2y ) = (4 2
+ 52 ) = (41) » 6, 4 .
Assimile
Tanto pela forma algébrica quanto pela forma gráfica, a soma de vetores
deve apresentar o mesmo vetor resultante, ou seja, o módulo, a direção
e o sentido precisam ser iguais. Podemos utilizar essas duas maneiras de
soma vetorial para verificar se os cálculos desenvolvidos estão corretos,
como uma prova real.
Da mesma maneira que podemos somar vetores para encontrar o vetor

resultante, é possível decompor um vetor nas partes x, y e z que o compõem.
17
Para isso, devemos levar em consideração o ângulo q entre o vetor resultante
e o eixo das abcissas (eixo x) e utilizar as equações de decomposição para
cada eixo, utilizando sempre o mesmo ângulo q . Essas equações são expressas
por Rx = R cos q ; R y = Rsenq ; Rz = R tan q.

Sendo assim, para um vetor genérico u(x , y ) = uxî + u y ˆj no plano, temos um

ângulo de q entre o vetor u e o eixo das abcissas, como mostra a Figura 1.9.

Figura 1.9 | Vetor u

Para realizar a decomposição do vetor u , precisamos primeiro verificar
quantas dimensões ele apresenta e sobrepor o vetor nessas dimensões. Como
estamos tratando de um vetor genérico no plano, temos duas dimensões que
precisam ser sobrepostas, como é apresentado na Figura 1.10.

Figura 1.10 | Projeção do vetor u
Com a projeção, as equações para a decomposição de vetores devem ser

 
aplicadas para obter as componentes ux e u y . Assim, temos:
ux = u cos q e u y = usenq .
18
Produto escalar e produto vetorial
Anteriormente, verificamos que é possível realizar operações matemá-
ticas com vetores, e aprendemos os conceitos relacionados à soma de vetores.
Agora, verificaremos outra operação matemática com vetores: a multipli-
cação. Chamaremos a multiplicação entre vetores de produto. Existem duas
formas de produto entre vetores: escalar e vetorial.
No produto escalar, temos a multiplicação entre dois vetores cujo resul-
tado é um escalar (um número). Tomemos dois vetores genéricos,
 
u(x , y , k ) = uxî + u y ˆj + uz kˆ e v (x , y , z ) = v xî + v y ˆj + v z kˆ , cujo produto escalar
     
pode ser dado por u × v = u × v cos q , sendo q o ângulo formado entre u e v .
Levando em consideração o sistema cartesiano, a multiplicação será
sempre em função dos eixos, podendo ocorrer duas situações em relação ao
ângulo q : q = 90º (se os vetores estiverem em eixos diferentes) e q = 0º (se os
vetores estiverem no mesmo eixo). Dessa forma, podemos escrever o produto
escalar por:
   
• q = 0º teremos u × v = u × v cos0º , como cos0º = 1 , o produto escalar
será apenas a multiplicação dos módulos dos vetores, ou seja,
   
u×v = u × v .
   
• q = 90º teremos u × v = u × v cos90º , como cos90º = 0 , o produto
escalar será zero.
Dessa forma, de maneira simplificada e relacionando os eixos do sistema
cartesiano, dizemos que a multiplicação escalar dos eixos iguais vale 1 e a
multiplicação escalar dos eixos diferentes vale 0, ou seja: î × î = 1 e î × ˆj = 0.

Tomando como base os vetores genéricos, u(x , y , k) = uxî + u y ˆj + uz kˆ e
  
v (x , y , z ) = v xî + v y ˆj + v z kˆ , o produto escalar u × v é dado por:
   
u × v = u × v cos q
 
u × v = uxî + u y ˆj + uz kˆ × v xî + v y ˆj + v z kˆ cos q
 
u × v = u x v x + u y v y + uz v z
No produto vetorial, temos a multiplicação entre dois vetores cujo resul-
tado é um vetor. Nesse caso, a multiplicação de mesmo eixo apresenta valor
zero e a multiplicação entre eixos tem como resposta o eixo seguinte.

Tomemos dois vetores genéricos, u(x , y , k ) = uxî + u y ˆj + uz kˆ e
 ˆ
v (x , y , z ) = v xî + v y ˆj + v z k , cujo produto vetorial pode ser dado por
     
u ´v = u ´ v senq , sendo q o ângulo formado entre u e v .
19
Sendo assim, por definição do produto vetorial, podemos escrever:
î ´î = ˆj ´ ˆj = kˆ´kˆ = 0
î ´ ˆj= kˆ kˆ´î = ˆj ˆj ´kˆ = î
ˆj´î = – kˆ î ´kˆ = – ˆj kˆ´ ˆj = -î
Nesse caso, podemos resolver o produto vetorial através do determinante

de uma matriz 3x3, descrita por:
éî
ê
ˆj kˆ ùú
  ê
u ´v = êux uy uz úú
ê ú
êë v x vy vz ú
û
Exemplificando
 
Dados os vetores u(x , y , k ) = 2î + 1ˆj + 1kˆ e v (x , y , z ) = 2î -1ˆj + 2kˆ ,
calcule o produto escalar e o produto vetorial.
• Produto escalar:
   
u × v = u × v cos q = (2î + 1ˆj + 1kˆ) × (2î -1ˆj + 2kˆ) cos q
 
u × v = (2î × 2î ) + (2î × (-1ˆj)) + (2î × 2kˆ) + (1ˆj × 2î ) + (1ˆj × (-1ˆj)) + (1ˆj × 2kˆ) +
+(2kˆ × 2î ) + (2kˆ × (-1ˆj)) + (2kˆ × 2kˆ) = 4 + 0 + 0 + 0 -1 + 0 + 0 - 0 + 4 = 7
• Produto vetorial:
é î ˆj
ê kˆùú
  ê
u ´v = ê2 1 1 úú
ê ú
êë2 -1 2ú
û
é î ˆj kˆù
ê ú
  ê
u ´v = ê2 1 1 úú = (2î + 2 ˆj - 2kˆ) - (4 ˆj -1î + 2kˆ) = 3î - 2 ˆj - 4kˆ
ê ú
ê 2 -1 2 ú
ë û
Com a definição de produto vetorial, finalizamos a abordagem dos
conceitos relacionados às grandezas físicas e à álgebra vetorial. Com isso, a
base para o entendimento da física foi construída, fornecendo ferramentas a
você para compreender as leis da natureza e os fenômenos físicos.
Sem medo de errar
O coordenador do projeto passou uma tarefa a você que consiste em

descrever os conceitos fundamentais para o desenvolvimento do projeto de
construção do píer. Ao final dessa atividade, deverá ser entregue um relatório
contendo as seguintes definições:
20
• Grandezas físicas, unidades de medidas no Sistema Internacional (SI)
e transformações de unidades.
• Grandezas escalares e vetoriais.
• Introdução à álgebra vetorial, plano cartesiano, versores, soma de
vetores, decomposição de vetores e vetor resultante.
• Produto escalar e produto vetorial.
Ao estudar os conceitos fundamentais da física, foi visto que:
• É chamado de grandeza tudo aquilo que pode ser medido e quantificado.
Para nomear uma grandeza é necessário utilizar uma unidade de medida.
No entanto, ocorreram problemas na publicação de trabalhos interna-
cionais, pois cada local utilizava uma unidade própria. Sendo assim, foi
criado o Sistema Internacional de Unidades (SI) para que houvesse padro-
nização nas unidades de medidas das grandezas físicas. Desse modo, para
uma mesma grandeza, duas ou mais unidades são possíveis, sendo neces-
sário realizar a conversão de unidades para determinada aplicação.
• As grandezas físicas são divididas em dois grupos: escalar ou vetorial.
Uma grandeza é escalar quando é necessário apenas uma caracterís-
tica para sua completa definição, acompanhada de sua unidade de
medida – seu módulo. Uma grandeza é vetorial quando necessita de
três características, acompanhadas de sua unidade de medida, para
sua completa definição; são elas: módulo, direção e sentido.
• É possível realizar operações entre vetores, tanto algébricas quanto
gráficas, tais como soma e produto. Para a soma, podemos utilizar a
regra do paralelogramo. Já para o produto, há dois tipos: produto
escalar (produto entre dois vetores cujo resultado é um escalar) e o
produto vetorial (produto entre dois vetores cujo resultado é um vetor).
Com esses dados, um relatório foi desenvolvido e entregue ao coorde-
nador do projeto.
Avançando na prática
Unidades de medidas e fatores de conversão
Você trabalha em uma renomada empresa de engenharia, que desenvolve

projetos nacionais e internacionais. No momento, um dos projetos em desen-
volvimento, localizado em Boston (EUA), vem apresentando problemas e o
21
diretor solicitou a você que verificasse pessoalmente o que estava ocorrendo.
Chegando a Boston, ainda no aeroporto, você alugou um carro para dirigir-se
até o canteiro de obras, a fim de poder avaliar a situação e conversar com o
responsável local pela obra.
Duas situações o preocupavam. A primeira era porque com o combus-
tível que vinha no tanque do veículo seria possível andar no máximo 50 km
sem abastecer, e, pelo GPS, a distância até o canteiro de obras marcava 35
milhas. A segunda situação é que a temperatura local indicava 45 °F e você
ficou apreensivo, pois não havia levado blusa.
Você conseguirá chegar ao canteiro de obras com o combustível do
tanque do veículo? Será necessário parar para abastecer o carro? Qual o valor
da temperatura em graus Celsius? Será necessário comprar uma blusa?
Resolução da situação-problema
Nesse caso, temos duas grandezas que precisam de conversão de unidades:
distância e temperatura.
• Distância
Como 1 milha vale 1,6 km, a distância a ser percorrida será de 56 km. Dessa
forma, será necessário abastecer o carro antes de ir ao canteiro de obras.
• Temperatura
Temos uma equação que relaciona a temperatura na escala em grau
Celsius com a temperatura na escala grau Fahrenheit. Essa relação é dada por
5 5
Tºc = (TºF - 32) . Assim, Tºc = (45 - 32) = 7,2º C .
9 9
Dessa forma, será necessário comprar um agasalho.
Faça valer a pena
1. Damos o nome de grandeza, na física, para tudo aquilo que pode ser medido ou
quantificado. Essas grandezas são divididas em duas partes: escalares e vetoriais. Dizemos
que uma grandeza é escalar quando apenas uma característica a define, acompanhada de
sua unidade de medida. Já para uma grandeza vetorial, três características são necessárias
para sua completa definição, acompanhadas da unidade de medida.
Assinale a alternativa que apresenta corretamente as três características que são

necessárias para afirmar que uma grandeza é vetorial.
a. Módulo, direção e posicionamento.
22
b. Sentido, módulo e temperatura.
c. Direção, sentido e comprimento.
d. Módulo, direção e sentido.
e. Direção, módulo e tempo.
2. Foi criado, em 1960, na 11ª Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM), o

Sistema Internacional de Unidades (SI). O objetivo era padronizar as unidades de
medida das grandezas físicas, estabelecendo, para cada grandeza, uma unidade de
medida relacionada a ela.
Nessa conferência, chegou-se à conclusão de que havia sete grandezas fundamentais

e que as demais eram suas derivadas.
Com relação a essa temática, analise as afirmativas a seguir:
I. Comprimento, massa, tempo e força são grandezas que fazem parte das sete
grandezas fundamentais.
II. Comprimento é uma grandeza fundamental e sua unidade de medida é

metro (m).
III. Temperatura é uma grandeza fundamental e sua unidade de medida é graus

Celsius (°C)
IV. Tempo é uma grandeza derivada e sua unidade de medida é segundo (s).
kg .m2
V. Energia é uma grandeza derivada, sua unidade de medida é ,
s2
comumente chamada de J.
Está correto o que se afirma em:
a. I e II, apenas.
b. II e V, apenas.
c. I, II e IV, apenas.
d. II, III e V, apenas.
e. I, II, III e V, apenas.
3. O produto escalar é definido como a multiplicação entre dois vetores cujo resul-
tado é um escalar (número). Já o produto vetorial também é um produto entre dois
vetores, contudo, o resultado é um terceiro vetor. E, ainda, por definição, temos que o
 
produto vetorial entre dois vetores ideais, u = u1î + u2 ˆj + u3kˆ e v = v1î + v2 ˆj + v3kˆ é
 
descrito por u ´v .
23
Assinale a alternativa que expressa corretamente o valor do produto vetorial entre
 
u = 3î - 2 ˆj e v = 1ˆj - 2kˆ .
 
a. u ´v = 4î + 6 ˆj + 3kˆ .
 
b. u ´v = 4î - 6 ˆj + 3kˆ .
 
c. u ´v = 4î + 6 ˆj + 4kˆ .
 
d. u ´v = 4î - 5 ˆj + 3kˆ .
 
e. u ´v = -4î - 6 ˆj + 3kˆ .
24
Seção 2
Força e movimento
Diálogo aberto
Caro aluno, a disciplina de Fundamentos de Resistência dos Materiais
permite entender o comportamento que um material apresentará quando
solicitado. Dessa forma, dizemos que um material é solicitado quando está
atuando sobre ele um carregamento, ou seja, uma força. Podemos relacionar
isso com conceitos simples do dia a dia, como, por exemplo: ao sentar em
uma cadeira, como ela reage à força aplicada? Ou, um menino está andando
de bicicleta, desequilibra-se e cai. Quais conceitos físicos estão associados a
esse movimento?
Afinal, o que é força? Como atua nos corpos, estruturas, objetos? Qual a
relação entre força e resistência dos materiais? Uma definição simples para
força é aquilo que produz ou altera o movimento de um corpo. Verificaremos
que em um corpo podem estar presentes, ou atuar, muitas forças, cada uma
com sua especificidade, sendo necessário avaliar as condições de equilíbrio
de um corpo ou objeto.
Nesta seção, você continuará a sua pesquisa, para compreender os
conceitos necessários ao desenvolvimento dos cálculos no decorrer do
projeto, que comporá o relatório final entregue ao coordenador. Contudo,
para entender na prática o resultado do projeto que está no estado inicial,
você resolveu visitar a construção de um píer, em uma cidade próxima, que
estava na etapa final de sua construção. Já no local, você teve acesso aos
desenhos técnicos do píer com as principais forças atuantes sobre ele. Neste
momento, você viu a necessidade e a importância de incluir no relatório os
conceitos de forças e equilíbrio em estruturas, para ser possível realizar os
cálculos de equilíbrio em pontos específicos no píer.
Ao voltar para a construtora, preocupado com o desenho estrutural do
píer, o coordenador solicitou que você verificasse o equilíbrio em um ponto
específico do projeto. A Figura 1.11 apresenta o ponto que deve ser analisado
com as forças atuando sobre ele.
25
Figura 1.11 | Ponto específico do píer com aplicação de forças
Os valores para as forças foram fornecidos

 pelo coordenador,
  assim como
os valores dos ângulos. São eles: F1 = 10 N ; F2 = 5,7 N ; F3 = 11,5 N e
q1 = 60º; q2 = 30º . Use cos60º = 0,5 ; sen 60º = 0,87 ; cos30º = 0,87 e
sen 30º = 0,5 . Esse ponto específico do píer apresenta equilíbrio? O coorde-
nador deverá se preocupar em reforçar esse ponto? Ao final dessa situação-
-problema, os dados obtidos devem ser inseridos no relatório que será
entregue ao coordenador. Para resolução dessa atividade, você deverá
conhecer as leis de Newton, os conceitos de forças da natureza (gravitacional,
normal, tração), equilíbrio estático e dinâmico e equilíbrio de ponto material.
Compreender o conceito de forças e conhecer como elas atuam nos
objetos que nos rodeiam é o passo fundamental para entendermos a estabi-
lidade de um edifício, de uma barragem, de um viaduto, ou seja, estruturas
fundamentais no estudo da resistência dos materiais.
Bons estudos!
Não pode faltar
Chegou o momento de compreender como se dá o estudo do movimento

dos corpos. Afinal, ao aplicar as leis da física em um fenômeno, você está
buscando analisar e entender o movimento de um corpo observado, seja
macroscópica ou microscopicamente. Isso ocorre em todas as áreas que
compõem a física: mecânica, ondas, termodinâmica, eletricidade e magne-
tismo, óptica, relatividade e quântica.
Para darmos início à discussão desses conceitos, abordaremos as leis da
mecânica e entenderemos o movimento e a falta de movimento (repouso)
26
dos corpos, como isso evolui com o tempo e qual a relação da força com o
movimento apresentado.
Na mecânica, o estudo do movimento dos corpos está dividido em duas
partes, conhecidas como cinemática e dinâmica. A palavra cinemática tem
origem grega e significa movimento. Dessa forma, dizemos que a cinemática
é a parte da física que estuda o movimento dos corpos sem se preocupar
com a sua origem, ou seja, não leva em consideração os agentes externos que
podem causar ou modificar o movimento. Para explicar o movimento de um
corpo, será necessário determinar sua posição, velocidade e aceleração para
cada instante de tempo do movimento apresentado. Vamos compreender o
conceito de cada uma dessas grandezas:
• Tempo ( t )
Podemos definir tempo como aquilo que nos remete à ideia de presente,
passado e futuro. Ou ainda, o que está associado a um fenômeno ou à
descrição de um movimento. Sua unidade no Sistema Internacional (SI) é
segundo (s) e é uma grandeza escalar.
• Posição ( x )
Podemos definir posição com o ponto em um espaço, em relação a um
referencial. Normalmente, utilizamos o sistema de coordenadas cartesiano
para descrever a posição de um corpo, relacionando o ponto (0, 0, 0) como
referencial. Como exemplo, observe a Figura 1.12, que apresenta um sistema
bidimensional (x,y), em que um corpo está localizado na posição (1, 3).
Figura 1.12 | Posição de um corpo
Note, através da Figura 1.12, que a posição dada é referente ao eixo (0,
0) do sistema cartesiano. Assim, a posição é uma grandeza vetorial e sua
unidade no SI é metro (m).
27
• Deslocamento ( Dx )
O deslocamento ( Dx ) de um corpo é definido pela variação de posição
que esse corpo apresenta. Por exemplo, considerando um sistema de coorde-
nadas unidimensional, o corpo sai da posição x1 = 1 m e vai até a posição
x 2 = 4 m . Nessa situação, seu deslocamento foi de Dx = 3 m .
A equação que descreve o deslocamento de um corpo é dada por:

Dx = x 2 - x1 , ou seja, posição final menos a posição inicial do corpo. Dessa
forma, o deslocamento pode ser:
- Positivo, se x2 > x1 .
- Negativo, se x2 < x1 .
O deslocamento também pode ser chamado de variação da posição. É
uma grandeza vetorial e, como a posição, sua unidade no SI é metro (m).
• Velocidade ( v )
A velocidade é definida pelo espaço percorrido ( Dx ) em relação ao
tempo ( t ) gasto. Ou seja:
Dx
v=
t
Sua unidade no SI é metros por segundo (m/s) e é uma grandeza vetorial.
Em casos especiais, podemos obter a velocidade instantânea ( vi ). A
velocidade instantânea é a velocidade apresentada em um instante de tempo
t definido. Ela é dada pela derivada da função posição em relação ao tempo,
ou seja:
d x(t )
v(t ) =
dt
Pesquise mais
A função para a posição, no movimento uniformemente acelerado, é
dada por x(t ) = x 0 + v0t + 1 at 2 . Dessa forma, a velocidade instan-
2
tânea em função do tempo é dada por:
d(x 0 + v0t + 1 at 2 )
v(t ) = 2
dt
v(t ) = v0 + at
Você conhece cálculo diferencial e integral? O capítulo 2 do livro
indicado a seguir ajudará você a entender as derivadas.
ÁVILA, G.; ARAÚJO, L. C. Cálculo Ilustrado, prático e descomplicado.
Rio de Janeiro: LTC, 2012.
28
• Aceleração ( a )
A aceleração é definida pela variação da velocidade em função do tempo.
Sua unidade no SI é metros por segundo ao quadrado ( m s 2 ), é uma grandeza
vetorial e sua equação é dada por:
Dv
a=
t
Assim como a velocidade, também é possível obter a aceleração instan-
tânea ( ai ), derivando a função velocidade em relação ao tempo, ou seja:
d 2 x(t ) d v(t )
a(t ) = =
dt 2 dt
Até aqui, descrevemos as grandezas que compõem a cinemática, ou seja,
o movimento do corpo em relação à posição, ao deslocamento, à velocidade
e à aceleração, sem levar em consideração a causa do movimento. Contudo,
você já se perguntou por que o movimento de um corpo muda? Qual fator
influencia a mudança de velocidade ou de direção? A parte da mecânica
que estuda a causa ou modificação do movimento dos corpos é chamada de
dinâmica, que aborda as três leis que descrevem a causa do movimento dos
corpos, conhecidas como as três leis de Newton.
As leis de Newton
Diz a lenda que um físico/cientista chamado Isaac Newton (1643-1727)
estava lendo um livro, recostado em uma macieira. De repente, uma maçã
caiu em sua cabeça. A partir desse momento, ele começou a se perguntar qual
seria a razão pela qual os objetos eram atraídos para o chão.
Depois de muito pensar, Newton chegou à conclusão de que havia algo
que atuava nos corpos e os atraia ao chão e que essa atuação nos corpos
ocorria de maneiras diferentes, dependendo da situação em que eles se
encontravam. Newton deu o nome de força a essa atuação e a definiu como
“agente físico que provoca ou altera o movimento de ou em um corpo”. A
partir de então, buscando explicar o movimento de um corpo, considerando,
agora, sua causa, postulou três leis para o movimento.
• 1ª lei de Newton – equilíbrio
A primeira lei de Newton afirma que se um corpo estiver em repouso,
permanecerá em repouso, ao passo que, se um corpo estiver em movimento,
permanecerá em movimento, com velocidade constante. Se a velocidade
permanece constante, a aceleração do objeto é zero.
29
Essa lei também é conhecida como lei da inércia e estuda o equilíbrio dos
corpos. Dessa forma, será possível alterar o estado de inércia (ou de equilí-
brio) de um corpo se alguma força externa atuar sobre ele. A definição de
inércia pode ser descrita como tendência de um corpo resistir a qualquer
mudança em sua velocidade.
Relacionada à definição de inércia, está a definição de massa: quanti-
dade de matéria que compõe um objeto, ou seja, propriedade de um corpo que
especifica a sua resistência em modificar sua velocidade. Sendo assim, quanto
maior a massa, maior a dificuldade de vencer a inércia desse corpo.
Na prática, muitas são as forças que atuam sobre um corpo. Dessa forma,

torna-se necessário obter a força resultante ( FR ), que é a soma vetorial de
todas as força atuantes. Para um corpo estar em equilíbrio, dizemos que a
somatória de todas as forças que atuam sobre ele deve ser igual a zero. Ou

seja, åF =0 .
Força é uma grandeza vetorial, por isso possui módulo, direção e sentido.
Sendo assim, para verificarmos o equilíbrio de um corpo, as três compo-
nentes (x, y, z) do vetor força resultante devem ser avaliadas. Logo, as novas
condições de equilíbrio serão:
åF x = 0; åFy = 0; åF z = 0.
Assimile
Lembre-se de que um vetor resultante normalmente tem componentes nos

três eixos (x, y, z), ou seja, um vetor do tipo u(x , y , z ) = uxî + u y ˆj + uz kˆ .
Dessa forma, torna-se necessário realizar a decomposição do vetor
para analisar as componentes de cada eixo, separadamente, utili-
zando as equações:
Fx = F cos q ; Fy = F sen q ; Fz = F tan q.
Sendo q o ângulo entre o eixo das abcissas e o vetor resultante.
• 2ª lei de Newton
A primeira lei de Newton explica o que ocorre com um objeto quando a
somatória de todas as forças que atuam sobre ele é nula. Já a segunda lei de
Newton explica o que ocorre com um objeto quando a somatória de todas
as forças que atuam sobre ele não é nula. Nesse caso, um corpo parado, que
recebe uma força, descreve um movimento, e um corpo em movimento, que
recebe uma força, continua em movimento, mas com velocidade variada.
Isso só é possível pois a aceleração apresenta um valor diferente de zero.
30
Assim, podemos dizer que a aceleração que um objeto apresenta é direta-
mente proporcional à força aplicada e inversamente proporcional a sua
massa. Matematicamente, temos:
   
dv  
å F = m dt , ou seja, å F = ma ® FR = ma
Levando em consideração o sistema tridimensional, podemos reescrever

a segunda lei por:
Fx = max ; Fy = ma y ; Fz = maz
kg .m
Como já vimos, a unidade no SI para força é N, que equivale a .
s2
• 3ª Lei de Newton – ação e reação
A terceira lei de Newton afirma que toda ação produz uma reação de
mesma intensidade e direção, mas com sentido oposto.
Exemplificaremos com uma situação o enunciado da terceira lei: um
carro bate no poste. Qual foi a ação e qual foi a reação? Nesse caso, a ação
consiste na batida do carro no poste e a reação, a batida do poste no carro.
O par de forças ação e reação só ocorre em conjunto e enquanto os objetos
estiverem em contato. No caso do carro e do poste, esse par de forças existe
enquanto o carro e o poste estiverem em contato. Como consequência desse
movimento, temos uma deformação na lataria do carro. Com essa situação,
verificamos que as forças de ação e reação ocorrem em corpos distintos, por
esse motivo, não se anulam.
Dessa forma, a definição da terceira lei se dá por:
 se dois corpos interagem,
a força que o corpo 1 exerce sobre o corpo 2 ( F1,2 ) é igual em módulo
 e em
direção
 oposta à da força que o corpo 2 exerce sobre o corpo 1 ( F2,1 ). Assim:
F1,2 = -F2,1 .
Exemplificando
Os blocos A e B, com massas mA = 5 kg e mB = 2 kg , estão apoiados
sobre um plano horizontal perfeitamente liso (desconsiderar a ação do
atrito). Sobre o corpo A, é aplicada uma força F, de módulo 21 N. Calcule
o módulo da força de contato entre os blocos A e B. A Figura 1.13 ilustra
essa situação.
31
Figura 1.13 | Contato entre os blocos A e B
Resolução: para resolver esse exercício, devemos seguir algumas

etapas. Primeiro, devemos verificar as forças que atuam em cada bloco,
separadamente, na direção do movimento. Observe a Figura 1.14.
Como há movimento em relação ao eixo x, temos:
Figura 1.14 | Forças atuando em cada bloco
Feito isso, aplicamos a segunda lei para cada bloco.

• Bloco A
å FA = mAa
F - FBA = mAa Þ 21N - FBA = 5kg × a
-FBA = 5kg × a - 21N Þ FBA = -5kg × a + 21N
• Bloco B
åF B = mB a
FAB = 2kg × a
Como FAB = FBA , temos:
FAB = FBA Þ 2kg × a = -5kg × a + 21N Þ 7kg × a = 21N Þ a = 3 m s 2
Com a aceleração do sistema, conseguimos calcular as forças de ação e
reação, e como FAB = FBA :
m
FAB = FBA = F = 2kg × a = 2kg × 3 2 = 6 N
s
Forças da natureza (gravitacional, normal, tração)

Já vimos que a definição de força é aquilo que produz ou altera o
movimento de um corpo. Contudo, o nome que a força recebe está relacio-
nado com sua atuação no corpo. Existem muitos tipos de forças, cada um
com um nome diferente, mas todas com o mesmo conceito: aquilo que
32
produz ou altera o movimento de um corpo. A seguir, trataremos de três
forças: gravitacional, normal e tração.

• Gravitacional ( Fg )
A força gravitacional, também conhecida como força peso, é a força de
atração exercida pela Terra sobre um objeto. Nesse caso, a aceleração utilizada na
equação da força é uma aceleração especial, chamada de aceleração gravitacional

( g ). O seu valor depende do planeta em questão e quanto maior seu valor, maior
a força de atração entre os corpos. Na Terra, o módulo para a aceleração da gravi-
m
dade é g = 10 . Dessa forma, a equação para a força gravitacional, ou força
s2 

peso, é dada por: Fg = m × g .
Reflita
Quando colocamos um corpo em uma balança, é muito comum dizermos
que estamos verificando o seu peso. Mas, vimos até agora que, no SI, a
unidade para massa é quilograma (kg) e para o peso, Newton (N). Dessa
forma, é correto usar a balança e falar que obtemos o peso de um corpo?
• Normal (N)
A força normal, também chamada de força de apoio, é uma força de
contato sempre perpendicular à superfície. Só existirá esse tipo de força
quando o objeto estiver em contato com uma superfície. A Figura 1.15
exemplifica a atuação da força normal.
Figura 1.15 | Força normal
• Tração (T)
A força de tração é aquela que está relacionada com fios, cordas e cabos.
Desse modo, podemos dizer que a força de tração atua nos corpos por meios
33
de fios, cabos e cordas, provocando o movimento desejado. A força de tração
sempre apresentará o sentido no local em que o fio ou cabo estiver preso. A
Figura 1.16 apresenta um exemplo de força de tração.
Figura 1.16 | Força de tração
Pesquise mais
Existem outros tipos de forças que podem atuar em um objeto. Pesquise
mais sobre esse assunto nos materiais a seguir, disponíveis em sua
Biblioteca Virtual:
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Força e movimento – I (capítulo

5). In: HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física:
mecânica. 10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018. v. 1, cap. 5. [Minha Biblioteca].
TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Leis de Newton. In: TIPLER, P. A.; MOSCA, G.

Física para cientistas e engenheiros: mecânica, oscilações e ondas,
termodinâmica. Rio de Janeiro: LTC, 2011. v. 1, cap. 4.
TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Aplicações adicionais da Lei de Newton. In:

TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física para cientistas e engenheiros: mecânica,
oscilações e ondas, termodinâmica. Rio de Janeiro: LTC, 2011. v. 1, cap. 5.
Equilíbrio estático e dinâmico

Vimos, na primeira lei de Newton, que um corpo está em equilíbrio
quando a somatória de todas as forças que atuam nele é igual a zero. Assim,
dizemos que, se o corpo estiver parado, permanece parado, mas se estiver em
movimento, permanece em movimento com velocidade constante. Ou seja,
a aceleração apresentada pelo corpo é igual a zero. Analisando essa situação,
verificamos então que, para uma situação de equilíbrio, o corpo está em
repouso ou em movimento retilíneo uniforme.
34
Dessa forma, percebemos que para o equilíbrio de um corpo há duas
situações possíveis:
• Equilíbrio estático – quando o corpo está em repouso.
• Equilíbrio dinâmico – quando o corpo está em movimento retilíneo
uniforme, ou seja, com velocidade constante.
Para cada uma das duas situações, as condições de equilíbrio são as
mesmas, e os cálculos realizados na primeira lei de Newton também.
Para analisar o equilíbrio dos corpos, devemos verificar, inicialmente, se ele é
um ponto material ou um corpo rígido. Isso é necessário, pois define quais condi-
ções de equilíbrio devem ser aplicadas. A definição de ponto material pode ser
dada por um corpo, com dimensões tão pequenas que são desprezadas, cujas forças
sobre ele atuam em seu centro de massa. Já em um corpo rígido, as dimensões não
podem ser desprezadas e nem todas as forças atuam em seu centro de massa.
Equilíbrio de um ponto material

Como vimos, ponto material é aquele em que as forças atuam em seu
centro de massa. Em função disso, as dimensões do corpo são desprezíveis.
Nessa situação, para verificarmos seu equilíbrio, pensando em um sistema
bidimensional, as condições que devem ser analisadas são:
åF x =0 e åF y =0
O corpo só estará em equilíbrio se as duas condições forem satisfeitas;
se apenas uma condição for satisfeita, o corpo não estará em equilíbrio,
indicando que ele apresenta uma aceleração diferente de zero.
Exemplificando
Um ponto material hipotético é apresentado na Figura 1.17. Apresente
os cálculos necessários para verificar se o corpo está em equilíbrio.
Figura 1.17 | Ponto material sob ação de forças
35
Resolução: vemos que todas as forças atuam no centro de massa do corpo
analisado. Dessa forma, as condições de equilíbrio que serão utilizadas são:
åF x =0 e åF y =0
Todas as forças que atuam no ponto material devem estar no eixo x e/

ou no eixo y. Observando as forças, vemos que F1 é uma força resul-
tante que apresenta componentes em x e y. Por isso, torna-se neces-
sário realizar a decomposição:
F1x = F1 cos q e F1 y = F1senq.
Aplicando as condições de equilíbrio, temos:
• No eixo x: åF x = 0 Þ F1 cos q - F2 = 0 Þ F1 cos q = F2
• No eixo y: å F y = 0 Þ F1senq - F3 = 0 Þ F1senq = F3
As três leis de Newton são expressas para descrever o movimento dos

corpos, seja na situação de velocidade constante (equilíbrio) ou na situação
de velocidade variada (aceleração diferente de zero). Dessa forma, conclu-
ímos que sempre que houver qualquer tipo de variação de movimento em
um corpo, seja macroscópica ou microscopicamente, é devido à aplicação
de uma força, independentemente do nome que ela recebe (peso, normal,
tração, atrito, entre outros).
Sem medo de errar
Você estava revisando alguns conceitos importantes e fundamentais

para o desenvolvimento da construção do píer. O coordenador do projeto,
preocupado com o desenho estrutural do píer, solicitou que você verificasse o
equilíbrio em um ponto específico. A Figura 1.11 apresenta o ponto que deve
ser analisado com as forças atuando sobre ele.
Figura 1.11 | Ponto especifico do píer com aplicação de forças
36
Os valores para as forças foram fornecidospelo coordenador,
 assim
 como
os valores dos ângulos. São eles: F1 = 10 N ; F2 = 5,7 N ; F3 = 11,5 N e
q1 = 60º; q2 = 30º . Use cos60º = 0,5 ; sen 60º = 0,87 ; cos30º = 0,87 e
sen 30º = 0,5 . Esse ponto específico do píer apresenta equilíbrio? O coorde-
nador deverá se preocupar em reforçar esse ponto?
Aplicando os conceitos estudados, é possível observar que o ponto
específico do píer que será analisado é um ponto material, visto que todas as
forças atuam em seu centro de massa. Dessa forma, para verificar seu equilí-
brio, devemos utilizar as condições de equilíbrio:
åF x =0 e åF y =0
Para aplicarmos as condições de equilíbrio, todas as forças que atuam

 no

corpo devem estar no eixo x e/ou y. O que não ocorre nas forças F1 e F2 ,
tonando necessário a decomposição de cada uma delas.

• Para F1 : F1x = F1 cos q F1 y = F1senq
F1x = 10N cos60º e F1 y = 10N sen60º
 F1x = 5N F1 y = 8,7 N
• Para F2 :
F2 x = F2 cos q F2 y = F2 senq
F2 x = 5,7 N cos30º e F2 y = 5,7 N sen30º
F2 x = 5N F2 y = 2,8N
Com as forças decompostas, podemos verificar as condições de equilíbrio:
åF x =0 åF y =0
F1x - F2 x = 0 e F1 y + F2 y - F3 = 0
5N -5N = 0 8,7 N + 2,8 N -11,5 N = 0
Através dos cálculos vemos que as duas condições de equilíbrio foram
satisfeitas. Dessa forma, o corpo está em equilíbrio estático, pois não há
movimento com velocidade constante. E não será necessário reforçar esse
ponto da estrutura do píer.
Máquina de Atwood
A máquina de Atwood é uma aplicação prática da terceira lei de Newton.

Ela consiste em um dispositivo simples em que é possível verificar o
movimento dos corpos através de sua aceleração. De maneira simples, a
37
máquina é composta de dois corpos, com massas m1 e m2 , unidos por um
cabo que passa por uma polia. O fio é inextensível e a massa da polia é despre-
zível, assim como massa do cabo e o atrito da polia com seu eixo de rotação.
Consideremos m1 > m2 e “g”, a aceleração da gravidade. O sistema é apresen-
tado na Figura 1.18. Apresente o desenvolvimento dos cálculos para a acele-
ração do sistema ( a ) e o valor da tração (T) no fio.
Figura 1.18 | Máquina de Atwood
Fonte: elaborada pela autora
Nessa situação, primeiro devemos analisar as forças que atuam em cada
bloco separadamente, como apresentado na Figura 1.19.
Figura 1.19 | Análise das forças
38
Como a massa do corpo 1 é maior do que a massa do corpo 2, o sistema
apresenta movimento para a direita, região da massa 1. Assim, aplicando a
segunda lei de Newton para cada bloco e levando em consideração o sentido
do movimento, temos:
å F = m ×a
1 1 å F = m ×a
2 2
P1 -T = m1 × a T - P2 = m2 × a
P -T T - P2
a= 1 e a=
m1 m2
m1 g -T T - m2 g
a= a=
m1 m2
Como a aceleração do sistema é a mesma nos dois blocos, pois eles estão
unidos pelo fio, temos:
m1 g -T T - m2 g
= Þ (m1 g -T )m2 = (T - m2 g )m1 Þ m1m2 g -Tm2 = -m1m2 g + Tm1
m1 m2
2m m g
-Tm2 -Tm1 = -m1m2 g - m1m2 g Þ T (m2 + m1 ) = 2m1m2 g Þ T = 1 2 .
m2 + m1
Faça valer a pena
1. Inicialmente, o movimento de um corpo era descrito pelas leis da cinemática,

sem levar em consideração a sua causa. Tempos depois, Isaac Newton postulou três
leis para o movimento, identificando o que causava ou modificava o movimento dos
corpos. Deu-lhe, então, o nome de força.
Assinale a alternativa que apresenta corretamente a definição de força.
a. Agente físico que modifica a temperatura do corpo.
b. Agente físico que provoca ou altera o movimento de um corpo.
c. Apenas o agente físico que altera o movimento de um corpo, não sendo

possível provocá-lo.
d. Apenas o agente físico que provoca o movimento de um corpo, não sendo

possível alterá-lo.
e. Agente físico que modifica as propriedades mecânicas de um corpo.
2. As leis de Newton foram construídas para explicar a causa e a consequência do

movimento dos corpos. Dentre elas, a terceira lei de Newton afirma que toda ação tem
uma reação de mesma intensidade e direção, mas de sentido oposto. Com relação à
terceira lei de Newton, avalie as afirmativas a seguir quanto ao par de forças: ação e reação.
39
I. Ação: a Terra atrai os corpos. Reação: os corpos atraem a Terra.
II. Ação: o pé do atleta chuta a bola. Reação: a bola adquire velocidade.
III. Ação: o núcleo atômico atrai os elétrons. Reação: os elétrons movem-se em

torno do núcleo.
a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. III, apenas.
d. I e III, apenas.
e. II e III, apenas.
3. A força da gravidade, ou força peso, é a força de atração que uma massa maior
exerce sobre a massa menor. Sua unidade no Sistema Internacional é Newton, e a
aceleração utilizada nos cálculos é a aceleração da gravidade. A equação para o

cálculo da força gravitacional é Fg = mg . Uma partícula apresenta um peso de 30 N
na Terra, onde g = 9,8 m/s2.
Considerando o contexto apresentado, responda aos itens a seguir:
I. Calcule o peso dessa partícula em uma região onde g = 4,9 m/s2.

II. Calcule o peso dessa partícula se ela estiver em um local onde a aceleração
da gravidade é nula.
III. Apresente a massa da partícula nas situações I e II.
Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, as respostas dos itens I, II e III:
a. 15,2 N; 3,1 kg; 0 N.
b. 30 N; 15,2 N; 2 kg.
c. 15,2 N; 0 N; 3,1 N.
d. 15,2 N; 0 N; 3,1 kg.
e. 30 N; 15,2 kg; 3,1 kg.
40
Seção 3
Equilíbrio dos Corpos
Diálogo aberto
Caro aluno, compreender os conceitos envolvidos durante o movimento
de um corpo é importante para entender o comportamento apresentado
por ele. Além disso, as dimensões e formatos do corpo também devem ser
analisados, pois influenciam diretamente no movimento apresentado. Por
exemplo, você já imaginou por que uma roda de carro apresenta geome-
tria circular? Como ocorre o movimento em uma gangorra quando duas
crianças estão brincando; o mesmo ocorre com apenas uma criança? É mais
fácil fechar a porta empurrando-a próximo à maçaneta ou próximo à dobra-
diça? Não esqueça que a grandeza física força é responsável por provocar e/
ou alterar o movimento de um corpo. Dessa forma, as forças que atuam nos
corpos devem ser analisadas quando o movimento de um corpo for estudado.
Nessa seção, você será responsável por verificar o equilíbrio da estrutura
do píer que será construído. Assim, retornando da visita à construção em
outra cidade, você fez um esboço inicial do píer que será construído para
verificar o equilíbrio em pontos específicos. Quando mostrou os resultados
ao seu coordenador, e ele solicitou que, além dos pontos específicos, deveria
ser verificado o equilíbrio da estrutura completa. A Figura 1.20 apresenta o
esboço do píer com as forças aplicadas.
Figura 1.20 | Esboço inicial do píer
O comprimento do píer é de 30 m ( d1 + d2 ), dado fornecido pelo coorde-

nador. Em seu esboço, a distância d1 apresenta um valor de 20 m e a distância
d2 , 10 m. Você supõe que esse píer deverá
 suportar
 uma força uniforme de 20
kN/m e está apoiado em dois pontos, F1 e F2 Levando em consideração que o
41

píer está em equilíbrio
  e que seu eixo de rotação está localizado em F1 , qual os
valores que F1 e F2 devem apresentar?
Ao final dessa atividade, os dados obtidos e os cálculos realizados devem
ser inseridos no relatório que será entregue ao coordenador. Para resolução,
deverão ser abordados os conceitos: corpos rígidos, rotações, momento de
uma força: torque, equilíbrio de corpos rígidos.
Saber nomear um objeto como ponto material ou corpo rígido é o
primeiro passo para verificar seu equilíbrio. Dessa forma, em resistência dos
materiais, devemos sempre verificar a estabilidade de uma estrutura quando
submetidas a forças externas.
Bons estudos!
Não pode faltar
Caro aluno, na seção anterior vimos que para analisar o equilíbrio dos
corpos, devemos verificar, inicialmente, se ele é um ponto material ou um
corpo rígido. Essa identificação é necessária porque define quais são as condi-
ções de equilíbrio que devem ser aplicadas. Um corpo é considerado ponto
material quando suas dimensões são tão pequenas que são desprezadas e forças
atuam sobre ele em seu centro de massa. Nesse caso, as condições de equilíbrio
que devem ser consideradas são å Fx = 0 e å Fy = 0 . Lembrando que o corpo
só estará em equilíbrio se as duas condições forem satisfeitas.
Corpos Rígidos
Um corpo é considerado rígido quando suas dimensões não podem ser
reduzidas a um ponto e as forças sobre ele não atuam somente em seu centro
de massa. Ou seja, são objetos que não podem ser descritos apenas por uma
partícula, mas por um conjunto de partículas. A soma da massa de cada
partícula resulta na massa total do objeto.
As forças que atuam nos corpos rígidos, normalmente, são denominadas
cargas e podem ser do tipo:
• Concentrada: a força é aplicada em um único ponto da estrutura.
Observe a Figura 1.21, ela apresenta um exemplo de força concen-
trada, representada pela força P. Note que a força é aplicada em
apenas um ponto da estrutura
42
Figura 1.21 | Exemplo de força concentrada
• Uniforme: apresenta a mesma intensidade ao longo do elemento

estrutural, sua unidade pelo Sistema Internacional (SI) é N/m e
apresenta forma geométrica retangular. Ela produz uma força resul-
tante concentrada cujo valor é igual à área da distribuição (ou seja, a
carga por metro multiplicada pelo comprimento da estrutura) e sua
aplicação ocorrerá no centro da distribuição. Observe a Figura 1.22,
ela apresenta um exemplo de força uniforme (a) e como essa força
deve ser considerada quando concentrada.
Figura 1.22 | Exemplo de força uniforme (a) em um elemento estrutural e sua forma concentra-
da (b) para realizar os cálculos
Exemplificando
Sobre uma estrutura, as forças externas podem atuar em três situações:
concentrada, uniforme e variável. Contudo, para os cálculos de reação e
equilíbrio, as forças resultantes devem ser do tipo concentradas.
Dessa forma, apresente o valor da força resultante concentrada e sua posição
na estrutura para uma carga uniforme de 10 N/m, conforme a Figura 1.23.
43
Figura 1.23 | Carga uniformemente distribuída na estrutura
Resolução:
Nesse caso, a força resultante dessa distribuição é calculada pela área
da distribuição e aplicada no centro. Seu valor é dado por:
 10N
F' = ×6 m = 60N .
m
A força resultante na estrutura é apresentada na Figura 1.24.
Figura 1.24 | Força resultante aplicada na estrutura
• Variável: a intensidade varia ao longo do elemento estrutural, sua

unidade pelo Sistema Internacional (SI) é N/m e apresenta forma
geométrica triangular. Ela produz uma força resultante concentrada
cujo valor é igual à metade da área da distribuição (ou seja, a carga
por metro multiplicada pelo comprimento da estrutura, dividido por
2) e sua aplicação ocorrerá a 1/3 do lado maior da distribuição. A
Figura 1.23 apresenta esse processo (a) para força variável e (b) a sua
forma concentrada.
44
Figura 1.25 | Força variável e sua forma concentrada
Exemplificando
Agora, apresente o valor da força resultante concentrada e sua posição
na estrutura para uma carga variada de 10 N/m, conforme Figura 1.25.
Figura 1.25 | Carga variada distribuída na estrutura
Resolução:
Nesse caso, a força resultante dessa distribuição é calculada pela metade
da área da distribuição, aplicada a 1/3 do lado maior da distribuição.
Seu valor é dado por:
10N
×3 m
 m
F' = =15N .
2
E a força resultante na estrutura é apresentada na Figura 1.26.
45
Figura 1.26 | Força resultante aplicada na estrutura
Rotações
O movimento descrito por um corpo pode ser classificado como rotação,
translação ou uma mistura dos dois. Um exemplo comum de movimento de
rotação é o movimento realizado pelo planeta Terra: rotação em torno de
seu próprio eixo, permitindo que haja dias (quando a face do planeta está
voltada para o sol) e noites (na face oposta do planeta); ou ainda um pião em
movimento. Um exemplo comum de movimento de translação é um elevador,
que sobe e desce, linearmente; ou ainda, um corpo em queda livre. Um exemplo
da combinação desses dois movimentos é uma hélice de um avião.
Sendo assim, podemos dizer que em um movimento de translação todos
os pontos do corpo percorrem trajetórias lineares, cuja velocidade é linear. Já
o movimento de rotação é aquele que o corpo realiza em torno de seu próprio
eixo, percorrendo trajetórias circulares com velocidade angular. Um

movimento de rotação é caracterizado pelo deslocamento
 do vetor posição r

até outro vetor posição r ' em torno de um eixo O . A Figura 1.27 exemplifica
 
o deslocamento do vetor posição r ® r ' .
Figura 1.27 | Movimento de rotação
46
Para movimentos em que a translação e a rotação estão presentes, a
  
velocidade linear (v) e a velocidade angular ( w ) se relacionam por v = w r ,
sendo r o raio da circunferência descrita pelo movimento.
Assimile
A unidade no SI para a velocidade linear é metro por segundo (m/s).
Para a velocidade angular, a unidade no SI é radianos por segundo
(rad/s). Por fim, para o raio, do movimento circular descrito pelo corpo,
a unidade no SI é metro (m).
Momento de uma Força: Torque

A definição de momento de uma força, ou torque, é a força aplicada no
material fazendo com que ele gire, ou seja, é a tendência que uma força tem
de rotacionar um corpo. Sua unidade no SI é Newton vezes metro ( Nm ), que
é unidade de energia, conhecida como Joule ( Nm = J ).

Torque (T ) é uma grandeza vetorial perpendicular ao plano formado  

pela força ( F ) e o raio ( r ) de rotação, podendo ser calculado por T = F r .
Sendo assim, toda vez que uma força for aplicada em um corpo rígido a uma
distância do eixo de rotação,
 provocará um torque. Observe a Figura 1.28, ela

apresenta uma força ( F ) aplicada a uma distância ( r ) do eixo de rotação.
Figura 1.28 | Momento de uma força
Fonte: Young e Freedman (2008, p. 336).
O torque apresentado por um material pode ser positivo ou negativo,

dependendo do sentido de rotação apresentado por ele. Por convenção, o
47
torque será positivo se a rotação for no sentido anti-horário, e será negativo,
se a rotação for no sentido horário.
Mais de uma força pode ser aplicada ao material, provocando torque.
Contudo, se mesmo com a aplicação dessas forças o corpo não rotacionar,
dizemos que ele está em equilíbrio rotacional, tendo a resultante

dos torques
atuantes em um corpo nula. Nesse caso, temos å T = TR = 0. A Figura 1.29
apresenta algumas situações importantes da respeito da definição de torque.
Figura 1.29 | Relação entre força e torque
Analisando a Figura 1.29, temos que:

• Anteriormente, o torque foi definido como a força aplicada, perpen-
dicular ao eixo de rotação, em um material a uma distância de seu
eixo fazendo com que ele gire. Se a força estiver no mesmo eixo de
rotação (como em F2 ), ela provocará movimento linear no material,
e não de rotação. Nesse caso, o torque não existe.
• Quando a força for aplicada sobre o eixo de rotação, a distância entre
a aplicação da força até o eixo será zero (como em F1 ). Assim, o
torque será zero.
• O valor do torque depende da intensidade da força aplicada perpen-
dicularmente ao eixo e da distância da aplicação dessa força. Dessa
forma, para uma força de mesma intensidade, o torque poderá ser
maior ou menor, dependendo da distância até o eixo de rotação.
Como vemos na Figura 1.29, considerando que F1 = F3 , o torque
apresentado por F3 será maior que o apresentado por F1 , simples-
mente por estar mais distante do eixo de rotação.
Reflita
Dependendo do local de aplicação da força em um corpo rígido, o
torque será nulo ou não existirá. Conceitualmente, podemos falar que
aquilo que é nulo é aquilo que não existe possui valor zero?
48
Equilíbrio de corpos rígidos
Vimos, anteriormente, que para um corpo (do tipo ponto material) estar
parado, ou seja, em equilíbrio, a somatória de todas as forças que atuam nele
deve ser igual a zero. Contudo, para corpos rígidos, mais uma condição de
equilíbrio deve ser analisada: o torque. Isso, pelo fato de que, dependendo
de como a força é aplicada no material, ela provoca movimento de rotação.
Sendo assim, para corpos rígidos, as condições de equilíbrio que devem ser
abordadas são:
åF
x = 0; å Fy = 0; å T = 0
É importante ressaltar que a estrutura só estará em equilíbrio se as três

condições forem satisfeitas. No caso do torque, a somatória deve ser nula em
qualquer ponto da estrutura
Pesquise mais
Aprofunde seu conhecimento sobre torque e equilíbrio de um corpo
rígido acessando os materiais:
• HALLIDAY, D.; RESNICK, R. WALKER, J. Força e Movimento – I cap.
5. In: Fundamentos de física, volume 1: mecânica. 10.ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2018. v. 1.
• Young, H. D.; Freedman, R. A. Dinâmica do movimento de rotação, cap.
10. In: Física 1: mecânica. 12. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2008.
Exemplificando
Observe a estrutura da Figura 1.30, em que temos um exemplo de
gangorra. Sobre ela estão apoiados dois corpos de massas distintas
de 25 kg (a esquerda) e 54 kg (a direita). Os corpos estão apoiados na
gangorra de modo que o sistema fique em equilíbrio, considerando as
distâncias até o eixo de rotação.
Figura 1.30 | Gangorra

Dessa forma, qual o peso da tábua da gangorra? Considere g = 10m / s 2 .
49
Resolução:
Para verificarmos o equilíbrio de uma estrutura, primeiro devemos
saber quais as condições de equilíbrio devem ser consideradas. Para
isso, devemos classificar a estrutura como ponto material ou corpo
rígido. A estrutura apresentada na Figura 1.30 é um corpo rígido, dessa
forma, as condições de equilíbrio que deverão ser consideradas são
å Fx = 0; å Fy = 0; å T = 0. O próximo passo é verificar as forças que
atuam na estrutura, observe a Figura 1.31.
Figura 1.31 | Forças atuantes na estrutura
Agora, aplicamos as condições de equilíbrio:
åF x =0
åF y =0
PApoio - P1 - P2 - PGangorra = 0 Þ PApoio - (m1 ´ g ) - (m2 ´ g ) - PGangorra = 0
PApoio - 540 N - 250 N - PGangorra = 0 Þ PApoio = PGangorra + 790 N
åT = 0
-T1 + T2 + TGangorra + TApoio = 0
-(540 N ´1m) + (250 N ´2m) + (PGangorra ´0,5 m) + (PApoio ´0 m) = 0
-540 Nm + 500 Nm + (PGangorra ´0,5m) = 0
PGangorra ´0,5 m = 40 Nm
40N m
PGangorra = = 80 N
0,5 m
Dessa forma, a força peso da gangorra é de 80 N. Note que o exercício
não pediu a força do apoio; contudo, caso ele solicitasse, bastava voltar
na somatória das forças no eixo y e encontrar a força do apoio ( Papoio ).
50
Os conceitos de momento de uma força, ou torque, e o equilíbrio de
corpos rígidos estão diretamente ligados ao nosso dia a dia. Por exemplo,
ao abrir uma torneira, fechar uma porta, equilibrar um objeto sobre a mesa,
praticar o esporte Slackline, dentre outras coisas. Saber relacionar os conceitos
abordados em sala de aula com o seu cotidiano facilita a compreensão dos
conteúdos e dos fenômenos que ocorrem ao seu redor.
Sem medo de errar
Voltando de sua viagem, você fez um esboço inicial do píer que será
construído para verificar o equilíbrio em pontos específicos e mostrou a
seu coordenador. Ele solicitou que, além dos pontos específicos, deveria
ser verificado o equilíbrio da estrutura completa. A Figura 1.20 apresenta o
esboço do píer com as forças aplicadas.
O comprimento do píer é de 30m ( d1 + d2 ), dado fornecido pelo coorde-

nador. Em seu esboço, a distância d1 apresenta um valor de 20 m e a distância
d2 , 10 m. Você supõe que esse píer deverá suportar
 uma força uniforme de
20 kN/m e está apoiado em dois pontos, F1 e F2 . Levando em consideração 
que o píer está em equilíbrio,
  e que seu eixo de rotação está localizado em F1
, qual os valores que F1 e F2 devem apresentar?
Para resolver essa questão, você verificou que a estrutura do píer era um
corpo rígido, e por isso deveria utilizar as condições de equilíbrio 
å F = 0; å Fy = 0; å T = 0. Sobre essa estrutura estão atuando três forças: F1 e
 x
F2 são forças concentradas e uma força uniformemente distribuída de 20
kN/m. Assim, redesenhando o esboço, temos o diagrama de forças apresen-
tado pela Figura 1.32. Utilizando o diagrama como base, devemos encontrar
 
os valores de F1 e F2 para que a estrutura esteja em equilíbrio.
51
Figura 1.32 | Diagrama de forças do esboço do píer
Aplicando as condições de equilíbrio:
åF x =0
åF y =0
F1 + F2 - 600 kN = 0 Þ F1 + F2 = 600 kN (1)
åT = 0
(F1 ´0m) + (F2 ´20m) - (600kN ´15m) = 0 Þ (F2 ´20m) = (9000 kNm)
9000 kN m
F2 = = 450 kN
20 m
Como em (1):
F1 + F2 = 600 kN
F1 = 600 kN - F2 Þ F1 = 600 kN - 450 kN = 150 kN

 
Dessa forma, para que a estrutura esteja em equilíbrio, as forças F1 e F2
não devem apresentar valores maiores que 150 kN e 450 kN, respectiva-
mente. Isso pelo fato de que a estrutura está em equilíbrio para esses valores
de forças, qualquer aumento ou diminuição desses valores, o píer não estará
em equilíbrio.
52
Andaime suspenso
Uma importante igreja de Minas Gerais está passando por reforma.

No teto dessa igreja, em seu interior, há inúmeras pinturas que devem ser
restauradas. Dessa forma, um conceituado pintor e historiador da região foi
contratado para realizar esse serviço. Para isso, ele deve utilizar um andaime
suspenso por duas cordas, como mostra a Figura 1.33.
Figura 1.33 | Andaime suspenso
Fonte: Fonte Valentim ([s.d], p. 5).
As cordas, que estão presas no teto, possuem módulo de tensão de T1 e T2 ,

sendo T1 a tensão referente à corda da esquerda e T2 a tensão referente à
corda da direita. E ainda, o módulo do peso do andaime mais o peso do
pintor é dado por PT = PP int or + PAndaime . Qual a relação entre as tensões T1 e T2
nas cordas com o peso PT = PP int or + PAndaime ? Considere que a estrutura está em
equilíbrio e a posição do pintor no andaime será fixa, conforme a Figura 1.33.
Para resolver essa situação, devemos entender como as forças estão distri-
buídas e lembrar que para uma estrutura estar em equilíbrio, devemos consi-
derar as condições de equilíbrio. Nesse caso, estamos tratando de um corpo
rígido, e as condições de equilíbrio, nesse caso, são: å Fx = 0; å Fy = 0; å T = 0.
53
O enunciado afirma que a estrutura está em equilíbrio e pede a relação entre
as tensões nas cordas e o peso da estrutura mais o pintor. Analisando a Figura
1.33 e aplicando a condição de equilíbrio das forças na vertical, temos que:
åF y =0
T1 + T2 - PT = 0
T1 + T2 = PT
O pintor não está no centro da base do andaime, logo, a tensão na corda

1 será menor que a tensão na corda 2. Assim, T1 < T2 .
Faça valer a pena
1. A definição de torque é aplicação de uma força/carga sobre o material, fazendo

com que ele gire/rotacione. É dado pela intensidade da carga aplicada vezes a distância
até o eixo de rotação e sua unidade no Sistema Internacional (SI) é Nm.
Considerando o contexto apresentado, assinale a alternativa correta.
a. O torque será positivo se a rotação ocorrer no sentido anti-horário e negativo

se a rotação ocorrer no sentido horário.
b. O torque será positivo se a rotação ocorrer no sentido horário e negativo se

ocorrer no sentido anti-horário.
c. O torque será sempre negativo, independente do sentido de rotação do corpo.
d. O torque será sempre positivo, independente do sentido de rotação do corpo.
e. Não importa o sentido da rotação, o torque sempre será nulo.
2. Observe a Figura 1.34 a seguir, ela apresenta dois materiais em equilíbrio

suspensos por um fio ideal, inextensível.
Figura 1.34 | Materiais suspensos por um fio ideal
54
O corpo A apresenta um peso de intensidade P.
Assinale a alternativa que apresenta a intensidade do corpo B.
a. 0,5 P.
b. 1,0 P.
c. 2,0 P.
d. 2,5 P.
e. 3,0 P.
3. Um trapiche está sendo projetado em uma estância turística. Um engenheiro

desenhou um esboço, como mostrado na Figura 1.35, considerando que, no início da
estrutura, será construído um quiosque para o comércio de bebidas no local. O eixo
de rotação desse trapiche está alocado no ponto A.
Figura 1.35 | Esboço do trapiche a ser construído
Fonte: Elaborada pela autora
Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, os valores para as forças Ay e By.
a. 20,00 kN e 20,00 kN.
b. 20,00 kN e 27,75 kN.
c. 1,25 kN e 27,75 kN.
d. 27,75 kN e 1,25 kN.
e. 1,25 kN e 20,00 kN.
55
Referências
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2012. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-216-2128-7/
cfi/0!/4/2@100:0.00. Acesso em: 25 abr. 2019.
BAUER, W.; WESTFALL, G. D.; DIAS, H. Física para universitários: mecânica. Porto Alegre:
AMGH, 2012.
BEER, F. P. et al. Mecânica dos materiais. 7. ed. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2015.
CALLISTER JR., W. D. Fundamentals of materials science and engineering. 5. ed. New York:
John Wiley & Sons, 2001.
CARVALHO, M. M. G. de. Vetores e álgebra vetorial (revisão). Instituto de Física “Gleb

Wataghin”, Unicamp, [portal]. Campinas, 2000. Disponível em: https://www.ifi.unicamp.
br/~mauro/F315/Revisao_Vetores.pdf. Acesso em: 11 jul. 2019.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Força e movimento – I. In: HALLIDAY, D.;
RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física: mecânica. 10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018.
v. 1, cap. 5. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521632054/
cfi/6/32!/4/2/4@0:0. Acesso em: 25 abr. 2019.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física: mecânica. 10. ed. Rio
de Janeiro: LTC, 2018. v. 1. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
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HEWITT, P. G. Física conceitual. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.
HIBBELER, R. C. Resistência dos materiais. 7. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.
TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Aplicações adicionais da Lei de Newton. In: TIPLER, P. A.; MOSCA,
G. Física para cientistas e engenheiros: mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica. Rio de
Janeiro: LTC, 2011. v. 1, cap. 5. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
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TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física para cientistas e engenheiros: mecânica, oscilações e ondas,
termodinâmica. Rio de Janeiro: LTC, 2011. v. 1. Disponível em: https://integrada.minhabiblio�-
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YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Dinâmica do movimento de rotação, cap. 10. In: Física
1: mecânica. 12. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2008. [Minha Biblioteca]. Disponível em:
https://bv4.digitalpages.com.br/?term=sears&searchpage=1&filtro=todos&from=busca&pa-
ge=-1&section=0#/legacy/30961. Acesso em: 24 maio 2019.
Unidade 2
Tensão e deformação
Convite ao estudo
Caro aluno, continuaremos o assunto abordado na unidade anterior, em
que verificamos os conceitos fundamentais da física para o desenvolvimento
de um projeto. Observe ao seu redor, todos os materiais e/ou estruturas
existentes estão constantemente sofrendo carregamentos diversos, reagindo
a eles para permanecer em equilíbrio. Contudo, cada material reagirá
de maneira diferente, dependendo das propriedades mecânicas que ele
apresentar. Esse fato é importantíssimo para a escolha do material adequado
no desenvolvimento de um projeto.
Dessa forma, nesta unidade, veremos como uma estrutura se comporta
quando esforços são aplicados sobre ela e estudaremos as situações de
tensão e deformação. Iniciaremos o estudo pelo carregamento axial, verifi-
cando o comportamento apresentado pelo material relacionado às princi-
pais propriedades mecânicas. Para isso, será necessário realizar os cálculos a
fim de determinar os esforços, tensões e deformações na estrutura, devido à
ação de uma carga axial, avaliando as propriedades mecânicas dos materiais
e relacionando tensão e deformação.
Dando continuidade ao desenvolvimento do projeto de construção do
píer em uma importante cidade do litoral de Santa Catarina, você já verificou
os conceitos fundamentais e os cálculos necessários a serem desenvol-
vidos na análise de equilíbrio da estrutura para o desenvolvimento desse
projeto. Contudo, nessa etapa, o coordenador solicitou que você verificasse
os esforços atuantes na estrutura principal do píer. Alguns materiais foram
propostos para a construção dessa estrutura e você deverá decidir qual o
melhor material para o desenvolvimento do projeto.
Assim, reflita sobre as seguintes questões: quais esforços estão presentes
na estrutura do píer? Como eles estão distribuídos? Diante das forças que
atuam na estrutura, qual seria o material adequado para sua construção?
Para responder a esses questionamentos, você deverá estar atento a algumas
situações, tais como:
• Conhecer o comportamento dos materiais e distinguir materiais
dúcteis de frágeis.
• Entender a relação tensão/deformação dos materiais e calcular o
módulo de elasticidade e tenacidade dos materiais propostos.
• Calcular o estado plano de tensões e as tensões principais.
Assim você definirá, dentre as opções, qual é o melhor material a ser
utilizado.
Seção 1
Comportamento dos materiais
Diálogo aberto
Até o momento, você aplicou os conceitos estudados para verificar o
estado de equilíbrio de uma estrutura. Logo, pôde compreender os motivos
pelos quais devemos nos certificar se a estrutura suporta a carga aplicada
nela. Contudo, quando aplicamos uma carga ou carregamento na estrutura,
ela responde à carga aplicada. Essa resposta depende da intensidade da força
aplicada.
Para ilustrar, imagine uma cama elástica. A cama elástica suporta um
valor máximo de força? Quando uma pessoa pula, aplicando uma força nela,
como a estrutura responde? Qual o tipo de material mais adequado para a
construção do tecido da cama elástica? Para ser possível responder a essas
perguntas, precisamos conhecer os conceitos de tensão e deformação e a
relação entre eles.
Agora, vamos examinar a seguinte situação-problema: o coordenador do
projeto de construção do píer em uma cidade do litoral de Santa Catarina se
deparou com um problema: qual material deve ser utilizado na construção da
estrutura principal desse píer? Ele tinha algumas opções, mas o contratante
sugeriu um material diferente. Apreensivo com a situação, o coordenador do
projeto precisa conhecer esse material e ter certeza de que pode utilizá-lo.
Por isso, realizou um ensaio de tração no material, cujos dados de carrega-
mento e alongamento estão apresentados no Quadro 2.1. O corpo de prova
que foi avaliado apresentava diâmetro de 3 mm e comprimento de 300 mm.
Quadro 2.1 | Dados de ensaio da tração no material
Carga (N) d (mm) Carga (N) d (mm) Carga (N) d (mm) Carga (N) d (mm) Carga (N) d (mm)
0 0,0000 1000 0,0631 2000 0,1271 2800 0,4371 5000 1,1571
200 0,0125 1200 0,0759 2200 0,1671 3000 0,5171 5300 1,4571
400 0,0250 1400 0,0887 2400 0,2071 3500 0,6071 5000 1,8571
600 0,0375 1600 0,1015 2600 0,2571 4000 0,7571 4800 2,2571
800 0,0503 1800 0,1143 2600 0,3071 4500 0,9571 4500 2,6571
Fonte: adaptado de Masuela (2017, p. 72).
59
Com o laudo do ensaio de tração, o coordenador pediu que você verifi-
casse alguns pontos importantes desse material, como ductilidade, tensão
máxima e tensão de ruptura. Na análise do diagrama de tensão-deformação,
como saber se o material é dúctil ou frágil? De que forma isso influencia a
construção da estrutura principal do píer? Para responder a essas questões,
devemos conhecer e compreender os conceitos de tensões de tração e
compressão, diagramas de tensão e deformação, materiais frágeis e dúcteis.
Bons estudos!
Não pode faltar
Tensões de tração e compressão

Como vimos na unidade anterior, o conceito de força é definido como
uma ação aplicada em um corpo que pode causar movimento e/ou defor-
mação. As forças são nomeadas conforme a atuação em um corpo, por
exemplo, a força peso é aquela relacionada com a força que o planeta aplica
nos corpos. Existem diferentes tipos de forças, cada uma com uma aplicação
específica, mas com o mesmo conceito e a mesma unidade de medida no
Sistema Internacional (SI), Newton (N).
Reflita
Dentre os tipos de força, quais delas atuam em você quando está
sentado em uma cadeira? E quando pensamos no sistema: chão, cadeira
e você, como ocorre a aplicação das forças? Analisando as duas situa-
ções, as forças que atuam em você são diferentes?
A fim de poder escolher o material ideal para o desenvolvimento de um

projeto e a sua geometria, precisamos analisar, além dos conceitos de força,
os conceitos de tensão. Para isso, consideraremos que os materiais estudados
são contínuos, ou seja, têm distribuição uniforme de massa, não apresen-
tando espaços vazios. Sendo assim, podemos definir tensão como a resposta
de um material à força aplicada. Compreenda melhor esse processo obser-
vando a Figura 2.1.
60
Figura 2.1 | Força e tensão
Fonte: adaptada de Gere e Goodno (2010, p. 4).
A Figura 2.1a apresenta uma barra maciça com um carregamento P

aplicado. Inicialmente, essa barra apresenta um comprimento L (Figura
2.1b). Com a aplicação da força, ou seja, quando a barra é solicitada, ela
apresenta um comprimento L + d (Figura 2.1c). Verificando o diagrama do
corpo livre (DCL) e fazendo uma seção de corte m-n (Figura 2.1d), verifi-
camos que a força P é aplicada na área da seção transversal da peça ( A ).
Sendo assim, podemos calcular a tensão por:
P
s=
A
A tensão segue o sentido da força, podendo ser de tração ou compressão.
Por convenção, dizemos que forças do tipo tração são positivas (pois causam
alongamento no material) e forças do tipo compressão são negativas (pois
encurtam o material). Forças de tração e compressão atuam no eixo longitu-
dinal do corpo, formando um ângulo de 90º com a área da seção transversal,
por isso também podem ser chamadas de axial ou normal.
No SI, vimos que a força – ou carregamento – é dada em Newton (N) e a
área, dada em metros quadrados ( m2 ). Sendo assim, a tensão é expressa em
N
, também conhecido como Pascal (Pa).
m2
Assimile
Força e tensão são conceitos diferentes:
• Força: aquilo que provoca ou altera o movimento de um corpo.
Sua unidade no SI é Newton (N).
• Tensão: resposta do material à força aplicada. Sua unidade no SI
é (Pa).
P
Elas estão diretamente relacionadas por meio da equação s = .
A
61
Não podemos esquecer que quando aplicamos uma força ao material,
além de o material responder a essa força aplicada (tensão), ele apresenta
uma mudança de forma. Essa mudança de forma é conhecida como defor-
mação específica ( e ). Nesse caso, é considerada apenas a deformação
apresentada na direção da aplicação da força, calculada por:
d
e=
L0
Sendo d a variação de comprimento do material e L0 , o comprimento
inicial. A deformação específica é adimensional ou dada em porcentagem,
multiplicando o valor obtido por 100%.
Exemplificando
A deformação de um material é a mudança de forma à força aplicada.
Ou seja, quando um material está sujeito a uma força, essa força
provoca uma tensão que, por sua vez, faz com que o material se
deforme. O material apresenta deformação nas três direções (x, y e z),
mas deve-se analisar a deformação provocada na direção da aplicação
da força. Sendo assim, um fio de cobre é sujeito à tração por uma força
12 N e experimenta um alongamento de 0,3 mm. Assumindo que o fio
apresenta diâmetro igual a 2,5 mm e 2 m de comprimento, qual sua
deformação específica ( e )?
Resolução:
d
Para calcular a deformação específica, devemos usar a equação e = ,
L0
sendo necessário o valor de variação de comprimento e o comprimento
inicial. O enunciado nos diz que foi verificado um alongamento de 0,3
mm ( d ) e um comprimento inicial de 2 m ( L0 ). Dessa forma:
d 0,3mm 0,3´10-3 m
e= = = = 0,00015
L0 2m 2m
Lembre-se de que a deformação é adimensional, mas seu valor poderia
ser expresso em porcentagem, nesse caso, 0,015%.
Diagrama tensão-deformação
A tensão e a deformação de um material podem ser obtidas por meio
de um ensaio destrutivo de tração ou compressão. Em um ensaio de tração,
o corpo de prova é posicionado e é aplicado sobre ele uma força de tração
que aumenta seu valor de maneira linear até o rompimento do material.
Os valores para força e alongamento são registrados com o auxílio de um
software. Observe a Figura 2.2, que apresenta um modelo de máquina de
62
tração (a) e um exemplo de corpo de prova (b). É importante ressaltar que o
corpo de prova é confeccionado seguindo normas de fabricação.
Figura 2.2 | Ensaio de tração: (a) representação de máquina de tração e (b) corpo de prova
Fonte: adaptada de Hibbeler (2010, p. 57).
Com os dados de força (P) e variação de comprimento ( d ) extraídos do

ensaio de tração, é possível calcular a tensão e a deformação, respectiva-
mente, por:
P d
s= e e=
A L0
A partir desses resultados, podemos construir um diagrama tensão-defor-
mação, sendo a tensão em MPa no eixo das ordenadas (eixo y) e a deformação
no eixo das abcissas (eixo x). No diagrama tensão-deformação, a deformação
é apresentada sem unidade ou mm/mm, indicando a admensionalidade da
grandeza. Esse diagrama é individual para cada material, ou seja, cada material
apresenta um diagrama específico, dependendo das características mecânicas
que apresenta. Observe a Figura 2.3, que apresenta um exemplo de um
diagrama tensão-deformação para o ferro e diferentes tipos de aços.
Figura 2.3 | Diagrama tensão-deformação para o ferro e alguns aços
Fonte: Beer et al. (2015, p. 58).
63
Observamos, a partir da Figura 2.3, que cada material apresenta um
diagrama característico, com comportamentos diferentes, indicando diferentes
propriedades mecânicas. Uma interpretação importante desse diagrama é a
possibilidade de fácil identificação dos materiais dúcteis e frágeis.
Materiais frágeis
Os materiais frágeis são aqueles que suportam pouca deformação no
ensaio destrutivo de tração e/ou compressão. Em outras palavras, podemos
dizer que são aqueles materiais que fraturam com pouca ou nenhuma defor-
mação. Observe a Figura 2.4, que apresenta um diagrama tensão-deformação
para um material frágil hipotético.
Figura 2.4 | Diagrama tensão-deformação para um material frágil hipotético
Fonte: adaptada de Beer et al. (2015, p. 55).
Nos materiais frágeis não há região de escoamento e a ruptura ocorre

bruscamente pelo fato de a tensão máxima ( smáx ) obtida no ensaio, também
conhecida como tensão última ( sult ), apresentar o mesmo valor da tensão de
ruptura ( srup ), como apresentado na Figura 2.4. São exemplos de materiais
frágeis: vidro, concreto e ferro fundido.
Materiais dúcteis
Materiais dúcteis são aqueles que sofrem grandes deformações antes de
seu rompimento/fratura. Como exemplo desses materiais, temos os metais,
de maneira geral. O diagrama tensão-deformação de um material dúctil
inicia por uma reta com o coeficiente angular elevado (Figura 2.5) até a
tensão de escoamento ( se ). Após a tensão de escoamento, o material
apresenta deformação com menor variação de força aplicada.
64
Figura 2.5 | Diagrama tensão-deformação do aço estrutural (dúctil)
Após o início do escoamento, o corpo continua a apresentar deformação

e há aumento de carga, até atingir a tensão máxima ( smáx ), também conhe-
cida como tensão última ( sult ). Após a tensão máxima, há diminuição de
carga, contudo, o material ainda se deforma, até sua ruptura. Essa região após
a tensão máxima até a ruptura é conhecida como estricção, e é uma caracte-
rística dos materiais dúcteis. Nesse caso, tensão máxima não apresenta o
mesmo valor da tensão de ruptura ( srup ).
Analisemos outro diagrama tensão-deformação para um material dúctil,
agora para o alumínio, como apresenta a Figura 2.6.
Figura 2.6 | Diagrama tensão-deformação para o alumínio (dúctil)
Fonte: adaptada de Beer et al. (2015, p. 54 e 55).
A partir da Figura 2.6a podemos compreender melhor uma propriedade

mecânica que foi citada: tensão de escoamento ( se ). A tensão de escoamento
é aquela em que as deformações elásticas e plásticas ocorrem
65
simultaneamente. Abaixo dessa tensão, há apenas deformação elástica e,
acima, apenas deformação plástica. Por convenção, a tensão de escoamento é
obtida quando se traça uma reta paralela à reta inicial do diagrama a 0,2% de
deformação; o ponto de intersecção das duas retas é o ponto de escoamento
(Figura 2.6b).
As deformações elástica e plástica também são propriedades mecânicas
dos materiais. Dizemos que o material apresenta deformação elástica quando
é aplicada uma força nele; mas quando a força é retirada, o material volta
às características, às propriedades e à forma original. Já os materiais que
apresentam deformação plástica são aqueles que, quando a força é retirada, a
deformação permanece; com isso, as propriedades e características já não são
mais as mesmas que as iniciais.
Pesquise mais
Veja mais sobre o comportamento elástico e plástico dos materiais
na página 59 do livro Mecânica dos materiais, disponível na Biblioteca
Virtual:
BEER, F. P. et al. Mecânica dos materiais. 7. ed. Porto Alegre: McGraw-
-Hill, 2015.
Aprenda mais sobre as propriedades mecânicas dos materiais no
Capítulo 3 do livro Resistência dos materiais, também disponível na
Biblioteca Virtual:
HIBBELER, R. C. Resistência dos materiais. 7. ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2010. p. 57-62.
Busque mais sobre as propriedades mecânicas dos materiais no
Capítulo 5 do livro Estática e resistência dos materiais para arquitetura
e construção de edificações, disponível na Biblioteca Virtual:
ONOUYE, B.; KANE, K. Estática e resistência dos materiais para arquite-
tura e construção de edificações. Rio de Janeiro: LTC, 2015.
A utilização dos materiais ocorre sempre na região elástica, distante do

ponto de escoamento. Isso ocorre pelo fato de sabermos como o material se
comporta quando solicitado e quanto de força é possível aplicar na estrutura
sem que haja falha. Até aqui foram vistas algumas propriedades mecânicas
importantes para o desenvolvimento de um projeto. As demais serão vistas
nas próximas seções.
66
Sem medo de errar
Retomando a situação-problema apresentada, o coordenador do projeto

precisava verificar as propriedades mecânicas de um material cujos dados
de força e alongamento obtidos em um ensaio de tração estão apresentados
no Quadro 2.1. O corpo de prova que foi avaliado apresentava diâmetro de 3
mm e comprimento de 300 mm.
Quadro 2.1 | Dados de ensaio da tração no material
Carga (N) d (mm) Carga (N) d (mm) Carga (N) d (mm) Carga (N) d (mm) Carga (N) d (mm)
0 0,0000 1000 0,0631 2000 0,1271 2800 0,4371 5000 1,1571
200 0,0125 1200 0,0759 2200 0,1671 3000 0,5171 5300 1,4571
400 0,0250 1400 0,0887 2400 0,2071 3500 0,6071 5000 1,8571
600 0,0375 1600 0,1015 2600 0,2571 4000 0,7571 4800 2,2571
800 0,0503 1800 0,1143 2600 0,3071 4500 0,9571 4500 2,6571
Com o laudo do ensaio de tração, o coordenador pediu que você verifi-

casse alguns pontos importantes desse material, como ductilidade, tensão
máxima e tensão de ruptura. Na análise do diagrama de tensão-deformação,
como saber se o material é dúctil ou frágil? De que forma isso influencia a
construção da estrutura principal do píer?
Com as informações de força e alongamento, calcularemos a tensão e a
deformação para construirmos o diagrama tensão-deformação desse
P
material. Para calcular as tensões, teremos de utilizar a equação s = ,
A
sendo os valores das forças apresentados no Quadro 2.1 e a área calculada
por:
3´10-3 m
A = p r2 = p ( )2 = 7,1´10-6 m2
2
d
A deformação específica é obtida por e = , lembrando que o compri-
L0
mento inicial é de 300 mm e os dados de alongamento estão no Quadro 2.1.
Com o cálculo das tensões e deformações, podemos construir o Quadro
2.2. Para isso, como exemplo dos cálculos a serem realizados, tomemos o
primeiro conjunto de valores diferente de zero, para força ( P = 200N ) e
67
variação de comprimento ( d = 0,0125mm ), para o cálculo de tensão ( s ) e
deformação ( e ). Dessa forma:
P 200 N
• Para o cálculo de tensão, temos s = = = 28,2 MPa .
A 7,1´10-6 m2
d 0,0125 mm
• Para o cálculo de deformação, temos e = = = 0,00004 .
L0 300 mm
Quadro 2.2 | Valores para tensão e deformação de um material hipotético
s s s s s
(MPa)
e (MPa)
e (MPa)
e (MPa)
e (MPa)
e
0,00 0,00000 140,8 0,00021 281,7 0,00042 394,4 0,00146 704,2 0,00386
28,2 0,00004 169,0 0,00025 309,9 0,00056 422,5 0,00172 746,5 0,00486
56,3 0,00008 197,2 0,00030 338,0 0,00069 493,0 0,00202 704,2 0,00619
84,5 0,00013 225,4 0,00034 366,2 0,00086 563,4 00,252 676,1 0,00752
112,7 0,00017 253,5 0,00038 366,2 0,00102 633,8 0,00319 633,8 0,00886
Por meio dos valores de tensão e deformação, é possível construir o

diagrama tensão-deformação, como apresenta a Figura 2.7.
Figura 2.7 | Diagrama tensão-deformação
Fonte: Masuela (2017, p. 83).
Analisando o diagrama, observamos a região de estricção, característica

de material dúctil. E as tensões obtidas são aproximadamente:
smáx = 750 MPa e srup = 630 MPa .
68
Vimos que o material em análise apresenta um comportamento dúctil.
Esse é o comportamento esperado do material que deve ser escolhido na
construção do píer, pois ele não apresenta rompimento brusco e possui uma
região de tensão confortável para o cálculo da aplicação de força. Assim,
podemos afirmar que, até aqui, por apresentar ductilidade, esse material
pode ser utilizado na construção do píer.
Resistência dos materiais na construção civil
Na construção civil, usa-se com frequência um material chamado concreto

armado. A tensão de compressão característica desse concreto apresenta um
valor de 20 MPa. Observe o Quadro 2.3, que apresenta os dados de um ensaio
destrutivo de compressão para o concreto, cujo corpo de prova apresenta 150
mm de diâmetro e 300 mm de comprimento.
Quadro 2.3 | Dados do ensaio de compressão para o concreto
Carga (kN) Variação de comprimento (mm)

0,0 0,0000
25,0 0,0150
47,5 0,0300
82,5 0,0500
102,5 0,0650
127,5 0,0850
150,0 0,1000
172,5 0,1125
192,5 0,1250
232,5 0,1550
250,0 0,1750
265,0 0,1875
Esse material é frágil ou dúctil? Analisando os dados obtidos no ensaio,

ele pode ser utilizado na construção civil?
69
O primeiro passo na resolução desse exercício é analisar os valores de
força e variação de comprimento. Vemos que os valores de força aumentam
e que a tensão máxima é igual à tensão de ruptura do material, característica
de um material frágil.
Agora, avaliemos os dados de tensão que o enunciado forneceu: ele diz
que a tensão de compressão característica desse concreto apresenta um valor
de 20 MPa, ou seja, essa é a tensão necessária que o material deve apresentar.
Analisando a Quadro 2.3, temos que o valor para a máxima força obtida no
ensaio é de 265 kN. Calculando a tensão, temos:
• Cálculo da área para d = 150 mm:
150´10-3 m 2
A = p r2 = p ( ) = 17,7´10-3 m2
2
• Cálculo da tensão:
265,0´103 N
s= = 15´106 Pa = 15 MPa
17,7´10-3 m2
Com a análise dos dados fornecidos do ensaio de compressão, verifi-
camos que o material é frágil e que apresenta tensão máxima de 15 MPa.
Dessa forma, ele não poderá ser utilizado no desenvolvimento do projeto,
pois deveria apresentar uma tensão de pelo menos 20 MPa. Para dar conti-
nuidade ao projeto, deverá ser escolhido outro tipo de concreto.
Faça valer a pena
1. Materiais dúcteis são aqueles que apresentam grandes deformações antes do

rompimento. Como exemplo desses tipos de materiais, temos o aço estrutural e
outros metais. Em um ensaio de tração, um corpo de prova é submetido a um carre-
gamento crescente, apresentando um aumento proporcional em seu comprimento na
região elástica do material.
Para uma barra de aço dúctil, qual o nome do fenômeno que ocorre após a tensão
última durante um ensaio de tração?
Assinale a alternativa correta.
a. Estricção.
b. Resiliência.
c. Elasticidade.
70
d. Plasticidade.
e. Ductilidade.
2. As propriedades mecânicas que o material apresenta o caracterizam para a sua

utilização no desenvolvimento de um projeto. Ou seja, dependendo das condições de
carregamento que a estrutura deverá suportar, é possível escolher, de maneira mais
adequada, qual material será selecionado.
Quanto às propriedades dos materiais, analise as afirmativas a seguir:
I. O material dúctil (exemplo: aço estrutural) é aquele que apresenta um patamar

de escoamento bem definido, ou seja, ele não se deforma antes de se romper.
II. O material frágil (exemplo: vidro) é aquele que não apresenta um patamar de
escoamento definido, ou seja, ele tem baixa deformação e sua ruptura é brusca.
III. A tensão normal de tração é aquela em que a barra poderá se alongar quando
aplicada uma força axial.
a. Apenas a afirmativa I está correta.
b. Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
c. Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
d. Apenas as afirmativas I e II estão corretas.

e. As afirmativas I, II e III estão corretas.
3. Carga axial é aquela aplicada perpendicularmente à área da seção transversal,

no eixo longitudinal do corpo. Ela pode ser do tipo tração, se alongar o material, ou
compressão, se contrair.
Um material está sob um carregamento axial de 32 kN, provocando uma tensão de

96 MPa. Qual deverá ser o diâmetro desse material para que atenda às condições de
carga e tensão?
a. Aproximadamente 0,204 m.
b. Aproximadamente 2,01 m.
c. Aproximadamente 0,00204 m.
d. Aproximadamente 20,4 mm.
e. Aproximadamente 0,204 mm.
71
Seção 2
Relação tensão-deformação
Diálogo aberto
Caro aluno, você já compreendeu a importância de conhecer um material
e suas propriedades, para poder utilizá-lo da melhor forma, proporcionando
um bom custo-benefício no desenvolvimento de um projeto. Vimos que nem
sempre o material mais caro é o mais adequado para a situação de carrega-
mento, mas, sim, os que apresentam características adequadas para suportar
os esforços a que serão submetidos.
Sendo assim, continuaremos com a análise das propriedades mecânicas
do material que nos foi fornecido. Agora, o coordenador do projeto de
construção do píer quer investigar o comportamento desse material no
regime elástico e pediu a você que analisasse o diagrama tensão-deformação
detalhadamente, extraindo o maior número de informações possíveis,
descrevendo o comportamento desse material na região elástica. Para isso,
forneceu-lhe o laudo do ensaio de tração de um corpo de prova de 3 mm de
diâmetro e comprimento inicial de 300 mm e, com esse laudo, você obteve os
valores de tensão-deformação (Quadro 2.2). O coeficiente de Poisson
também foi fornecido: n = 0,30 .
Quadro 2.2 | Valores para tensão e deformação de um material hipotético
s s s s s
(MPa)
e (MPa)
e (MPa)
e (MPa)
e (MPa)
e
0,00 0,00000 140,8 0,00021 281,7 0,00042 394,4 0,00146 704,2 0,00386
28,2 0,00004 169,0 0,00025 309,9 0,00056 422,5 0,00172 746,5 0,00486
56,3 0,00008 197,2 0,00030 338,0 0,00069 493,0 0,00202 704,2 0,00619
84,5 0,00013 225,4 0,00034 366,2 0,00086 563,4 00,252 676,1 0,00752
112,7 0,00017 253,5 0,00038 366,2 0,00102 633,8 0,00319 633,8 0,00886
Com os valores de tensão-deformação, construiu-se um diagrama tensão-

-deformação (Figura 2.7).
72
Figura 2.7 | Diagrama tensão-deformação
Fonte: Masuela (2017, p. 83).
Como isso influencia a escolha adequada do material? E qual relação o

comportamento do material na região elástica tem com o seu desempenho
quando carregado? Por fim, qual o valor do módulo de elasticidade e tenaci-
dade desse material?
Com o objetivo de responder a essas questões, devemos conhecer e
compreender os conceitos de módulo de elasticidade e deformação verdadeira
nos materiais. Para isso, devemos abordar a lei de Hooke e relacioná-la com
o coeficiente de Poisson para ser possível o cálculo do módulo de tenacidade.
Bons estudos!
Não pode faltar
Lei de Hooke
Analisando um diagrama tensão-deformação, compreendemos que toda
a estrutura está submetida a carregamento, também chamado de esforços
ou aplicação de carga. A partir desses carregamentos, obtemos os valores de
tensão e as variações na forma que a estrutura apresenta. Com esses valores,
podemos construir um diagrama tensão-deformação, como o da Figura 2.5.
Analisando o diagrama, podemos extrair as propriedades mecânicas que esse
material apresenta e interpretá-las.
73
Figura 2.5 | Diagrama tensão-deformação do aço estrutural (dúctil)
Até o momento, foram abordados os conceitos de tensão de escoamento,

tensão máxima, tensão de ruptura, região elástica e plástica e a região de
estricção, que caracteriza o material como frágil ou dúctil. Agora focaremos
a parte elástica desse diagrama tensão-deformação. Lembrando que a região
elástica está localizada abaixo da tensão de escoamento.
Como vimos, essa região é caracterizada pela aplicação de um carregamento
na estrutura, que se deforma; contudo, quando o carregamento é retirado, a
estrutura volta às suas características iniciais. Esse comportamento é obtido
devido à relação linear entre a tensão e a deformação nessa região elástica. Ou
seja, no início do diagrama tensão-deformação, há proporcionalidade direta
entre as grandezas tensão e deformação, em que a relação entre elas ocorre de
forma linear, representada por uma reta e expressa matematicamente por:
s=E e
Sendo E o módulo de elasticidade, também conhecido como módulo de

Young. Essa expressão matemática foi desenvolvida e definida por Hobert Hooke,
por volta de 1675, que afirma que a relação entre a tensão e a deformação, no
regime elástico, são diretamente proporcionais entre si através de uma constante.
Assimile
Outra situação em que esse conceito de proporcionalidade pode ser
aplicado é no cálculo de velocidade constante de um corpo através
do diagrama espaço-tempo. Nesse diagrama, o espaço varia de forma
diretamente proporcional ao tempo, apresentando uma reta linear cuja
constante de proporcionalidade entre eles é a velocidade:
S = vt
74
Sendo S o espaço percorrido, v a velocidade constante e t o tempo.
Módulo de elasticidade (E)

Vimos que o módulo de elasticidade (E) é a constante de proporciona-
lidade, no regime elástico, entre a tensão e a deformação em um diagrama
característico, indicando a inclinação da reta linear na região inicial do
diagrama. Essa constante é uma propriedade intrínseca do material e que
apresenta a sua rigidez, ou seja, a resistência à deformação elástica.
Analisando a equação de proporcionalidade e colocando o módulo de elasti-
s
cidade (E) em evidência, temos E = . Como a tensão apresenta unidade Pascal
e
(Pa), no Sistema Internacional (SI), e a deformação é adimensional, a unidade no
SI para o módulo de elasticidade também será Pascal (Pa). Dessa forma, podemos
concluir que essa grandeza é um tipo de tensão que o material apresenta. Como
é uma propriedade intrínseca, cada material apresenta um valor de módulo de
elasticidade (E) característico e tabelado.
Reflita
Observe a Figura 2.3. Ela apresenta, em um único plano, diagramas de
tensão-deformação para materiais diferentes. Contudo, pela inclinação
da reta linear, vemos que todos apresentam o mesmo módulo de elasti-
cidade (E). Como isso é possível? Essa coincidência nos valores apresen-
tados está relacionada com o quê?
Figura 2.3 | Diagrama tensão-deformação para o ferro e alguns aços
75
Para facilitar sua compreensão, observe que cada material sofreu algum
tipo de tratamento térmico ou termoquímico. Apenas um material
apresentado no gráfico é puro.
Na análise de um carregamento axial de tração, como apresentado pela

Figura 2.8, é possível aplicar a lei de Hooke se a tensão apresentada pelo
material não exceder seu limite de escoamento.
Figura 2.8 | Deformação apresentada por uma barra carregada axialmente
Nesse caso, podemos calcular o alongamento apresentado pelo material

d
partindo da deformação específica e = , isolando d :
Lo
d = e L0
s
Como s = E e ® e = , temos:
E
s
d= L0
E
P
E, ainda, s = , então podemos calcular a variação de comprimento por:
A
P L0
d=
AE
Essa equação pode ser utilizada em situações em que haja o regime linear
para uma força axial aplicada, levando em consideração apenas a deformação
apresentada no eixo de aplicação da força.
Coeficiente de Poisson
Quando uma força é aplicada sobre uma estrutura, ela se deforma tridi-
mensionalmente. Até o momento, estudamos as deformações que ocorrem
apenas na direção da aplicação da força. Agora compreenderemos como
realizar os cálculos para as demais deformações.
76
Imagine uma barra carregada axialmente por uma força de tração. Ao
aplicar o carregamento, a barra alonga-se no sentido longitudinal – como
vimos anteriormente – e contrai-se no sentido transversal (Figura 2.9a). Isso
também acontecerá, com sentido trocado, com um carregamento axial de
compressão: a barra se contrairá longitudinalmente e se alongará transver-
salmente (Figura 2.9b).
Figura 2.9 | Deformação apresentada devido a um carregamento axial
(a) (b)
Observe a Figura 2.9a. Ela apresenta uma barra de tamanho L, carregada

por uma força de tração P. Em relação à força P aplicada, a barra apresenta
um alongamento d em seu eixo longitudinal (comprimento) e uma contração
d ' em seu eixo transversal (raio r da barra). A Figura 2.9b apresenta as defor-
mações longitudinais e transversais na mesma barra, só que em um carrega-
mento de compressão aplicado.
A deformação apresentada pelo material no eixo de aplicação da força
axial ( elong ) pode ser expressa por:
d
elong =
L
E a deformação que ocorre no eixo transversal ( etrans ):
d'
etrans =
r
Em estudos realizados sobre as características de um material, o físico e
matemático francês Siméon Denis Poisson verificou que, sob regime elástico,
as deformações que ocorrem no sentido da força axial aplicada ( elong ) são
proporcionais às deformações que ocorrem no eixo transversal ( etrans ). Isso
ocorre pelo fato de as variações de comprimento d e d ' serem proporcionais.
Dessa forma, a razão entre a deformação transversal e a deformação longitu-
dinal são constantes. A essa constante foi dado o nome de coeficiente de
Poisson ( n ), em homenagem ao cientista responsável pela descoberta.
O coeficiente de Poisson ( n ) apresenta um valor numérico e único para
cada material isotrópico e homogêneo, expresso matematicamente por:
77
etrans
n =-
elong
O sinal negativo da equação para o coeficiente de Poisson indica que as
deformações sempre serão contrárias. Por exemplo, quando a força aplicada
no material for de tração, o material apresenta um alongamento no eixo
longitudinal e se contrai no eixo transversal.
Essa constante para os materiais é adimensional e seu valor varia de
0,0 £ n £ 0,5 , sendo mais comum encontrar valores entre 0,25 £ n £ 0,33 .
Sendo assim, de maneira simplificada, podemos dizer que o coeficiente de
Poisson é a propriedade mecânica que expressa a relação entre as deforma-
ções transversais e longitudinais apresentadas por um material quando uma
força é aplicada nele.
Módulo de tenacidade
Algumas propriedades mecânicas não são extraídas diretamente do
diagrama tensão-deformação, pois elas precisam ser calculadas, e o módulo
de tenacidade é um exemplo. Por definição, módulo de tenacidade é a quanti-
dade de energia que o material pode absorver antes de apresentar fratura.
Esse cálculo é realizado pela área sob a curva do diagrama tensão-defor-
mação, como apresentado pela Figura 2.10.
Figura 2.10 | Tenacidade de um material através da análise do diagrama tensão-deformação
78
A área sob a curva é obtida pelo cálculo da integral da curva do diagrama.
Contudo, é possível obter valores próximos utilizando a equação para
materiais dúcteis:
(se + sm ) e
Ut =
2
E, para materiais frágeis:
2(smáx é)
Ut =
3
Em que U t é o módulo de tenacidade (área sob a curva), se é a tensão de
escoamento, sm é a tensão máxima e e é o maior valor de deformação
específica na direção da força aplicada. Analisando os valores de tenacidade,
o material pode ser frágil, maleável, séctil, dúctil, flexível e elástico.
Exemplificando
Não confunda tenacidade com resiliência. A tenacidade é a capacidade
do material de absorver energia até a fratura, em um ensaio destrutivo
de tração e/ou compressão, envolvendo as deformações nos regimes
elástico e plástico. Já a resiliência é a capacidade do material de absorver
energia durante a deformação apenas no regime elástico. Vejamos um
exemplo relacionado à tenacidade e à resiliência, respectivamente:
• Em um exame de graduação (troca de faixa) de caratê, o atleta
deve quebrar um bloco de concreto com a mão. No momento
do impacto, o material absorveu toda energia e rompeu. Essa
energia absorvida até a fratura é chamada de tenacidade.
• Em uma prova de salto com vara, o atleta utiliza a vara para
projetar seu corpo para o outro lado da marcação. Nessa hora,
a vara se enverga e, depois de executar o movimento, retorna ao
formato que tinha antes. Nesse caso, toda a energia absorvida
pela vara durante a execução do movimento é chamada de resili-
ência. Quanto maior o valor para resiliência, maior será a quanti-
dade de energia restituída e maior será a deformação elástica
apresentada pelo material.
Além do módulo de tenacidade, que envolve a energia total absorvida

pelo material até a ruptura, também há a tenacidade à fratura ( K c ), que é
uma propriedade mecânica que indica a capacidade que um material
apresenta de resistir à propagação de trincas. Em outras palavras, podemos
dizer que a tenacidade à fratura mede a capacidade de uma estrutura, que
apresenta trincas, de suportar a tensão que será aplicada.
79
A tenacidade à fratura ( K c ) está relacionada com a espessura que o
material apresenta. Com o aumento da espessura, K c diminui até um valor
mínimo e constante, chamado de tenacidade à fratura no estado plano de
tensão ( K Ic ).
A resistência que um material apresenta depende de vários fatores. Dentre
eles, os mais importantes são:
• Trincas que apresentam grandes tamanhos reduzem o valor da
máxima tensão que pode ser aplicada no material. Com isso, técnicas
especiais de fabricação dos materiais reduzem o tamanho das trincas,
melhorando a resistência à fratura.
• A capacidade de deformação plástica e a utilização do material nessa
região é um fator crítico para o surgimento de trincas. Ao se aumentar
a resistência mecânica do material, diminui-se a tenacidade à fratura.
Pesquise mais
Veja mais sobre o módulo de tenacidade e a tenacidade à fratura nas
obras a seguir.
• Capítulo 6 do livro Ciência dos materiais, disponível na Biblioteca
Virtual: SHACHELFORD, J. F. Ciência dos materiais. 6. ed. São
Paulo: Pearson, 2008. p. 120‑160.
• Capítulo 7 do livro Ciência e engenharia dos materiais, disponível
na Minha Biblioteca: ASKELAND, D. R.; WRIGHT, W. J. Ciência e
engenharia dos materiais. 4. ed. São Paulo: Cengage, 2019. p.
175-204.
Estudar as propriedades mecânicas que um material apresenta nos traz

a certeza de saber qual o melhor material para ser utilizado no desenvol-
vimento de um projeto. Analisando as propriedades mecânicas estudadas
nesta seção, torna-se mais fácil a compreensão dos motivos pelos quais
um material deve ser solicitado com carregamentos que não ultrapassem o
regime elástico, pois nessa região é possível conhecer e prever o comporta-
mento que o material apresentará.
Sem medo de errar
Retomando a situação-problema apresentada, o coordenador do projeto

de construção do píer quer investigar o comportamento de um material no
regime elástico. Para isso, forneceu-lhe o laudo do ensaio de tração de um
corpo de prova de 3 mm de diâmetro e comprimento inicial de 300 mm e,
80
com esse laudo, você obteve os valores de tensão-deformação (Quadro 2.2).
O coeficiente de Poisson também foi fornecido: n = 0,30 .
Contudo, como isso influencia a escolha adequada do material? E qual
a relevância que o comportamento do material na região elástica tem com
o seu desempenho quando carregado? Por fim, qual o valor do módulo de
elasticidade e tenacidade desse material?
Na seção anterior, ao analisar o diagrama tensão-deformação, foram
extraídos alguns valores importantes. O Quadro 2.4 apresenta as informa-
ções da análise inicial do diagrama tensão-deformação.
Quadro 2.4 | Informações iniciais da análise do diagrama tensão-deformação
d = 3 mm se = 366,2 MPa ee = 0,00086
A = 7,1´10-6 m2 smáx = 746,5 MPa emáx = 0,00486
Lo = 300 mm srup = 633,8 MPa erup = 0,00886

Para calcular o módulo de elasticidade (E), devemos analisar o diagrama

tensão-deformação apresentado pela Figura 2.7 e verificar a região elástica. O
valor para a tensão de escoamento obtida por meio do diagrama é de
se = 366,2 MPa , dessa forma, a região elástica apresenta valores de tensão
menores do que a de escoamento.
Para o cálculo de E, podemos escolher qualquer valor arbitrário de tensão,
desde que esteja na região elástica (abaixo da tensão de escoamento). Para
facilitar as contas, escolhemos os valores para tensão e deformação, respec-
tivamente, de 197,2 MPa e 0,00030 (dados retirados do Quadro 2.2). Dessa
forma, calculamos E por:
s 197,2 MPa
E= = = 657,3 GPa
e 0,00030
Foi solicitado também o valor para o módulo de tenacidade ( U t ) do
material analisado. Para isso, como o material estudado apresenta um
comportamento dúctil, temos, segundo a equação:
(se + sm ) erup (366,2 MPa + 746,5 MPa)0,00886
Ut = = = 4,9 MPa
2 2
No diagrama tensão-deformação, os valores obtidos para deformação são
aqueles referentes à deformação do material na direção da força aplicada.
Contudo, sabemos que, quando carregado, o material apresenta deformação
em todas as direções, sendo possível calcular esses valores por meio da
81
equação do coeficiente de Poisson. Lembrando que esses cálculos só podem
ser realizados para um material que apresenta deformação elástica linear.
Consideremos os valores de tensão e deformação utilizados para o cálculo
do módulo de elasticidade ( s = 197,2 MPa; e =0,00030 ) para encontrar o
valor da deformação transversal apresentada pelo material:
etrans
n =- ® etrans = -n elong
elong
etrans = -0,3´0,00030 = 0,00009
Sendo assim, com os cálculos desenvolvidos, foi possível obter o módulo

de elasticidade de 660 MPa, o módulo de tenacidade de 4,9 MPa e saber como
ocorrem as deformações apresentadas pelo material no eixo transversal.
Analisando os valores obtidos, conseguimos compreender melhor o material
estudado. Ou seja, saber o quanto, em tensão, o material resiste para se deformar
elasticamente (através do módulo de elasticidade) e, por apresentar um baixo
valor de módulo de tenacidade, o material é maleável e se deforma com facili-
dade. Essas informações são importantíssimas para o desenvolvimento do
projeto, pois, na construção da estrutura de sustentação do píer, as barras devem
ser maleáveis (para facilitar o manuseio) e resistentes (pela força que deverão
suportar).
Analisar o comportamento do material na região elástica é necessário
para compreender como ele responderá quando solicitado, prevendo situa-
ções antes mesmo que elas aconteçam. Dessa forma, até aqui, pela análise
diagrama tensão-deformação, o material sugerido pelo cliente é uma boa
opção de escolha para a construção do píer.
Denominar o material através do módulo de

elasticidade
O módulo de elasticidade é uma propriedade mecânica intrínseca do

material. Isso significa que cada material apresenta um valor característico,
não dependendo da forma e tamanho do material, apenas dos próprios
componentes de que é feito. Observe o Quadro 2.5, que apresenta os valores
para o módulo de elasticidade de alguns materiais.
82
Quadro 2.5 | Módulo de elasticidade de alguns materiais
Material Módulo de elasticidade (GPa)
Chumbo (Pb) 13,8
Magnésio (Mg) 44,8
Alumínio (Al) 70,0
Fonte: adaptado de Askeland (2019, p. 150).
Em um diagrama tensão-deformação, essa propriedade é obtida pelo

coeficiente angular da reta linear na região elástica. O coeficiente linear é a
constante de proporcionalidade entre a tensão e a deformação na região
elástica, podendo ser calculado através de s = E e .
Analisando uma estrutura, considere uma barra circular com diâmetro de 32
mm e comprimento de 1,6 m. Nessa barra é aplicada uma força axial de tração
de 4 kN, apresentando uma variação em seu comprimento de 0,114 mm. A partir
dessas informações, identifique com qual material é constituída a barra.
Sabemos que o módulo de elasticidade é uma propriedade intrínseca do
material. Dessa forma, para conhecer o material estudado, é necessário obter o
valor do módulo de elasticidade (E). Para isso, alguns passos são necessários:
32´10-3 m
• Cálculo de área: A = p r 2 = p ( 2
) = 8´10-4 m2
2
P 4000 N
• Cálculo de tensão: s = = = 5 MPa
A 8´10-4 m2
-3
d 0,114´10 m
• Cálculo da deformação: e = = = 7,1´10-5
Lo 1,6 m
s 5 MPa
• Cálculo do módulo de elasticidade: E = = = 70 GPa
e 7,1´10-5
Comparando o resultado para E, obtido com os valores dados pelo
quadro, verificamos que o material utilizado na estrutura é o alumínio.
Faça valer a pena
1. As propriedades mecânicas dos materiais nos fornecem informações e caracte-

rísticas importantes para sua utilização em construções das mais diversas estruturas.
Essas propriedades são extraídas de ensaios mecânicos, sendo, dentre eles, o ensaio
destrutivo de tração o mais comum. Com os dados obtidos nesse ensaio, é possível
construir um diagrama tensão-deformação para realizar as análises necessárias.
83
Observe a figura a seguir, que apresenta vários diagramas tensão-deformação para
o ferro e diferentes tipos de aço. É possível notar que todos os materiais presentes
no diagrama apresentam valores diferentes para tensões de escoamento, tensões
máximas, tensões de ruptura e valores finais de deformação.
Diagrama tensão-deformação para o ferro e alguns aços
Mesmo apresentando diferentes propriedades físicas e mecânicas, há uma em

comum.
Assinale a alternativa que apresenta a propriedade mecânica em comum para as

curvas no diagrama.
a. Ponto de ruptura.
b. Módulo de elasticidade.
c. Módulo de deformação.
d. Módulo de resiliência.
e. Coeficiente de Poisson.
2. O cientista francês S. D. Poisson verificou que, para o cálculo da deformação de

um material, considerando-se a faixa elástica, a razão entre as deformações trans-
versal e longitudinal eram constantes e proporcionais. Por isso, essa constante é
chamada de coeficiente de Poisson ( n ) sendo o valor numérico único para cada
e
material homogêneo e isotrópico, expresso por n = - trans .
elong
84
Assinale a alternativa que explica corretamente o motivo de haver o sinal negativo na
equação de Poisson.
a. O sinal negativo na equação de Poisson se dá devido ao fato de que as defor-

mações sempre serão contrárias uma à outra, ou seja, quando ocorrer uma
deformação positiva (alongamento) no sentido longitudinal, existirá uma
deformação negativa (encurtamento) no sentido transversal, e vice-versa.
b. O sinal negativo na equação de Poisson se dá devido ao fato de o coeficiente

de Poisson ser adimensional.
c. O sinal negativo na equação de Poisson é atribuído por convenção, sem ter

relação com as deformações.
d. O sinal negativo na equação de Poisson se dá devido ao fato de que as defor-

mações sempre serão no mesmo sentido uma à outra, ou seja, quando ocorrer
uma deformação positiva (alongamento) no sentido longitudinal, existirá
uma deformação positiva (alongamento) no sentido transversal, e vice-versa.
e. O sinal negativo na equação de Poisson se dá devido ao fato de que as defor-

mações sempre serão contrárias uma à outra, ou seja, quando ocorrer uma
deformação positiva (encurtamento) no sentido longitudinal, existirá uma
deformação negativa (encurtamento) no sentido transversal, e vice-versa.
3. O módulo de Young, também conhecido como módulo de elasticidade (E), é uma

grandeza que está relacionada à rigidez de um material quando está submetido a
forças externas de tração e compressão no regime elástico. A tensão e a deformação
apresentadas pelo material, devido à força aplicada, se relacionam por s = E e , em
que: E é o módulo de elasticidade (cuja unidade no SI é Pascal), s é a tensão de
tração ou compressão aplicada (cuja unidade no SI é Pascal) e e é a deformação
elástica longitudinal do corpo de prova (adimensional).
Uma barra de alumínio com 125 mm de comprimento e que tem seção transversal quadrada
com 16,5 mm de aresta é tracionada com carga de 67 kN, apresentando um alongamento de
0,43 mm. Com esses dados, calcule o módulo de elasticidade (E) do alumínio.
a. 2,7 kPa.
b. 62 MPa.
c. 72 GPa.
d. 62 GPa.
e. 7,3 GPa.
85
Seção 3
Aplicação do estado plano de tensões
Diálogo aberto
Caro aluno, até o momento você estudou as propriedades mecânicas que
um material pode apresentar verificando as forças de tração e/ou compressão
aplicadas nele, atuando em seu eixo longitudinal. A essas forças damos o
nome de carregamento axial, e a resposta que o material apresenta ao carre-
gamento é chamada de tensão normal, ou apenas tensão, como vimos. Dessa
forma, também foi possível compreender os tipos de tensões normais que são
obtidas ao analisar um diagrama tensão-deformação e quais as deformações
apresentadas pelo material como consequência da força aplicada.
Dando continuidade ao estudo das propriedades mecânicas, chegou
a hora de conhecer mais um tipo de carregamento a que o material pode
estar sujeito: o carregamento de cisalhamento. A força de cisalhamento atua
no eixo transversal do corpo, fornecendo características importantes para o
material quando sujeitos a esse tipo de carregamento.
Dessa forma, voltando à análise das propriedades mecânicas de um
material, o coordenador do projeto de construção do píer lhe forneceu dados
do material sugerido pelo contratante e pediu a você que analisasse a viabili-
dade do seu uso. Ele lhe entregou um laudo do ensaio de tração desse material
para estudo e, até agora, você pôde compreender e relacionar algumas
propriedades mecânicas desse material, como ductilidade e tenacidade. No
entanto, você ainda não conseguiu concluir se esse material realmente pode
ser utilizado na construção do píer. Sendo assim, continuaremos a análise
das propriedades mecânicas desse material.
Para isso, você verificou a necessidade de aprofundar a análise buscando
entender qual comportamento seria apresentado quando um carregamento
de cisalhamento fosse aplicado e como seria descrito o estado plano de tensão
desse material. Você decidiu realizar o estudo do carregamento de cisalha-
mento em uma das estruturas de sustentação do píer, como apresentado na
Figura 2.11. Para facilitar os cálculos, você reduziu a escala em 50x. Nessa
escala, a espessura da estrutura é de 5 mm, suportando um carregamento de
1 kN e, por condição de segurança, a tensão admissível na emenda é de
s = 800 kPa e t = 600 kPa .
86
Figura 2.11 | Estrutura de sustentação do píer
Devido ao tamanho da estrutura, o coordenador também pediu a você

que verificasse a viabilidade de otimizar a quantidade de material, sendo
necessário realizar uma emenda na metade do comprimento da barra, como
mostrado na Figura 2.12.
Figura 2.12 | Emenda no comprimento da barra da estrutura de sustentação
Dessa forma, como a estrutura responde ao carregamento de cisalha-

mento aplicado? E quando, além do carregamento de cisalhamento, atua
um carregamento axial? Para essa situação, a emenda realizada na estrutura
atenderá às condições propostas no projeto? Com a análise concluída em
mãos, será possível, então, informar ao coordenador se o material que foi
sugerido é adequado para a construção do píer. Para isso, será necessário
compreender os conceitos de tensão de cisalhamento e o estado de tensões,
verificando como ocorre o plano de tensão, como as tensões principais estão
relacionadas e quais as aplicações dos conceitos envolvidos.
Bons estudos!
87
Não pode faltar
Tensões de cisalhamento
Vimos que, matematicamente, a tensão é expressa por um carregamento
aplicado em uma área específica de um material ou estrutura. Dessa forma,
a característica do carregamento define o tipo de tensão apresentada, por
exemplo: para um carregamento de tração, a tensão atuante é a de tração.
Até o momento, estudamos carregamentos do tipo axial (de tração e/ou
compressão) que atuam no eixo longitudinal do corpo, perpendicular à área
da seção transversal. Contudo, agora veremos outro tipo de carregamento: o
de cisalhamento.
O carregamento de cisalhamento é aplicado no eixo transversal do
material, paralelo à área da seção transversal, por esse motivo, dizemos que
essa força é do tipo cortante ( V ). Observe a Figura 2.13, que apresenta um
exemplo de um elemento estrutural sob a ação de uma força de cisalhamento,
também conhecida como força cortante.
Figura 2.13 | Elemento estrutural sob ação de força cortante ( V )
Fonte: Hibbeler (2010, p. 21).
Note que a Figura 2.13a apresenta um elemento estrutural retangular

apoiado sobre dois elementos menores, espaçados entre si. Os apoios (B e D)
são elementos rígidos, indeformáveis, mas a peça sobre os apoios é deformável.
Sobre essa peça deformável, está atuando uma força F, transversal aos planos
AB e CD. Há também esforços tangenciais ( V ) – do tipo de cisalhamento –
paralelos à área da seção transversal ( A ), como observamos na Figura 2.13b. A
tensão de cisalhamento ( t ) é observada na Figura 2.13c. Assim, como a força
cortante foi aplicada à área, podemos calcular a tensão de cisalhamento:
V
t=
A
88
Dessa forma, temos que a tensão de cisalhamento é apresentada pela letra
N
grega t (tau) e sua unidade no Sistema Internacional é 2 , também conhe-
m
cida como Pascal (Pa).
Assimile
A definição de tensão é a resposta do material à força aplicada. E pode
ser calculada através da intensidade da força dividida pela área da seção
transversal do material, com as dimensões anteriores à aplicação da
força. Contudo, não se esqueça de que, dependendo da força aplicada,
a tensão recebe um nome característico:
• Tensão de tração e/ou compressão: aquela que atua no eixo
longitudinal do material, perpendicular à área da seção trans-
versal.
• Tensão de cisalhamento: aquela que atua no eixo transversal do
material, paralela à área da seção transversal.
As condições de cisalhamento apresentadas por um material (e/ou estru-

tura) podem ser do tipo simples ou múltiplas (sendo mais comum o cisalha-
mento duplo nas condições múltiplas). Observe a Figura 2.14, que apresenta
duas barras A e B ligadas por um elemento estrutural – parafuso – CD.
Figura 2.14 | Estrutura sob cisalhamento simples
Analisando a Figura 2.14a, vemos que as barras A e B estão submetidas à

força de tração F e F’, proporcionando um esforço cisalhante ( V ) no parafuso.
A Figura 2.14b apresenta o diagrama de corpo livre para esse parafuso com a
região de cisalhamento em evidência. Dessa forma, realizando o corte na
região de cisalhamento e aplicando as condições de equilíbrio, temos que
F = P (Figura 2.14c), sendo P a força cortante no parafuso. Como é apresen-
tado apenas uma região de cisalhamento, dizemos, nesse caso, que o parafuso
está sob cisalhamento simples e a tensão de cisalhamento é calculada por:
P F
t= =
A A
89
Mas pode ocorrer mais de uma região de cisalhamento, como apresen-
tado na Figura 2.15, na qual dois parafusos (E e H) estão conectados por duas
barras chatas C e D.
Figura 2.15 | Cisalhamento duplo
No caso de cisalhamento duplo, há dois planos de cisalhamento, como

apresentado na Figura 2.15b. Aplicando as condições de equilíbrio, temos que
F = 2P (Figura 2.15c), assim, a tensão de cisalhamento pode ser descrita por:
F
P F
t= = 2=
A A 2A
Dessa forma, para cisalhamentos múltiplos, devemos sempre verificar as
regiões de cisalhamento e como a força de tração aplicada no material atua
nos elementos de ligação provocando o cisalhamento. Para desenvolver os
cálculos necessários, precisamos analisar o diagrama do corpo livre.
Estado de tensões
Observamos o comportamento de um material quando carregado axial-
mente em apenas uma direção. Contudo, torna-se necessário compreender o
comportamento de um material quando carregado nas três direções de um
eixo coordenado cartesiano, proporcionando tensões normais sx , s y e sz ,
apresentando valores diferentes de zero. A essa situação, damos o nome de
estado múltiplo de carregamento, como apresentado na Figura 2.16.
Figura 2.16 | Estado de tensão para um carregamento multiaxial
90
Para cada tensão apresentada, há uma deformação característica. Assim,
conforme a Figura 2.17, um material ao ser carregado nas três direções de
um eixo coordenado cartesiano, apresentará deformações em todos os lados,
medindo 1 + ex , 1 + ey e 1 + ez , sendo ex , ey e ez deformações na direção da
aplicação da força.
Figura 2.17 | Tensões normais e deformações nas três direções
Mesmo com as deformações ocorrendo ao mesmo tempo, nos três eixos

coordenados, é necessário analisar cada deformação separadamente, consi-
derando o princípio da superposição, que afirma ser possível verificar o efeito
de vários carregamentos separadamente e reunir os dados obtidos. Contudo,
para a utilização desse princípio, duas condições são necessárias:
1. Deve haver linearidade entre a tensão e a deformação. Ou seja, os
carregamentos devem provocar deformações elásticas no material.
2. A deformação apresentada pelo material, devido a um carregamento,
será pequena e não afetará as condições do outro carregamento.
Com esse conceito de tensões múltiplas é possível generalizar a lei de
Hooke para um carregamento multiaxial, verificando as deformações
etrans
apresentadas em cada eixo analisado. Como s = E e e n = - , as equações
elong
para as deformações são dadas por:
s x ns y nsz
ex = + - -
E E E
ns x s y nsz
ey = - + -
E E E
ns x ns y sz
ez = - - +
E E E
91
Lembrando que essas equações só podem ser utilizadas para um material
cujo carregamento provoca uma deformação na região elástica linear.
Até o momento foram estudadas as deformações apresentadas por um carre-
gamento axial. Quando uma força cortante de cisalhamento é aplicada no
material, proporciona mudança nos ângulos internos. A essa deformação damos
o nome de distorção ( g ), que pode ser observada na Figura 2.18 e que apresenta
unidade no Sistema Internacional em radianos (rad).
Figura 2.18 | Distorção devido ao carregamento de cisalhamento
Assim como em um ensaio de tração, é possível realizar um ensaio

destrutivo de cisalhamento para obter os valores para tensão de cisalhamento
( t ) e deformação de cisalhamento (distorção – g ) para a construção de um
diagrama tensão-deformação para cisalhamento. A Figura 2.19 apresenta um
exemplo desse diagrama para um material ideal.
Figura 2.19 | Diagrama tensão-deformação de cisalhamento
92
Pela análise desse diagrama, é possível extrair as propriedades mecânicas
desse material segundo um carregamento de cisalhamento aplicado, como
tensão máxima, região de escoamento, módulo de elasticidade, dentre outras.
Por falar em módulo de elasticidade, a lei de Hooke também se aplica ao
cisalhamento, na região elástica linear do gráfico, através de: t = G g , sendo
G o módulo de elasticidade para o cisalhamento.
As grandezas G, E e n são relacionadas por:
E
G=
2 (1 + n )
Dessa forma, em um mesmo material podem atuar carregamentos de
tração e de cisalhamento ao mesmo tempo, provocando tensões normais (
s x , s y e sz ) e cisalhantes ( t xy , t zx e t yz com suas correspondentes
t xy = t yx , t zx = t xz e t yz = t zy ), como observado na Figura 2.20. Dessa forma,
são necessárias seis componentes de tensões: três normais e três de
cisalhamento.
Figura 2.20 | Estado de tensão geral
Carregamentos desse tipo, em que atuam tensões normais e de cisalha-

mento, são aplicados em um plano oblíquo, ou seja, a área da seção trans-
versal é angulada, como apresentado na Figura 2.21. Na Figura 2.21, a barra
é carregada axialmente, mas o carregamento atua em um plano inclinado,
com um ângulo q , de área A0 .
93
Figura 2.21 | Tensões aplicadas em um plano oblíquo
Note que o carregamento P, aplicado à barra, permanece com a mesma

direção (Figura 2.21b), mas como há inclinação na área, o carregamento P
tem duas componentes de força, normal (F) e cisalhante (V), e devem ser
decompostas através de:
F = P cos q
V = P senq
A área inclinada também deve ser reescrita em função da área inicial:
A0
Aq =
cos q
F
E, ainda, as tensões normais e cisalhantes são escritas por s = e
Aq
V
t= , respectivamente. Com isso, podemos reescrever as tensões normais
Aq
e cisalhantes para esse carregamento oblíquo, respectivamente, por:
P cos q P
s= = cos 2 q
A0 A0
cos q
Psenq P
t= = sen q ćos q
A0 A0
cos q
Observe que, quando q = 0º , a tensão normal será máxima (conforme a
Figura 2.22b). E quando q = 45º , obtemos a tensão máxima de cisalhamento
P P
t = sen 45o ćos 45o = , que apresentará o mesmo valor da tensão
A0 2 A0
P P
normal (Figura 2.22c) descrita por s = cos2 45o =
A0 2 A0
Figura 2.22 | Tensões em um plano oblíquo
94
Para compreender melhor o multicarregamento oblíquo, observe a barra
apresentada na Figura 2.22, em que é considerado um cubo no meio da barra
em que duas laterais são paralelas às laterais da barra (Figura 2.22a). Nesse
caso, atua apenas um carregamento axial e a tensão obtida é a normal.
Contudo, se o cubo for rotacionado, no interior da barra, em torno do eixo z
a 45º , atuarão sobre ele forças axiais e cisalhantes e, por consequência,
tensões normais e de cisalhamento (Figura 2.22b). Como o ângulo de rotação
P
tem valor de 45º , t = s = .
2 A0
Estado plano de tensões e tensões principais
Vimos que, em um estado geral de tensão, um ponto é determinado por
seis componentes de tensão: três normais e três cisalhantes (Figura 2.23a).
Para facilitar a análise de problemas reais, é considerado sz = t zx = t zy = 0 ,
utilizando apenas o plano xy para a análise dos dados (Figura 2.23c). Sendo
assim, serão consideradas apenas as tensões sx , s y e t xy .
Figura 2.23 | Simplificação do estado de tensão
O estado plano de tensão apresenta três componentes de tensões atuando

( sx , s y e t xy ) em uma orientação específica ( q ). Caso a orientação mude, os
valores para as componentes também mudarão. Observe a Figura 2.24, que
traz um esquema explicativo da mudança de orientação específica do eixo.
Figura 2.24 | Estado plano de tensão
95
Analisando o estado plano de tensão, é possível determinar as tensões
normais máxima e mínima que ocorrerão nesse plano através de:
sx + s y sx + s y
s1,2 = ± ( )2 + t xy 2
2 2
Sendo s1 a tensão normal máxima e s2 a tensão normal mínima, ambas
tensões principais no plano. Já a tensão de cisalhamento máxima é dada por:
sx + s y
t xy = ( )2 + t xy 2
2
E, por fim, a tensão normal média:
sx + s y
sméd =
2
Exemplificando
Em um estado plano de tensão, a tensão máxima de cisalhamento pode
sx + s y
ser obtida através da equação t xy = ( )2 + t xy 2 . No estado
2
plano de tensão apresentado na Figura 2.25, qual o valor para a tensão
de cisalhamento máxima?
Resolução:
O primeiro passo é identificar os valores através da análise da Figura
2.25. Assim, temos que s x = -60 MPa, s y = -40 MPa e t xy = 35 MPa .
Observe que os valores das tensões normais em x e y são negativos. Isso
por conta do sentido de aplicação da força (compressão).
Feito isso, os valores devem ser aplicados à equação de tensão máxima
de cisalhamento:
96
sx + s y
t xy = ( )2 + t xy 2
2
(-60 MPa) + (-40 MPa)
t xy = [ ]2 + (35 MPa)2 = 36, 4 MPa
2
Aplicação dos conceitos de tensões principais
Podemos escrever as tensões normais máxima e mínima e a tensão de
cisalhamento através de um gráfico conhecido como círculo de Mohr.
Descrever graficamente essas tensões facilita a compreensão dos conceitos
envolvidos e o comportamento das tensões é descrito mais facilmente
quando a orientação dos eixos é modificada. A Figura 2.26 apresenta o plano
de tensão indicando as tensões principais.
Figura 2.26 | Tensões principais no plano de tensão
Já a Figura 2.27 apresenta um círculo de Mohr genérico com os pontos

especificados.
Figura 2.27 | Círculo de Mohr
97
Reflita
A Figura 2.27 é conhecida como círculo de Mohr. Note que os pontos A e
B são os valores das tensões principais de coordenadas (s1 ;0) e ( s2 ;0),
respectivamente, e centro C de ( sméd ;0). Qual a importância da obtenção
das tensões principais?
Nesse gráfico, o eixo das abcissas (com t = 0 ) contém os valores paras as

tensões principais máxima ( s1 ) e mínima ( s2 ). No eixo das coordenadas há os
valores para a tensão de cisalhamento, cuja tensão de cisalhamento máxima é o
raio R do círculo de Mohr. O centro do círculo (C) é obtido através do cálculo de
tensão normal média.
Pesquise mais
Veja mais a respeito da construção do círculo de Mohr no Capítulo 7
do livro: BEER, F. P. et al. Mecânica dos materiais. 7. ed. Porto Alegre:
McGraw-Hill, 2015.
Compreender quais os tipos de carregamentos estão atuando em uma

estrutura e como essa estrutura reage a eles é de suma importância para o
desenvolvimento seguro de um projeto. E, ainda, compreender as necessidades
que a estrutura deve suportar auxilia na escolha do material adequado para a
sua construção, analisando as propriedades mecânicas apresentadas por ele.
Sem medo de errar
Retomando a situação-problema, você decidiu realizar o estudo do carre-

gamento de cisalhamento em uma das estruturas de sustentação do píer,
como apresentado na Figura 2.11. Para facilitar os cálculos, você reduziu a
escala em 50x. Nessa escala, a espessura da estrutura é de 5 mm, suportando
um carregamento de 1 kN e, por condição de segurança, a tensão admissível
na emenda é de s = 800 kPa e t = 600 kPa .
98
Devido ao tamanho da estrutura, o coordenador também pediu a você
que verificasse a viabilidade em otimizar a quantidade de material, sendo
necessário realizar uma emenda na metade do comprimento da barra, como
mostrado na Figura 2.12.
Figura 2.12 | Emenda no comprimento da barra da estrutura de sustentação
Dessa forma, como a estrutura responde ao carregamento de cisalha-

mento aplicado? E quando, além do carregamento de cisalhamento, atua
um carregamento axial? Para essa situação, a emenda realizada na estrutura
atenderá às condições propostas no projeto? O material sugerido é adequado
para a construção do píer?
Para realizar os cálculos das tensões atuantes na emenda do projeto,
devemos inicialmente calcular a área da seção transversal onde será aplicado
o carregamento. Como a estrutura é vazada, a área da seção transversal será
obtida pela área da seção externa ( 50 mm´80 mm ) menos a área da seção
interna ( 40 mm´70 mm ):
A0 = (50´10-3 m´80´10-3 m) - (40´10-3 m´70´10-3 m) = 0,0012 m2
Para obter a tensão normal e a de cisalhamento nesse plano oblíquo,

P P
devemos utilizar, respectivamente, as equações s = cos 2 q e t = sen q cos q
A0 A0
. Contudo, devemos ter cautela em verificar o ângulo q que será utilizado
para realizar os cálculos. O ângulo q é aquele referente ao ângulo entre o eixo
das abcissas até o plano inclinado. Nesse caso, nosso ângulo será:
q = 90º -65º = 25º
Com os valores para as tensões admissíveis que foram fornecidos,

s = 800 kPa e t = 600 kPa , é possível calcular o carregamento P admissível
para tração e cisalhamento, respectivamente:
s A0 800´103 Pa´0,0012 m2
P= = = 1168,7 N
cos 2 25º cos 2 25º
99
t A0 600´103 Pa´0,0012 m2
V= = = 1879,8 N
sen25ºcos25º sen25ºcos25º
O carregamento previsto é de 1 kN, valor bem menor do que os valores
obtidos para tração e cisalhamento que a estrutura suporta com segurança.
Contudo, se a emenda fosse realizada com um ângulo de 45º, as forças de
tração e cisalhamento que a estrutura suportaria seriam, respectivamente:
P = s 2 A0 = 800´103 Pa´2´0,0012 m2 = 1920 N
V = t 2 A0 = 600´103 Pa´2´0,0012 m2 =1140 N
Comparando os resultados dos valores de carregamento que a estrutura

suporta, seria mais conveniente realizar a emenda com um ângulo de 45º, já
que os valores admitidos são maiores do que para 25º. Ou seja, pensando em
segurança, o projeto estaria mais seguro com a emenda realizada a 45º.
Por fim, para finalizar a análise desse material, as tensões principais e a
tensão de cisalhamento devem ser calculadas para a estrutura com e sem a
emenda e apresentar um gráfico explicativo ao coordenador. Para isso, com
os dados obtidos no projeto, podemos construir um estado plano de tensão
da estrutura analisada, apresentada pela Figura 2.28a, sem emenda, e pela
Figura 2.28b, com a emenda.
A tensão normal no estado plano de tensão será a força de 1 kN aplicada,

dividida pela área da seção transversal calculada de A0 = 0,0012 m2 . Dessa
forma:
1000 N
sy = = 833,3´103 Pa = 833,3 kPa
0,0012 m2
100
Nesse caso, sx = t xy = 0 . Com esses valores, é possível calcular as tensões
principais máxima e mínima, respectivamente:
0 kPa + 833,3 kPa 0 kPa + 833,3 kPa
s1 = + ( )2 + (0 Pa)2 = 833,3 kPa
2 2
0 kPa + 833,3 kPa 0 kPa + 833,3 kPa
s2 = - ( )2 + (0 Pa)2 = 0 Pa
2 2
Por fim, deve-se calcular a tensão média e a tensão máxima de cisalha-
mento, respectivamente:
0 Pa + 833,3 kPa
sméd = = 416,7 kPa
2
0 Pa + 833,3 kPa 2
t máx = ( ) + (0 Pa)2 = 416,7 kPa
2
Com os dados obtidos para as tensões principais e de cisalhamento
máxima, é possível construir o círculo de Mohr, para facilitar a compreensão
e a análise dos dados. O círculo de Mohr para essa situação, em que há, na
estrutura, uma emenda de 65° (25° entre o eixo das abcissas até o plano incli-
nado), está apresentado na Figura 2.29.
Figura 2.29 | Círculo de Mohr referente ao carregamento em uma emenda de 25º
Por fim, analisando os carregamentos e o comportamento do material

segundo as condições que serão submetidas à estrutura, o material sugerido
é adequado para o desenvolvimento do projeto.
101
Dimensionamento do diâmetro de um rebite
Ao aplicar uma força no eixo transversal de um corpo, ele reage à força

aplicada apresentando uma tensão e, como consequência, uma deformação.
A essa força aplicada no eixo transversal de um corpo, paralela à área da
seção transversal, é dado o nome de tangencial ou cisalhamento, cuja tensão
provocada também será de cisalhamento. Forças desse tipo são conhecidas
como forças cortantes, por serem responsáveis pelo rompimento ou fratura
dos corpos.
Esse tipo de força normalmente atua nos elementos de ligação, responsá-
veis por unir peças ou materiais em uma estrutura. Tais elementos de ligação
devem ser dimensionados para suportar o esforço cortante a que serão
submetidos.
Dessa forma, apresente o valor do diâmetro de um pino que possa unir,
com segurança, três chapas como no esquema apresentado pela Figura 2.30.
O material do pino deve suportar uma tensão de 267 MPa.
Figura 2.30 | Elemento de ligação entre três chapas
V
A tensão de cisalhamento é dada por t = e, no caso apresentando pela
A
Figura 2.30, o pino que une as três chapas sobre cisalhamento duplo, pois há
duas regiões de cisalhamento. Dessa forma, temos que V = 2F. Assim, a
V
equação para o cálculo da tensão de cisalhamento é definida por t = .
2A
V 40000 N 40000 N
Isolando a área, temos: A = = = = 0,000075 m2 .
2t 2´267 MPa 2´267´106 Pa
Com o valor de área, calculamos o raio:
102
A 0,000075 m2
A = p r2 ® r= = = 0,00488 m .
p p
Por fim, o diâmetro: d = 2 r = 2´0,00488 m = 0,0098 m = 9,8 mm .
Faça valer a pena
1. Um corte por cisalhamento pode ser realizado colocando-se uma chapa ou

material, que deve ser cortado, entre duas facas de corte. Nesse sistema, a chapa é
cortada, ou podemos dizer que o esforço cortante é realizado pelo movimento das
duas facas de corte. Elas penetram no material a ser cortado, criando uma zona de
deformação e o corte por cisalhamento.
A letra grega t (tau) representa a tensão de cisalhamento, que está relacionada com
a força cortante V em relação à área da seção transversal A . Sua unidade, no Sistema
N V
Internacional, é 2 , e a equação que a define é descrita por t = .
m A
Assinale a alternativa que expressa corretamente o conceito de tensão de cisalhamento.
a. A tensão de cisalhamento é um tipo de tensão gerada devido à aplicação, na

seção transversal de um material, de forças de mesma direção, porém com
sentido contrário, proporcionando no material uma deformação ou corte.
b. A tensão de cisalhamento é definida pela força normal em relação à área da

seção transversal da peça.
c. As tensões de cisalhamento tendem a provocar um alongamento na estrutura
solicitada.
d. As tensões de cisalhamento são aquelas aplicadas ao eixo longitudinal do

corpo, perpendicular à área da seção transversal.
e. As tensões de cisalhamento ocorrem toda vez que uma força qualquer é

aplicada no material.
2. Uma tensão de cisalhamento provoca uma deformação de cisalhamento, conhe-

cida como distorção. A tensão e a deformação de cisalhamento se relacionam linear-
mente no regime elástico, através de uma constante de proporcionalidade G, conhe-
cida como módulo de elasticidade para cisalhamento. A relação de tensão e defor-
mação de cisalhamento é dada por: t = G g . Sendo:
• t = tensão de cisalhamento.
• G = módulo de elasticidade para cisalhamento.
• g = deformação de cisalhamento.
103
Segundo essa temática, assinale a alternativa correta.
a. A distorção do ângulo é conhecida como deformação de cisalhamento, repre-

sentada pela letra grega g e expressa em Pascal.
b. G é chamado de módulo de elasticidade ao cisalhamento ou transversal e,

até mesmo, módulo de rigidez. Seu valor também pode ser medido pela
inclinação da reta do diagrama tensão-deformação de cisalhamento e tem
a mesma unidade que o módulo de elasticidade longitudinal, o Pascal (Pa).
c. G é chamado de módulo de elasticidade ao cisalhamento ou transversal e,

até mesmo, módulo de rigidez. Seu valor também pode ser medido pela
inclinação da reta do diagrama tensão‑deformação de cisalhamento e tem
a mesma unidade que o módulo de elasticidade longitudinal, Newton (N).
d. A lei de Hooke, que relaciona a tensão com a deformação, é válida apenas

para ser aplicada na região plástica.
e. A deformação de cisalhamento é expressa em metros (m).
3. No estado plano de tensões, as tensões principais são os valores extremos (máximo

e mínimo) entre todas as tensões normais atuantes no ponto. O estado de tensão de
um segmento é mostrado na figura a seguir.
Estado plano de tensão de um segmento
Assinale a alternativa que expresse, respectivamente, os valores para as tensões princi-

pais ( s1 e s2 ).
a. -34,5 MPa e 104,5 MPa.
b. 104,5 MPa e 34,5 MPa.
c. 34,5 MPa e -104,5 MPa.
d. 104,5 MPa e -34,5 MPa.
e. -104,5 MPa e 34,5 MPa.
104
Referências
ASKELAND, D. R.; WRIGHT, W. J. Ciência e engenharia dos materiais. 4. ed. São Paulo:
Cengage, 2019. p. 175-204. [Minha Biblioteca]. Disponível em: https://integrada.minhabiblio-
teca.com.br/#/books/9788522128129/cfi/187!/4/2@100:0.00. Acesso em: 18 jul. 2019.
BEER, F. P. et al. Mecânica dos materiais. 7. ed. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2015. [Minha
Biblioteca]. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580554991/
cfi/466!/4/2@100:0.00. Acessado em: 1 jun. 2019.
GERE, J. M.; GOODNO, B. J. Mecânica dos materiais. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
MASUELA, F. B. Resistência dos materiais. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional

S.A., 2017.
SHACHELFORD, J. F. Ciência dos materiais. 6. ed. São Paulo: Pearson, 2008. [Biblioteca Virtual].
Disponível em: https://bv4.digitalpages.com.br/?term=ci%25C3%25AAncia%2520e%2520en-
genharia%2520dos%2520materiais&searchpage=1&filtro=todos&from=busca&page=120&-
section=0#/legacy/424. Acesso em: 18 jul. 2019.
Unidade 3
Estudo das seções planas
Convite ao estudo
Caro aluno, chegou o momento de compreender os conceitos geomé-
tricos das superfícies das seções transversais (local onde os carregamentos
são aplicados), como a estrutura reage quando solicitada e quais os pontos
principais em que o carregamento atua em um material. Vamos compre-
ender que o centro gravitacional de um corpo nem sempre é o mesmo ponto
que o centro de massa e entender qual a diferença entre eles. Pare e pense em
alguma situação de equilíbrio de corpos, como um equilibrista em um circo,
ou quando empilhamos materiais, como eles se equilibram? Há um ponto
principal para que o equilíbrio ocorra? Qual é o nome desse ponto? E por
que, através de um movimento, o equilíbrio se desfaz? O que provoca a queda
dos objetos? Para responder a esses questionamentos, temos de entender
como uma força atua em um corpo, uma estrutura, qual é o ponto de atuação
da força e como a estrutura responde a isso.
Dessa forma, nesta unidade estudaremos as propriedades de duas das
seções transversais que um material pode apresentar: retangular e do tipo
T. Isso é importante para compreender qual é o local de atuação da força
quando ocorre um carregamento na estrutura, com foco no centro de gravi-
dade e análise das áreas compostas.
Enfim, o projeto de construção do píer foi finalizado e entregue. O
coordenador do projeto ficou muito feliz com o seu desempenho e compro-
metimento na execução das etapas e solicitou a você que contratasse dois
estagiários que ficariam sob a sua supervisão.
Tempos depois, você foi apresentar aos estagiários o projeto de construção
do píer, para que eles estudassem os conceitos abordados e compreendessem
como ocorreu o desenvolvimento das etapas do projeto. Familiarizados com
o projeto, você os levou para ver o píer construído, para que eles pudessem
comparar o projeto no papel com o projeto real construído. Contudo, ao
mostrar as partes que compõem o píer, você verificou um problema em uma
das vigas de sustentação: ela parecia fletida.
Você levou essa informação ao coordenador do projeto e, juntos, vocês
decidiram visitar o píer. Ao vistoriar as vigas que sustentam o píer, ele
concordou com sua análise inicial. Por esse motivo, solicitou que verificasse
essa situação e apresentasse um laudo técnico contendo todas as informações
necessárias. Quais conceitos devem ser analisados e quais cálculos devem ser
desenvolvidos para averiguar se a viga em questão está realmente fletida? Se
for constatado que ela está sob flexão, que danos isso traz para a estrutura?
Como esse problema pode ser solucionado?
Para realizar essa tarefa, é necessário que você esteja apto a: conhecer e
calcular o centro de gravidade da viga, levando em consideração as áreas
compostas; calcular o momento de inércia dos materiais; e calcular a flexão
na viga.
Seção 1
Introdução às características geométricas
Diálogo aberto
Caro aluno, nesta seção abordaremos os conceitos relacionados às
características geométricas dos materiais. Até o momento, foram estudados
os esforços axiais (tração e compressão) e transversais (cisalhamento) nos
materiais, bem como quais deformações são provocadas por eles. A partir
desses dados, estudamos a construção de um diagrama tensão/deformação
para avaliar as principais propriedades mecânicas. Agora precisamos
conhecer a geometria do material para compreender como um esforço de
flexão atua sobre ele e como se dá a resposta à aplicação da força. Como a
geometria de um material pode influenciar a atuação da força? Os cálculos
para verificar o ponto principal de atuação de força são os mesmos, indepen-
dentemente da geometria do material? Quais características geométricas
devem ser analisadas? Para ser possível responder a esses questionamentos,
devemos compreender as características geométricas de superfícies planas.
Voltando ao contexto de aprendizagem desta unidade, já sabemos que um
problema foi verificado em uma das vigas que compõem o píer: ela parece fletida.
O coordenador do projeto pediu que você investigasse essa situação e envolvesse
os estagiários nessa análise para prepará-los para outro projeto em vista, no qual
será necessária a atuação deles. Então, para iniciar as análises investigativas, você
marcou uma reunião com os estagiários com o objetivo de apresentar os conceitos
que seriam abordados preliminarmente. A partir de sua experiência na área, você
chegou à conclusão de que, antes de calcular a flexão, é necessário calcular o centro
de gravidade da viga levando em consideração sua área composta.
Como os estagiários ainda não tiveram contato com situações desse
tipo, você sentiu a necessidade de retomar o esboço inicial do projeto de
construção do píer (apresentado na Figura 1.20).
109
Também considerou importante realizar, com eles, as observações e os
cálculos da viga, utilizando como base a Figura 2.11.
Você comentou essa situação com o coordenador do projeto e ele,

gostando da ideia, pediu que fosse elaborado um relatório com todas as
informações obtidas desse estudo. A viga, que será analisada, apresenta seção
retangular? Ou apresenta seção do tipo T? Qual é o valor do centro de gravi-
dade da viga?
Para o desenvolvimento dessa atividade, serão abordados os conceitos de
seção retangular, seção T, cálculo do centro de gravidade e áreas compostas.
Está preparado para mais um desafio? Bons estudos!
Não pode faltar
Seção retangular
Em resistência dos materiais, denominamos seção a região plana em
que será aplicado o carregamento na estrutura. Normalmente, chamamos
essa região de transversal, pois o corte é feito transversalmente à estrutura
principal, como pode ser observado na Figura 3.1.
Figura 3.1 | Representação da seção transversal de uma viga
110
Até agora, para os cálculos de tensão, calculamos apenas a área da seção
transversal, sendo que, para cada geometria plana, há uma equação de área
característica. No caso do retângulo, calculamos a área pelo valor da base
vezes o valor da altura. Contudo, é possível obter outras informações que
podem ser extraídas no cálculo da seção transversal retangular, como pode
ser visto na Figura 3.2, que representa uma seção retangular maciça.
Figura 3.2 | Informações da seção transversal retangular maciça
Através da Figura 3.2, é possível notar que, além dos valores da base ( B )
e altura ( H ), existem outras características na seção transversal do retângulo
que podem ser calculadas, como o centro gravitacional ( cg ) e os valores para
as posições em x ( Xcg ) e y ( Ycg ) no eixo de coordenadas cartesiano. Com
essas características, podemos calcular, além da área da seção, o momento de
inércia em x ( I xx ) e em y ( I yy ), o módulo de resiliência e o raio da inércia.
Os passos para os cálculos dessas características serão vistos posteriormente.
Assim como é possível obter informações no cálculo da seção retangular
maciça, também conseguimos extrair informações no cálculo de uma seção
transversal retangular vazada (Figura 3.3).
Figura 3.3 | Informações da seção transversal retangular vazada
111
No caso da seção retangular vazada, as mesmas características podem ser
obtidas, levando-se em consideração a superfície vazada. Para o cálculo de
área, por exemplo, a área total da seção transversal vazada será a área externa
( Ae = B ´ H ) menos a área interna ( Ai = b´ h ), ou seja:
A = Ae - Ai = (B ´ H ) - (b ´ h)
É importante ressaltar que um material pode apresentar seção transversal

de qualquer tipo, ou seja, de qualquer forma geométrica (circular, quadrada,
entre outras). Contudo, na prática, a maioria delas é do tipo retangular.
Reflita
A seção transversal pode apresentar diferentes formas, entre elas a
retangular. Caso a seção transversal apresente uma forma geométrica
complexa, pode ser desmembrada em formas geométricas conhecidas
para realizar os cálculos necessários, como é o caso da seção T, como
veremos a seguir.
Seção T
Além da seção retangular, outra geometria muito utilizada, na prática, é a
seção T. Ela recebe esse nome porque apresenta a forma geométrica de um T,
conforme mostra a Figura 3.4.
Figura 3.4 | Seção tipo T
Analisando a seção transversal do tipo T (Figura 3.5), é possível calcular

sua área, o centro gravitacional ( cg ) e as coordenadas no plano cartesiano
para as posições em x ( Xcg ) e y ( Ycg ). Analogamente à seção retangular, é
possível calcular o momento de inércia em x ( I xx ) e em y ( I yy ), o módulo
de resiliência e o raio da inércia, que serão vistos na Seção 3.2.
112
Figura 3.5 | Informações da seção transversal tipo T
Exemplificando
Apresente o valor de área para a seção T apresentada na Figura 3.6.
Figura 3.6 | Seção T
Resolução:
Para o cálculo de área da seção T é necessário dividir a seção em duas
partes, como mostra a Figura 3.7.
Figura 3.7 | Seção T seccionada
Feito isso, deve-se calcular a área para a seção retangular 1 e somar com
a área da seção retangular 2:
• Área em 1:
113
A1 = 20 mm´90 mm =1800 mm² = 0,0018 m²
• Área em 2:
A2 = 40 mm´30 mm =1200 mm² = 0,0012 m²
• Área da seção T:
AT = 0,0018 m² + 0,0012 m² = 0,0030 m²
No cálculo de uma estrutura com seção T, devemos verificar a largura que

absorve os esforços de compressão. Analisando a Figura 3.5, essa largura é
dada por b , que suporta o peso de B mais o carregamento que será aplicado.
Seções do tipo T de concreto podem ser feitas de duas formas:
1. Pré-moldadas: fabricadas já no formato desejado.
2. Moldadas no local a serem utilizadas: vigas retangulares em conjunto
com lajes vizinhas.
As aplicações para as seções do tipo T são diversas, como em seções de
pontes rodoviárias e em lajes de pavimento.
Centro de gravidade
Pela definição física podemos afirmar que o centro de gravidade ( cg ),
também chamado de baricentro, é o ponto no material e/ou estrutura em
que atua a força da gravidade (força gravitacional, também conhecida como
peso). Se o corpo for pequeno o suficiente para descartar as dimensões,
pode-se dizer que o centro de gravidade é o mesmo que o centro de massa.
Assimile
Centro de gravidade ( cg ) é o ponto no qual a força da gravidade atua.
Já o centro de massa ( cm ) é o ponto onde toda a massa do corpo está
concentrada e o local onde todas as forças externas atuam.
A Figura 3.8 apresenta um exemplo do centro de gravidade ( cg ) em um

corpo qualquer. Nesse ponto, atua a força gravitacional ( Fg ), também conhe-
cida como força peso. Essa força é calculada pela massa ( m ) que o corpo
possui vezes a aceleração da gravidade ( g ), ou seja, Fg = m´ g .
114
Figura 3.8 | Centro de gravidade
Colocando o corpo em um sistema de coordenadas cartesiano, é possível

obter os valores para as posições em x ( Xcg ) e em y ( Ycg ), conforme mostra
a Figura 3.9.
Figura 3.9 | Centro gravitacional e posições X cg e Ycg
Um corpo é constituído de várias partículas, e em cada uma dessas partí-

culas atua uma força gravitacional. Quando observamos o corpo como um
todo, também analisamos a força gravitacional como um todo, isto é, a massa
utilizada é a massa total do corpo (a somatória da massa de todas as partí-
culas que compõem o corpo), e o peso utilizado é o peso referente à massa
total que esse corpo apresenta. Dessa forma, podemos afirmar que o centro
de gravidade ( cg ) é a soma de todas as forças gravitacionais que atuam sobre
o corpo com suas respectivas distâncias. Assim, podemos calcular o centro
de gravidade ( cg ) da seguinte maneira:
PT × rcg = P1 × r1 + P2 × r2 + ... + Pn × rn
Dividindo o valor obtido pelo peso total, obtemos o valor do ponto do

centro de gravidade ( rcg ):
P1 × r1 + P2 × r2 + ... + Pn × rn
rcg =
PT
115
Não podemos esquecer que o centro de massa possui uma ideia
semelhante ao centro de gravidade. Para calcular o centro de gravidade utili-
zamos a força gravitacional. Já, para o cálculo do centro de massa ( cm ), utili-
zamos a massa. A equação para o cálculo do centro de massa ( cm ) pode ser
escrita assim:
m1 × r1 + m2 × r2 + ... + mn × rn
rcm =
mT
As equações para as posições em x ( Xcg ) e em y ( Ycg ), respectivamente,

são dadas por:
P1 × x1 + P2 × x 2 + ... + Pn × xn
X cg =
PT
P1 × y1 + P2 × y2 + ... + Pn × yn
Ycg =
PT
Agora, imagine um carro que possui 58% de seu peso atuando sobre as
rodas dianteiras. O cálculo para o centro de gravidade, supondo que os eixos
dianteiro e traseiro estão afastados em 2m , pode ser descrito por:
P1 × x1 + P2 × x 2 (0,58 P × 0 m) + (0, 42 P × 2 m)
X cg = = = 0,84 m = 84 cm
PT P
Nesse caso, consideramos o peso total do carro como P , e o eixo dianteiro
como ponto zero no sistema de coordenadas cartesiano, assim como o eixo
traseiro no valor de 2m .
Pesquise mais
Veja mais a respeito de centro de massa e centro gravitacional no
Capítulo 9 do livro Física 1, disponível em Minha Biblioteca.
RESNICK, R.; HALLIDAY, D.; KRANE, K. S. Física 1. 5. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2003. p. 209-210.
Áreas compostas
É comum calcularmos as áreas de superfícies planas já conhecidas, como
quadrado, triângulo, círculo, entre outras. Para essas formas geométricas, há
uma equação de área já predefinida, como pode ser visto no Quadro 3.1.
116
Quadro 3.1 | Equações para superfícies planas mais conhecidas
Forma geométrica Equação Legenda
Triângulo
A = área
b×h b = base
A=
2 h = altura
Quadrado
A = área
A = L2 L = lado
Retângulo
A = área
A = b×h b = base
h = altura
Trapézio
A = área
( B + b) × h b = base menor
A= B = base maior
2
h = altura
Losango
A = área
D×d d = diagonal menor
A=
2 D = diagonal maior
Círculo
A = área
A = p ×r2 p = constante Pi (3,14)
r = raio
117
Contudo, calcular a área de superfícies compostas nem sempre é uma
tarefa fácil. Isso pelo fato de sempre ser necessário separar a superfície
principal em figuras geométricas cujas equações de áreas sejam conhecidas.
Por exemplo, observe a Figura 3.10, pois ela traz uma superfície composta
por duas áreas distintas.
Figura 3.10 | Área composta
Note que é possível separar a área principal em duas áreas distintas, como
mostra a Figura 3.11.
Figura 3.11 | Área composta separada em duas partes
Nesse caso, a área total será a soma das duas áreas em destaque, A e B .
A superfície A apresenta forma de metade de um círculo, cujo diâmetro
apresenta valor de 3cm . Dessa forma, podemos calcular o valor da área de A
por:
p r2 p (1,5 cm)2
AA = = = 3,5 cm2
2 2
118
Já o cálculo da área da parte B , que apresenta a forma de um quadrado
de lado 3cm , é:
AB = lado´lado = 3 cm´3 cm = 9 cm2
Dessa forma, a área da superfície composta será a soma das duas áreas
calculadas separadamente:
A = 3,5 cm2 + 9 cm2 =12,5 cm2
Agora, observe o exemplo apresentado pela Figura 3.12. Nesse caso,

vamos calcular o valor da área escura.
Figura 3.12 | Cálculo da área escura
Nesse caso, devemos calcular a área do quadrado e subtrair a área da

circunferência:
A = Aq - Ac
A = (4 m´4 m)-[p (2 m)2 ]=16 m2 -12,6 m2 = 2, 4 m2
Dessa forma, todas as vezes em que houver uma situação de cálculo

de área de superfícies planas compostas, verifique em quantas geometrias
conhecidas você consegue dividir a superfície, calcule a área de cada uma
delas e some (ou subtraia) os resultados, obtendo o valor da área total.
Conhecer a geometria da superfície em que há a aplicação de força é de
suma importância para desenvolver corretamente os cálculos de centro de
gravidade, tensão, flexão e compreender as propriedades que aquele material
apresentará quando for solicitado.
Sem medo de errar
Retomando o contexto de aprendizagem, um problema foi verificado em

uma das vigas que compõem o píer: ela parece fletida. O coordenador do
projeto pediu para que você investigasse essa situação. Como os estagiários
ainda não tiveram contato com situações desse tipo, você sentiu a necessidade
119
de retomar o esboço inicial do projeto de construção do píer (apresentado na
Figura 1.20) e de realizar, com eles, as observações e os cálculos da viga com
base na Figura 2.11. A viga apresenta seção retangular? Ou apresenta seção
do tipo T? Qual é o valor do centro de gravidade da viga?
Para realizar as análises necessárias, será utilizada a estrutura de susten-
tação do píer (Figura 2.11). Vamos relembrar as dimensões e a geometria que
essa estrutura apresenta, com espessura de 5mm , lembrando que as dimen-
sões foram reduzidas em escala para facilitar os cálculos.
Vemos que a viga de sustentação do píer apresenta seção retangular

vazada, e sua área pode ser calculada por A = Ae - Ai = (B ´ H )-(b ´ h) . Dessa
forma, a área, para essa situação, será:
A = Ae - Ai = (50 mm ´ 80 mm)-(40 mm ´ 70 mm) = 0,0012 m2
O centro gravitacional ( cg ) da seção retangular vazada é localizado no

centro da estrutura, que, nesse caso, coincide com seu centro de massa ( cm ).
Dessa forma, temos:
X cg = 25 mm
Ycg = 40 mm
Para essa seção, a força peso é aplicada em seu centro gravitacional, e

todas as outras forças externas que atuam na estrutura são aplicadas nesse
mesmo ponto.
Com base nesse estudo, compreendemos a geometria da viga e apren-
demos a calcular sua área e seu centro gravitacional. Por meio desses dados,
conhecemos a forma pela qual uma força atua na estrutura e como ela
responde a esse carregamento.
120
Cálculo de área composta
Em um terreno há um espaço que precisa ser revestido com piso antider-

rapante. A área que deverá ser revestida está apresentada na Figura 3.13.
Qual quantidade de piso, em m2 , será utilizada para revestir a área solicitada?
Figura 3.13 | Área a ser revestida
A área que deve ser revestida apresenta geometria complexa. Contudo,
é possível dividir a região principal em regiões menores para facilitar os
cálculos de área. A Figura 3.14 apresenta esse processo.
Figura 3.14 | Área a ser revestida subdividida
A área total será a soma das áreas de A , B e C . Dessa forma, vamos

calcular a área de cada região separadamente:
b´h
4 m´2 m
• Área A (triângulo): AA = = = 4 m2
2 2
• Área B (retângulo): AB = b´h = 4 m´2 m = 8 m2
121
p × r 2 p × (2m)2
• Área C (meio círculo): AC = = = 6,3m2
2 2
Assim, a área total será:
AT = AA + AB + AC = 4m2 + 8m2 + 6,3m2 = 18,3m2
Essa será a quantidade de piso necessária para o revestimento. Contudo,

como não é possível comprar valor fracionado, serão necessários 19m2 de piso.
Faça valer a pena
1. Consideramos o centro de gravidade de um corpo o ponto em que a força gravi-

tacional, também conhecida como força peso, atua.
Quando o corpo apresenta dimensões que podem ser desprezadas, o centro gravita-
cional está localizado:
a. Em sua superfície.
b. No vértice.
c. Na extremidade oposta ao centro de massa.
d. Na base inferior.
e. No mesmo ponto do centro de massa.
2. Muitas figuras geométricas têm forma desconhecida. Contudo, é possível separá-las

em formas conhecidas para calcular a área e perceber algumas propriedades importantes.
Observe a figura, a seguir, que apresenta área composta.
Figura | Área composta
Assinale a alternativa que expressa a área total dessa figura, em metros quadrados.
a. 0,0156 .
b. 15600 .
122
c. 0,0084 .
d. 8400 .
e. 280 .
3. Um triângulo equilátero intercepta um círculo em seu centro. O triângulo

apresenta lado com tamanho de 6m e o círculo possui raio de 3m .
Figura | Círculo interceptado por um triângulo
A área total da circunferência, dividida por seis partes iguais, fornece

o valor da parte do triângulo no interior da circunferência. Dessa forma,
calcule a área da região escura da figura apresentada.
a. 28,3m2 .
b. 15,6m2 .
c. 10,9m2 .
d. 5,2m2 .
e. 4,7m2 .
123
Seção 2
Momento de inércia
Diálogo aberto
Olá, aluno! Vamos continuar o estudo dos conceitos relacionados às
características geométricas dos materiais. Nesta seção, compreenderemos os
conceitos relacionados ao momento de inércia de um material ou estrutura e
como isso está relacionado com a resistência dos materiais. Você já observou
o movimento de uma bailarina quando ela gira de braços abertos ou braços
fechados? Uma roda gigante em funcionamento ou até mesmo um eixo de
carro? Essas são algumas situações em que o momento de inércia atua.
Agora, reflita: como a geometria, apresentada por um material, influencia
em seu momento de inércia? Quais cálculos devem ser realizados para
conhecer o momento de inércia? E, por fim, qual a importância de estudar
essa grandeza? Para ser possível responder a essas perguntas, será neces-
sário compreender os conceitos envolvidos em momento de inércia de uma
estrutura.
Retomando o contexto de aprendizagem apresentado, vimos que, em uma
das vigas da estrutura que compõe o píer, foi detectada uma possível situação
de flexão. O coordenador pediu que você verificasse essa situação, envol-
vendo os estagiários, para que eles se familiarizassem com as atividades do
projeto. Em um primeiro momento, você verificou a necessidade de abordar
conceitos iniciais, para que eles pudessem compreender conceitualmente o
problema apontado, a fim de buscar possíveis soluções.
Contudo, mesmo depois de tratar sobre os conceitos importantes para
compreensão do projeto, os estagiários ainda apresentavam dificuldade
em entender o que estava acontecendo na estrutura e quais problemas isso
poderia acarretar futuramente.
Frente a essa situação, você decidiu aprofundar os conceitos relacionados
às geometrias que uma estrutura pode apresentar, enfatizando a teoria envol-
vida no momento de inércia em seções retangulares, associada principal-
mente com as tensões e deformações apresentadas por flexão, para, final-
mente, calcular o momento de inércia da viga de estrutura de sustentação do
píer, como a apresentada na Figura 2.11.
124
Para que isso seja possível, serão abordados os conceitos relacionados à

linha neutra, símbolos e unidades no Sistema Internacional (SI), momento
de inércia em seções retangulares e aplicações envolvendo momento de
inércia. Preparado para mais esse desafio? Bons estudos!
Não pode faltar
Linha neutra
Chamamos de linha neutra, ou eixo neutro, a região de um corpo defor-
mado por flexão que separa a zona comprimida (deformação negativa) da
zona tracionada (deformação positiva). Nesse ponto, a tensão que atua no
material é nula. Como essa linha passa pelo centroide (centro de gravidade)
da estrutura, para encontrá-la é necessário calcular o centroide da seção
transversal. Observe a Figura 3.15, ela apresenta uma estrutura com a linha
neutra especificada pela linha pontilhada que passa no eixo longitudinal do
corpo.
Figura 3.15 | Linha neutra em uma estrutura qualquer
Fonte: adaptada de http://twixar.me/Zrxn. Acesso em: 22 ago. 2019.
Quando aplicada uma força de flexão no corpo (ou estrutura), ele

reage apresentando uma tensão e, consequentemente, uma deformação.
A linha neutra, então, muda segundo a força aplicada, tornando mais
125
fácil a visualização do comportamento da estrutura em razão do carrega-
mento sofrido. Observe a Figura 3.16, ela apresenta uma viga carregada
uniaxialmente.
Figura 3.16 | Viga sob carregamento de flexão
Fonte: adaptada de http://twixar.me/Zrxn. Acesso em: 22 ago. 2019.
Pela Figura 3.16, vemos que a linha neutra é modificada quando uma força
de flexão é aplicada perpendicularmente ao eixo transversal do corpo, provo-
cando uma região tracionada (alongando a estrutura principal, apresentando
uma tensão máxima de tração) e uma região comprimida (diminuindo a
estrutura principal, apresentando uma tensão máxima de compressão), que
nesse caso ocorrem na parte inferior e superior, respectivamente.
Reflita
Uma tensão de tração, apresentada por um material, provoca alonga-
mento e deformação positiva. Já uma tensão de compressão provoca
diminuição de tamanho e, por consequência, deformação negativa.
Quando uma carga de flexão é aplicada ao material, ele apresenta
curvatura positiva ou negativa. Como essa curvatura está relacionada
com a força de tração ou de compressão?
A linha neutra intercepta a seção transversal do corpo em seu centro

gravitacional, e as duas regiões obtidas – superior e inferior – apresentam
simetria entre si, pois as deformações longitudinais em cada ponto da seção
transversal retangular são proporcionais à distância até a linha neutra.
Símbolos e unidades no Sistema Internacional (SI)
É muito importante conhecer as unidades das grandezas em questão no
desenvolvimento de um projeto, construção de uma estrutura ou escrita de
um trabalho científico. Ao longo do nosso estudo, compreendemos a impor-
tância da criação do Sistema Internacional de Unidades (SI) e algumas situa-
ções de conversão de unidades para uma mesma grandeza, como transformar
a velocidade de quilômetros por hora ( km h ) para metros por segundo ( m s ).
126
Agora, teremos como foco os principais símbolos e as unidades do SI
para as grandezas físicas relacionadas com uma estrutura quando carregada.
Dessa forma, serão abordadas as unidades de comprimento, área, força e
tensão com seus fatores de conversão.
Para grandezas que apresentam valores muito grandes ou muito pequenos,
são utilizados prefixos de base 10 para facilitar a escrita do módulo, acompa-
nhado sempre da unidade de medida. O Quadro 3.2 apresenta os principais
prefixos utilizados.
Quadro 3.2 | Principais prefixos de base 10
Potência Prefixo Nomenclatura
10 12 tera T
10 9 giga G
10 6 mega M
103 quilo k
10 2 hecto h
101 deca da
10 -1 deci d
10-2 centi c
10 -3 mili m
10-6 micro m
10 -9 Nano n
10-12 Pico p
No SI a unidade para o comprimento é dada em metros ( m ). Contudo, é

comum encontrarmos unidades para comprimento em centímetro ou quilô-
metro, por exemplo. O Quadro 3.3 apresenta as unidades de comprimento
relacionadas com os fatores de conversão.
Quadro 3.3 | Unidades de comprimento e os fatores de conversão
m mm mm cm dm km
m 1 106 103 102 10 10-3

mm 10-6 1 10-1 10-4 10-5 10-9
mm 10-3 103 1 10-1 10-2 10-6
127
cm 10-2 104 10 1 10-1 10-5
dm 10-1 105 102 10 1 10-4
km 103 109 106 105 10 4 1
A área de superfície apresenta uma equação característica para cada

geometria. Sua unidade no SI é dada em metro quadrado ( m2 ). O Quadro 3.4
apresenta as unidades de área relacionadas com os fatores de conversão.
Quadro 3.4 | Unidades de área e os fatores de conversão
m2 mm2 mm2 cm2 dm2 km2
m2 1 1012 106 10 4 102 10-6
mm2 10-12 1 10-6 10-8 10-10 10-18
mm2 10-6 106 1 10-2 10-4 10-12
cm2 10-4 108 102 1 10-2 10-10
dm2 10-2 1010 10 4 102 1 10-8
km2 106 1018 1012 1010 108 1

Assimile
Na unidade de área, quando usamos o prefixo, ele também é elevado ao
quadrado. Dessa forma, o mili na unidade milímetro apresenta valor
diferente do mili na unidade milímetro quadrado, ou seja: mm ¹ mm2 .
No primeiro caso, temos que mm = 10-3 m . No segundo caso, tanto o
prefixo quanto a unidade estão ao quadrado, então:
mm2 = (10-3 m)2 = 10-6 m2 .
Por definição, vimos que a força provoca ou altera o movimento em um

corpo e sua unidade no Sistema Internacional é dada em Newton ( N ), que
kg × m
nas unidades básicas é descrita por N = . O Quadro 3.5 apresenta as
s2
unidades de força relacionadas com os fatores de conversão.
128
Quadro 3.5 | Unidades de força e os fatores de conversão
N kN MN
N 1 10 -3
10-6
kN 103 1 10-3
MN 10 6
10 3 1
Por fim, a tensão, calculada em função da força dividida pela área da

seção transversal, apresenta, no SI, a unidade Pascal ( Pa ), que nas unidades
N kg
básicas é descrita por Pa = = . O Quadro 3.6 apresenta as unidades
m2 m × s 2
de tensão relacionadas com os fatores de conversão.
Quadro 3.6 | Unidades de tensão e os fatores de conversão
N
Pa MPa mm2
Pa 1 10-6 10-6
MPa 10 -6 1 1
N 1 1
mm2 106
Momento de inércia em seções retangulares

Podemos definir o momento de inércia ( I ) como a grandeza física que
está associada à resistência em alterar o estado de movimento de rotação de
um corpo, ou seja, é a grandeza física associada à inércia de rotação apresen-
tada por um corpo. Dessa forma, quanto maior o momento de inércia de um
corpo, maior a dificuldade em alterar o seu estado de rotação, influenciando
diretamente na velocidade de rotação. Então, dizemos que quanto maior o
momento de inércia de um corpo, maior a sua resistência em mudar a veloci-
dade angular ( w ).
Podemos calcular o momento de inércia de um corpo rígido em torno de
um eixo de rotação através de: I = mr 2 , sendo I o momento de inércia, m a
massa do corpo e r a distância perpendicular até o eixo de rotação. Por essa
relação vemos que o momento de inércia é diretamente proporcional à massa
do corpo, assim, quanto maior a massa que um corpo apresenta, maior será
seu momento de inércia. No Sistema Internacional, o momento de inércia
apresenta unidade kg ×m2 .
129
Pesquise mais
Leia o item 6.2 do capítulo de livro indicado a seguir:
ONOUYE, B. Propriedades das seções transversais dos elementos estru-
turais. In: ONOUYE, B.; KANE, K. Estática e resistência dos materiais
para arquitetura e construção de edificações. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2015. p. 274-304.
O momento de inércia calculado por I = mr 2 é válido apenas para situa-

ções nas quais o corpo está posicionado a uma distância r fixa até o eixo de
rotação. Entretanto, dependendo da geometria que o corpo apresenta, a
equação para o cálculo do momento de inércia deverá ser modificada.
Vejamos algumas situações para o cálculo do momento de inércia
segundo a geometria apresentada pelo corpo:
1
• Cilindro maciço de massa M e raio R , temos I = M R2 .
2
• Cilindro vazado de massa M , raio externo R e raio interno r , temos
M 2
I= (R + r 2 ) .
2
1
• Para uma barra de massa M e comprimento L , temos I = M L2 ,
12
que levando em consideração os dados de base ( b ) e altura ( h ),
1
temos: I = M (b2 + h2 ) .
12
Observe a Figura 3.17, ela apresenta o momento de inércia para as geome-
trias mais comuns que podem ser apresentadas pelos corpos.
Figura 3.17 | Alguns momentos de inércia
Fonte: Halliday, Resnik e Krane (1996, p. 372).
130
O Teorema dos Eixos Paralelos, também conhecido como Teorema de
Steiner, é utilizado quando for relacionar o momento de inércia I com um
eixo de rotação que passe pelo centro de massa, podendo ser o eixo relacio-
nado ao centro gravitacional. Como vimos, nem sempre o centro gravita-
cional coincide com o centro de massa.
A equação para o Teorema dos Eixos Paralelos é dada por I = ICM + M d 2
, sendo d referente à distância perpendicular aos dois eixos e ICM o momento
de inércia referente ao centro de massa de um corpo. Podemos utilizar a
teoria dos eixos paralelos para encontrar o momento de inércia de diversas
geometrias em situações em que o material rotacione em um eixo diferente
do centro de massa.
Para melhor compreensão, imagine um material retangular que rotaciona
em torno de um eixo diferente ao seu centro de massa. Observe a Figura 3.18,
ela apresenta esse material e o eixo de rotação O .
Figura 3.18 | Barra rotacionando em torno de um eixo qualquer
Em relação ao centro de massa, o momento de inércia de uma geometria

1
retangular é dado por I = M (b2 + h2 ) . Utilizando a Teoria dos Eixos
Paralelos, podemos calcular o12momento de inércia para a situação da Figura
3.18 por I = ICM + M d 2 .
1 é1 ù
Sendo I = ICM = M (b2 + h2 ) , temos I = ê M (b2 + h2 )ú + M d 2 .
12 ê
ë 12 úû
Nesse caso, o valor para d é o referente à metade da altura h . Dessa
h
forma, d = . Assim:
2
2 2
é1 ù æhö é 1 ù h
I = ê M (b2 + h2 )ú + M çç ÷÷÷ = ê M (b2 + h2 )ú + M Þ
êë 12 úû çè 2 ø êë 12 úû 4
131
M 2 M 2 M 2 M 2 4M 2 M 2
I= b + h + h = b + h ÞI= (b + 4h2 )
12 12 4 12 12 12
Além do cálculo do momento de inércia e da Teoria dos Eixos Paralelos,
temos o momento de inércia de área, também chamado de momento de
inércia de segunda ordem de área. Essa propriedade está relacionada à seção
plana de um corpo submetido a um carregamento, que tenha relação com a
resistência à deformação. Apesar da semelhança, não podemos confundir o
momento de inércia de área com o momento de inércia de massa, quando
levamos em consideração a rotação dos corpos.
Para essa situação, o momento de inércia de área apresenta equações
diferentes segundo o eixo de coordenadas que é levado em consideração.
Observe a Figura 3.19, ela apresenta uma geometria retangular, com dois
eixos coordenados: xy e x ' y ' .
Figura 3.19 | Geometria retangular com dois eixos coordenados
No caso da geometria retangular, apresentada pela Figura 3.19, os

momentos de inércia de área podem ser calculados, no eixo xy e x ' y ' ,
respectivamente, por:
bh3 b3 h bh3 b3 h
Ix = ; Iy = e Ix' = ; I y' =
3 3 12 12
A Figura 3.20 apresenta uma geometria triangular, com dois eixos coorde-
nados: xy e x ' y ' . Para essa situação, os momentos de inércia de área podem
bh3 bh3
ser calculados, no eixo xy e x ' y ' , respectivamente, por: I x = ; Ix' = .
12 36
132
Figura 3.20 | Geometria triangular com dois eixos coordenados
A Figura 3.21 apresenta uma geometria circular, com o eixo de coorde-

nados xy . Para essa situação, o momento de inércia de área é calculado por:
pr4
Ix = I y = .
2
Figura 3.21 | Geometria circular no eixo coordenado
Exemplificando
Observe a Figura 3.22, ela apresenta uma seção retangular de uma
estrutura qualquer.
Figura 3.22 | Seção retangular de uma estrutura hipotética
133
Apresente a área da seção transversal retangular, em metros quadrados,
e o momento de inércia, em metro a quarta, que passa pelo centroide
da seção transversal retangular.
Resolução:
• Para o cálculo de área, temos:
A = b´h = 20,3 mm´63,5 mm = 0,00129 m2

• O momento de inércia para essa geometria é calculado por:
1 1
I = bh3 = (20,3 mm)(63,5 mm)3 = 4,33´10-7 m4
12 12
Aplicação do momento de inércia

A energia cinética ( K ) ocorre no movimento de translação, ou seja, o
movimento descrito por um corpo variando a sua posição em um tempo
específico. A energia cinética está diretamente relacionada à massa do corpo:
quanto maior a massa, maior será a energia cinética que o corpo apresentará.
1
Sua equação é dada por K = mv 2 e sua unidade no Sistema Internacional é
2
kg × m2
Joule ( J ), que, pelas unidades principais, é descrita por J = .
s2
Destaca-se que a energia cinética está presente no movimento de rotação
de alguns corpos. Como exemplo temos uma usina eólica, em que a hélice
gira em torno de um eixo principal, ou o movimento das engrenagens que
fazem parte dos motores em máquinas. Vamos compreender como a energia
cinética está relacionada com o momento de inércia.
A velocidade linear de uma partícula em um corpo rígido, em relação ao
2p r 2p
seu eixo principal de rotação, é descrita por v = , sendo a velocidade
T T
angular ( w ) apresentada pelo corpo. Dessa forma, podemos escrever a
velocidade linear por v = w r e, por consequência, a velocidade angular é
v
descrita por w = .
r
Assim, podemos escrever a energia cinética ( K ) em função da veloci-
1 1 1
dade angular ( w ) por K = mv 2 e K = m (w r )2 = m w 2 r 2 . Como I = mr 2 ,
2 2 2
1
temos K = I w 2 .
2
Com essa equação, é possível calcular a energia cinética de um corpo que
apresenta rotação pura. E, assim, relacionamos o momento de inércia de um
corpo com sua energia cinética.
134
Além disso, o trabalho de uma força ( W ) está associado à quantidade de
energia recebida ou perdida por um material ao executar uma atividade. O
trabalho de uma força é calculado pela força aplicada vezes a distância obtida.
Contudo, o trabalho de uma força ( W ) também pode ser definido pela
variação da energia cinética apresentada pelo corpo na execução da ativi-
dade, ou seja, W =DK = K f - K i , em que K f é a energia cinética ao final do
movimento e K i , a energia cinética no início do movimento. Dessa forma,
é1 ù é1 ù
podemos escrever o trabalho por W = K f - K i e W = ê I (w f )2 ú - ê I (wi )2 ú .
êë 2 úû êë 2 úû
Essa relação é conhecida como Teorema da Energia Cinética em Função
do Momento de Inércia.
O momento de inércia está presente em todas as situações em que um
corpo apresenta movimento de rotação. Contudo, nem sempre relacionamos
essa teoria com o nosso cotidiano. Por exemplo: o movimento de uma roda
gigante, o abrir ou fechar de uma porta, a rotação da Lua em torno da Terra,
o movimento da roda do carro, dentre outros.
Sem medo de errar
Retomando a situação-problema desta seção, você decidiu aprofundar

os conceitos relacionados às geometrias que uma estrutura pode apresentar,
enfatizando a teoria envolvida no momento de inércia em seções retangu-
lares, associada, principalmente, com as tensões e deformações apresentadas
por flexão, para, finalmente, calcular o momento de inércia da viga de estru-
tura de sustentação do píer.
Para realizar os cálculos solicitados, será utilizada a estrutura de susten-
tação do píer, apresentada na figura 2.11. Lembrando que essa estrutura tem
espessura de 5mm e que as dimensões foram reduzidas em escala para
facilitar os cálculos.
135
Analisando essa figura, vimos que a estrutura de sustentação do píer é
vazada e apresenta seção retangular. Nesse caso, vamos calcular o momento
1
de inércia de área através da equação I = bh3 , levando em consideração a
12
área externa e a área interna:
æ1 ö æ1 ö
I = çç bh3 ÷÷ -çç bh3 ÷÷
èç12 ÷ø èç12 ø÷
ext int
Aplicando os valores e lembrando que essa estrutura apresenta espessura

de 5mm , temos:
é1 ù é1 ù
I = ê (50 mm)´(80 mm)3 ú - ê (40 mm)´(70 mm)3 ú
êë 12 úû ext êë 12 úû int
-6 4 -6 4 -6 4
I = (2,13´10 m ) - (1,14´10 m ) = 0,99 ´10 m
O momento de inércia representa a dificuldade que um material tem para

executar um movimento de rotação. No caso da viga em estudo, vimos que o
momento de inércia obtido foi de I = 0,99 ´10-6 m4 , levando em consideração a
linha neutra no centro gravitacional, lembrando que estamos trabalhando em
escala. A partir dos cálculos de momento de inércia, será possível compreender como
a estrutura se comportará quando carregada por flexão, assunto da próxima seção.
Cálculo do momento de inércia de um eixo

vazado
Observe a Figura 3.23, ela mostra o eixo de transmissão de um carro. A

barra que une os pontos A e B apresenta seção transversal circular vazada,
com diâmetro externo de 65mm e diâmetro interno de 55mm .
Figura 3.23 | Representação de um eixo de transmissão
136
Para conhecer o torque máximo do motor e a tensão de cisalhamento
atuante, é necessário primeiramente calcular o momento de inércia dessa
geometria: seção circular vazada. Sendo assim, qual é o valor para o momento
de inércia na barra que une os pontos A e B?
O tubo que une os pontos A e B apresenta seção de geometria circular
vazada. Dessa forma, para o cálculo do momento de inércia devemos levar
em consideração o diâmetro externo e interno:
p (rext )4 p (rint )4 p [(rext )4 - (rint )4 ]
I= - =
2 2 2
O diâmetro externo apresenta valor de 65mm , sendo o raio externo de
32,5mm . Já para o diâmetro interno de 55mm , o raio interno será de 27,5mm .
Então:
p [(32,5 mm)4 - (27,5 mm)4 ]
I= = 8,54 ´ 10-7 m4
2
Faça valer a pena
1. O Sistema Internacional de Unidades e Medidas, conhecido como SI, foi criado

para padronizar as unidades das grandezas físicas. Nele, a unidade de medida para
área é metro quadrado ( m2 ); contudo, é comum encontrarmos valores para área em
outras unidades, como milímetros quadrados ( mm2 ).
Considere um cilindro com diâmetro de 110mm e comprimento de 0,5m . Calcule a

área da seção transversal em mm2 e m2 , respectivamente.
a. 0,0095 e 0,0095 .
b. 9503,3 e 9503,3 .
c. 172,8 e 0,173 .
d. 0,173 e 9503,03 .
e. 9503,3 e 0,0095 .
137
2. Em relação à linha neutra nas estruturas que sofrem um carregamento de torção,
analise o excerto a seguir, completando as lacunas.
“Chamamos de linha neutra, ou eixo neutro, a região de um corpo que foi deformado
por flexão que separa a __________ (deformação negativa) da __________ (defor-
mação positiva)”.
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas.
a. zona tracionada; zona comprimida.
b. zona tracionada; região esticada.
c. zona comprimida; zona tracionada.
d. região esticada; região esticada.
e. região comprimida; região comprimida.
3. O momento de inércia de um corpo está relacionado com a resistência ao

movimento de rotação apresentada por ele. Quanto maior a massa, maior será a resis-
tência, ou seja, maior o momento de inércia.
Observe a barra maciça apresentada pela figura a seguir. Essa barra apresenta massa
de 0,5kg e comprimento de 1m . A 30cm do centro gravitacional há um eixo
perpendicular em que a barra desenvolverá um movimento de rotação.
Figura | Barra em relação ao eixo de rotação
Assinale a alternativa que expressa o valor do momento de inércia da barra maciça, com
unidade kg m2 (quilograma por metro quadrado), em relação ao eixo de rotação.
a. 0,009 .
b. 0,097 .
c. 0,97 .
d. 9,7 .
e. 97 .
138
Seção 3
Flexão
Diálogo aberto
Olá, aluno! Nesta seção, vamos estudar o comportamento de um
material quando submetido a um carregamento de flexão. Esses conceitos
estão presentes em situações em que ocorrem a curvatura de uma estrutura,
ou elemento estrutural, devido ao esforço aplicado. Vamos a um exemplo
simples: quando comprimimos uma régua escolar de acrílico, ela apresenta
curvatura antes do rompimento; essa curvatura é conhecida como flexão.
Sendo assim, depois de abordarmos conceitos importantes para a
compreensão da geometria de uma estrutura, ou geometria da seção plana de
um material, podemos compreender os conceitos envolvidos em um carrega-
mento de flexão e como o material responde a ele.
Estudar a flexão nos corpos é muito importante para entender o valor de
carga máxima de flexão que pode ser aplicada, sem que cause deformação
plástica na estrutura. Vimos, anteriormente, que as cargas que atuam no
eixo longitudinal do corpo – cargas de tração e compressão – e as cargas que
atuam no eixo transversal – cisalhamento – apresentam um valor limite que
separa a região elástica da plástica. Esse valor limite é chamado de tensão
de escoamento ou limite de escoamento, e nesse ponto as deformações
elásticas e plásticas ocorrem ao mesmo tempo. Entretanto, a carga crítica de
flexão apresenta valores bem abaixo do limite de escoamento, e veremos que
esses valores de carga crítica dependem, principalmente, das dimensões da
estrutura.
• Afinal, o que significa dizer que uma estrutura está fletida?
• O que isso afeta nas propriedades mecânicas do material?
• Uma estrutura fletida oferece riscos de fratura?
• Como a estrutura responde a um carregamento de flexão aplicado?
Para responder a esses questionamentos, precisamos compreender a
definição de flexão e os conceitos relacionados a ela.
Mas primeiro vamos conhecer a situação-problema desta seção: sua
dedicação em orientar o estudo dos estagiários rendeu muitos frutos – você
pôde notar neles a rápida evolução e compreensão dos assuntos, principal-
mente, depois da realização do cálculo do momento de inércia na estrutura
de sustentação do píer. Assim, satisfeito com o desempenho deles, você pôde
139
se dedicar a analisar o problema apresentado pelo coordenador: a possível
flexão na viga.
O coordenador lhe forneceu as informações do projeto (Figura 1.20),
incluindo os cálculos de equilíbrio da estrutura. Dentre essas informações,
estavam contidos os valores de carregamento axial máximo de 1000kN .
Sabemos que d1 + d2 = 30 m , sendo que a distância d1 apresenta um valor

 
de 20m e a distância d2 , um valor de 10m . E, ainda, as forças F1 e F2
apresentam valores de 150kN e 450kN , respectivamente. O coordenador
acredita
 que, possivelmente, a viga apresenta flexão no ponto de aplicação de
F2 , local onde há uma viga de estrutura de sustentação do píer.
Assim, você deve realizar os cálculos necessários de flexão e indicar o local

de máxima flexão, apresentando os diagramas de força cortante e momento
fletor para essa situação. Para que sejam possíveis os cálculos necessários para
verificar a flexão na viga, serão abordados os conceitos de vigas e elementos
fletidos, diagramas de momento e força cortante, seção transversal de um
elemento fletido e aplicação dos conceitos de flexão. Preparado?
Bons estudos!
Não pode faltar
Vigas e elementos fletidos

O esforço de flexão é definido por uma força aplicada perpendicular-
mente ao eixo transversal do material, provocando curvatura na estrutura.
Essa curvatura pode ser verificada ao analisar a linha neutra da peça. Observe
a Figura 3.24, ela apresenta a linha neutra em uma estrutura sem a aplicação
da força de flexão.
140
Figura 3.24 | Linha neutra em uma estrutura não carregada
Quando um carregamento de flexão é aplicado, o material pode apresentar

curvatura para cima (flexão negativa) ou para baixo (flexão positiva), como é
apresentado na Figura 3.25(a) e na Figura 3.25(b), respectivamente.
Figura 3.25 | Curvatura para cima (a) e para baixo (b) provocada por um carregamento de flexão
A curvatura apresentada pelo material com a aplicação do carregamento

de flexão pode ser calculada pelo momento fletor M . Isso ocorre pelo fato de
o material girar em torno de um eixo quando encurva. O momento fletor M
é calculado exatamente como o momento de uma força, M = F × d , sendo F
a força aplicada e d a distância até o eixo de rotação. Dessa forma, o momento
fletor apresenta unidade, no Sistema Internacional (SI), de N ×m , que equivale
a Joule ( J ); portanto, é uma unidade de energia.
O momento fletor pode ser negativo ou positivo:
• Será negativo quando a zona tracionada estiver acima da linha neutra
e a zona comprimida, abaixo dessa linha. A Figura 3.26 apresenta o
momento fletor negativo.
Figura 3.26 | Momento fletor negativo
141
• Será positivo quando a zona tracionada estiver abaixo da linha neutra
e a zona comprimida, acima dessa linha. A Figura 3.27 apresenta o
momento fletor positivo.
Figura 3.27 | Momento fletor negativo
Dica
Para facilitar a compreensão quanto ao sentido do momento fletor, ou
seja, em qual situação ele será positivo ou negativo, associe-o a uma
situação habitual nos dias de hoje: os emojis.
Para um momento fletor negativo, o material apresenta curvatura que
pode ser comparada com um emoji triste ☹. Já para um momento fletor
positivo, o material apresenta curvatura que pode ser comparada com
um emoji feliz 😊.
É claro que você não irá descrever essa relação, mas isso te ajudará a
desenvolver os cálculos e a lembrar a convenção dos sinais do momento
fletor. Fica a dica!
Assim, compreendemos que uma estrutura que apresenta eixo reto com
carregamento transversal, ou seja, carregamento perpendicular ao eixo
principal, responde com momentos fletores em toda sua extensão. Estruturas
desse tipo são chamadas de vigas e o efeito do momento fletor no material é
denominado flexão.
Diagramas de momento e força cortante
Para tratar dos conceitos de diagramas de momento fletor e força
cortante, analisaremos o comportamento de vigas, que são elementos estru-
turais que suportam os carregamentos aplicados ao longo de seu compri-
mento. Normalmente, as forças aplicadas nas vigas são perpendiculares ao
eixo transversal, ou seja, são perpendiculares ao eixo da viga. Forças desse
tipo resultam em flexão e cisalhamento. Contudo, quando há um ângulo de
aplicação da força na estrutura, o carregamento é composto (forças axiais e
transversais).
Para determinar os diagramas de força cortante e momento fletor, deverão
ser calculados V e M em pontos selecionados da viga, sendo V referente ao
carregamento aplicado e M ao momento obtido. Para realização desse
142
cálculo, a viga é seccionada no ponto C indicado, como mostra a Figura
3.28(a), e em cada uma das partes é calculado o equilíbrio das forças no
corpo rígido ( SFx , y = 0 ) para realizar o cálculo do momento fletor no ponto
C
C , Figura 3.28(b).
Figura 3.28 | Viga seccionada no ponto C (a) para o cálculo de equilíbrio nas partes (b)
Assimile
O carregamento em uma estrutura pode ser de três tipos: concentrada,
uniformemente distribuída e variada. O local da aplicação do carrega-
mento principal muda dependendo do tipo de carregamento, influen-
ciando na forma com a qual o material reage à força aplicada.
Sendo assim, os esforços internos em um material são caracterizados pela

distribuição da força aplicada em todo o material, ou seja, quando carregado,
todo o material reage com uma tensão característica ao longo de uma seção
transversal. Os esforços internos correspondentes na seção transversal
apresentam mesmo valor (módulo) e direção, mas sentidos opostos, obede-
cendo à terceira lei de Newton (ação e reação). Então, o esforço cortante, ou
força cortante ( V ), é a resultante das forças aplicadas ao eixo transversal de
uma barra, ou seja, perpendicular à seção transversal analisada. A força
cortante é a força de cisalhamento aplicada à seção transversal da barra.
143
Já o momento fletor ( M ) é a resultante de todos os momentos obtidos
referentes a todos os carregamentos aplicados transversalmente ao eixo da
barra, ou seja, ele representa o efeito de dobramento (flexão) no material
analisado, como apresentado na Figura 3.29.
Figura 3.29 | Efeito de dobramento no material
O gráfico que descreve a variação do carregamento aplicado ao longo da

seção transversal do material é denominado diagrama de esforços cortantes.
Nele, por convenção, os valores positivos das forças cortantes são descritos
na parte superior da viga e os valores negativos, na parte inferior da viga. No
ponto da aplicação da carga há uma descontinuidade do diagrama. Observe
a Figura 3.30, ela apresenta um diagrama de força cortante para um carrega-
mento P aplicado na viga de comprimento L .
Figura 3.30 | Diagrama de força cortante
Note, pela Figura 3.30, que o valor de carga calculado na parte positiva é
+Pb / L , mesmo estando na região de comprimento a . Isso ocorre em função
da força cortante positiva estar do lado da parte b . O mesmo ocorre para
-Pa / L . Esse par de forças, no local da aplicação do carregamento P , pode
ser melhor compreendido na Figura 3.31.
144
Figura 3.31 | Par do esforço cortante em relação a um carregamento aplicado
Agora, um diagrama de momento fletor é aquele que descreve como o

momento fletor varia ao longo da estrutura. O diagrama é construído de
modo que, quando o momento fletor for positivo, é descrito abaixo da barra
e quando for negativo, acima da barra. A descrição dos momentos se dá de
forma contínua, e os resultados de cada situação coincidem no ponto de
aplicação da força. Para o caso de uma força concentrada, o diagrama
apresenta um “pico” no ponto de aplicação da força P , pois é o local onde o
P × a ×b
momento fletor apresenta seu valor máximo, dado por M máx =+ .
L
Observe a Figura 3.32, ela apresenta um diagrama de momento fletor para
um carregamento concentrado.
Figura 3.32 | Diagrama de momento fletor para um carregamento concentrado
Exemplificando
Observe a viga mostrada na Figura 3.33. Ela é uma estrutura biapoiada
nos pontos A e B , com um carregamento P aplicado no ponto C , no
centro da viga. Apresente o diagrama de esforços cortantes e o diagrama
de momento fletor.
145
Figura 3.33 | Viga biapoiada sob um carregamento P
Resolução:
Para construir o diagrama de esforços cortantes e o diagrama de
momento fletor, primeiro devemos calcular o equilíbrio da estrutura
(que será visto com mais detalhes adiante). Considerando a estrutura
apresentada na Figura 3.34 em equilíbrio, os apoios A e B devem
contribuir com uma força, de sentido contrário ao carregamento P
P
aplicado, de , tanto para o apoio A quanto para o B , pois a soma
2
das reações resulta no carregamento aplicado e a condição de somatória
das forças atuantes na estrutura ser igual a zero se aplica.
Assim, a Figura 3.34 apresenta a viga com o carregamento P aplicado
e as reações dos apoios descritas.
Figura 3.34 | Forças atuantes na viga biapoiada
Sendo assim, o diagrama de esforço cortante é apresentado pela Figura 3.35.
Figura 3.35 | Diagrama de esforço cortante
146
E o diagrama de momento fletor é apresentado pela Figura 3.36.
Figura 3.36 | Diagrama de momento fletor
L L
P× ×
PL 2 2 = PL .
O momento máximo obtido é dado por , pois: M =
4 L 4
Construir um diagrama de força cortante e um diagrama de momento

fletor para o carregamento de uma estrutura facilita a compreensão de como
a estrutura trabalha e reage ao carregamento aplicado, verificando qual ponto
da estrutura está sofrendo maior carregamento e sob o maior momento fletor.
Seção transversal de um elemento fletido
Podemos definir viga como elemento estrutural linear, cujo esforço de
flexão é predominante. E, ainda, dizemos que um elemento estrutural linear
é aquele cujo comprimento longitudinal é pelo menos três vezes maior que
a seção transversal.
Um esforço de flexão é classificado, em uma viga, em duas situações:
1. Em relação aos esforços aplicados na seção transversal. Nesse caso,
a flexão pode ser pura, simples e composta.
–– Flexão pura: o único esforço atuante é o de flexão, por consequ-
ência, há o momento fletor. Os demais esforços são nulos. Observe
a Figura 3.37, há somente a atuação do momento fletor, constante
em toda extensão do material, ou seja, em todo seu comprimento
(entre os apoios A e B ).
Figura 3.37 | Flexão pura
147
–– Flexão simples: nesse caso, além do momento fletor, há também
a atuação do esforço cortante, ou seja, atua um carregamento de
cisalhamento. Observe a Figura 3.38, ela apresenta a atuação do
momento fletor e do esforço cortante. Nessa situação, o momento
fletor não é constante, ele varia em cada ponto do material.
Contudo, no vão entre as forças aplicadas, há flexão pura.
Figura 3.38 | Flexão simples
–– Flexão composta: nesse caso, ocorrem ao mesmo tempo o

momento fletor e um esforço normal (referente a um carrega-
mento de tração e/ou compressão).
2) Em relação à direção dos momentos atuantes. Nesse caso, a flexão
pode ser normal (ou reta) ou oblíqua. Observe a Figura 3.39, ela
apresenta uma viga sob um carregamento de flexão – Figura 3.39(a) –
e a seção transversal do material – Figura 3.39(b).
Figura 3.39 | Viga sob um carregamento de flexão (a) e sua seção transversal (b)
148
Na Figura 3.39(b), x e y estão relacionados ao plano cartesiano da seção
transversal e ES é o eixo de solicitação, formado pela interseção do plano das
cargas aplicadas com a seção transversal. Nesse caso, o eixo de solicitação
está no eixo y – Figura 3.39(b) – e o eixo perpendicular de rotação está fora
do plano xy , no eixo z . Assim, a flexão pode ser classificada de acordo com
a posição do eixo de solicitação e de rotação.
–– Flexão normal ou reta: o eixo de solicitação está no mesmo eixo
que o de rotação, ou seja, o eixo que será levado em consideração
para o cálculo do momento de inércia. A Figura 3.40 apresenta o
eixo de solicitação ( ES ) – no mesmo eixo que y – e os eixos de
rotação – em x – que coincidem com o eixo principal de rotação
( M ) para a seção retangular e para a seção T.
Figura 3.40 | Eixo de solicitação ( ES ) e eixo principal de rotação ( M ) para a seção retangular
(a) e seção T (b)
–– Flexão oblíqua: os eixos de solicitação e de rotação não estão

sobre nenhum dos eixos x ou y . Eles estão em outra direção,
angulados do plano cartesiano. Observe a Figura 3.41, ela
apresenta uma seção retangular em que o eixo de rotação não
coincide com o eixo principal de inércia (nem em x , nem em y ).
149
Figura 3.41 | Seção transversal retangular oblíqua
Aplicação dos conceitos de flexão

As vigas são denominadas, ou classificadas, de acordo com a maneira
pela qual são apoiadas (veremos na próxima unidade detalhadamente cada
tipo de apoio). Elas podem ser do tipo:
• Biapoiada – Figura 3.42(a).
• Biapoiada com balanço – Figura 3.42(b).
• Em balanço ou engastada – Figura 3.42(c).
Figura 3.42 | Denominação das vigas segundo os apoios
Reflita
Em relação aos apoios que sustentam a viga, o que significa dizer que a
viga está em balanço?
Nas vigas do tipo engastada, ou em balanço, com uma carga concentrada

aplicada na extremidade – Figura 3.43(a) –, podemos construir o diagrama
de esforços cortantes – Figura 3.43(b) – e o diagrama de momentos fletores
– Figura 3.43(c).
150
Figura 3.43 | Viga engastada carregada
Até o momento, vimos o caso de um carregamento concentrado aplicado

à estrutura. Agora, como seria o comportamento do diagrama de esforços
cortantes e do diagrama de momentos fletores para uma estrutura biapoiada,
mas sob um carregamento uniforme, como mostra a Figura 3.44?
Figura 3.44 | Viga biapoiada sob um carregamento uniforme
Nesse caso, é necessário primeiro tornar o carregamento uniformemente

distribuído em concentrado, como apresenta a Figura 3.45(a). Feito isso,
podemos construir o diagrama de esforço cortante, como mostra a Figura
3.45(b), e o diagrama de momento fletor, como mostra a Figura 3.45(c).
Figura 3.45 | Viga com carga concentrada (a), diagrama de esforço cortante (b) e diagrama de
momento fletor (c)
151
Pesquise mais
A respeito das nomenclaturas das vigas, diagramas de esforço cortante
e diagrama de momento fletor, pesquise mais no Capítulo 6 do livro
indicado a seguir, disponível na Biblioteca Virtual:
Prentice Hall, 2010. p. 181-261.
Com os conceitos abordados até o momento, conseguimos compreender

como um material se comporta quando uma força de flexão é aplicada e quais
cálculos devem ser levados em consideração para o momento fletor e para a
força cortante. E ainda, analisando os diagramas de força cortante e momento
fletor, é possível verificar os pontos em que mais o material trabalha, os quais
serão possíveis pontos de fratura, se o carregamento exceder o limite supor-
tado pelo material. Caso uma estrutura apresente elementos fletidos, são
exatamente esses pontos que devem ser reforçados, para evitar fratura na
estrutura.
Sem medo de errar

Retomando a situação-problema, o coordenador lhe forneceu as informa-
ções do projeto, incluindo os cálculos de equilíbrio na estrutura. Dentre essas
informações, estavam contidos os valores de carregamento axial máximo de
1000kN e o esboço inicial da viga, que foi apresentado na Figura 1.20.
Sabemos que d1 + d2 = 30 m , sendo que a distância d1 apresenta um valor

 
de 20m e a distância d2 um valor de 10m e, ainda, as forças F1 e F2
apresentam valores de 150kN e 450kN , respectivamente. O coordenador
acredita
 que, possivelmente, a viga apresenta flexão no ponto de aplicação de
F2 , local onde há uma viga de estrutura de sustentação do píer. Assim, você
deve realizar os cálculos necessários de flexão e indicar o local de máxima
flexão, apresentando os diagramas de força cortante e momento fletor para
essa situação.
152
Analisando o esboço inicial do píer, vemos que sobre ele está aplicado um
carregamento de 20kN em cada metro da estrutura. Como a estrutura possui
30m , o carregamento total aplicado é de 600kN . Em função do carregamento
ser uniforme, a aplicação de carga total atua no centro
 gravitacional
 da estru-
tura. Levando em consideração as duas forças F1 e F2 e o carregamento
uniforme, temos:
• Cortante no apoio 1 : V1 = 150 kN .
• Cortante no apoio 2 : V2 = 450 kN , sendo +250kN (400 - 20´20) e
-200kN .
O momento fletor máximo positivo ocorre quando o esforço cortante é

nulo ( 150 / 20 = 7,5m a partir do ponto da reação 1 ) e quando, no ponto de
aplicação de carga concentrada ( 15m a partir da reação 1 ), o momento fletor
é nulo, indicando equilíbrio na estrutura, portanto:
p´l 2 20´152
• Momento fletor máximo positivo: M máx . = = = 562,5 kNm .
8 8
p´l 2 20´102
• Momento fletor no ponto da reação 2 : M2 = = = 1000 kNm .
2 2
O diagrama de esforço cortante e o diagrama de momento fletor são
apresentados nas Figuras 3.46(a) e 3.46(b), respectivamente.
Figura 3.46 | Diagrama do esforço cortante (a) e do momento fletor do píer (b)
(a)
153
(b)
Dessa forma, analisando os dados obtidos de carregamento máximo aplicado

e o momento fletor, vemos que a viga não está fletida, pois os valores obtidos
estão de acordo com os fornecidos pelo coordenador. Contudo, o carregamento
aplicado à viga está no limite do esforço cortante, não podendo sofrer alterações.
Cálculo do momento fletor no ponto indicado
Um projeto para uma estrutura em um deck de um restaurante é apresen-

tado pela Figura 3.47. Esse projeto prevê um carregamento concentrado de
18kN no início e fim do deck, em que serão instalados os balcões. A 4m do
154
início do deck, será acoplado um palco com um bar, aplicando um carrega-
mento uniforme de 24kN em 6m da estrutura.
Figura 3.47 | Viga sob um carregamento uniforme e dois concentrados
Essa estrutura será sustentada por dois apoios, representados por B e C,

reagindo com uma força de 96kN e 84kN , respectivamente, como mostra a
Figura 3.48. Vale ressaltar que apenas para esses valores de reação, a estrutura
permanece em equilíbrio.
Figura 3.48 | Forças aplicadas na estrutura principal
Considerando a estrutura em equilíbrio, calcule o momento fletor no

centro da distribuição da carga uniforme de 24 kN m .
Em relação ao ponto indicado, a estrutura apresentará um momento
fletor negativo, pois o carregamento sugere uma curvatura, cuja parte tracio-
nada se encontra na parte superior da viga. Já para o cálculo do momento
fletor, devemos levar em consideração o meio da distribuição e os carrega-
mentos que ocorrem tanto à direita quanto à esquerda. Ou ainda, pela teoria,
calculamos o momento fletor no centro da distribuição uniforme pela
PL2
equação M = .
8
Assim, temos que o momento fletor no centro da distribuição é de:
155
PL2
M=
8
(24 kN m) × (6 m)2
M=
8
M =108 kN m
Faça valer a pena
1. O momento de uma força é descrito pela força aplicada em um material, a uma

distância do eixo, provocando rotação. Por convenção, se a rotação ocorrer no sentido
horário, o momento é negativo, e se a rotação ocorrer no sentido anti-horário, o
momento é positivo.
Considerando o seu conhecimento sobre momento fletor, analise a sentença a seguir

e preencha as lacunas.
No momento fletor ocorre algo semelhante ao momento de uma força, uma força de
flexão é aplicada provocando curvatura do material. Se essa curvatura for para baixo,
apresentando a zona tracionada abaixo da peça, o momento fletor é ____________.
Contudo, se a curvatura for para cima, apresentando a zona tracionada acima da
peça, o momento fletor é ____________.
Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas.
a. negativo; positivo.
b. negativo; negativo.
c. positivo; positivo.
d. positivo; negativo.
e. positivo; igual.
2. A flexão em um material ocorre quando uma força é aplicada perpendicular-

mente ao eixo longitudinal da estrutura, provocando a curvatura dela. A flexão pode
ser pura, simples e composta.
Assinale a alternativa que conceitua corretamente a flexão pura.
a. Na flexão pura, além do momento fletor, há também a atuação do esforço

cortante, ou seja, atua um carregamento de cisalhamento.
b. Na flexão pura, o único esforço atuante é o de flexão, por consequência há o

momento fletor. Os demais esforços são nulos.
156
c. Na flexão pura, além do momento fletor, há também a atuação do esforço
axial, ou seja, atua um carregamento de cisalhamento.
d. Na flexão pura, o único esforço atuante é o de flexão, por consequência há o

momento fletor. Os demais esforços apresentam valores diferentes de zero,
mas não relevantes.
e. Na flexão pura, ocorrem ao mesmo tempo o momento fletor e um esforço

normal (referente a um carregamento de tração e/ou compressão).
3. O diagrama de esforço cortante apresenta como uma estrutura responde a um

carregamento cortante. Através dele, podemos compreender quais pontos mais traba-
lham com a aplicação de carga.
Observe a figura a seguir. Ela apresenta um diagrama para um carregamento cortante,

cujos valores para as forças estão na unidade quilo Newton ( kN ).
Figura | Diagrama de um carregamento cortante
Analisando o diagrama, o carregamento aplicado antes do apoio A é:
a. Concentrado e apresenta valor de 18kN .
b. Uniforme e apresenta valor de 78kN .
c. Variado e apresenta valor de 66kN .
d. Concentrado e apresenta valor de 78kN .
e. Uniforme e apresenta valor de 18kN .
157
Referências
BEER, F. P.; JOHNSTON JR. E. R.; DEWOLF, J. T.; MAZUREK, D. F. Mecânica dos materiais.
7. ed. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2015.
GOUVEIA, R. Áreas de figuras planas. Toda Matéria, [S.l.: s.d., s.p.]. Disponível em: https://
www.todamateria.com.br/areas-de-figuras-planas/. Acesso em: 22 ago. 2019.
HALLIDAY, D.; RESNIK, R.; KRANE, D. S. Física 1. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1996. v. 1.
ONOUYE, B. Propriedades das seções transversais dos elementos estruturais. In: ONOUYE, B.;
KANE, K. Estática e resistência dos materiais para arquitetura e construção de edificações. 4.
ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015. p. 274-304.
RESNICK, R.; HALLIDAY, D.; KRANE, K. S. Física 1. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003. p.
209-210.
Unidade 4
Resistência dos Materiais: aplicações
Convite ao estudo
Caro aluno, chegamos à última unidade da disciplina de Fundamentos
de Resistência dos Materiais. Até o momento, na Unidade 1, estudamos os
conceitos relacionados aos fundamentos de física para compreendermos
a definição de força e como ela está relacionada com o movimento de um
corpo, ou uma estrutura. Na Unidade 2, verificamos que quando uma força
é aplicada a uma estrutura, ela reage apresentando valores de tensão e, como
consequência, deformação. Na Unidade 3, compreendemos as principais
características geométricas de um material para calcular o momento de
inércia da estrutura e aplicar os conceitos de flexão.
Quando falamos em estrutura, já imaginamos um prédio, uma casa ou
algo do tipo. Contudo, por definição, podemos dizer que estrutura é a dispo-
sição e a organização dos elementos fundamentais que compõem o todo.
Dessa forma, em resistência dos materiais, chamamos de estrutura tudo
aquilo que é composto de materiais. Com essa visão, podemos aplicar os
conceitos de resistência dos materiais a qualquer estrutura que foi solicitada,
ou seja, que teve um carregamento aplicado sobre ela, independentemente
de sua forma ou de sua utilização. Por exemplo, como pode ser dimensio-
nado um telhado de quiosque de uma praça? Qual força máxima um eixo
de carro suporta com segurança? Como uma estrutura pode ser reforçada
para que não ocorra flambagem? Para responder a esses questionamentos,
vamos compreender, nesta unidade, os conteúdos estudados na abordagem
das aplicações na área de resistência dos materiais, focando em estruturas
treliçadas, torção de eixos e flambagem de elementos comprimidos.
A construtora em que você trabalha é reconhecida nacionalmente por
desenvolver grandes projetos de alta qualidade. Ela atua no desenvolvimento
de vários projetos simultaneamente. Para que isso seja possível, existem várias
equipes de trabalho e um suporte logístico de qualidade. Por apresentar um
excelente trabalho no desenvolvimento do projeto de construção de um píer,
você foi solicitado para trabalhar em um novo projeto: a construção de um
galpão com um mezanino, utilizado para a área administrativa, ocupando
100% do espaço.
O coordenador lhe entregou o projeto do galpão e solicitou que você
providenciasse a análise estrutural da cobertura do galpão, ou seja, que verifi-
casse se está em equilíbrio. No projeto consta que a estrutura que compõe a
cobertura é do tipo treliçada, conforme esboço tridimensional apresentado
na Figura 4.1a, e esboço do plano, na Figura 4.1b.
Figura 4.1 | Estrutura treliçada da cobertura do galpão
Qual carga máxima essa estrutura treliçada suporta? Qual o valor das
reações de cada um dos apoios que suportam a estrutura da cobertura? Quais
os tipos de forças atuantes? Pode haver situação de torção ou flambagem?
Para responder a essas questões, você deve estar apto a calcular o equilíbrio
em uma estrutura treliçada, aplicando os conceitos de tração, compressão e
cisalhamento, além de saber verificar se alguma barra que compõe a estru-
tura está sob torção e se alguma delas está flambada, calculando a carga
crítica de flambagem.
Bons estudos!
Seção 1
Treliças e apoios
Diálogo aberto
Chegou o momento de aplicar os conceitos que foram vistos até aqui
em situações comuns a você, relacionadas direta ou indiretamente ao seu
cotidiano. Você já se perguntou em quais condições práticas poderia aplicar os
conceitos vistos na disciplina de Fundamentos de Resistência dos Materiais?
Ou em que circunstâncias reais esses conceitos podem ser aplicados? Com
o que estão relacionados? Como identificar situações de carregamento em
estruturas? Para começar a responder a esses questionamentos, abordaremos
situações práticas do dia a dia que envolvem estruturas treliçadas (fabricação
de pontes, telhados, coberturas, elementos de decoração, dentre outros),
calculando as reações apresentadas por elas quando solicitadas.
Dessa forma, nesta seção estudaremos os diferentes tipos de apoios
de uma estrutura e como calcular os esforços por eles apresentados. Com
isso, será possível verificar a estabilidade da estrutura treliçada e conhecer
os valores de reação de cada apoio que suporta a estrutura para, por fim,
analisar os modelos de treliças existentes.
A fim de dar continuidade ao desenvolvimento do projeto de construção
de um galpão, o coordenador precisa ter a certeza de que a estrutura treliçada
que compõe a cobertura está em equilíbrio. Sendo assim, solicitou a você que
verificasse o equilíbrio dessa estrutura. Para tanto, forneceu a você o esboço
da treliça da cobertura, como é apresentado na Figura 4.2.
Figura 4.2 | Estrutura treliçada da cobertura do galpão
Contudo, o coordenador do projeto cogitou uma possível situação de

carregamento que a estrutura poderia sofrer. Preocupado, pediu que você
verificasse o equilíbrio da estrutura treliçada da cobertura caso ocorresse
161
essa situação de carregamento. Ele forneceu a você o esboço sob essa nova
situação de carregamento, como apresentado na Figura 4.3.
Figura 4.3 | Nova situação de carregamento na estrutura treliçada
Fonte: adaptada de Hibbeler (2011).
A estrutura da cobertura está em equilíbrio na situação do novo carrega-

mento? Como a estrutura se comportará? Para responder a essas questões,
serão abordados os conceitos relacionados a diferentes tipos de apoios de
uma estrutura, equilíbrio de uma treliça, modelos de análise de treliças e a
aplicação do conceito de treliças.
Preparado para esse desafio? Bons estudos!
Não pode faltar
Diferentes tipos de apoios de uma estrutura

Em seções anteriores, vimos que, para uma estrutura estar em equilíbrio,
a somatória de todos os esforços sobre ela deve ser nula. Vimos também que
uma estrutura pode ser chamada de ponto material ou ponto rígido, e que a
diferença entre elas está na aplicação da força. Em função do local da aplicação
da força na estrutura, a forma para calcular o equilíbrio é modificada. Em
estruturas do tipo corpo rígido, além da somatória das forças apresentar um
valor nulo, a somatória dos momentos também deve ser avaliada e apresentar
valor nulo. Ou seja,
åF
x = 0; å Fy = 0; å M = 0
Lembrando que uma estrutura só estará em equilíbrio se as três condi-

ções forem satisfeitas. E, no caso do torque, a somatória deve ser nula em
qualquer ponto da estrutura.
Uma estrutura é suportada por apoios que reagem quando um carre-
gamento é aplicado. Os apoios podem ser de três tipos: móvel, fixo e
162
engastado. O apoio móvel, apresentado pela Figura 4.4, é aquele que impede
o movimento em apenas uma direção, na vertical. Ou seja, ele reage ao carre-
gamento aplicado com uma força na vertical, permitindo o movimento na
horizontal e o movimento de rotação.
Figura 4.4 | Apoio móvel
Outro nome para o apoio móvel é rolete, justamente pela inferência em

permitir o movimento na horizontal. As Figuras 4.4a e 4.4c ilustram como o
apoio móvel é apresentado na literatura ou em projetos. Já as figuras 4.4b e
4.4c ilustram a forma como a reação desse tipo de apoio é apresentada para
realizar os cálculos de equilíbrio de estrutura, também chamados de cálculos
de reação.
Reflita
A reação que um apoio oferece ocorre em resposta à ação aplicada.
Lembre-se da terceira lei de Newton (a lei de ação e reação), a qual diz
que toda ação tem uma reação de mesmo valor e direção, porém com
sentidos opostos. Aplicando esse conceito nas reações que os apoios
oferecem, elas ocorrem em resposta ao carregamento aplicado na
estrutura e impedem o movimento da estrutura na direção de atuação.
Dessa forma, qual o sentido escolhido para as forças de reação?
O apoio fixo, apresentado pela Figura 4.5, impede o movimento em

duas direções: vertical e horizontal. Ou seja, ele reage ao carregamento
aplicado com uma força na vertical e outra força na horizontal, impedindo
o movimento nessas direções e permitindo apenas o movimento de rotação.
163
Figura 4.5 | Apoio fixo
As Figuras 4.5a e 4.5c ilustram como o apoio fixo é apresentado na litera-

tura ou em projetos. Já as Figuras 4.5b e 4.5c ilustram a forma como as reações
desse tipo de apoio são apresentadas para realizar os cálculos de reação.
Por fim, o apoio de engaste, apresentado pela Figura 4.6, apresenta três
reações: vertical, horizontal e rotação. Dessa forma, esse tipo de apoio impede
o movimento nas três direções.
Figura 4.6 | Apoio de engaste
Outros nomes são atribuídos ao apoio de engaste, como chumbado,

soldado, concretado, entre outros. As Figuras 4.6a e 4.6c ilustram como o
apoio de engaste é apresentado na literatura ou em projetos. Já as figuras 4.6b
e 4.6c ilustram a forma como as reações desse tipo de apoio são apresentadas
para realizar os cálculos de reação.
Assimile
Para os cálculos de reação nas estruturas, em que são calculados os
valores das contribuições que os apoios oferecem para manter a estru-
tura em equilíbrio, as reações nos apoios, normalmente, são denomi-
nadas:
164
• Reação vertical: V; reação horizontal: H; reação de momento: M.
Se a estrutura estiver suportada por mais de um apoio, os apoios
devem ser nomeados e as reações devem conter o nome do apoio. Por
exemplo, em uma estrutura com dois apoios, A e B, conforme apresen-
tado pela Figura 4.7.
Figura 4.7 | Viga suportada pelos apoios A e B
Para o apoio A, teremos:

• Reação vertical: VA ; reação horizontal: H A ; Reação de momento:
MA .
E para o apoio B:
• Reação vertical: VB ; reação horizontal: H B ; reação de momento:
MB .
Podemos classificar uma estrutura segundo a quantidade de reações

que ela apresenta em função dos tipos de apoios. Dessa forma, podemos ter
estruturas hipostáticas, isostáticas e hiperestáticas. Estruturas hipostáticas
são aquelas em que os vínculos que a sustentam, os apoios, são insuficientes
para manter a estrutura em equilíbrio. Estruturas isostáticas têm os vínculos
suficientes e necessários para manter o equilíbrio da estrutura. Já as estru-
turas hiperestáticas têm mais vínculos do que o necessário para o equilíbrio
da estrutura.
Nesta seção, vamos trabalhar com as estruturas isostáticas em que as
quantidades de reações dos apoios são iguais às de equações que são utili-
zadas para calcular o equilíbrio do material.
Equilíbrio de uma treliça

O comportamento de uma estrutura depende dos tipos e valores das forças
aplicadas. Já calculamos o equilíbrio em estruturas do tipo ponto material
e corpo rígido, onde o módulo (valor) de todas as forças que atuavam na
estrutura era descrito. Agora, verificaremos o equilíbrio de um corpo rígido
específico, uma treliça, suportada por apoios.
Chamamos de treliças estruturas que são formadas por barras lineares,
ligadas entre si nas extremidades, formando triângulos ao longo de seu
comprimento. Esses locais de ligação entre as barras são chamados de nós.
165
Observe a Figura 4.8, que apresenta um exemplo de estrutura treliçada,
como a cobertura de um galpão (Figura 4.8a). Nesse caso, ela deve suportar o
próprio peso e distribuir os esforços até os apoios, nesse caso A e E.
Figura 4.8 | Treliça
A estrutura treliçada pode ser projetada no plano principal e, sobre ela,

o carregamento é indicado por setas, que mostram o sentido da aplicação da
força e descrevem as reações que os apoios oferecem. A essa situação damos
o nome de Diagrama do Corpo Livre (DCL), como apresentado na Figura
4.8b.
Para calcular o equilíbrio de uma estrutura treliçada, utilizamos o
método dos nós. Nesse método, são calculadas as forças de cada barra que
compõe a estrutura, analisando cada nó separadamente. Isso só é possível
pelo fato de que, quando uma estrutura está em equilíbrio, o nó também está.
Dessa forma, a força que atua no nó é a mesma que atua na barra (tanto em
módulo, quanto em direção e sentido). Observe a Figura 4.9, que apresenta
o Diagrama do Corpo Livre (DCL) de uma estrutura treliçada sob um carre-
gamento P.
166
Figura 4.9 | Equilíbrio de estrutura treliçada pelo método dos nós
Analisando a Figura 4.9a, temos uma estrutura treliçada sustentada por

dois apoios: fixo (A) e móvel (B). O Diagrama do Corpo Livre (DCL) é
apresentado na Figura 4.9b, em que as reações dos apoios são descritas. O
apoio A é do tipo fixo, apresentando duas reações: uma na vertical e outra na
horizontal, apresentado por um único vetor RA , que é o vetor resultante da
soma dos vetores VA e H A , respectivamente. Já o apoio B é do tipo móvel,
oferecendo uma reação na vertical ( VB ).
No método dos nós, cada nó é verificado e é calculado o equilíbrio do
ponto. Como o nó é um ponto material, as condições de equilíbrio que devem
ser avaliadas são: å Fx = 0; å Fy = 0 . A Figura 4.9c apresenta as forças que
atuam em cada nó, separadamente. Os sentidos da força, comprimindo o nó
(indicando força de compressão) ou esticando o nó (força de tração), são
apresentados na Figura 4.9d.
Para iniciar a análise do equilíbrio de estrutura e o cálculo de equilí-
brio dos nós, devemos sempre começar pelo nó da estrutura que apresenta
menor número de barras. Como exemplo, vamos analisar a Figura 4.10, que
apresenta o diagrama do corpo livre do nó B.
167
Figura 4.10 | DCL no nó B
Vemos, na Figura 4.10, o nó B, que é um ponto material cujas equações de

equilíbrio são å Fx = 0; å Fy = 0 . Dessa forma, verificaremos as situações de
equilíbrio no plano x (horizontal) e y (vertical). Para o cálculo de reação,
todas as forças que atuam no material devem estar nos eixos dos planos, ou
seja, em x ou em y. O nó B contém três forças: VB , FBD e FBC . As forças VB e
FBD estão sobre o eixo y e x, respectivamente. Já a força FBC é uma resultante
e precisa ser decomposta em sua parte no eixo x e sua parte no eixo y. Dessa
forma, podemos escrever as componentes da seguinte forma: FBC = F cos q e x
FBC = F senq . Sendo q o ângulo entre a força FBD e FBC .

y
Os sentidos das forças foram escolhidos em função da análise do nó,

sendo VB de compressão, FBD de tração e FBC de compressão. O sentido da
força é escolhido analisando o ponto. A verificação do sentido correto ocorre
ao final da equação de equilíbrio, pois, se a força calculada apresentar um
resultado com sinal positivo, o sentido adotado estará correto. Caso contrário,
se o sinal for negativo, o sentido adotado estará errado. Nesse caso, deve-se
corrigir o sentido e continuar os cálculos assumindo o sentido correto.
Assim, o equilíbrio deve ser calculado para cada eixo. Primeiramente, vamos
considerar o eixo x (horizontal):
åF x = 0 ® FBCx - FBDx = 0 ® FBCx = FBDx
Agora para vertical:
åF y = 0 ® VB - FBC y = 0 ® VB = FBC y
Dessa forma, o equilíbrio só será possível se FBC = FBD e VB = FBC .

x x y
Exemplificando
Observe a Figura 4.11. Ela apresenta uma estrutura treliçada suportada
por dois apoios A e B, carregada no ponto C por uma força horizontal de
168
10 kN. Tanto a distância entre os apoios e quanto a distância do ponto A
à força de 10 kN aplicada apresentam valor de 2 m.
Figura 4.11 | Estrutura treliçada
Apresente os valores das reações que os apoios A e B oferecem para

que a estrutura apresente equilíbrio.
Resolução:
O primeiro passo é desenhar o diagrama do corpo livre, apresentado
na Figura 4.12.
Figura 4.12 | DCL para a estrutura
Feito isso, devemos calcular a reação nos apoios A e B para que a estru-
tura esteja em equilíbrio. A estrutura total é um corpo rígido, cujas
condições de equilíbrio que devem ser satisfeitas são:
åF x = 0; å Fy = 0; å M = 0
169
• å Fx = 0 (horizontal):
Na horizontal, temos a força positiva aplicada de 10.000 N (10 kN) e a
força H A , que escolhemos aleatoriamente o sentido positivo:
10 kN + H A = 0 ® 10 kN =- H A
Logo, vemos que H A não é uma força de compressão do nó, mas uma
força de tração. O sentido deve ser alterado no diagrama.
• å FV = 0 (vertical):
Na vertical, temos duas forças atuantes na estrutura: VA e VB .
VA + VB = 0
No momento, não sabemos valores para VA e VB . Dessa forma, verifi-
caremos a próxima condição de equilíbrio.
• å M = 0 (momentos):
Para o cálculo dos momentos, consideraremos o ponto A como o eixo
de rotação. Dessa forma, teremos a força de 10 kN distante 2 m do
ponto de rotação, a força VA no ponto de rotação e a força VB a 2 m
distante do ponto de rotação.
-(10 kN × 2 m) + (VA × 0 m) + (VB × 2 m) = 0
-(20 kNm) + (VB × 2 m) = 0 ® VB = 10 kN
Na somatória das forças na vertical, vimos que VA + VB = 0 . Como
VB = 10 kN , VA pode ser dado por:
VA + VB = 0 ® VA + 10 kNm = 0 ® VA = -10 kNm
Conhecer os esforços que os apoios realizam para manter a estrutura

equilibrada é muito importante para compreender se o material em que
o apoio é confeccionado suporta o carregamento aplicado, não trazendo
danos à estrutura principal. Isso também ocorre para as forças que cada uma
das barras sofrerá na estrutura treliçada quando solicitada. Dessa forma, é
possível escolher o material de melhor custo benefício para o desenvolvi-
mento do projeto.
Modelos de análise de treliças

Além do método dos nós, há outras formas de análise de uma treliça para
verificar a contribuição das forças que atuam em cada barra, como o método
de Ritter (método das seções) e o método dos membros de força zero.
O método de Ritter, também chamado de método das seções, permite
o cálculo dos esforços apenas nas barras de interesse, não sendo necessário
calcular os esforços de todas as barras. Para isso, é realizado um corte na
estrutura sobre as barras que se deseja calcular, como apresentado na Figura
4.13. Nesse caso, o corte é realizado nas barras BC, CG e GF.
170
Figura 4.13 | Método de Ritter (método das seções)
O corte realizado na treliça a divide em duas partes, como apresentado

na Figura 4.14. O Diagrama do Corpo Livre (DCL) deve ser construído em
cada uma das partes.
Figura 4.14 | DCL nas partes da treliça
Aplicando as condições de equilíbrio para um corpo rígido, é possível

escolher qualquer um dos lados para o cálculo dos esforços. É comum a
escolha do lado em que não há apoios, evitando os cálculos de reação. Como
exemplo, calcularemos os esforços na barra BC da Figura 4.13 pelo método
de Ritter, também conhecido como método das seções. Nesse caso, o
diagrama do corpo livre deve ser construído para a análise das partes, como
a Figura 4.14. Para realizar o cálculo proposto, utilizaremos a parte da
esquerda da treliça, por não ter os apoios, evitando o cálculo de reação.
Considerando o ponto G como o eixo de rotação e levando em consideração
que å MG = 0 , temos:
1000 N × 2 m
åM G = 0 ® -(FBC × 2 m) + (1000 N × 2 m) = 0 ® FBC =
2m
= 1000 N
171
A força FBC é uma força de tração, pois no DCL indicado na Figura 4.13
foi considerado que essa força saía do corpo B, ou seja, esticava o corpo B.
Como o resultado foi positivo, isso indica que a escolha do sentido da força
está correto.
O método dos membros de força zero é o método que identifica nas
treliças as barras que têm os esforços sobre elas nulos, ou seja, elas não
apresentam esforços. Essas barras são denominadas membros de força zero
ou elementos de força nula. Contudo, é importante ressaltar que essas barras,
mesmo não sofrendo esforços, são importantes para a geometria e para o
equilíbrio da estrutura, proporcionando o travamento estrutural e outras
situações possíveis de carregamento.
Para identificar os membros de força zero, devemos analisar o DCL
da estrutura treliçada e verificar os nós mais simples. Observe os nós C
e G da estrutura treliçada apresentada na Figura 4.15. Nesses nós, não
há carregamento.
Figura 4.15 | Membros de força zero
Fonte: Plesha, Gray e Constanzo (2014, p. 344).
Ao aplicar o método dos nós, analisando o equilíbrio em cada nó, é verifi-

cado que não há força na vertical, e, na horizontal, há um equilíbrio entre
as forças atuantes, indicando que o carregamento nas barras BC, DE e FG
é nulo.
Pesquise mais
Utilize softwares para auxiliar no desenvolvimento dos cálculos e
projetos. Por meio deles, é possível verificar se os cálculos de esforços
realizados estão corretos e prever situações de futuros carregamentos.
172
Sugerimos dois softwares para o desenvolvimento dos trabalhos: Ftool
e MDSolids, disponíveis para download gratuito em seus respectivos
portais.
Aplicação do conceito de treliças

Como vimos, uma treliça (ou estrutura treliçada) é uma estrutura dimen-
sionada com base em triângulos. Uma grande vantagem em se utilizar uma
estrutura treliçada consiste em situações nas quais grandes distâncias de vãos,
entre uma extremidade e outra, precisam ser superadas, utilizando estrutura
leve e composta de elementos de pequena dimensão.
Podemos dizer que uma estrutura treliçada é uma solução estrutural
simples e, em diversas situações, elementos decorativos. As aplicações mais
comuns de estruturas treliçadas são:
• Telhados.
• Torres: de antena, Torre Eiffel, de linha de transmissão de energia
elétrica, dentre outras.
• Pontes.
• Montanha-russa.
• Painéis de outdoors.
• Palco para shows.
• Painéis decorativos.
• Divisórias de ambientes.
• Jardinagem.
• Artigos decorativos.
Dessa forma, utilizar estruturas treliçadas possibilita a implantação em
regiões de grandes vãos livres, levando em consideração a beleza arquitetô-
nica, o fácil transporte e a montagem, permitindo, se necessário, a reposição
de elementos sem oferecer danos à estabilidade. A beleza arquitetônica
explica por que estruturas desse tipo normalmente ficam aparentes, sem
forro ou cobertura.
173
Sem medo de errar
Retomando o contexto de aprendizagem, o coordenador precisa ter a

certeza de que a estrutura treliçada que compõe a cobertura está em equilí-
brio. Sendo assim, solicitou que você verificasse a estabilidade dessa estrutura.
Para tanto, forneceu o esboço da treliça da cobertura, cogitando uma possível
situação de carregamento que a estrutura poderia sofrer. Preocupado, pediu
que você verificasse o equilíbrio da estrutura treliçada da cobertura caso
ocorresse a situação de carregamento. Ele forneceu a você o esboço sob essa
nova situação de carregamento, como apresentado na Figura 4.3. A barra AD
tem 1 m de comprimento e a barra BD, 2 m.
Figura 4.3 | Nova situação de carregamento na estrutura treliçada
A estrutura da cobertura está em equilíbrio na situação do novo carrega-

mento? Como a estrutura se comportará? Para dar início à análise da estru-
tura e verificar qual o carregamento está em cada barra, precisamos construir
o DCL da estrutura, como apresentado na Figura 4.16.
Figura 4.16 | DCL da estrutura treliçada
174
Para a análise da estrutura, aplicaremos o método dos nós, começando
pelo nó B, que tem um menor número de forças atuantes. Verificando as
forças em cada nó (Figura 4.17), é possível aplicar as condições de equilibro.
Figura 4.17 | Análise dos nós na estrutura
Feito isso, é necessário calcular as reações que os apoios A e B realizam na

estrutura, através do equilíbrio de um corpo rígido, levando em consideração
as reações que os apoios oferecem e o carregamento aplicado. Assim:
• Para åF H = 0 , temos:
HA = 0
• Para åF V = 0 , temos:
VA + VB - 50 N = 0 ® VA + VB = 50 N
• Para å M A = 0 (considerando o ponto A como o eixo de rotação

para o cálculo do momento), temos:
(50 Nm)
(VA × 0m) + (VB × 3m) - (P × 1m) = 0 ® (VB × 3m) = (P × 1m) ® VB = = 16,67 N
3m
Como VA + VB = 50 N , então:
VA = 50 N -16,67 N = 33,3 N
Dessa forma, a estrutura estará em equilíbrio se H A = 0 , VB = 16,67 N e

VA = 33,3 N . Com os valores de reação dos apoios, os cálculos de equilíbrio
em cada nó podem ser realizados. Começando pelo nó B (Figura 4.10):
175
Figura 4.10 | DCL no nó B
Aplicando as condições de equilíbrio para o ponto material,

å Fx = 0; å Fy = 0 , e assumindo que q = 45º , o equilíbrio deve ser calculado
para cada eixo. As componentes das forças são:
FBCx = FBC cos q e FBC y = FBC senq
FBCx = FBC cos 45º e FBC y = FBC sen 45º
Com esses valores, vamos considerar os eixos, começando pelo eixo x

(horizontal):
åF x = 0 ® FBCx - FBDx = 0 ® FBCx = FBDx
Agora para a vertical:
åF y = 0 ® VB - FBC y = 0 ® FBC y = 16,67 N
Isso também deve ser feito para os demais nós. E não se esqueça de
encontrar a força resultante das que precisaram ser decompostas. Assim,
com os cálculos realizados em cada nó, as forças atuantes em cada barra são
obtidas e apresentadas na Figura 4.18.
Figura 4.18 | Carregamento nas barras da estrutura
176
Com os cálculos realizados verificamos que a estrutura treliçada está
estável e encontramos os valores de reações dos apoios A e B, bem como as
forças atuantes em cada barra da estrutura sob esse novo carregamento, no
ponto B, de 50 N.
Treliça com membros de força zero
As treliças, também chamadas de sistemas triangulados, são estruturas

formadas por elementos rígidos, denominados barras.
Estes elementos encontram-se ligados entre si por articula-

ções/nós que se consideram, no cálculo estrutural, perfeitas
(isto é, sem qualquer consideração de atrito ou outras forças
que impedem a livre rotação das barras em relação ao nó).
Nas treliças as cargas são aplicadas somente nos nós, não
havendo qualquer transmissão de momento fletor entre os
seus elementos, ficando assim as barras sujeitas apenas a
esforços normais/axiais/uniaxias (alinhados segundo o eixo
da barra) de tração ou compressão. Designa-se treliça plana
quando todos os elementos da mesma são dispostos essen-
cialmente num plano. (PINHAL, 2009, [s.p.])
A Figura 4.19 apresenta uma estrutura treliçada simples, com um carre-

gamento vertical F1 e um horizontal F2 , ambos aplicados no ponto C.
Figura 4.19 | Estrutura treliçada simples
177
Analise o comportamento da estrutura treliçada, supondo que F1 e
F2 são forças maiores do que 0 N e mantêm o sentido indicado. Qual das
barras apresentará força igual a zero?
Nesse caso, devemos analisar a estrutura treliçada proposta por meio do
método dos nós, avaliando cada nó separadamente. Para ilustrar numerica-
mente a situação e levando em consideração que F1 e F2 são forças maiores
do que 0 N e mantêm o sentido indicado, imaginemos que as forças F1 e F2
apresentem valores iguais a 10 kN. Ao analisar o nó B, que apresenta menos
reações, vemos que para haver o equilíbrio do ponto B, satisfazendo as condi-
ções de equilíbrio, as forças na horizontal devem ser iguais (de sentidos
opostos) e a única força na vertical, referente à barra BC, deve ser nula. Dessa
forma, a barra BC apresenta força igual a zero. A Figura 4.20 apresenta a
estrutura treliçada com os valores do carregamento das barras que compõem
a treliça.
Figura 4.20 | Carregamento nas barras da estrutura treliçada
Faça valer a pena
1. Leia o trecho a seguir:
Uma ponte está sendo construída com o auxílio de treliças

de até 30 metros em Aracaju. A execução da Obra de Arte
Especial (OAE) faz parte de uma obra de interligação das
avenidas Augusto Franco e Gasoduto. A estrutura contém
178
faixa de pedestre e ciclovia e, aproximadamente, 80 metros
de extensão, divididos em três vãos. (DINO, 2017, [s.p.])
No desenvolvimento de projetos de engenharia envolvendo treliças

é importante conhecer a definição de treliça a fim de compreender o
seu comportamento.
Assinale a alternativa que expressa corretamente a definição de treliça.
a. Uma treliça é uma estrutura formada por barras ligadas entre si,
quando necessário, pelo seu centro de massa.
b. Uma treliça é uma estrutura formada por barras esbeltas ligadas entre
si pela extremidade, formando triângulos ao longo do seu compri-
mento longitudinal.
c. Uma treliça é uma única barra que une dois pontos, formando triân-
gulos ao longo do seu comprimento longitudinal.
d. Treliça é uma barra apenas de aço, ligada pela extremidade, formando
triângulos ao longo do seu comprimento longitudinal.
e. Uma treliça é uma estrutura formada por barras de ferro ligadas entre
si pela extremidade, formando triângulos ao longo do seu compri-
mento longitudinal.
2. Apoios, ou vínculos estruturais, são elementos que limitam a mobilidade

da estrutura, produzindo reações vinculares. Eles são classificados de acordo
com o número de movimentos (graus de liberdade) que restringem.
A respeito dessa temática, avalie as afirmativas a seguir.
I. No apoio móvel ou rolete, a reação existente é uma força normal ao
plano apoiado (perpendicular), ou seja, uma reação na vertical.
II. No apoio fixo, existem duas reações: uma normal ao plano (vertical)
e outra paralela ao plano (horizontal).
III. No apoio móvel ou rolete, existem duas reações: uma normal ao
plano (vertical) e outra paralela ao plano (horizontal).
IV. No apoio fixo, a reação existente é uma força paralela ao plano
apoiado, ou seja, na horizontal.
V. O apoio de engaste oferece três reações: reações no sentido vertical,
horizontal e reações de momento.
179
a. I, II e III, apenas.
b. I, III e V, apenas.
c. II, IV e V, apenas.
d. I, II e V, apenas.
e. I, IV e V, apenas.
3. Na treliça, representada pela figura a seguir, um carregamento P é

aplicado sobre ela. Considere que o tamanho descrito por “a” é de 2 m e que o
carregamento P é de 40 kN e, ainda, que a barra 3 tem comprimento de 1,9 m.
Figura | Estrutura treliçada
Fonte: https://goo.gl/rgwavZ. Acesso em: 13 set. 2019.
Assinale a alterativa que apresenta, respectivamente, o carregamento nas

barras de 1 a 5, em Newtons (N).
a. 1 = 5 = 29 kN.
2 = 4 = 21 kN.
3 = P = 40 kN.
b. 1 = 2 = 29 kN.
2 = 5 = 21 kN.
3 = P = 40 kN.
c. 1 = 3 = 29 kN.
2 = 5 = 21 kN.
3 = P = 40 kN.
180
d. 1 = 3 = 29 kN.
2 = 4 = 21 kN.
5 = P = 40 kN.
e. 1 = 5 = 21 kN.
2 = 4 = 29 kN.
3 = P = 40 kN.
181
Seção 2
Torção e eixos
Diálogo aberto
Caro aluno, nós já compreendemos o conceito de tensão e deformação
para um carregamento axial, ou seja, de tração ou de compressão. Nesta
seção abordaremos um conceito que está relacionado com todas as situações
em que um corpo apresenta rotação: torção; verificando o comportamento
da tensão e da deformação em relação a esse carregamento. Para isso, analisa-
remos as tensões e deformações de torção em elementos estruturais de seção
circular, sob a atuação de uma força de torção.
Quando falamos de torção, já pensamos em algum objeto rotacionando
segundo uma força tangencial aplicada. No entanto, essa mesma definição
é dada para o torque. Então, torque e torção têm a mesma definição?
Compreenderemos, no decorrer desta seção, os motivos pelos quais a resposta
para essa pergunta é “não”. A aplicação de torque e torção, na prática, é a
mesma; mas o conceito físico de cada um deles é diferente.
Para analisar as aplicações práticas desta unidade, você já viu o movimento
de um eixo de transmissão? Ou o apertar de um parafuso? Como funcionam
os mastros dos barcos a vela? O que acontece na broca de uma furadeira em
uso? Todas essas situações são exemplos de torção, relacionadas intimamente
com o nosso dia a dia.
Dessa forma, o cliente que contratou a construtora para o desenvolvi-
mento do projeto do galpão solicitou que os portões fossem eletrônicos.
Contudo, informou ao coordenador que a região onde ele será construído
apresenta um problema de constante queda de energia e que não pretende
inserir um gerador nas instalações físicas da propriedade. Preocupado
com a situação, pensando na dificuldade que seria abrir e fechar o portão
manualmente devido a sua grande massa, você resolve acrescentar uma
chave manual ao projeto, caso falte energia, prevendo o quanto de força seria
necessária para executar o movimento. A Figura 4.21 apresenta um esboço
da chave manual do portão.
182
Figura 4.21 | Esboço da chave manual do portão
O coordenador do projeto gostou da ideia da chave manual e solicitou a

você que verificasse a força aplicada de 75 N para executar o movimento da
chave e que apresentasse os valores para os diâmetros externos dos tubos AB
e BC, considerando a espessura de 2 mm. Ainda, as tensões de cisalhamento
que os tubos AB e BC suportam são, respectivamente, de 28,3 MPa e 17,0
MPa; cujos momentos polares de inércia são, respectivamente, 9,27´10-9 m4
e 1,92´10-8 m4 . Sendo assim, para desenvolver a atividade proposta, serão
abordados os conceitos relacionados à definição de torção, tensão de torção,
deformação de torção e aplicações práticas no cotidiano.
Bons estudos!
Não pode faltar
Definição de torção
Podemos definir torção como o esforço, aplicado em um corpo, que tende
a torcer a peça. Esse tipo de esforço também é conhecido como momento
torsor ou torque, representado pela letra T. Ele é do tipo tangencial (ocorre
paralelo à área da seção transversal) e é aplicado à superfície. A Figura 4.22
apresenta um esforço de torção.
183
Figura 4.22 | Eixo sob ação de um carregamento de torção
Torção é uma grandeza vetorial e pode ser apresentada de duas maneiras

distintas: com setas curvas (Figura 4.22a) ou com vetores conjugados (Figura
4.22b). Para que haja a torção, os momentos T e T’ apresentam mesma intensi-
dade, mas sentidos opostos, favorecendo o movimento de torção. O material
pode apresentar rotação no sentido horário ou anti-horário. Dessa forma,
por convenção, dizemos que o torque, ou momento torsor, será positivo se
o material apresentar rotação no sentido anti-horário, e será negativo, se a
rotação se der no sentido horário.
A força tangencial aplicada ao material, provocando a torção T, é chamada
de cisalhamento ( t ). Contudo, nesse caso, a tensão de cisalhamento não
atua somente no plano de aplicação, ela faz com que toda a seção longitudinal
(todo o material) trabalhe. Nesse caso, dizemos que o torque aplicado no
material provoca uma tensão de cisalhamento em todas as direções (Figura
4.23a). Analisando a estrutura como um todo, veremos uma barra sob
atuação de um momento torsor. Para facilitar a compreensão, foram
colocadas tiras ao longo do eixo longitudinal da barra (Figura 4.23b). Foram
realizadas marcações nessas tiras para verificar o comportamento delas no
movimento de torção. Com a aplicação do momento, as marcas deslizam em
torno do raio da circunferência da seção transversal (Figura 4.23c).
Figura 4.23 | Cisalhamento e torque em uma barra
Fonte: adaptada de Beer et al. (2015, p. 139-140).
184
Dessa forma, vemos que quando falamos de torção, estamos falando de
rotação de um material segundo uma força tangencial aplicada. Contudo,
quando falamos de torque, também estamos falando de rotação de um
material segundo uma força tangencial aplicada. Sendo assim, qual a
diferença entre os dois conceitos: torção e torque?
Na prática, torque e torção apresentam a mesma aplicação. No entanto, a
definição física desses conceitos tem um fator que os diferencia: o local de
rotação. Em ambos os casos há uma força tangencial aplicada, provocando
rotação. Entretanto, quando a rotação for sobre o eixo, teremos torção e,
quando a rotação for em torno do eixo, teremos torque. Por exemplo, quando
torcemos um pano, o movimento de rotação está ocorrendo sobre o eixo,
nesse caso, ocorre a torção. Quando abrimos uma porta, o movimento de
rotação da porta está ocorrendo em torno do eixo (dobradiça), nesse caso,
ocorre o torque. Em ambos os casos, o cálculo será dado pela força tangencial
vezes a distância até o eixo de rotação ( T = F × d ). Sua unidade, no Sistema
Internacional de Unidades (SI), é Newton vezes metro (Nm).
Tensão de torção
Na seção anterior, vimos que a deformação para cisalhamento é conhe-
cida como distorção ( g ). No regime elástico, a lei de Hooke se aplica e
relacionamos a tensão de cisalhamento ( t ) com sua deformação ( g ) por:
t =Gg
Analisando um material de seção circular, sob um carregamento tangen-
cial, provocando um torque, vemos um diagrama da distribuição da tensão
de cisalhamento para um material maciço (Figura 4.24a) e um vazado (Figura
4.24b), cujo eixo de rotação está localizado no centro do material. No centro
da circunferência, o torque é nulo e, consequentemente, a tensão de cisalha-
mento também. Porém, na superfície, tanto o torque quanto a tensão de
cisalhamento são máximos, apresentando um diagrama triangular. No eixo
das ordenadas estão os valores para a tensão de cisalhamento e, no eixo das
abcissas, as distâncias ( r ) até a superfície, ou seja, o raio ( c ).
185
Figura 4.24 | Diagrama de tensão de cisalhamento submetida a um torque
Assimile
A tensão de cisalhamento aplicada no material atua de forma linear com
a distância até o eixo de uma barra, sob o esforço de torção. Contudo,
isso é válido apenas no regime elástico, onde a lei de Hooke se aplica.
Dessa forma, podemos relacionar a tensão de cisalhamento ( t ) com o

torque (T), em relação à geometria da seção transversal, por:
Tc
t=
J
Sendo “c” o raio do material e J o momento polar de inércia. Lembrando
que, no Sistema Internacional de Unidades (SI), a tensão é dada em N = Pa ,
m2
o torque é dado em N m = J , o raio é dado em metro (m) e o momento polar
de inércia dado em m4 . O momento polar de inércia é calculado em função
da geometria que a seção transversal apresentada. Para a seção circular
maciça, o momento polar de inércia é dado por:
1
J = p c4
2
Já para a seção circular vazada, ou seja, oca, temos:
1
J = p (c24 - c14 )
2
Pesquise mais
Veja mais sobre a torção em uma barra e a compreensão do momento
polar de inércia no capítulo 5 (páginas 123 a 129) do livro a seguir:
Prentice Hall, 2010.
186
Não se esqueça de que essa propriedade geométrica, relacionada ao
momento de inércia, sempre apresentará valores positivos e que as equações
que relacionam tensão de cisalhamento e torque (torção) podem ser utili-
zadas apenas no regime elástico, onde há a atuação da lei de Hooke.
Deformação de torção
Como vimos, o momento de torção que ocorre em torno de um eixo é
conhecido como torque. Assim como todo carregamento sobre o material,
ele responde com uma tensão e, consequentemente, há a deformação. Para o
esforço de torção não é diferente. A tensão referente ao esforço de torção é
conhecida como momento torsor ou torque (T), e a deformação provocada
por esse esforço é chamada de ângulo de torção ( f ).
Continuamos a análise em eixos circulares. O esforço é aplicado tangen-
cialmente à seção transversal, provocando a rotação no material, em relação
ao eixo. Observe a Figura 4.25, que apresenta um eixo preso a um suporte em
uma extremidade e livre em outra. A Figura 4.25a apresenta o eixo sem a
atuação do carregamento de torção, caso em que é possível observar uma
linha reta entre os pontos A e B. Ao aplicar o carregamento de torção, o
torque T provoca rotação no eixo, deslocando o ponto A para o ponto A’. Essa
deformação angular é conhecida como ângulo de torção ( f ).
Figura 4.25 | Eixo preso a um suporte, com uma extremidade livre
Através da análise da Figura 4.25b, observamos que há linearidade entre

o comprimento da barra (L) e o ângulo de torção ( f ). Sendo assim, podemos
relacionar o torque com o comprimento da barra e o ângulo de torção por:
TL
f=
JG
187
Sendo G o módulo de elasticidade para cisalhamento. Dessa forma, essa
relação para o ângulo de torção só pode ser utilizada no regime elástico de
deformação. E, ainda, como t = G g , também podemos escrever o ângulo de
torção em função da deformação de cisalhamento ( g ):
T Lg
f=
Jt
Exemplificando
Podemos determinar o ângulo de torção pela relação entre o torque
Tc TL
aplicado e a tensão de cisalhamento dadas por t = e f= .
J JG
Essas relações só podem ser aplicadas e utilizadas para situações em
que a lei de Hooke, t = G g , atua, ou seja, no regime elástico.
Considere um eixo circular maciço, com 20 m de comprimento e 100
mm de diâmetro. Determine o ângulo de torção ( f ) que pode ocorrer,
sabendo que o eixo é carregado com um torque de 300 Nm e tem
módulo de elasticidade transversal de 70 GPa.
Resolução:
A fim de se calcular o ângulo de torção em função do torque atuante na
TL
peça, é necessário utilizar a relação f = . Para isso, primeiro se faz
JG
necessário o cálculo para o momento polar de inércia, que, nesse caso,
para um eixo maciço é dado por:
1
J = p c4
2
-3
1 100´10
J = p( m)4 = 9,82´10-6 m4
2 2
Assim, o ângulo de torção é dado por:
TL
f=
JG
(300 Nm)×(20m)
f= = 0,009 rad
(9,82´10-6 m4 )×(70´109 Pa)
As equações descritas para o ângulo de torção enfatizam que ele é direta-
mente proporcional ao torque aplicado.
Torção: aplicações
Torção, ou torque, estão presentes em várias situações em nosso cotidiano.
A seguir, serão apresentadas algumas aplicações práticas do dia a dia a que,
muitas vezes, nem damos conta que o conceito de torção está associado.
188
• Torção de cabos de aço: pode-se dizer que o cabo de aço é uma espécie
de corda feita com fios de arames enrolados. A torção nos cabos indica
o lado pelo qual os fios de arames foram torcidos para a fabricação do
cabo. A Figura 4.26 apresenta um exemplo de cabo de aço.
Figura 4.26 | Exemplo de cabo de aço
Fonte: Pixabay.
O tipo de torção na fabricação do cabo de aço melhora algumas carac-

terísticas mecânicas para sua utilização. Por exemplo: maior flexibilidade,
resistência à abrasão, maior resistência à tração, dentre outras.
• O apertar de um parafuso: quando apertamos um parafuso com o auxílio
de uma chave de fenda (ou do tipo phillips), o parafuso rotaciona em
torno do próprio eixo, apresentando um momento torsor. A Figura 4.27
ilustra a situação.
Figura 4.27 | Torsão no parafuso
Fonte: PublicDomainPictures.net.
189
Reflita
O movimento de rotação descrito por uma bailarina, conceitualmente,
é considerado torque ou torção? Por quais motivos?
• Torcer pano: quando torcemos um pano, ele rotaciona no próprio
eixo, fazendo com que o excesso da água escoe, como vemos na
Figura 4.28.
Figura 4.28 | Torsão no pano
Fonte: Shutterstock.
• Hélices: podemos definir hélice como um conjunto de pás, ligadas

em um mesmo eixo, que, ao ser ligado, causa propulsão, convertendo
energia rotacional em translacional. Fato que provoca o deslocamento
do objeto em que está acoplado, como avião, helicóptero, navio. A
Figura 4.29 apresenta um exemplo de hélice.
Figura 4.29 | Hélice
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:H%C3%A9lice.jpg. Acesso em: 13 set. 2019.
190
Vimos algumas aplicações para torção. Contudo, é um conceito que
está intimamente ligado a diversas situações, como o simples estralar da
costa ou o funcionamento de um carro. Não se esqueça de que o conceito
de torção e torque, na prática, se misturam e estão relacionados com todos
os movimentos que apresentam algum tipo de rotação em torno do ou no
próprio eixo.
Sem medo de errar
Retomando o contexto de aprendizagem, pensando na dificuldade que

seria abrir e fechar o portão manualmente devido a sua grande massa,
você resolve acrescentar uma chave manual ao projeto, caso falte energia,
prevendo o quanto de força seria necessário para executar o movimento. A
Figura 4.21 apresenta um esboço da chave manual do portão.
Figura 4.21 | Esboço da chave manual do portão
O coordenador do projeto gostou da ideia da chave manual e solicitou a

você que verificasse a força aplicada de 75 N para executar o movimento da
chave e que apresentasse os valores para os diâmetros externos dos tubos AB
e BC, considerando a espessura de 2 mm. E, ainda, as tensões de cisalha-
mento que os tubos AB e BC suportam são, respectivamente, de 28,3 MPa e
17,0 MPa; e os momentos polares de inércia são, respectivamente, de
9,27´10-9 m4 e 1,92´10-8 m4 .
Nesse caso, devemos verificar qual seria o diâmetro adequado para o tubo
AB e para o tubo BC, segundo as informações do projeto. Primeiro, devemos
compreender o quanto estaria relacionado com a força de 75 N. Como vimos
191
em seções anteriores, a força está relacionada com a massa por F = mg , sendo
“g” a aceleração da gravidade. Na Terra, a aceleração da gravidade apresenta
intensidade de 9,8 m 2 , assim:
s
F 75 N
F = mg ® m = = = 7,7 kg
g 9,8 m 2
s
Logo, girar a chave manual, nessa situação, pode ser comparado com o
ato de empurrar uma massa de aproximadamente 7,7 kg. Feito isso, a fim
de dimensionarmos os diâmetros para a confecção dos tubos, precisamos
conhecer o torque que atua na alavanca. Dessa forma, podemos construir o
Diagrama do Corpo Livre (DCL) para a alavanca da Figura 4.21, apresentado
na Figura 4.30.
Figura 4.30 | DCL para a alavanca
O torque (T) atuante na peça será a somatória de todos os torques. Como

temos duas forças, teremos dois torques atuantes:
å T = (75 N ×0,15 m) + (75 N ×0,20 m)= 26,28 Nm

Assim, podemos calcular os diâmetros para cada seção. Começando com
a seção AB, temos:
Tc tJ
t= ® c=
J T
28,3 MPa ´ 9,27´10 m4 -9
c AB = = 0,01m
26,28 Nm
d AB = 2 × c AB = 2 × 0,01m = 0,02 m = 20 mm
Agora, para a seção BC, temos:
17,0 MPa ´ 1,92´10-8 m4
c BC = = 0,012 m
26,28 Nm
d BC = 2 × c BC = 2 × 0,012 m = 0,024 m = 24 mm
192
Com os cálculos realizados, vemos que o diâmetro para a confecção do
tubo da chave manual deve ser de 20 mm na seção AB e de 24 mm na seção
BC. Nessas condições, uma força mínima de 75 N, equivalente a uma massa
de 7,7 kg, pode ser aplicada para a abertura do portão.
Torque em um eixo
Um eixo de seção circular vazada, para a transmissão de um veículo,

está sendo projetado. Na situação de uso, o torque atuante no eixo não
deve ultrapassar 4 kNm. Os engenheiros que estão desenvolvendo o projeto
estão dimensionando o eixo para um material cuja tensão de cisalhamento
máxima apresenta valor de 120 MPa. As dimensões do eixo estão descritas
na Figura 4.31.
Figura 4.31 | Dimensões do eixo em análise
Verifique, nas condições apresentadas para a situação de uso do eixo, se

o torque obtido está dentro das especificações. Caso não esteja, proponha a
adequação que deve ser realizada no projeto.
O eixo que está sendo desenvolvido apresenta seção circular vazada.
Dessa forma, temos de calcular o momento polar de inércia, considerando os
valores para o raio externo ( c2 ) e para o raio interno ( c1 ):
1 1
J = p (c24 - c14 ) = p [(c2 )4 -(c1 )4 ]
2 2
193
1
J = p [(30´10-3 m)4 -(20´10-3 m)4 ]=1,02´10-6 m4
2
Assim, o torque T pode ser calculado:
Tc t máx J
t máx = ® T=
J c
(120 MPa)× (1,02´10-6 m4 )
T= = 4,08 kNm
30´10-3 m
O torque T obtido apresentou valor de 4,08 kNm, acima do valor permi-
tido. Dessa forma, o eixo com essas características não pode ser utilizado.
Uma sugestão de adequação do projeto é diminuir os valores de diâmetros
externo e interno para 50 mm e 30 mm, respectivamente. Assim:
1
J = p [(25´10-3 m)4 -(15´10-3 m)4 ]= 5,34´10-7 m4
2
(120 MPa)× (5,34´10-7 m4 )
T= = 2,6 kNm
25´10-3 m
Na redução dos valores para os diâmetros externo e interno propostos,
o torque atuante no eixo apresentaria um valor de 2,6 kNm, bem abaixo do
valor máximo permitido, proporcionando uma faixa de segurança para a
execução do projeto.
Faça valer a pena
1. Para realizar um estudo inicial das tensões que atuam em um eixo devido
a um carregamento de torção, é necessário compreender como as forças de
torção atuam no material e como ele reage ao carregamento, torcendo a peça.
Esforços desse tipo são chamados de momento de torção, torque ou apenas
de torção, representados pelas letras T e T’. Os esforços T e T ‘ têm a mesma
intensidade e direção, porém sentidos contrários.
A respeito da rotação dos corpos quando um carregamento de torção é
aplicado, analise as afirmativas a seguir:
I. O torque será positivo se a rotação ocorrer no sentido anti-horário.
II. O torque será positivo se a rotação ocorrer no sentido horário.
III. O torque será negativo se a rotação ocorrer no sentido anti-horário.
IV. O torque será negativo se a rotação ocorrer no sentido horário.
V. Independentemente do sentido da rotação, o torque sempre será
positivo.
194
a. I e IV, apenas.
b. II e III, apenas.
c. I e III, apenas.
d. II e IV, apenas.
e. V, apenas.
2. Leia o trecho a seguir:
A tensão de cisalhamento, que age na seção transversal

em uma direção, é sempre perpendicular ao eixo longitu-
dinal do material. A força que ela cria deve contribuir com
um torque em torno da linha central do eixo orientado na
mesma direção que o torque interno resultante T que age
na seção. (HIBBELER, 2010, p.129)
Considere um eixo vazado, com 64 mm de diâmetro externo e 50 mm de

diâmetro interno. Nesse eixo, há a atuação de um torque com intensidade de
1.700 Nm. Calcule a tensão de cisalhamento atuante nesse eixo.
a. 26,5 MPa.
b. 65,2 MPa.
c. 25,6 MPa.
d. 52,6 MPa.
e. 62,5 MPa.
3. Podemos relacionar a tensão de cisalhamento com o torque, no regime

Tc
elástico, por tmáx = , em que t é a tensão de cisalhamento, T é o torque, c
J
é o raio e J é o momento polar de inércia. Quando um eixo for maciço, o
1
momento deve ser calculado por J = p c 4 , enquanto para eixos vazados, por
2
1
J = p (c24 - c14 ) .
2
Observe a figura a seguir, que apresenta um eixo maciço sob a aplicação de
uma tensão de cisalhamento de 56 MPa. Calcule o torque T nessa condição.
195
Figura | Tensão de cisalhamento em uma barra maciça

a. 11 kPa.
b. 11 kNm.
c. 11 NPa.
d. 11 km.
e. 11 PaN.
196
Seção 3
Flambagem de elementos comprimidos
Diálogo aberto
Caro aluno, enfim chegamos à última seção de nosso livro de
Fundamentos de Resistência dos Materiais. Até aqui abordamos conceitos
importantes na análise estrutural dos materiais quando carregados, tais
como tração, compressão, cisalhamento, flexão e torção. Dessa forma, nesta
seção, falaremos do último tipo de carregamento que uma estrutura pode
sofrer: a flambagem.
Um exemplo prático de flambagem é o movimento desenvolvido pela
vara por um atleta na competição de salto em vara, quando ele a utiliza para
passar sobre o obstáculo. Nesse caso, ele emprega uma força de compressão
na vara, provocando uma curvatura, que o lança sobre o obstáculo. Assim,
qual a força máxima de flambagem que um material suporta antes da
ruptura? Como ocorre a dissipação dessa força e qual a tensão e deformação
obtidas? Qualquer material pode apresentar flambagem? Como distinguir se
o carregamento é de flexão ou de flambagem? Para responder a esses questio-
namentos, precisamos compreender a definição de flambagem, além de
sabermos como encontrar a carga crítica de flambagem em uma estrutura e
como o material responde ao carregamento aplicado.
No desenvolvimento do projeto da construção do galpão, você já verificou
a estabilidade da estrutura treliçada que compõe a cobertura com a atuação
de um novo carregamento de 50 kN e dimensionou os diâmetros das barras
que compõem a chave manual para abrir/fechar o portão principal. Agora,
vamos para o último desafio desta unidade, que é o de analisar as colunas de
sustentação da estrutura do galpão. As colunas apresentam seção transversal
quadrada de lado de 150 mm e comprimento de 4,5 m. Elas têm a extre-
midade inferior engastada e a superior fixa por apoio. E, ainda, o material
que constitui a coluna tem módulo de elasticidade longitudinal (E) de 108
GPa. Sendo assim, o coordenador do projeto solicitou que você descrevesse
os vínculos das colunas e que apresentasse quais os caminhos necessários
para o cálculo da carga crítica de flambagem. Para o desenvolvimento dessa
atividade, serão abordados os conceitos relacionados à flambagem, à carga
crítica de flambagem, e suas aplicações. Preparado para nosso último desafio?
Bons estudos!
197
Não pode faltar
Conceito de flambagem
A definição para o conceito de flambagem é semelhante ao conceito de
flexão: carga aplicada em uma estrutura, ou elemento estrutural, provocando
curvatura. Contudo, veremos que a diferença principal entre a flexão e a
flambagem é o local de aplicação da força.
Definimos flambagem como o fenômeno de curvatura apresentado por
um material, em que a área da seção transversal é pequena em relação ao
comprimento, quando aplicado em um carregamento de compressão axial.
Ou seja, podemos dizer que a estrutura sofre flambagem quando ocorre uma
flexão transversal, devido a um carregamento de compressão.
Assimile
Os conceitos de flexão e flambagem são parecidos. O que distingue um
conceito do outro é o local de aplicação da força:
• Flexão: carga aplicada perpendicularmente ao eixo longitudinal
do material – carregamento transversal – provocando curvatura
na peça.
• Flambagem: carga aplicada paralelamente ao eixo longitudinal
do material – carregamento de compressão axial – provocando
curvatura na peça.
A Figura 4.32 apresenta (a) um exemplo de flexão e (b) um exemplo de
flambagem.
Figura 4.32 | Exemplo de (a) flexão e (b) flambagem
Fonte: adaptada de https://www.ecivilnet.com/dicionario/o-que-e-momento-fletor.html; https://upload.wi�

-
kimedia.org/wikipedia/commons/f/f4/Flambagem_1.jpg. Acesso em: 16 set. 2019.
198
A ocorrência de flambagem é considerada uma situação delicada pelo
fato de a estrutura perder sua estabilidade antes de atingir valores de tensão
de escoamento, na região de deformação elástica. Dessa forma, dizemos que
flambagem é definida como instabilidade elástica.
Carga crítica de flambagem para barras biarticuladas

Há uma tensão limite para ocorrer o evento de flambagem. Essa tensão é
conhecida como tensão crítica ( sCR ), relacionada com a carga crítica de
flambagem ( PCR ), que não depende da tensão de escoamento do material,
mas do módulo de elasticidade longitudinal (E).
A carga crítica de flambagem ( PCR ) é definida como a carga máxima que um
material pode suportar antes de ocorrer a flambagem. Dessa forma, o carrega-
mento aplicado (P) e a carga crítica de flambagem ( PCR ) se relacionam por:
• P < PCR ® equilíbrio estável (não há flambagem).
• P = PCR ® equilíbrio neutro (não há flambagem).
• P > PCR ® equilíbrio instável (há risco de flambagem).
No equilíbrio instável, em que a força aplicada é maior do que a carga
crítica de flambagem, qualquer valor de força acima dessa carga crítica é o
suficiente para provocar a flambagem no material. A carga crítica de flambagem
( PCR ), quando ocorre no regime elástico, é dada pela equação de Euler:
p2 E I
PCR =
L2
Sendo E o módulo de elasticidade longitudinal (dado em Pascal – Pa), I o
momento de inércia da seção transversal (em metros à quarta – m4 ) e L o
comprimento da coluna sem apoio (em metros – m). Lembre-se de que o
momento de inércia (I) é referente à rotação de uma massa em torno do eixo
e, ainda, podemos calculá-lo a partir do raio de giração de uma figura plana,
definido por I = Ar 2 . Assim, a carga crítica de flambagem ( PCR ) será dada por:
p 2 E ( Ar 2 )
PCR =
L2
PCR p2 E
=
A (L )2
r
Lembrando que a tensão é calculada pela força em função da área, temos:
p2 E
sCR =
(L )2
r
199
Exemplificando
Observe o tubo apresentado na Figura 4.33. Ele é constituído de aço
A-36, cujo momento de inércia apresenta valor de 0, 455m4 . O aço A-36

tem módulo de elasticidade E de 200 GPa. Esse tipo de aço apresenta
boa soldabilidade, mas, como é composto basicamente de ferro – 99%
de ferro –, apresenta baixa resistência e usinabilidade.
Figura 4.33 | Tubo de aço A-36
Fonte: adaptada de iStock.
Determine a carga crítica de flambagem para essa situação.
Resolução:
Nesse caso, temos de aplicar a equação para a carga crítica de
flambagem:
p2 E I
PCR = 2
L
Substituindo os valores dados, temos:
p 2 (200 GPa) × (0, 455 m4 )

PCR = = 18329 kN
(7 m)2
p 2 (200´109 Pa) × (0, 455 m4 )
PCR = =18239000 N =18329 kN
(7 m)2
Dessa forma, é possível obter a carga crítica de flambagem ( PCR ) bem

como a tensão crítica de flambagem ( sCR ). Ainda, é importante ressaltar que
o material sofrerá flambagem em relação ao eixo que ofereça o menor
momento de inércia (I).
Outros tipos de vinculações

Vimos as equações para a carga crítica e a tensão crítica de flambagem
levando em consideração o comprimento do material sem apoio. Contudo,
os materiais podem ser apoiados de maneiras diferentes, como apresenta a
Figura 4.34, e torna-se necessário o cálculo do comprimento efetivo ( Le )
do material.
200
Figura 4.34 | Flambagem em estruturas apoiadas
Fonte: adaptada de https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/69/Buckledmodel.JPG. Acesso em:

16 set. 2019.
Na Figura 4.34, a primeira barra está biarticulada, com dois apoios fixos.
A segunda barra está biengastada, com dois apoios engastados. No terceiro
caso, a barra está engastada-articulada, com o apoio superior engastado e
o inferior fixo. E, por fim, a quarta barra está engastada-livre, com o apoio
superior engastado e o inferior livre.
O comprimento efetivo ( Le ) está relacionado com o comprimento (L)
através de uma constante de proporcionalidade K, denominada fator de
comprimento efetivo, e é dado por Le = K L , como apresentado na Figura
4.35.
201
Figura 4.35 | Relação entre L e Le
Analisando a Figura 4.35, vemos que as relações podem ser dadas por:
• Le = 2 L : material com uma extremidade engastada e a outra livre.
• Le = L : material com as duas extremidades presas por pinos.
• Le = 0,7 L : material com uma extremidade presa por pino e a
outra engastada.
• Le = 0,5 L : material com as extremidades engastadas.
Reflita
Vimos que Le = K L , sendo K o fator de comprimento efetivo. Segundo
essa relação, qual a unidade da grandeza K, no SI?
Dessa forma, dependendo dos vínculos que suportam uma estrutura que
pode apresentar flambagem, a relação entre o comprimento e o comprimento
efetivo varia em função dos apoios necessários para suportar a estrutura.
Flambagem: aplicações
Verificar as condições de carregamento para uma estrutura é de suma
importância para prevenir possíveis falhas quando ela for utilizada. Por
202
isso há a necessidade de se verificar a carga crítica de flambagem que uma
estrutura pode apresentar, para saber adequadamente qual carregamento ela
suporta sem que haja fratura por flambagem.
Colunas, pilares e escoras são partes que constituem uma estrutura e
estão sob um carregamento de compressão. A Figura 4.36 apresenta um
exemplo de pilares.
Figura 4.36 | Exemplo de pilares
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Pabell%C3%B3n_de_Espa%C3%B1a_Expo_2008.jpg. Acesso

em: 16 set. 2019.
Elas apresentam comprimento muito maior do que a seção transversal,

caracterizando condições ideais para o surgimento de flambagem. A
flambagem também pode estar presente nas bielas das máquinas, pilares de
sustentação, grandes silos, dentre outras situações. É importante ressaltar
que a carga máxima admissível aplicada em uma estrutura ( Padm ), para que
não ocorra a flambagem, deve ser menor do que a carga crítica de flambagem
( PCR ). O quanto menor está relacionado com o fator de segurança ( CSF )
descrito no projeto. Dessa forma, eles estão relacionados por:
PCR
CSF =
Padm
De maneira geral, a flambagem pode aparecer quando ocorre instabili-
dade na forma do material, causada por um carregamento de compressão
(caso mais comum); a falta de linearidade dos eixos e a falta de homogenei-
dade do material. Dessa forma, todas as vezes em que o comprimento de
uma estrutura for muito maior do que sua largura, deve-se analisar as causas
e efeitos de flambagem.
203
Sem medo de errar
Retomando o contexto de aprendizagem, devemos analisar as colunas de

sustentação do galpão que apresentam seção transversal quadrada, de lado
150 mm e comprimento 4,5 m. Elas têm a extremidade inferior engastada
e a superior fixa por apoio. Ainda, o material que constitui a coluna tem
módulo de elasticidade longitudinal (E) de 108 GPa. É necessário verificar
qual a carga crítica de flambagem para essa estrutura e apresentar os dados
ao coordenador do projeto.
O primeiro passo para o desenvolvimento dos cálculos é encontrar o
momento de inércia (I). Como a seção transversal apresenta geometria
a×a3
quadrada, o momento de inércia é dado por I = , onde “a” é referente ao
12
lado da seção. Dessa forma, temos:
(150´10-3 m)×(150´10-3 m)3
I= = 4,2´10-5 m4
12
Com o calor para o momento de inércia (I), é possível encontrar a carga
crítica de flambagem ( PCR ):
p2 E I
PCR =
L2
2 9 -5 4
p (180´10 Pa)(4,2´10 m )
PCR = = 2211000 N = 2211kN = 2,2 MN
(4,5 m)2
Dessa forma, para as informações de projeto e dimensões da coluna, a
carga crítica de flambagem será de 2211 kN. A coluna deve sofrer carrega-
mentos menores do que a carga crítica, para evitar eventuais fraturas.
Dimensionamento de seção transversal
Um projeto para construção de um quiosque está em desenvolvimento.

Nele, há uma coluna de sustentação principal, com suas extremidades articu-
ladas, constituída de pinho. Ela tem seção transversal quadrada e compri-
mento de 2 m. Seu módulo de elasticidade longitudinal (E) apresenta valor de
13 GPa e ela está sendo projetada para suportar uma tensão de compressão de
12 MPa. Lembre-se de que a tensão de compressão atua na direção das fibras.
204
Determine a dimensão da seção transversal quadrada (a) para uma força
aplicada de 100 kN, considerando um coeficiente de segurança de 2,5.
O primeiro passo é encontrar a força crítica segundo o coeficiente de
segurança aplicado:
PCR
CSF = ® PCR = Padm × CSF
Padm
PCR =100 kN × 2,5 = 250 kN
O enunciado diz que a coluna tem “extremidades articuladas”. Isso

implica que Le = L . Assim, pela equação de flambagem é possível calcular o
momento de inércia: 2 2
p EI PCR × L
PCR = ® I=
L2 p2 × E
(250´103 N )× (2 m)2
I= = 7,8´10-6 m4
p 2 × (13´109 Pa)
a×a3
Para a seção quadrada, o momento de inércia é dado por I = , assim:
12
a4
I= ® a = 4 12 I
12
a = 4 12(7,8´10-6 m4 ) = 0,098 m = 98 mm
Logo, a seção quadrada apresentará lado de 98 mm.
Faça valer a pena
1. A carga crítica de flambagem ( P

CR ) é definida como a carga máxima que
um material pode suportar antes de ocorrer a flambagem. Quanto à relação
entre a carga crítica de flambagem ( PCR ) e o carregamento aplicado (P),
avalie as afirmações a seguir:
I. P < PCR ® equilíbrio estável (há flambagem).
II. P = PCR ® equilíbrio neutro (não há flambagem).

III. P > PCR ® equilíbrio instável (não há risco de flambagem).
a. I, apenas.
b. II, apenas.
205
c. III, apenas.
d. I e III, apenas.
e. II e III, apenas.
2. Analisando as colunas de uma estrutura, o comprimento efetivo ( L ) está

e
relacionado com o comprimento (L) através de uma constante de proporcio-
nalidade K, denominada fator de comprimento efetivo, dado por Le = K L .
Assinale a alternativa que expressa essa relação para uma coluna com as duas
extremidades engastadas.
a. Le = L .
b. Le = 0,5 L .
c. Le = 0,7 L .
d. Le = 2 L .
e. Le = 3 L .
3. A figura a seguir apresenta uma coluna quadrada sob um carregamento

axial de compressão.
Figura | Coluna sob compressão
A coluna com 1 metro de comprimento apresenta módulo de elasticidade

longitudinal (E) de 200 GPa e seção transversal quadrada com lado “a” de
25 mm.
206
Assinale a alternativa que expressa o valor para a carga crítica de flambagem
dessa coluna.
a. 6,3 kN.
b. 6,3 kPa.
c. 63 kN.
d. 63 MPa.
e. 630 kN.
207
Referências
BEER, F. P. et al. Mecânica dos materiais. 7. ed. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2015.
BEER, F. P. et al. Mecânica vetorial para engenheiros: estática. 9. ed. Porto Alegre: McGraw-
Hill, 2012.
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Books, 1995.
DINO. Treliças gigantes participam de obra moderna em Sergipe. Terra [portal]. [S.l.], 8 nov.
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-obra-moderna-em-sergipe,c6f713e1f88b6110df0aaf16a6b6dd37c0vuomy5.html. Acesso em:
13 set. 2019.
FTOOL. [Software]. Disponível em: https://www.ftool.com.br/Ftool/. Acesso em: 13 set. 2019.
HIBBELER, R. C. Estática: mecânica para engenharia. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2011.
MDSOLIDS. [Software]. Disponível em: https://web.mst.edu/~mdsolids/. Acesso em: 13

set. 2019.
MERIAM, J. L.; KRAIGE, L. G. Mecânica para engenharia – estática. 7. ed. Rio de Janeiro:
Livros Técnicos e Científicos (LTC), 2016.
PINHAL, P. O que é treliça? Colégio de Arquitetos. [S.l.], 15 fev. 2009. Disponível em: http://
www.colegiodearquitetos.com.br/dicionario/2009/02/o-que-e-trelica/. Acesso em: 13 set. 2019.
PLESHA, M. E.; GRAY, G. L.; COSTANZO, F. Mecânica para engenharia: estática. Porto
Alegre: AMGH, 2014.

1981 Fundamentos de Resistencia Dos Materiais

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Fundamentos

Vice-Presidência de Produto, Gestão e Expansão

Diretoria de Produção e Responsabilidade Social

Editoração Gráfica e Eletrônica

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

1. Equilíbrio dos corpos. 2. Tensão-deformação.

Fonte: https://goo.gl/BwWdFM. Acesso em: 18 mar. 2019.

O coordenador desse projeto solicitou que você elaborasse um laudo técnico

Não pode faltar

Caro aluno, iniciemos o estudo dos conceitos fundamentais da física

Grandezas escalares e vetoriais

Fonte: elaborada pela autora.

Sistema Internacional de Unidades (SI)

Grandeza Unidade de Medida (SI)

Dessa forma, as demais grandezas apresentam suas unidades de medidas

Grandeza Unidade de Medida (SI)

velocidade metro por segundo (m/s)

área metro quadrado ( m )

Fonte: elaborado pela autora.

Transformação de unidades e fatores de conversão

Relação Fator de Conversão

Hora para segundo 1 h = 3.600 s

Polegada para metro 1 polegada = 0,0254 m

Kelvin para graus Celsius 0 K = -273,15 ºC

Kelvin para graus Fahrenheit 0 K = -459,67 ºF

Quilograma força para Newton 1 kgf = 9,8 N

Fonte: adaptado de http://twixar.me/S4SK. Acesso em: 11 jul. 2019.

Algumas grandezas apresentam valores muito grandes ou muito pequenos,

Potência Prefixo Nomenclatura

Fonte: elaborado pela autora.

HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física: mecânica.

TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física para cientistas e engenheiros: mecânica,

Operação entre vetores

Fonte: elaborada pela autora.

Fonte: Carvalho (2000, p. 4).

Para calcular o vetor resultante, temos:

Fonte: elaborada pela autora.

Fonte: elaborada pela autora.

Fonte: elaborada pela autora.

Fonte: elaborada pela autora.

Dessa forma, podemos calcular o módulo do vetor resultante por:

Da mesma maneira que podemos somar vetores para encontrar o vetor

Fonte: elaborada pela autora.

Fonte: elaborada pela autora.

Com a projeção, as equações para a decomposição de vetores devem ser

î ´ ˆj= kˆ kˆ´î = ˆj ˆj ´kˆ = î

ˆj´î = – kˆ î ´kˆ = – ˆj kˆ´ ˆj = -î

Nesse caso, podemos resolver o produto vetorial através do determinante

Sem medo de errar

O coordenador do projeto passou uma tarefa a você que consiste em

Unidades de medidas e fatores de conversão

Você trabalha em uma renomada empresa de engenharia, que desenvolve

Faça valer a pena

Assinale a alternativa que apresenta corretamente as três características que são

a. Módulo, direção e posicionamento.

c. Direção, sentido e comprimento.

d. Módulo, direção e sentido.

e. Direção, módulo e tempo.

2. Foi criado, em 1960, na 11ª Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM), o

Nessa conferência, chegou-se à conclusão de que havia sete grandezas fundamentais

Com relação a essa temática, analise as afirmativas a seguir:

II. Comprimento é uma grandeza fundamental e sua unidade de medida é

III. Temperatura é uma grandeza fundamental e sua unidade de medida é graus