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ENERGIA HÍDRICA OU HIDROELÉTRICA

1. INTRODUÇÃO:

A energia elétrica originada da hídrica constitui uma importante fonte de energia renovável
e limpa. Este documento registrará informações importantes sobre a energia hidroelétrica
no Brasil e no mundo e, seus impactos sociais e ambientais.

2. CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS:

Considerada uma fonte de energia limpa e renovável, a energia hídrica ou hidroelétrica é


aquela produzida pela força das quedas ou corredeiras dos rios.

Consiste na construção de usinas hidrelétricas onde as águas provenientes dos rios, sob a
ação da gravidade movem grandes turbinas que transformam a energia potencial da água
em energia mecânica e em elétrica, por fim.

Vale destacar que energia renovável é aquela produzida por fontes naturais e inesgotáveis,
portanto, a energia hidroelétrica pode ser considerada uma forma de energia sustentável.

Considerando a necessidade de estabelecer uma área de acúmulo de água ou de


inundação no ambiente de construção de uma usina hidrelétrica, a sua implantação é mais
recomendada em áreas de planalto, em virtude da topografia apresentar-se mais íngreme
e acidentada. Em contrapartida, os rios de planície necessitam de mais espaço para
represamento da água, impactando mais no ecossistema.

A produção da energia elétrica requer que usinas hidrelétricas estejam integradas a vazão
de um rio de grande volume de água e em desníveis do relevo naturais, como as quedas
d’água, ou criados artificialmente pelo homem, de forma que a velocidade do escoamento
desse precioso líquido possa possibilitar a produção de energia.

De maneira, simplificada a usina é caracterizada basicamente por:

Um rio com grande volume de água, responsável pela geração da força e energia
potencial.

Um reservatório, lago ou barragem que servirá para acumular a água, além de


possibilitarem a formação do desnível necessário para o escoamento e obtenção da
energia hidráulica, a captação da água em volume necessário e a regularização da vazão
dos rios em períodos de chuvas ou de secas. Além da geração de energia, a água
armazenada pode contribuir no abastecimento das cidades, na irrigação das lavouras, na
navegação e outros usos.

Um sistema de captação e adução formados por túneis, canais ou condutos metálicos que
têm a função de levar a água até a casa de força sob grande velocidade e pressão.
Compõe este sistema um vertedouro responsável em controlar a vazão do reservatório e o
volume nos períodos de cheias.
Uma casa de força contendo um conjunto de turbinas que giram em alta velocidade e, que
presas aos seus eixos acionam o gerador.

Um gerador ou mais que são responsáveis por transformar a energia mecânica ou cinética
das águas em energia elétrica. As pás das turbinas que ao movimentar eixos dentro do
gerador contendo bobinas criam um campo magnético, produzindo eletricidade.

Segue abaixo, segue esquema simplificado de uma usina hidroelétrica.

Foto 1: Fonte Aneel – Fontes Renováveis

Para que a energia elétrica chegue aos consumidores finais, a energia elétrica produzida
nas usinas hidroelétricas ainda passa por processo e transformação e distribuição. Para
que isto ocorra, a voltagem da energia produzida pelas Centrais Elétricas é elevada pelos
transformadores elevadores das subestações. O aumento da tensão permite a diminuição
da perda no transporte da energia a grandes distâncias até aos centros urbanos. Para que
a eletricidade seja fornecida às residências, indústrias, hospitais e outros diversos
estabelecimentos, a tensão é rebaixada na subestação abaixadora a níveis apropriados e
chega às residências por meio das redes de distribuição, formada por postes, cabos e
transformadores.
Foto 2: Fonte EPE.

A ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica adota três classificações quanto às


Usinas de geração de energia elétrica no Brasil, sendo:

- Centrais Geradoras Hidrelétricas – CGH com até 1 MW de potência instalada.


- Pequenas Centrais Hidrelétricas - PCH, entre 1,1 MW e 30 MW de potência instalada.
- Usina Hidrelétrica de Energia - UHE, com mais de 30 MW de potência instalada.

Vale destacar que a dimensão das Centrais Elétricas ou Usinas determina a distância que
ela estará dos centros urbanos e o tamanho da rede de transmissão que será necessária
para levar a energia até os consumidores finais. Quanto mais distante se encontrar essas
construções, mais será exigido a construção de redes de transmissões extensas e de altas
tensões, inclusive abrangente o território de vários estados ou países, como no caso de
Itaipu.

Outra classificação de Centrais elétricas é adotada pela Agência Internacional de Energia,


sendo: Hidrelétrica à fio d’água, Usina com reservatório e acumulação de água e
Hidrelétricas Reversíveis.
A Hidrelétrica à fio d’água é caraterizada por não possuir reservatórios para acúmulo de
água. O máximo que se faz é o alargamento do leito dos rios próximo às comportas da
usina, o que resulta em menor impacto ambiental. Entretanto, requer existência de chuvas
bem distribuídas ao longo do ano para funcionamento.

Os impactos ambientais e sociais, além dos custos financeiros necessários para a


construção de grandes barragens tem favorecido a tendência de construção desse tipo
central elétrica.

Usina com reservatório e acumulação de água que requer grandes áreas inundáveis, altos
e investimentos e causam impacto ambiental significativo, mas favorecem a geração de
energia nos meses de estiagem.

Já as Hidrelétricas Reversíveis, a água é armazenada em um reservatório elevado como


energia potencial gravitacional e é bombeada de um reservatório inferior sob alta pressão.
A operação dessas usinas ocorre em períodos com maior demanda de eletricidade,
através da liberação da água para o acionamento das turbinas e produção de energia. Nos
períodos de baixa demanda para utilização, como durante a noite e finais de semana, a
água é bombeada para o reservatório superior. Essa tecnologia é utilizada em países com
baixo potencial hidrográfico como o Japão.

Foto 3: Diagrama de uma planta reversível – Fonte: DOE - Energy Storage Database, 2016

3. VANTAGENS, DESVANTAGENS E IMPACTOS SÓCIO-ECONÔMICOS E


AMBIENTAIS E ASPECTOS ESTRATÉGICOS DO APROVEITAMENTO
HIDDROELÉTRICOS:

3.1. SÓCIO-ECONÔMICOS:

3.1.2. VANTAGENS:
Baixo custo na geração e do custo de operação em comparação com outros tipos como a
energia nuclear e fóssil.

Alta eficiência energética, ou seja, cerca de 90% da energia captada é capaz de ser
convertida em energia elétrica;

Flexibilidade na operação podendo fornecer diferentes tensões para diferentes


comunidades e consumidores finais.

Confiabilidade do sistema e qualidade de serviço.

Apesar de haver risco de rompimento das barragens e ocorrência fenômenos climáticos, a


geração, transmissão e a distribuição da energia elétrica é considerada segura.

Pode favorecer a navegação em virtude da construção dos reservatórios e incremento do


turismo (Ex: Três Marias).

Desenvolvimento da indústria nacional de base e dos centros acadêmicos para


fornecimento de mão de obra em diversas áreas: biologia, engenharia, etc.

Independência da importação de combustíveis fósseis, conferindo autonomia energética.

Favorecem a investigação em tecnologias novas que permitam melhorar a eficiência


energética.

Setor emprega grande quantidade de mão de obra direta e indiretamente.

3.1.2. DESVANTAGENS:

Autos investimentos iniciais para construção das Centrais Elétricas, Reservatórios,


Sistemas de Transmissão e de Distribuição.

As hidrelétricas devem ser construídas junto às fontes de produção de energia, havendo


pouca flexibilidade para desloca-las dos cursos d’água, o que aumenta os custos na
construção das linhas de transmissão.

Longo prazo para conclusão dos projetos, execução e operação das usinas – de a 12
anos.

Longo prazo para retorno dos investimentos.

Comprometimento de terras, muitas delas produtivas ou urbanas.

É dependente de um fenômeno natural, no caso, das chuvas.

Requer pessoal qualificado e treinado para operação do sistema.

Compensação financeira para os municípios que tiveram áreas inundadas.


Isolamento de comunidades ribeirinhas e destruição das relações sociais das comunidades
ribeirinhas, quilombolas e indígenas.

Mudanças da estrutura produtiva agroextrativista para industrial.

É dependente de um fenômeno natural, no caso, das chuvas.

3.2. SOCIOAMBIENTAIS:

3.2.1. VANTAGENS:

A energia hidroelétrica é considerada renovável e limpa, dessa forma, sua fonte é


considerada inesgotável. A água utilizada é devolvida limpa para a natureza.

Recurso é gratuito – Fonte Primária.

É considerada uma forma eficiente de geração de energia, além de ser menos poluente
que as termoelétricas movidas a combustíveis fósseis, por exemplo.

Os lagos formados, se bem tratados e conservados, contribuem para melhoria do meio


ambiente e podem ser utilizados como forma de turismo e lazer.

O meio ambiente é conservado nas adjacências às Centrais Elétricas.

3.2.2. DESVANTAGENS:

Perdas de áreas de pesca e extrativismo vegetal e animal das comunidades ribeirinho.

Enorme mortandade de animais com o enchimento do reservatório.

Emissão de gases de efeito estufa em virtude da decomposição de vegetação nas áreas


inundadas

Perda da biodiversidade local.

Prejudica a reprodução de espécies, em especial aos peixes no período da piracema.

Emissão de dióxido de carbono emitido pela decomposição da matéria orgânica que se


forma nas áreas alagadas.

Mudança do habitat em virtudes das áreas inundadas, alterações dos cursos dos rios e das
quedas d’água, podendo causar escassez de água para as comunidades vizinhas e a
pecuária local.

Construção de redes de transmissões e subestações alteram o meio ambiente,


provocando alterações nos planos diretores das cidades.
3.3. ASPECTOS ESTRATÉGICOS:

Por se tratar de uma forma de energia renovável, inesgotável e limpa, a política energética
que investe na energia hidroelétrica é considerada coerente como forma de
desenvolvimento baseado nos conceitos de sustentabilidade.

Diz LUIZ CLÁUDIO DE ALMEIDA MAGALHÃES, em seu livro, Energia Hidrelétrica,


Fundação Getúlio Vargas, 1978:

“Uma política energética coerente deve, portanto, visar prioritariamente à utilização de


fontes renováveis e, nesse grupo, a energia hidrelétrica ocupa lugar privilegiado, por ser a
única acessível, em escala industrial e a baixo custo, com a tecnologia atualmente
disponível.”

4. DISTRIBUIÇÃO DA ENERGIA HIDROELÉTRICA NO BRASIL E NO MUNDO

Segundo a Empresa de Pesquisas Elétricas, o potencial hidrelétrico do Brasil é estimado


em cerca de 172 GW, sendo que 60% já foi aproveitado. Do potencial não aproveitado,
70% estão localizadas na região norte, nas bacias hidrográficas Amazônicas, Tocantins e
Araguaia. A capacidade instalada é da ordem de 150 GW.

Apesar da maior capacidade para geração (40,5%) encontra-se na região Amazônica é na


região Sul, na bacia do Rio Paraná onde está localizada a Itaipu Binacional
(Brasil/Paraguai) é que há maior produção de energia elétrica no país, gerando entre 15 e
18% da energia utilizada no Brasil. Itaipu está localizada na cidade de Foz do Iguaçu e na
cidade “Ciudad Del Est”, no Paraguai.

Vale ressaltar que 12% da água doce superficial da Terra estão localizados em território
brasileiro, fazendo que o país tenha uma das maiores redes fluviais, contando com 12
bacias hidrográficas.
Apesar da crise financeira desde 2015, o consumo de energia elétrica no Brasil está em
franca expansão. Como pode ser observado na figura abaixo, o consumo saltou de 16,6%
em 2009 para 18,0% em 2018.

Diversos países exploram a energia hidrelétrica provenientes dos rios. Entretanto, mais da
metade da produção mundial são produzidas na China, Brasil, Canadá, Rússia e EUA.
Atualmente, 18% da energia mundial produzida vêm da fonte hídrica. Este índice não é
maior, pois a maioria dos países existentes na fase da terra não possui potencial
hidrográfico. Um quinto da eletricidade mundial é gerada pelas hidrelétricas. Segundo o
Anuário Estatístico de Energia Elétrica de 2018, em 2015 o Brasil foi o terceiro país que
mais gera energia hidroelétrica no mundo, atrás da China e do Canadá.
Segundo a Agência Internacional de energia, a potência mundial instalada é atualmente
superior a 1000 GW. A expectativa é que em 2050 essa potência duplicada, superando
assim os 2000 GW.

Dentre as três maiores Centrais Hidroelétricas, destacamos:

- Três Gargantas – localizada em Fica em Yichang, China, no rio Yangtsé com potência
instalada de 22500 MW. É a maior hidroelétrica mundial. Construção finalizada em 2012. e
custo final de 18 bilhões de euros.

Foto 4 - Fonte ANEEL.

- Itaipu – Localizada na fronteira entre Brasil e Paraguai com potência instalada de 14000
MW. Construção finalizada em 1982 e custo final de 15 bilhões de euros. É a segunda
maior hidrelétrica do mundo, porém a primeira em produção anual de energia. Em 2016 a
empresa produziu cerca 103 MWh de energia limpa e renovável, batendo recorde mundial.
Foto 5: Fonte ANELL.

- Xiluodu - Localizada na cidade de Sichuan na China, junto ao Rio Jinsha com potência
instalada de 13860 MW. É a terceira maior hidrelétrica mundial. Custo total de 5,5 bilhões
de euros.

Foto 6: Fonte ANELL.


- Guri ou Simon Bolivar - Localiza-se na Venezuela junto ao Rio Caroni. Potência
instalada de 10235 MW. Construção finalizada em 1986. É a quarta maior hidrelétrica do
mundo.

Foto 7: Fonte ANELL.

- Tucuruí – Fica no Rio Tucuruí, cidade Tucuruí no Brasil. Quinta maior hidrelétrica do
mundo com potência instalada de 8370 MW. Custo final de 4,0 bilhões de euros e obra
finalizada em 2010.

Foto 5:
Foto 8: Fonte ANELL.
Dentre as fontes de energia existentes, as Usinas de hidroelétricas estão entre as
principais fontes renováveis no mundo. No Brasil, em 2017, a fonte hidráulica representou
65,2% da geração nacional, bem acima dos níveis mundiais, em comparação com o ano
de 2016. Neste ano a produção mundial de energia elétrica proveniente das fontes
hidráulicas foi de apenas 16,6%.

Segue abaixo comparação entre a utilização de fontes renováveis e não renováveis no


Brasil e no mundo. Podemos observar que a matriz energética brasileira é considerada
limpa.
Em virtude de a energia hidroelétrica constituir a maior fonte de energia utilizada no país, a
matriz energética brasileira é considerada dentre as mais limpas e renováveis do mundo.
Em termos percentuais, analisando os dados do gráfico acima, em 2018, em termos
percentuais, 45,3% (quase a metade) da energia utilizada no Brasil vem de fontes
renováveis (hidráulica, biomassa, lixivia). Dessa forma, diferentemente do resto do planeta,
por aqui se utiliza mais fontes renováveis que o resto do mundo, o que impacta menos no
meio ambiente.
A energia obtida das hidrelétricas emitem baixos níveis de CO2. Podemos nos gráficos
abaixo que China e Estados Unidos são os maiores emissores de poluição no mundo em
virtude de utilização de formas não renováveis de energia, como termoelétricas, por
exemplo, o que reflete na saúde de suas populações.
4. CONCLUSÃO:

Considerada um tipo de energia renovável e limpa, as hidrelétricas podem servir a uma


forma sustentável de desenvolvimento de um país que possui potenciais hídricos para
geração de eletricidade. Problemas decorrentes de impactos negativos podem ser
minimizados com estudo prévio de implantação, observância da legislação ambiental
vigente e rígidos controles de fiscalização. Aspectos ou vantagens positivos mencionados
no texto podem compensar certos impactos negativos inevitáveis. Um país com grande
capacidade hídrica como o Brasil não pode dispensar a utilização dessa importante fonte.

4. BIBLIOGRAFIA:
Balanço Energético Anual/Relatório Síntese – Ano Base 2018, disponível em http://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-
dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-377/topico-470 /Relat%C3%
B3rio%20S%C3%ADntese%20BEN%202019%20Ano%20Base%202018.pdf.

Resenha Energética Brasileira – Exercício 2018, disponível em www.mme.gov.br/Publicações e Indicadores.

Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2018 – Ano Base 2017, EPE – Ministério das Minas e Energia.

Energia Renovável: Hidráulica, Biomassa, Eólica, Solar, Oceânica / Mauricio Tiomno Tolmasquim (coord.). – EPE: Rio de
Janeiro, 2016.

http://epe.gov.br/pt/abcdenergia/fontes-de-energia.

https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/o-que-e-a-energia-hidreletrica/60526.

Diz LUIZ CLÁUDIO DE ALMEIDA MAGALHÃES, em seu livro, Energia Hidrelétrica, Fundação Getúlio Vargas, 1978.

Atlas de energia elétrica do Brasil / Agência Nacional de Energia Elétrica. – Brasília : ANEEL, 2002. Disponível em
http://www2.aneel.gov.br/arquivos/PDF/atlas_par2_cap3.pdf.
Geração distribuída e eficiência energética - Reflexões para o setor elétrico de hoje e do futuro Autores - International
Energy Initiative – IEI Brasil, Campinas, 2018.

http://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica.

http://www.usp.br/portalbiossistemas/?p=7865

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