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ALERGIA AO OVO E A SOJA

O termo “reação adversa ao alimento” tem sido usado para descrever a


resposta anormal exibida por certos indivíduos após a ingestão de alimentos que são
usualmente tolerados pela maioria dos indivíduos de uma mesma comunidade. O
termo alergia é assim usado par descrever uma reação imunológica alterada à um
material estranho, o qual é então denominado de alérgeno.
Alergia alimentar é um problema nutricional que afeta tanto crianças quanto
adultos, sendo que a maior incidência está presente entre os primeiros. A eliminação
dos alimentos responsáveis pela alergia tem sido recomendada como terapia
convencional. Entretanto, se ocorre sensibilidade para múltiplos alimentos ou se
alimentos nutricionalmente completos estão implicados, tal eliminação poderá
ocasionar má nutrição quando o período de tratamento é prolongado.
As alergias alimentares são comuns em todo o mundo, e acometem de 2 a
4% da população adulta e 6 a 8% das crianças menores de três anos de idade. A
reações alérgicas caracterizam-se por um conjunto de manifestações clínicas
consequentes a mecanismos imunológicos decorrentes da ingestão, inalação ou
contato com determinado alimento que resulta na liberação de histamina e outras
substâncias no organismo causando vários sintomas, dependendo de onde no corpo
elas são liberados. Estas reações podem ser mediadas ou não pela imunoglobulina E
(IgE), ou ainda mistas (RAMOS; LYRA; OLIVEIRA, 2013).
Os alimentos mais citados como causadores de alergias alimentares são:
leite, ovos, amendoim, castanhas, camarão, peixe e soja, e os principais alérgenos
alimentares identificados são de natureza proteica (PEREIRA; MOURA; CONSTANT,
2008).
As alergias ao ovo e a soja são comuns na infância, porém normalmente
transitórias sendo que a maioria das crianças adquirem tolerância aos cinco e três ano
de idade, respectivamente (TEIXEIRA, 2010).

Quadro 1. Composição proteica do ovo e da soja mais comumente responsabilizados


pela alergia alimentar
Ovo Clara: albumina, ovoalbumina, ovomucoide,
ovotransferrina, ovomucina, lisozima.
Gema: lipovitelina, fosvitina, lipoproteína de baixa
densidade.
Plasma: lipoproteína de baixa densidade e livetina.

Soja Globulinas
7S: conglicina, amilase, lipoxigenase, lecitina
11 S: glicina
Proteínas do soro
Hemaglutina, inibidor de tripsina, uréase.

Soja
A soja é um grão rico em proteínas, cultivado como alimento tanto para
humanos quanto para animais. Pertence à família Fabaceae (leguminosa), assim
como o feijão, a lentilha e a ervilha. A palavra soja vem do japonês shoyu. É nativa do
Sudeste da Ásia. Além dos sais minerais e da fibra, a soja é riquíssima em lecitina,
um aminoácido importantíssimo para o sistema nervoso e cuja base é o fósforo, que
faz parte de todas as células do organismo, especialmente o cérebro, nervos e medula
espinhal.
A alergia à soja é mais comum em crianças e jovens, podendo levar a
cólicas e presença de sangue nas fezes. Mais da metade de todas as alergias
provocadas pela soja é causada por uma proteína, chamada P34, amplamente
disseminada entre grãos de soja selvagens e cultivados. Por meio da biotecnologia,
pesquisadores do Serviço de Pesquisa do Departamento de Agricultura dos Estados
Unidos, da Universidade de Arkansas e de empresas privadas, desenvolveram
variedades de plantas de soja, cuja semente não produz essa proteína alergênica.

Ovo
As proteínas dos ovos e as do leite, são as que causam maiores problemas
alérgicos. A proteína da clara, a albumina ou ovoalbumina, que constitui 54% da
proteína total da clara é a pricinpal causadora das alergias; a gema é normalmente
bem tolerada. Além da albumina, os principais alérgenos da clara do ovo já
identificados são o ovomucóide e a conalbuminal, que constituem, respectivamente,
11% e 12% da proteína total da clara. A alergia ao ovo pode ser classificada como
mediata ou tardia. A primeira ocorre em até quatro horas após a ingestão do ovo, e a
segunda ocorre em período superior a este espaço de tempo. As reações imediatas
envolvem mecanismos IgE mediados, sendo as mais comuns: anafilaxia, hipotensão,
urticária, broncoespasmo, laringoespamo ou síndrome da alergia oral (BRASIL, 2013).

Tipos de reações alérgicas


As reações alérgicas aos alimentos podem ser classificadas de acordo com
o mecanismo imunológico envolvido: IgE-medidas, não IgE-mediadas e mistas
(mediadas por IgE e células) (BRASIL, 2008).
As manifestações clínicas das reações mediadas por IgE tipicamente
ocorrem minutos após a exposição ao alimento envolvido, as não-mediadas por IgE,
e mesmo as mistas, podem demorar de horas até dias para se tornarem clinicamente
evidentes (BRASIL, 2008).

Reações IgE-mediadas
As reações mediadas por IgE dividem-se entre aquelas de reação imediata
e aquelas em que a reação imediata se mantém pela prolongação dos sintomas. Estas
reações ocorrem de minutos até duas horas após a exposição à(s) proteína(s)
alergênica(s). Entre elas, podem ser listadas reações cutâneas, gastrintestinais,
respiratórias e reações sistêmicas (RAMOS; LYRA; OLIVEIRA, 2013).

Reações Não igE-mediadas


Compreendem aquelas reações onde os anticorpos IgE não têm
participação, mas ocorrem devido a participação das imunoglobulinas do tipo G (IgG)
e das células (linfócitos T). Estas reações afetam principalmente a mucosa
gastrointestinal, e raramente são fatais (RAMOS; LYRA; OLIVEIRA, 2013).

Reações Mistas
É a combinação de reações IgE-mediadas e das células do sistema
imunológico (RAMOS; LYRA; OLIVEIRA, 2013).
Etiologia
As doenças alérgicas são complexas e multifatoriais. Seu aparecimento e
expressão clínica dependem da interação entre fatores ambientais e genéticos, como
a história familiar de atopia, incluindo a alergia alimentar (BRASIL, 2008).
A exposição ao alérgeno durante a vida, a dieta materna na gestação e
lactação, o desmame precoce, a idade de introdução de alimentos complementares e
alergênicos, são alguns dos fatores ambientais investigados no desenvolvimento da
alergia alimentar (BATISTA; FREITAS; HAACK, 2009).

Manifestações clínicas

As manifestações clínicas ocorrem em minutos até duas horas após a


ingestão do alérgeno, e incluem manifestações cutâneas (pele e mucosas),
respiratórias, gastrointestinais e sistêmicas, que podem ocorrer de forma isolada ou
combinada (RAMOS; LYRA; OLIVEIRA, 2013).

Cutâneas Urticária, prurido, angiodema, hiperemia e eritema perioral


Gastrointestinais Edema e prurido de lábios, língua e palato, náuseas,
vômitos, cólica e diarreia.
Respiratórias Coriza, prurido nazal, espirros, hiperemia e prurido ocular,
broncoespasmo agudo, tosse e edema de laringe.
Sistêmicas Anafilaxia com hipotensão e choque.

Diagnóstico
O diagnóstico depende da história clínica minuciosa associada aos dados
de exame físico que podem sem complementados por testes cutâneos e sorológicos
(PEREIRA; MOURA; CONSTANT, 2008).
Na história clínica, é fundamental que o paciente ou seus pais, no caso de
crianças, auxilie e forneça pormenores acerca dos alimentos ingeridos rotineira ou
eventualmente. Em algumas situações, é possível correlacionar o surgimento dos
sintomas com a ingestão de determinado alimento. Em outras ocasiões, o quadro não
é tão evidente, necessitando de história mais detalhada. Isso ocorre principalmente
quando as reações ocorrem horas após a ingestão do alérgeno (PEREIRA; MOURA;
CONSTANT, 2008).
Terapia nutricional na alergia alimentar

O tratamento consiste na dieta de exclusão do alimento responsável pelas


reações alérgicas. A exclusão completa do alimento causador da reação é a única
forma comprovada de tratamento atualmente disponível. Tal conduta nutricional deve
incluir os produtos derivados e as preparações alimentares que o contenha na sua
composição.
O principal objetivo da terapia nutricional é evitar o desencadeamento dos
sintomas, a progressão da doença e a piora das manifestações alérgicas e
proporcionar à criança crescimento e desenvolvimento adequados (BATISTA;
FREITAS; HAACK, 2009; BRASIL, 2008).
A avaliação completa do estado nutricional com o objetivo de detectar
deficiências nutricionais, estados de desnutrição e adequar a ingestão às
necessidades nutricionais da criança é prioritária.
Para garantir o atendimento às recomendações é fundamental amplo
trabalho de educação nutricional da família e principalmente da mãe e/ou cuidador
responsável pela alimentação da criança, assim como a conscientização da criança,
quando em idade que permita a compreensão (BATISTA; FREITAS; HAACK, 2009;
BRASIL, 2008).
Esclarecimentos completos devem ser dados sobre os alimentos que
devem ser evitados, os recomendados e substitutos. Além disto, deve ser realizada
orientação detalhada quanto à inspeção e leitura minuciosa dos rótulos de alimentos
consumidos que podem apresentar alérgenos, bem como informações sobre
nomenclaturas de difícil interpretação pelas famílias. A leitura da rotulagem deve ser
feita periodicamente antes da aquisição do produto, pois modificações na composição
podem ocorrer com o passar do tempo. Atenção deve ser dada quando na rotulagem
informar a existência de “traços” do potencial alérgeno, indicando que crianças com
formas graves de alergia alimentar não devem consumi-lo, tendo em vista que esses
alimentos são produzidos pelo mesmo equipamento industrial empregado para
elaborar outro alimento que contém o referido alérgeno (BRASIL, 2008).

Prevenção
O estímulo ao aleitamento materno no primeiro ano de vida é fundamental
assim como a introdução tardia dos alimentos sólidos potencialmente provocadores
de alergia. As recomendações da idade de introdução de alimentos específicos, com
maior potencial alergênico, como o ovo, o peixe e os frutos secos, variam um pouco
consoante os autores, respeitando diferentes populações. Segundo a Sociedade
Americana de Pediatria (AAP), recomenda-se a introdução dos alimentos sólidos após
o 6º mês, o leite de vaca após 1 ano de idade, ovos aos 2 anos e amendoim, nozes e
peixe, somente após o 3º ano de vida (PEREIRA; MOURA; CONSTANT, 2008).

RESUMO

Introdução
As alergias alimentares são comuns em todo o mundo, e acometem de 2 a
4% da população adulta e 6 a 8% das crianças menores de três anos de idade. As
reações alérgicas caracterizam-se por um conjunto de manifestações clínicas
consequentes a uma resposta exagerada do sistema imunológico após a ingestão,
inalação ou contato com determinado alimento. Estas reações podem ser mediadas
ou não pela imunoglobulina E (IgE), ou ainda mistas (RAMOS; LYRA; OLIVEIRA,
2013).
Os alimentos mais citados como causadores de alergias alimentares são:
leite, ovos, amendoim, castanhas, camarão, peixe e soja, e os principais alérgenos
alimentares identificados são de natureza proteica (PEREIRA; MOURA; CONSTANT,
2008).
As alergias ao ovo e a soja são comuns na infância, porém normalmente
transitórias sendo que a maioria das crianças adquirem tolerância aos cinco e três ano
de idade, respectivamente (TEIXEIRA, 2010).

Etiologia
As doenças alérgicas são complexas e multifatoriais. Seu aparecimento e
expressão clínica dependem da interação entre fatores ambientais e genéticos, como
a história familiar de atopia, incluindo a alergia alimentar (BRASIL, 2008).
A exposição ao alérgeno durante a vida, a dieta materna na gestação e
lactação, o desmame precoce, a idade de introdução de alimentos complementares e
alergênicos, são alguns dos fatores ambientais investigados no desenvolvimento da
alergia alimentar (BATISTA; FREITAS; HAACK, 2009).

Manifestações clínicas
As manifestações clínicas ocorrem em minutos até duas horas após a
ingestão do alérgeno, e incluem manifestações cutâneas (pele e mucosas),
respiratórias, gastrointestinais e sistêmicas, que podem ocorrer de forma isolada ou
combinada.

Diagnóstico
O diagnóstico depende da história clínica minuciosa associada aos dados
de exame físico que podem sem complementados por testes cutâneos e sorológicos
(PEREIRA; MOURA; CONSTANT, 2008).

Tratamento

O tratamento consiste na dieta de exclusão do alimento responsável pelas


reações alérgicas. Tal conduta nutricional deve incluir os produtos derivados e as
preparações alimentares que o contenha na sua composição (BATISTA; FREITAS;
HAACK, 2009).
O principal objetivo da terapia nutricional é evitar o desencadeamento dos
sintomas, a progressão da doença e a piora das manifestações alérgicas e
proporcionar à criança crescimento e desenvolvimento adequados (BATISTA;
FREITAS; HAACK, 2009; BRASIL, 2008).
REFERÊNCIAS

Alérgenos. Food ingredientes Brasil, n.27, p.31-37, 2013. Disponível


em:<http://www.revista-fi.com/materias/351.pdf>. Acesso em: 11 nov. 2016.

BATISTA, G. S.; FREITAS, A. M. F.; HAACK, A. Alergia alimentar e desmame


precoce: uma revisão do ponto de vista nutricional. Com. Ciências Saúde, v.20, n.4,
p.351-360, 2009.

BRASIL. Sociedade Brasileira de Pediatria. Associação Brasileira de Alergia e


Imunopatologia. Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2007. Rev. Bras.
Alerg. Imunopatol, v.31, n.2, p.64-89, 2008.

PEREIRA, A. C. S.; MOURA, S. M.; CONSTANT, P. B. L. Alergia alimentar: sistema


imunológico e principais alimentos envolvidos. Semina: Ciências Biológicas e da
Saúde, v.29, n.2, p.189-200, 2008.

RAMOS, R. E. M.; LYRA, N. R. S.; OLIVEIRA, C. M. Alergia alimentar: reações e


métodos diagnóstico. J Manag Prim Health Care, v.4, n.2, p.54-63, 2013.

TEIXEIRA, A. R. N. Alergias alimentares na infância. 2010. 53f. Monografia


(Graduação) - Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação, Universidade do
Porto, Porto, 2010.

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