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Introdução:

Antes de mais nada, é bom registrar que o homem sempre produziu arte. A arte tomou
formas, e foi compreendida de maneiras diferentes ao longo do tempo. Porém, jamais o
homem produziu tantas imagens quanto produz hoje, que vivemos a “civilização da
imagem”. Profissionais da imagem precisam estar sempre familiarizados com a arte.
No campo da arte se dá as pesquisas e gerações de novas imagens.

Entender os mecanismos da arte de hoje, além de um diferencial, é uma ferramenta


para o trabalho. Seu domínio pode representar uma vantagem profissional, além de
permitir acesso a uma fonte de ideias para trabalhos relacionados.

A arte é considerada, em suas origens, assim como a religião e a filosofia, uma das
manifestações do “espírito”, intimamente ligada à magia e ao poder.
E, a estética, que é uma construção cultural e histórica, se refere a tudo aquilo que é
capaz de provocar no homem a sensação do “belo” e do “sublime”.
Portanto, a Estética é o ramo da filosofia que estuda a Arte.

O Nascimento do Conceito de Estética:

A arte, objeto da estética, tem sua origem conhecida na Pré-História, porém, a reflexão
filosófica sobre a arte nasceu na Grécia, no século VI a.C.

O primeiro grande tratado filosófico sobre estética e sobre arte foi escrito no século IV
a.C por Aristóteles. A “Poética”, considerada pelos especialistas o primeiro escrito
destinado ao estudo da arte e da literatura, estabelecia as noções de mimesis (imitação) e
catarsis (expiação, purificação), e opunha-se aos pensamentos de Platão, mestre de
Aristóteles.

Os primeiros filósofos, chamados de físicos, por Aristóteles, fundaram uma tradição


de investigação da natureza.

No século V a.C. os sofistas introduziram o ponto de vista reflexivo-crítico,


característico da filosofia.

Sócrates os criticou por sua falta de rigor e principalmente por usar a habilidade de
raciocínio para confundir os adversários - e se beneficiar disso, dizia que eles
desrespeitavam a verdade e o amor pela sabedoria.

Sócrates foi o primeiro a indagar a respeito do que seria uma pintura.

Mais tarde, Platão, discípulo de Sócrates, baseado no pensamento metafísico de que o


mundo se dividia em mundo das ideias (Inteligível) e mundo real (Sensível), classifica a
arte como mera imitação da verdade do mundo inteligível, e estabelece o conceito de
“belo” na arte. O princípio da imitação, para definir a natureza da arte, o estético para
estabelecer as condições necessárias de sua existência e o moral para julgar seu valor.
Platão se baseou, portanto, no que chamamos de princípios da beleza clássica:
Equilíbrio, Simetria, Harmonia e Respeito às Proporções.
Na Grécia em geral, as artes deviam representar o que é belo, tanto no sentido estético
como moral, para que o espírito, estimulado pelo prazer da contemplação do perfeito,
sinta-se inclinado à prática dos conhecimentos e da verdade.

Veremos como essas noções, pensadas por essas tribos gregas, foram influentes em
nossa arte e ainda constituem hoje uma base de referência e compreensão do gosto
popular.

Logo, nas épocas clássicas, a estética era definida como a “filosofia do belo”.

Os sofistas foram os primeiros filósofos do período socrático. Eles se opunham à filosofia pré-socrática dizendo que
estes ensinavam coisas contraditórias e repletas de erros que não apresentavam utilidade nas pólis (cidades).

Livros: A República / Poética:

Livro A República: Platão, discípulo de Socrátes, problematizou em seu livro A república, a existência e a finalidade
das artes, ligando-as ao problema mais geral da realidade e do conhecimento, do sentido da beleza e da vida
psicológica e moral, assim como os Pré-Socráticos tinham problematizado anteriormente a natureza.

Livro Poética: Aristóteles, discípulo de Platão, desenvolveu em seu livro Poética ideias relativas à origem da poesia
e à conceituação dos gêneros poéticos, representando uma primeira teoria da arte.

O belo era uma propriedade do objeto, que era captado e estudado, subdividindo-se
entre o belo da arte e da natureza.

Influenciada por Platão, a filosofia estabeleceu uma hierarquia entre esses dois belos,
considerando que o belo da natureza tinha primazia sobre o da arte.

Detalhe de Platão em “A Escola de Atenas”, obra do renascentista Rafael Sanzio.

Observe:
Platão não foi capaz de julgar com equidade as artes plásticas, tendo-as identificado
com as artes miméticas que apenas imitavam a aparência sensível do mundo dos
corpos.

A filosofia platônica não era simpática às artes.

Na sua República ideal não eram bem vistas as artes de “imitação por cópia ou por
simulacro”, entre as quais incluíam a pintura e a escultura, porque tendiam a duplicar
inutilmente o mundo sensível ou, ainda, induziam em erro o nosso olhar nos afastando
do caminho da verdade.

A filosofia platônica considerava que as artes de “imitação por cópia ou por simulacro”
tendiam a duplicar inutilmente o mundo sensível ou, ainda, induziam em erro o nosso
olhar.

Para Platão, a obra de arte não devia pretender alcançar uma categoria mais elevada do
que a da “imagem” por se opor ao conceito de “ideia” que caracterizava o
“conhecimento verdadeiro”.

O Nascimento do Conceito de Belo

Idade Média: Com a queda do Império Romano e com a dispersão do pensamento, não
se discutiu a questão estética.
O belo era considerado pertencente a Deus e não era considerado nas discussões sobre
as artes, que tinham por função transmitir a doutrina cristã, sem relacionar-se com os
pressupostos estéticos.

Renascimento: O Renascimento surgiu com o fim do período conhecido por “Idade


Média” conjuntamente à filosofia denominada Humanismo.
Nesse período, o belo retorna à esfera das artes por meio de outro conceito, o de
natureza. Passa a ser tarefa do artista, identificar e destacar da natureza os belos
aspectos da criação divina.

Conceito de Estética: O conceito de estética surge como uma disciplina filosófica com
A. G. Baumgarten, no século XVIII, conceituada como ciência do belo e da arte, mas
vai ganhar importância com a contribuição de Kant.
Foi ele quem estabeleceu a autonomia desse domínio do belo.

Logo, o belo converteu-se, depois de Kant, na questão da experiência estética, que passa
a ser interpretada pelas diversas tendências do século XIX.

Já Hegel, no século XVIII, elaborou um sistema filosófico e contribuiu para fazer dessa
filosofia o que ela é hoje: uma reflexão que tem, como um de seus fins últimos,
justificar a existência e o valor da arte.

Influência Kantiana:
Por influência de Kant, os pensadores subdividiram o campo estético. Kant cria um
sistema focado, não na definição do belo, mas no estabelecimento da “Crítica da
capacidade de julgar”. A reflexão sobre a beleza assume a forma de uma descrição da
consciência estética, da impressão produzida pela obra. O entendimento estético passa a
ser considerado ligado à imaginação e contrasta agora o belo com o sublime. A obra de
arte em vez de imitar a natureza, passa a tornar visível um mundo desconhecido, que é o
sublime.

O deleite e o êxtase diante da contemplação do “sublime”, nem sempre ocorre por


conta da “beleza” do objeto, mas do terror, da surpresa e da repulsa que tal obra nos
causa.

Na verdade este fato não era novo. Aristóteles havia considerado a comédia como
associada à “arte da desordem”, aproximando-a do “feio” e contrapondo-a a harmonia
convencional, sem, no entanto, deixar de entendê-la como estando inserida no campo
estético.

Pensamentos Pós-Kantianos

O pensamento pós-kantiano, no entanto, começou a inquirir se era válido definir a


estética como “filosofia do belo”, já que o campo estético incluía categorias que nada
tinham a ver com a beleza, como no caso do cômico. Propuseram estes filósofos, então,
a categorização da estética como uma ciência, substituindo a palavra “belo” por
“estético”.
Da “filosofia do belo e da arte” surgiu a “ciência do estético”, passando a incluir todas
as categorias pelas quais os artistas e pensadores haviam refletido, assim como o
trágico, o sublime, o gracioso, o risível e o humorístico, reservando para a denominação
de belo aquele modelo clássico definido pela harmonia e pelo senso de proporção.

Idealismo Hegeliano

No Idealismo Hegeliano, com seu pensamento de substrato platônico, o conceito de


estética passou a considerar o belo da arte como sendo superior ao belo da natureza.
Para o pensamento hegeliano, a beleza artística revelava uma maior dignidade do que
a beleza natural, pois enquanto a natureza era nascida uma vez do espírito, a arte nascia
duas vezes do espírito. Considerava a beleza da natureza uma coisa distinta e assim a
estética passou a ser considerada uma “filosofia da arte”.
E, como conseqüência, a arte passou a ser percebida como uma forma de manifestação
do pensamento visual.
Para Hegel o belo não é mais um julgamento da origem subjetiva, mas uma ideia que
existe na realidade. A arte será, como a religião e a filosofia, uma das manifestações do
espírito.
E o belo será a manifestação sensível, numa obra de arte histórica, desse espírito.
Logo, a “filosofia da beleza” clássica foi reformulada pelas observações da estética
pós-kantiana sobre as obras de arte baseadas no feio e no mal.

A estética, após Hegel, passou a ser um conceito capaz de compreender finalmente, o


amargor e a aspereza das obras de Rimbaud, Goya, Bosch, Brueghel, da arte africana,
do Barroco, do gótico e do românico, do Cubismo, do Dadaísmo e do Expressionismo.

Da arte moderna e contemporânea, com seus aspectos monstruosos e contraditórios.


Na modernidade, a estética passou a ser também identificada com o grotesco,
representando uma reformulação da filosofia inteira ante a beleza e a arte.

“O grito”, de Munch.

Este trabalho não é considerado “belo”, mas é valorizado por sua capacidade de
traduzir em formas a expressão pretendida pelo artista.

Na modernidade os conceitos que eram empregados no passado, para categorizar as


obras de arte, passaram a ser indeterminados quanto:

• Aos gêneros;

• Às formas;

• Aos períodos ou estilos;

• Ou movimentos.

Vários dos novos movimentos que surgiram então tinham as mesmas características
dessas classificações e eram evidentemente diferentes, não só formalmente, como
oriundas de pensamentos e situações sociais diferentes. Assim, as novas formas levaram
críticos e historiadores a criar novas classificações.
A expressão e a experiência da obra de arte passaram a não mais ser definidas pelo uso
de simples pares de adjetivos como belo e feio, requintado ou grosseiro, leve ou pesado.
Isso representou motivo de confusão para o espectador leigo e desavisado. Nesse
contexto, na modernidade aumentou a importância do crítico de arte, que “explica” para
os não especialistas os trabalhos aparentemente incompreensíveis e os classifica para
facilitar sua compreensão. Atua também como guia para os investidores que surgiram
com o desenvolvimento do conceito moderno de indivíduo, do público apreciador e
colecionador de arte e dos lucros.

Já na pós-modernidade, diversas possibilidades estéticas e antiestéticas coexistem em


um mesmo tempo e lugar, de modo diverso do passado.

Essa situação é caracterizada por críticos como Pluralismo.

Na atualidade a crítica utiliza, para elaborar suas teorias e propor classificações,


conceitos filosóficos e estéticos, tanto antigos como novos, estreitando a relação entre
arte e filosofia.

Vivemos a Civilização da Imagem, por que o homem nunca antes produziu tantas
imagens! Mas, nem tudo é arte e nem todas as imagens são arte.

A arte é uma produção social do artista, que sob aspecto algum é imune às
interferências do mundo social, por isso, a arte é o mais fiel documento histórico e
registro de uma época. A arte é pura e única manifestação da condição humana, afinal
nenhum outro ser vivo produz arte.

Daí, as importâncias da análise estética e da crítica de arte se estabelecem, pois


gênero, formas, períodos, estilos e movimentos, não mais dão conta do entendimento
sobre o objeto artístico.

A Estética e a Modernidade:

Na arte moderna, os temas não mais importavam, mas sim a forma e a técnica com as
quais eram representados. Importava o poder de criação do artista, logo a arte, aos
poucos, deixava de ser mimética e caminhava para a abstração.

Segundo os críticos e historiadores, a afirmação consciente de um “olhar puro” surge


com Manet, no domínio da pintura impressionista, revelando uma afirmação da
onipotência do olhar criador.

Esse olhar, definido pela mestria do artista sobre aquilo que lhe pertencia em
particular, ou seja, a forma e a técnica enquanto um fim exclusivo da arte e como uma
espécie de retorno reflexivo e crítico dos produtores sobre sua própria produção, era
capaz de se aplicar a qualquer tipo de tema, confrontando-se com a tradição acadêmica
que valorizava certos temas nas pinturas.
Os antigos conceitos utilizados para classificar e criticar a arte secularmente deixaram
de ser suficientes com o surgimento da arte moderna.

Antes de Manet, o Realismo de Courbet passou a retratar temas sociais e pessoas


simples. O Impressionismo passou a pintar objetos “insignificantes” que se tornam
pretexto para o artista criador exercer seu poder “semidivino de transmutação”.

"Quebradores de pedras"

Uma das obras sobre temas sociais de Courbet.

Obra Impressionista

"A estação de Saint-Lazare" por Monet.

No Modernismo foi superada a concepção acadêmica de que havia temas dignos de


serem representados. A atenção volta-se para o modo como foi representado e,
posteriormente, para como foi pintado.

O desenvolvimento desse caminho resultou em uma arte não mimética ou na arte


abstrata moderna, que atingiu o seu ápice no Expressionismo abstrato norte-americano.

Mas a pintura continua existindo hoje, tanto figurativa como abstrata, como uma
espécie de geradora de significados novos que refletem por sua vez as novas formas
geradas na sociedade contemporânea.
“Fábrica de tijolos” por Erich Heckel

“A morte e a donzela”, or Egon Schiele

“O espelho falso”, Magritte.

Artista surrealista que deu aos objetos ordinários uma torção irracional com a
justaposição de elementos do absurdo.
“Fonte”, Marcel Duchamp.

Embora cronologicamente pertencendo ao moderno, o trabalho de Duchamp abre


possibilidades que continuam a ser tratadas na pós-modernidade, como seu
questionamento da estética e da arte.

A Estética e a Pós Modernidade:

Na pós-modernidade, diversas possibilidades estéticas e antiestéticas coexistem em


um mesmo tempo e lugar, é a crítica pluralista. A arte contemporânea indica uma
onipotência da atitude “criadora pura” do artista, retratando o vulgar, o medíocre e o
cotidiano. A arte assume hoje, e continuará assumindo, formas muito variáveis na
chamada “Civilização da Imagem”.

Por tudo isso, fundamental para compreender a arte no cenário atual é o conhecimento
dos caminhos que a geraram.

Ainda no século XX, a atitude modernista de Marcel Duchamp no dadaísmo e


contemporânea de Andy Warhol na pop arte, de exporem “objetos do mundo” como
obras de arte, representou um tratamento de choque que indicou uma onipotência da
atitude “criadora pura” do artista, retratando o vulgar, o medíocre e o cotidiano.

Mas o mictório de Duchamp e as latas de sopa Campbell de Warhol deviam suas


estruturas formais e seu valor estético somente à estrutura do campo intelectual onde se
situam Muitos trabalhos da arte conceitual e da arte contemporânea também. Cada um
com suas implicações estéticas próprias, relacionadas a condições históricas, sociais e
espaciais próprias.
Lata de Campbell’s Soup, Andy Wahrol

Na atualidade, todos esses desenvolvimentos relacionam-se entre si, somados aos


desenvolvimentos da pintura, da escultura, da fotografia e de outras formas de arte.
Assim a arte assume hoje, e continuará assumindo, formas muito variáveis na chamada
“Civilização da Imagem”. Para compreendê-la é fundamental o conhecimento dos
caminhos que a geraram.

A produção e o consumo de obras resultante das “vanguardas” modernistas e pós-


modernistas, que se caracterizavam por rupturas históricas com a tradição artística
clássica, tendem, no entanto, a se tornar também históricas, apesar de seu caráter
eminentemente não-histórico de formalismo.

Andy Warhol usou ícones da cultura popular desenvolvida no pós-guerra, para


produzir uma arte inovadora em oposição ao predomínio que havia da arte abstrata do
período. Rompeu assim com a separação entre Alta Cultura e Cultura Popular.

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