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VECHIA, Ariclê. O ensino secundário no século XIX: instrução das elites.

In
STEPHANOU, Maria; BASTOS, Maria Helena Camara(orgs.). Histórias e memórias da
educação no Brasil, vol II: séculos XIX. Petrópolis, RJ: vozes, 2005.pp.78 – 90

1) Qual o tema ou assunto? Do que ele está falando e como apresenta a sua
perspectiva?
Pretendeu discutir a organização do ensino secundário no Brasil no século XIX,
que se consolidou sob o regime das aulas régias então estabelecidas pela ação do
Marquês de Pombal quando ainda se pertencia ao Estado português. O ensino
secundário não foi contemplado em nenhuma lei específica antes da segunda metade do
século XIX, estando sempre submissão às legislações de outros níveis de instrução,
sobretudo, do ensino superior. Sendo que essa última expressava a condição elitizante do
ensino secundário no Império.
A autora apresenta o assunto do ponto de vista histórico e político do país, como a
transição da perspectiva jesuítica dos seminários para a proposta pombalina das aulas
régias, passando pela ação de Dom João VI frente à necessidade de capacitar o exército
e os quadros de governo, bem como a criação do Colégio Pedro II, até às reformas da
instrução da segunda metade do século XIX (Couto Ferraz em 1857, Paulino de Souza
em 1870, e Carlos Leôncio de Carvalho em 1878).

2) Qual o problema que a autora pretende desenvolver?


O modelo de ensino secundário adotado no Brasil privilegiou a formação das elites
econômicas, politicas e burocráticas. O estado não se importou com esse segmento da
instrução, e o abandonou à inciativa das províncias, dos pais e particulares. O Brasil não
construiu um ensino secundário, o que se conclui da ausência de ordenação lógica e
gradual das disciplinas, e de alunos, mesmo com a criação do Colégio Pedro II (1837)
para se constituir em espécie de modelo nos moldes dos estatutos dos liceus franceses.
As ideias estão ancoradas na própria legislação; na prática do Colégio Pedro II, das
aulas avulsas, e na responsabilização das províncias; bem nas demandas elitizantes que
marcaram a instrução secundária no Brasil imperial. A autora promoveu um levantamento
histórico das ações e decisões que nortearam a escola e o currículo de ensino
secundário. O exames oficiais de acesso ao ensino superior evidenciam o controle oficial
no processo de seleção elitizante.

3) A partir do problema que pretendeu debater, como a autora apresentou a(s)


ideia(s) central(s)?
As ideias estão ancoradas na própria legislação, na prática(Colégio Pedro II, as
aulas avulsas, na responsabilização das províncias) e nas demandas que marcaram a
instrução secundária no Brasil imperial. A autora promoveu um levantamento histórico das
ações e decisões que nortearam a escola e o currículo de ensino secundário.

4) Qual é a proposição (tese, resposta) fundamental construída pela autora?


O Governo Central do Império embora delegasse, pelo Ato Adicional de 1834, às
Províncias o cuidado com o ensino secundário (como o primário), criou todo um conjunto
de mecanismos (situações, leis e ações) que visaram controlar e direcionar o ensino nas
províncias, como percebemos entre as motivações da criação do Colégio Pedro II; no
estabelecimento dos exames preparatórios para ingresso no ensino superior. Desta
forma, como entendeu Maria de Lourdes Haidar (1972), o Poder Central direcionava a
reprodução nos currículos das escolas das províncias o conjunto de disciplinas exigidas
nos exames de entrada nas academias, no ensino superior.
A falta de recursos financeiros, humanos e materiais, e liceus não anularam as
perspectivas identificadas por Vechia (2005).
5) Se a autora defende determinadas teses, como construiu a estrutura dos
argumentos para fundamentá-los? Como organizou os argumentos para chegar às
conclusões?
As ideias estão ancoradas na própria legislação; na prática do Colégio Pedro II, das
aulas avulsas, e na responsabilização das províncias; bem nas demandas elitizantes que
marcaram a instrução secundária no Brasil imperial. Argumenta como a intencionalidade
de fazer do Colégio Pedro II referência e escola modelo não se efetivou por motivos de
ordem econômica (investimento do Estado e das províncias) e de ordem do modelo de
ensino secundário tradicional no Brasil por meio dos exames de qualificação
A autora promoveu um levantamento histórico das ações e decisões que nortearam
a escola e o currículo de ensino secundário. O exames oficiais de acesso ao ensino
superior evidenciam o controle oficial no processo de seleção elitizante.

6) Existem ideias secundárias, argumentações complementares que auxiliam na


construção das teses centrais? Quais são elas?
Há textos que envolvem ideias secundárias. Ideias que são arroladas pelo autor
para contribuir com suas argumentações. O texto de Vechia (2005) é tão enxuto que
parece ser complicado identificar as ideias ou informações secundárias.
Não existem ideias e informações secundárias no texto. Ideias e informações
secundárias são aquelas que ajudam na argumentação do autor do texto. Elas
esclarecem, mas ao serem esquecidas não afetam a compreensão do tema. São uma
espécie de recurso didático para tornar o assunto mais claro.
Deste ponto de vista, elas não se fazem presentes no texto de Vechia, ou ao
menos não estão tão explícitas.
Se partimos de identificar as ideias principais, se percebe melhor o que acima
afirmamos. Sem dúvidas para tratar do processo histórico do ensino secundário no Brasil
Imperial se fez necessário estabelecer sua condição histórica na ação dos jesuítas e de
Pombal, nas primeiras ações do governo do Brasil independente, na delegação às
províncias da responsabilidade pelo referido ensino, na condição de modelo e controle
estabelecida a partir do Colégio Pedro II, e na definição das disciplinas, bem como dos
seus princípios, formas e instrumental necessário de organização.

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