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AULA EXTRA
QUALIDADE DO FORNECIMENTO
DA ENERGIA ELÉTRICA
FOCO
DESTA
AULA
Documentações do ONS (OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA) – PROCEDIMENTOS DE REDE que abordam aspectos relacionados à mesma temática do
MÓDULO 8 do PRODIST, embora com foco na REDE BÁSICA:
.Sub-módulo 2.9 - “REQUISITOS TÉCNICOS MÍNIMOS PARA A CONEXÃO ÀS INSTALAÇÕES DE TRANSMISSÃO”
.Sub-módulo 2.10 - “REQUISITOS MÍNIMOS DE QUALIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA PARA ACESSO OU INTEGRAÇÃO À REDE BÁSICA”
QUALIDADE DO PRODUTO
Caracterização dos fenômenos que afetam a onda de tensão (universo de abordagem da Seção 8.1 do Módulo 8
do PRODIST)
Fenômenos em regime PERMANENTE:
• Variações de tensão em regime permanente;
• Fator de potência;
• Distorções Harmônicas;
• Desequilíbrios de tensão;
• Flutuações de tensão; e
• Variações de frequência.
Fenômeno em regime TRANSITÓRIO:
• Variações de tensão de curta duração – VTCD.
• Com o conjunto de leituras válidas, calculam-se os indicadores DRP e DRC pelas seguintes expressões:
sendo:
nlp = maior valor entre as fases do número de leituras situadas na faixa de tensão precária; e
nlc = maior valor entre as fases do número de leituras situadas na faixa de tensão crítica.
sendo:
k1 = 0, se DRP ≤ DRPlimite;
k1 = 3, se DRP > DRPlimite;
k2 = 0, se DRC ≤ DRClimite;
k2 = 7, para consumidores atendidos em BT, se DRC > DRC limite;
k2 = 5, para consumidores atendidos em MT, se DRC > DRC limite;
k2 = 3, para consumidores atendidos em AT, se DRC > DRC limite;
DRP = valor do DRP expresso em percentual, apurado na última medição;
DRP limite = 3 %;
DRC = valor do DRC expresso em percentual, apurado na última medição;
DRC limite = 0,5 %; e
EUSD = valor do Encargo de Uso do Sistema de Distribuição correspondente ao mês de referência da última medição.
sendo:
fp = fator de potência;
P = potência ativa (kW);
Q = potência reativa (kVAr);
EA = energia ativa (kWh); e
ER = energia reativa (kVArh).
• O controle do fator de potência deve ser efetuado por medição permanente e obrigatória no caso de unidades consumidoras
atendidas em Média Tensão e em Alta Tensão, e nas conexões entre distribuidoras, observando o disposto em regulamentação.
COMENTÁRIOS: Note-se que o Módulo 8 do PRODIST define o Fator de Potência como sendo uma relação que depende, também, da
potência reativa ou da energia reativa, como mostram as expressões acima. No entanto, não se especifica como tal
grandeza deve ser medida, o que é um problema quando estão presentes formas de onda não senoidais, por exemplo.
• Grandeza adimensional definida em 1922 por Buchholz [Fonte: F. Buchholz, Die Drehstrom-scheinleistung bei Ungleichmassiger Belastung der Drei
Zweige, Licht und Kraft, no. 2, pp. 9–11, Jan. 1922], sendo aplicada a circuitos de corrente alternada.
O conceito continua sendo aplicado praticamente sem alteração de significado [Fonte: IEEE Standard Definitions for the Measurement of Electric
Power Quantities Under Sinusoidal, Non Sinusoidal, Balanced, or Unbalanced Conditions, IEEE Std 1459-2010, IEEE Press]:
“O fator de potência pode ser interpretado como a razão entre a energia transmitida à carga e a máxima energia que poderia ser
transmitida, mantidas as perdas na linha de alimentação”.
Obs: Visto dessa maneira, o FP dá uma ideia do aproveitamento de um alimentador para a efetiva realização de trabalho na carga, no
que se refere à potência ativa.
(((
• Nas bibliografias técnicas é comum que o FP seja definido como “a relação entre a potência ativa (P), dada em Watts [W], e a
potência aparente (S), dada em Volt-Ampère [VA], associadas a um dispositivo, equipamento ou instalação (unidade consumidora)
independentemente das formas que as ondas de tensão e corrente apresentem, desde que sejam periódicas (período T)”.
• Em um sistema com formas de onda senoidais, a equação acima equivale ao cosseno da defasagem entre as ondas de tensão e de
corrente:
COMENTÁRIOS
• Na primeira expressão acima (à esquerda), o termo associado à potência aparente (S) traz, implicitamente em sua composição, além
da parcela ativa, também a contribuição de parcela de potência adicional que não produz trabalho.
Tradicionalmente, em circuitos senoidais e com cargas lineares, tal parcela adicional é denominada “potência reativa”.
• Porém, tal expressão não apresenta explicitamente a grandeza “potência reativa”, a qual carece de uma definição consensual e
tecnicamente consistente em situações em que as formas de onda não sejam senoidais.
Tais situações são cada vez mais comuns, especialmente em redes de distribuição em baixa tensão.
• Nesses casos, o FP também é monitorado hora a hora e as regras são bem mais rígidas, não se admitindo FP capacitivo.
MT abaixo de 69 kV
345 kV
• No caso dos consumidores atendidos em tensão entre 69 e 230 kV, o Módulo 8 do PRODIST conflita com o Sub-Módulo 2.10
dos Procedimentos de Rede do ONS e cita que: “Para unidade consumidora do Grupo A ou ponto de conexão entre
distribuidoras com tensão inferior a 230 kV, o fator de potência no ponto de conexão deve estar compreendido entre 0,92 e 1
indutivo, ou 1 e 0,92 capacitivo, de acordo com as Regras de Prestação do Serviço Público de Distribuição de Energia Elétrica”.
Porém, nessa faixa de tensão, na prática valem, pelo menos em princípio, as regras do ONS.
4) DESEQUILÍBRIOS DE TENSÃO
• O Módulo 8 do PRODIST caracteriza o Desequilíbrio de Tensão como sendo “qualquer diferença verificada nas amplitudes
entre as 3 tensões de fase (VFASE-NEUTRO) de um determinado sistema trifásico, ou na defasagem elétrica de 120° entre as
tensões de fase do mesmo sistema”.
• Indicador: FD95%, que representa o valor do Fator de Desequilíbrio de Tensão – FD% que foi superado em apenas 5 % das
1.008 leituras válidas.
• Expressão para cálculo do indicador FD%:
Expressão
CIGRÉ-C04
___________________________________________________________________________________________________________
PARÊNTESIS: Na prática (em campo....), costuma-se utilizar o critério da norma NEMA – MG1, que define o fator desequilíbrio de
tensão como a relação entre o máximo desvio da tensão média e a tensão média, tomando-se como referência as tensões de linha.
Esse fator, em percentagem, é dado por:
Essa abordagem já foi apresentadas na Aula 1 da
disciplina “Análise de Harmônicas e Distúrbios de
em que:
Tensão em Redes Elétricas”
.ΔV - máximo desvio das tensões de linha (Fase-Fase) medidas em relação
à tensão de linha média [V];
.UAV - tensão de linha média [V].
• Limites estabelecidos no Sub-módulo 2.9 dos Procedimentos de Rede do ONS (para fins de comparação):
No documento do
ONS, o indicador
FD95% é
denominado KS95%
• O Módulo 8 do PRODIST caracteriza as Flutuação de Tensão como sendo “a variação aleatória, repetitiva ou esporádica
dos valores eficaz ou de pico da tensão instantânea”.
• Flutuações na tensão podem gerar incômodos visuais provocados pelo efeito da cintilação luminosa em pontos de
iluminação e em monitores de vídeo, perceptíveis pelo olho humano.
• Indicadores: Pst, Plt e Pst95%.
• O Pst (Probability Short Term) representa a severidade dos níveis de cintilação luminosa associados à flutuação de
tensão verificada em um período contínuo de 10 minutos.
• O Plt (Probability Long Term) representa a severidade dos níveis de cintilação luminosa associados à flutuação de tensão
verificada em um período contínuo de 2 horas (refletindo 12 amostras do Pst).
• O Pst95% representa o valor do indicador Pst que foi superado em apenas 5 % das 1.008 leituras válidas.
• O Pst expressa a conversão de níveis de flutuações de tensão em um índice estatístico (uma ponderação, um peso…).
• O Sub-Módulo 2.9 dos Procedimentos de Rede do ONS dá ao fenômeno um tratamento mais abrangente, estabelecendo
fatores de transferência que podem ser aplicados às flutuações observadas na Rede Básica de modo que se possa estimar
seus reflexos (ATENUADOS) nos barramentos de baixa tensão (220 V) mais próximos, eletricamente a jusante.
f) Comentário: É importante enfatizar que a não violação (não transgressão) do FI não significa, necessariamente, que uma
determinada planta industrial não tenha registrado uma parada de processo. Da mesma forma, a violação
(ou transgressão) do FI não significa, necessariamente, que possa haver parada de processo.
No que se refere aos distúrbios, a distribuidora deve manter registro em sistema informatizado do ponto de medição
permanente, contendo obrigatoriamente os seguintes dados:
• histórico dos indicadores individuais DRP e DRC (TENSÃO EM REGIME PERMANENTE), associados a cada conjunto de 1.008
leituras válidas;
• histórico dos indicadores DTT95%, DTTp95%, DTTi95%, DTT395% (DISTORÇÕES HARMÔNICAS), FD95% (DESEQUILÍBRIOS DE
TENSÃO) e Pst95% (FLUTUAÇÕES DE TENSÃO), associados a cada conjunto de 1.008 leituras válidas;
• data, hora de início, duração e amplitude de todos os eventos de VTCD registrados;
• histórico dos valores apurados para o Fator de Impacto (FI) e respectivas estratificações dos eventos de VTCD associados,
conforme tabela específica apresentada no Módulo 8, associados a cada período de 30 dias.
A distribuidora deve disponibilizar para o usuário todas as informações obtidas da medição permanente de QEE em até ao
usuários em até 10 dias após a solicitação.
Os dados devem ser mantidos pela distribuidora, em meio digital, por um período mínimo de 10 anos.
COMENTÁRIOS FINAIS
Percebe-se que o Módulo 8 do PRODIST envolve questões ainda um pouco “obscuras”, muitas delas de difícil interpretação e
algumas delas passíveis de melhor esclarecimento para o leitor.....
Percebem-se, também, algumas divergências e conflitos entre a documentação do PRODIST e a dos
Procedimentos de Rede do ONS.
Há alguns critérios relativamente complexos e de difícil entendimento imediato, mesmo para os profissionais da área de QEE.
Porém, trata-se de um documento ainda em evolução, que é revisado de tempos em tempos (praticamente a cada ano...) e
espera-se que seja aperfeiçoado a cada revisão.