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1l8 INTRODUÇÃO JUSTIFICATIVA

Atualmente as diversas atividades humanas consomem energia e outros recursos


INSITUTO EDUCACIONAL PARA CIDADE E CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS
Relacionar o tema sustentabilidade a uma
naturais de forma arbitrária e intensa e geram resíduos que contaminam o solo, os rios, instituição de ensino é justificada porque a educa-
os oceanos, o ar. Mesmo que a humanidade tenha sempre interferido no meio ambien- ção é o principal meio para a solução do desafio
te, esse processo teve grande expansão após a Revolução Industrial, com o grande ambiental, por possibilitar a todas as pessoas a ob- 3
aumento da população e da expectativa de vida, com a modificação nos padrões de tenção de conhecimentos que podem resultar em
produção e de consumo de bens e com a maior utilização de combustíveis fósseis como ações voltadas para solução dos problemas am- 2
o petróleo (JOHN, PRADO, 2010). 1
bientais (PEREIRA, 2007).
Como consequência, segundo Torgal e Jalali (2010), se intensificam fenômenos A escolha da Construção Civil e do planeja-
naturais como o aumento da temperatura global, causado pelo efeito estufa, e outros mento urbano como segmento de atuação da ins-
por ele influenciados, como o degelo das calotas polares, processos de desertificação, o tituição voltada para a sustentabilidade deve-se ao
aumento da ocorrência de fenômenos atmosféricos extremos, como secas de longa seu importante impacto ambiental em relação a
duração, furacões, chuvas intensas. O aumento da temperatura do ar causado pelo outras atividades humanas como já citado anterior-
4
aquecimento global é considerado “o problema mais premente com que se depara o mente.
Planeta Terra” (CONTI, 2005; TORGAL, JALALI, 2010, p.10). O aumento de construções e cidades susten-
Outros efeitos adversos decorrentes das atividades antrópicas são a erosão do táveis também pode servir para a conscientização 5
Mapa da zona urbana de Teresina.
solo e seus possíveis prejuízos à agricultura, desmatamento de florestas, prejuízos à bio- de toda a população, como afirma Xavier (2011),
Legenda: 1 Bairro Centro 2 Bairro Jóquei
diversidade e às bacias hidrográficas (DUARTE, 2009). porque há grande possibilidade de contato com o 3 Zona Leste 4 Rio Poti 5 Rio Parnaíba
Dentre as diversas atividades humanas o segmento da Construção Civil apresenta tema através das atividades de morar, trabalhar,
estudar e tantas outras abrigadas pelos edifícios. LOCALIZAÇÃO E CLIMA
conisderáveis impactos ambientais adversos: a indústria da construção civil é responsá-
vel pela emissão de 30% dos gases estufa e pela maior demanda por matérias-primas O assunto, além de relevante, é complexo e O terreno escolhido para abrigar o
(TORGAL, JALALI, 2010). O segmento, , “se levada em conta a cadeia que une fabricantes justifica a necessidade de especialização na área, IECCS está localizado no bairro Jóquei,
de materiais a usuários finais”, é responsável pelo consumo de 40% da energia mundial pois os profissionais devem abordar o tema nas zona leste de Teresina, Piauí O bairro está
e gera entre 41% e 70% dos resíduos sólidos urbanos (MINAS GERAIS, 2008) e cerca de diversas etapas do ciclo de vida de um edifício: pla- próximo do que pode ser considerado o
10% da água é consumida no ambiente construído (JONH, PRADO, 2010). nejamento, implantação, uso, manutenção e centro geográfico da zona urbana da
demolição; em diferentes categorias, como eficiên- cidade, visto que o bairro Centro é adja-
Já as cidades ocupam entre 1% e 5% da superfície do planeta, mas consomem
cia energética, gestão da água, qualidade urbana, cente ao limite da zona urbana a oeste, o
75% dos recursos demandados pelas atividades humanas. As áreas urbanas também
conforto ambiental e materiais de construção rio Parnaíba. A localização do bairro é
“são responsáveis por 80% das emissões de carbono, 75% do uso da madeira e 60% do
(JOHN, PRADO, 2010). capaz de evitar deslocamentos de usuá-
consumo de água”. Um hectare de área urbanizada demanda aproximadamente 1.000
rios entre regiões extremas da cidade.
vezes mais energia do que uma área de mesmas dimensões do ambiente natural (CIDIN ATIVIDADES De acordo com SILVEIRA (2007) o
E SILVA, 2004, p. 44) .
As atividades a serem abrigadas pelo instituto clima de Teresina é tropical equatorial e
Por isso é necessária maior eficiência na execução de todas as atividades humanas incluem aulas, sobretudo as do tipo expositivas, que devido a baixa a latitude e altitude há
por meio da modernização das técnicas utilizadas , do uso de inovações e retomada de demonstrativas e práticas, nos cursos de curta o registro de temperaturas elevadas
práticas tradicionais que busquem “um maior respeito aos recursos naturais e a utiliza- duração e de especialização; consulta e emprésti- durante todo o ano.
ção de ações renováveis e auto-suficientes (sic)”, rompendo com as práticas usuais mo de acervo bibliográfico; orientação de mono- A norma NBR 15220-3 de 2003
(ISOLDI, 2007, p. 75), possibilitando o desenvolvimento sustentável, definido por grafias; seminários, simpósios e outros tipos de recomenda para a Zona Bioclimática 7,
Bruntland apud Torgal e Jalali (2010, p. 20) como sendo aquilo que “permite satisfazer as eventos; administração, limpeza e conservação. que contém a cidade de Teresina, “o uso
necessidades do presente sem comprometer as possibilidades das gerações futuras de aberturas pequenas e sombreadas o
satisfazerem as suas”, em suas diversas esferas. PÚBLICO ALVO
ano todo, o uso de paredes e coberturas
Nesse sentido, foi desenvolvido o projeto arquitetônico de um edifício para abri- Estudantes de graduação e qualquer profissio- pesadas e o uso de resfriamento evapo-
gar o Instituto Educacional para Cidades e Construções Sustentáveis com o propósito de nal graduado que tivesse interesse nos assuntos rativo, de inércia para resfriamento e de
capacitar profissionais que atuam em atividades relacionadas à construção civil e ao pla- ministrados, supondo que teriam uma maior presen- ventilação seletiva para o verão” (LAM-
nejamento urbano para o desenvolvimento de projetos, obras, construções e cidades ça de Arquitetos e Urbanistas e de Engenheiros de BERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014, 98).
sustentáveis. diversas especialidades.
2l8 IMPLANTAÇÃO E PLANTA GERAL

Para a distribuição do programa de necessidades foram consideradas as


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vias adjacentes ao terreno epPor isso o Bloco 1, contendo o Auditório e o setor 6


Administrativo e Apoio técnico/pedagógico, está mais próximo da Avenida João
XIII por serem locais que receberão os funcionários, incluindo professores e pes- A LE ÃO
. Á R E
EN
soas sem vínculo com o instituto, que deduzirão o acesso pela Avenida João XIII AV. S
devido a maior visibilidade proporcionada pela maior fluxo de veículos da via 4
estrutural . 3
Já a maior parte do setor pedagógico, com exceção do Auditório, foi posi-
cionada mais próxima da Avenida Senador Área Leão, via com menor tráfego de
veículos e consequente menor presença de ruídos que possam vir a prejudicar a
acústica dos ambientes didáticos, laboratórios, salas de aula e biblioreca). 7
O programa de necessidades foi distribuído em dois blocos paralelos alon-
gados no eixo Leste-Oeste, com suas fachadas orientadas de modo perpendicu- 4 5
lar aos pontos cardeais. Assim as fachadas com maiores superfícies recebem
radiação solar menos intensa e têm angulação favorável em relação aos ventos
dominantes de Teresina, vindos de Sudeste e Nordeste.
A proposta de plantio de espécies vegetais nativas ou exóticas adapta-
das ao clima, a presença do espelhos d’água e a grande área de superfícies per-
meáveis em blocos, concreto intertravado, pisograma, placas de concreto
poroso e gramados visam criar um microclima que torne favorável a utilização
da ventilação natural, com exceção das salas de aula que precisam ter baixos 8
níveis de ruídos, e também minimizar o consumo de energia por reduzir o esfor-
ço dos aparelhos condicionadores de ar com a redução da temperatura local.
De acordo com Silva, Gonzalez e Silva Filho (2011), a arborização propor- 4
ciona sombreamento, absorve parte do calor da radiação solar e o transforma
em calor físico e energia química. Também reduz as temperaturas do entorno
pelo processo de evapotranspiração, bem como aumenta a umidade relativa do
ar, o que ainda é intensificado pela presença do espelho d’água.
De acordo com os referidos autores, a vegetação também é capaz de me-
lhorar a qualidade do ar com a absorção do gás carbônico e a liberação de oxi-
gênio, além de atenuar ruídos, característica desejável para um local que abrigue
atividades de ensino e de aprendizado.
Já a grande área de superfícies permeáveis que incluem gTramados, 2
blocos de concreto intertravado, pisograma e placas de concreto poroso são
capazes de evitar o efeito de ilha de calor, que tem como uma de suas causas a 1
concentração de áreas impermeáveis nos centros urbanos, visto que esses mate-
riais possuem dificuldade em dissipar calor devido à sua baixa umidade (ALBU-
QUERQUE, LOPES, 2016).
Os pátios existentes no projeto, entre os dois blocos e no centro de um
deles, retêm a umidade proporcionada pela arborização, pelos espelhos d’água 1 AVENIDA JOÃO XIII 2
e pelas superfícies permeáveis, também atenuam a radiação solar e a incidência
de ventos quentes e favorecem a ventilação natural devido ao efeito da diferença
1 Acesso de veículos visitantes e funcionários. 2 A. de pedestres vist. e fun. 3 A. de veículos
de pressão que provoca a sucção do ar (SILVA, SIGARDO, 2015). 0m 5 10 15 20
alunos 4 A. de pedestres alu. 5. A. de serviço. 6 A. de carga e descaga 7. Saída carga e d.
Bloco intertrav. Pisograma Placa drenante Grama esmer. Grama amendoim
3l
INSITUTO EDUCACIONAL PARA CIDADE E CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS PARTIDO ARQUITETÔNICO

Os blocos são alongados no eixo leste-oeste, forma e orientação


que segundo Mascaró e Mascaró (1992, apud SILVEIRA, 2007) recebe
menos radiação solar. 30
31
A ventilação cruzada foi favorecida no Bloco Sul pelas aberturas e 36 34
lados opostos dos ambientes e pela presença do pátio interno , que gera
diferença de pressão devido a concentração de umidade e movimenta o
32 30
ar, efeito desejável devido a baixa velocidade dos ventos na cidade.
29
38
O Bloco Norte possui uma forma mais compacta com um corredor 33 28
duplamente carregado, o que também reduz os ganhos térmicos em
37 35
detrimento da ventilação cruzada, visto que o condicionamento de ar nos
ambientes desse bloco é necessário porque a ventilação natural deve ser 27
usada com cautela em ambientes didáticos para evitar a entrada de ruídos
pelas aberturas (GUIDALLI, 2012).
O tijolo de solo-cimento modular, conhecido como tijolo ecológico,
foi proposto como alvenaria de vedação presente em todas as fachadas.
26
Sua escolha deve-se a suas propriedades termo acústicas favoráveis,
sendo o uso de paredes e coberturas pesadas uma das estratégias biocli-
máticas recomendadas, a suas características associadas a um menor 3 22 25 24
impacto ambiental adverso de sua produção e a um menor custo da cons- 16 17 17 18 19
trução. 4 23
Os ambientes de longa permanência que têm fechamentos externos
voltados para o oeste não possuem aberturas nessa direção. Nesses am-
bientes também foi utilizada uma parede dupla composta pela alvenaria, 15 21
uma caixa-de-ar e uma divisória em gesso acartonado preenchida com lã
de vidro. Desse modo supõe-se que os ganhos térmicos serão minimiza-
dos a níveis adequados nestes ambientes. 14 3
A necessidade de espaços flexíveis foi um critério projetual adotado 12 11 10 9 8 7 6 5 2 1 20
13 4
para que estes acompanhem as mudanças na instituição de ensino, evi-
denciada pela pesquisa bibliográfica sobre arquitetura educacional realiza-
da, e que facilite possíveis mudanças de uso, evitando a demolição da
obra e prolongando a sua vida útil, necessidade evidenciada pela pesquisa
bibliográfica sobre arquitetura sustentável realizada . PLANTA BAIXA DO ANDAR TÉRREO 0m 5 10 15 20
Para isso foram adotadas divisórias internas em drywall preenchido LEGENDA AMBIENTES
com uma camada de lã de vidro presentes no Bloco Sul, ambientes do 1. Hall de entrada SETOR ADMINSTRATIVO 2. Recepção 3. Almoxarifado 4. Arquivo 5. Secretaria administrativa 6. Diretoria
setor administrativo e do setor de grau técnico/pedagógico, e no Bloco 7. Administração 8. Financeiro 9. Recursos humanos 10 Comunicação 11. Serviço s gerais e manutenção 12. Central de pro-
cessamento de dados 13. Copa 14. Depósito de materia de limpeza 15. Reunião
Norte, nos laboratórios, na biblioteca e nas salas de aula. SETOR DE APOIO PEDAGÓGIO 16. Estar professores 17. Gabinete de professores 18. Coordenação pedagógica 19. Secretaria
Também houve uma preocupação de que o forro fosse indepen- pedagógica AUDITÓRIO 20. Foyer 21. Platéa para 260 pessoas 22. Estar convidados. 23. Comandos 24. Ar condicionado
dente das divisórias internas em drywall, que encerram sua altura ao 25Depósito de material de limpeza VIVÊNCIA 26. Refeitório SERVIÇO 27. Lanchonete 28. Refeitório de funcionarios 29.
encostar no forro. Desse modo não haverá uma abertura no forro caso a Depósito de material de limpeza 30. Vestiários 31 Segurança 32. Depósito de móveis e reparos 33. Depósito geral PEDAGÓ-
divisória seja removida. GICO 34. Laboratório de Uso eficiente e conservação da água, 35. Lab. de materiais de construção 36. Lab. de qualidade do
Outra preocupação para obtenção de maior flexibilidade foi posi- ar e climatização, 37. Lab.de eficiência energètica 38 Biblioteca
cionar a escada principal do Bloco Norte e os sanitários próximos ao setor LEGENDA FECHAMENTOS
de serviços, que juntos constituem uma área com divisórias em tijolo de Alvenaria de tijolos de solo-cimento Divisória em gesso acartonado preenchida com lã de vidro e = 5 cm
solo-cimento, tida como menos suceptível a mudanças.
4l8
INSITUTO EDUCACIONAL PARA CIDADE E CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS ARQUITETURA EDUCACIONAL

Em relação à acústica, desejou-se minimizar a interferência de ruídos


externos nas salas de aula e nos laboratórios pelo seu distanciamento em
relação à avenida João XXIII, por esta apresentar maior tráfego de veículos. 42 42 42 42 41
Outra estratégia adotada com o mesmo propósito foi o uso da arborização,
39
capaz de reduzir a intensidade dos ruídos (KOWALTOWSKI, 2011).
Para redução dos ruídos internos a partir das vozes e da reverberação
40
do som há o forro mineral com capacidade de absorção acústica nos am-
bientes didáticos, com exceção do forro do auditório emq ue foi expeficicado 42 42 42 42 39
41
um material isolante e reflexivo acústico (KOWALTOWSKI, 2011).
As portas das salas de aula receberam especificação para ter maior
capacidade de isolamento acústico, assim como as divisórias e os forros, de
modo a evitar transferência de ruídos entre os ambientes (GUIDALLI, 2012).
A presença da iluminação natural foi favorecida pelas janelas compri-
das e pelas prateleiras de luz, que intensificam o alcance e a intensidade da
luz presentes em toda a extensão das fachadas Norte e Sul do Bloco Norte.
Os benefícios ao desempenho dos alunos proporcionados pela iluminação
natural são cientificamente comprovados por Hescong Mahone Goupe
(1999) apud Kowaltowski (2011). As prateleiras de luz também evitam a inci-
dência da radiação solar direta e o ofuscamento visual.
A altura do peitoril foi considerada como adequada para a visualização
do exterior pelos alunos sentados, a fim de permitir descansar a visão duran-
te a utilização de livros e de computadores (KOWALTOWSKI, 2011).
Apesar das aberturas não estarem afastadas do quadro negro como
sugere Azevedo (2012), considera-se necessária a utilização de cortinas tipo
painel com duas camadas, recomendadas por Guidalli (2012).
A iluminação natural também é unilateral e vinda do lado esquerdo
dos alunos, e foram sugeridos revestimentos de cores claras no forro, bem
como nas paredes laterais e do fundo, e de cor escura na parede do quadro
branco para proporcionar descanso visual aos alunos (AZEVEDO, 2012; GUI-
DALLI, 2012). PLANTA BAIXA DO ANDAR TÉRREO 0m 5 10 15 20

SETOR PEDAGÓGICO 39. Sala de informática para 45 alunos. 40 Depósito e sala para servidores de internet. 41.Sala de aula
para 70 alunos. 42. Sala de aula para 45 alunos.
LEGENDA FECHAMENTOS
Alvenaria de tijolos de solo-cimento Divisória em gesso acartonado preenchida com lã de vidro e = 5 cm

DETALHE DOS BRISES/ PRATELEIRAS DE LUZ DAS FACHADAS NORTE E SUL DO BLOCO NORTE
5l 8
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FACHADA SUL DO BLOCO SUL

FACHADA SUL DO BLOCO NORTE

ABERTURAS
O principal modelo de janela é o basculante, sub-
O bloco Norte possui brises apoiados nos pila-
dividido em unidades com 1 metro de comprimento e
res metálicos e em cabos de aço nas fachadas norte e
que abrem de forma independente dos demais, poden-
sul, que se estendem ao longo do comprimento do
do uma unidade ser bloqueada para a instalação de
bloco, e em diferentes alturas, bloqueando boa parte
divisória ou algo semelhante sem que haja grande pre-
da incidência solar nas aberturas e na alvenaria.
juízo no vão para ventilação natural estratégia que
Alguns deles funcionam como prateleiras de luz por
também visa garantir a flexibilidade da construção.
refletir a radiação solar e por aumentar a profundida-
O vidro especificado para as aberturas foi o de
de e intensidade da iluminação natural nos ambientes
baixa emissividade, que, segundo Lamberts, Dutra e
dos dois pavimentos.
Pereira (2014), é mais eficiente que os reflexivos comuns
Com a presença dos brises citados espera-se
por permitir que a iluminação natural entre no interior FACHADA OESTE DO BLOCO NORTE
um consumo de energia reduzido pelo menor esforço
ao mesmo tempo em que bloqueia o calor vindo de ob-
dos aparelhos de ar-condicionado para que seja atin- As voltadas para o norte e sul tem a alvenaria aparente
jetos no exterior, reduzindo também possíveis ganhos
gida uma temperatura confortável e pelo maior apro- impermeabilizada com resina acrílica enquanto que as facha-
de calor aumentados pela reflexão das prateleiras de
veitamento da iluminação natural e consequente das voltadas para leste e oeste foram especificadas para
luz.
menor uso da iluminação artificial. receber pintura na cor branco porque as cores claras absor-
A área das aberturas que possui vidro correspon-
Já o bloco sul possui brises móveis modelos asas vem menos calor em comparação a materiais mais escuros
de a aproximadamente 1:6 da área do piso dos ambien-
de avião que também protegem as aberturas da (ALVEZ; CASTRAL; CHVTAL, 2011).
tes, o mínimo exigido pelo Código de Obras de Teresina
radiação solar direta. O brise móvel foi escolhido
por ter sido considerada a recomendação da norma
porque os ambientes adminitrativos e de apoio peda-
Norma Brasileira NBR 15220-3 de 2003, que sugere a
gógico tem menos usuários e foi suposto que por isso
presença de aberturas pequenas como estratégia para a
desejariam ter um maior controle das condições am-
Zona Bioclimática 7 para reduzir os ganhos de calor.
bientais.
6l8 PRINCIPAIS MATERIAS DE CONSTRUÇÃO PROPOSTOS

SISTEMA ESTRUTURAL
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Os tijolos de alvenaria podem ficar aparentes, necessitando apenas de uma camada de


O sistema estrutural adotado no projeto é composto por pilares e vigas metálicas resina acrílica, ou receber outros revestimentos, o que também é mais econômico em rela-
com seção I e lajes steel deck. O sistema tem como vantagens possibilitar a criação de ção à alvenaria de tijolos cerâmicos por requerer uma camada mais fina de reboco devido
grandes vãos e pilares e vigas esbeltos, uma menor duração da obra, por ser composto à uniformidade da superfície da alvenaria (Figura 57) (ECO PRODUÇÃO, 2017).
por elementos pré-fabricados, e consequentemente menor número de mão de obra in
loco (BONAFÉ, 2017b). DRYWALL
Em relação à sustentabilidade, o aço é responsável por importantes impactos
ambientais adversos durante as fases de extração, fabricação e transporte, sendo um Parte dos fechamentos internos propostos no projeto são de gesso acartonado,
material que demanda grande quantidade de energia durante sua produção. Apesar estruturado por montantes metálicos e com interior preenchido com lã de vidro. Entre as
disso grande parte do aço novo utilizado atualmente é reciclado, podendo também ser vantagens do sistema destaca-se a maior facilidade dos fechamentos sofrerem modifica-
reciclado no futuro, visto que o aço mantém 100% de suas propriedades após o pro- ções em comparação com diferentes tipos de alvenaria, rapidez na execução, redução da
cesso. Com isso há redução na necessidade de extração, atividade que vem se tornado geração de resíduos na obra e do peso e da espessura dos reduzidos.
mais eficiente e menos poluidora (LOUREIRO, 2004). Todos os elementos metálicos A lã de vidro foi sugerida por garantir maior isolamento acústico entre os ambientes,
utilizados no projeto devem ser preferencialmente oriundos de reciclagem. sobretudo entre as salas de aula. De acordo com Luca (2015), a configuração do drywall
escolhida garante um índice de redução sonora de 44 decibéis (dB) e supera o mínimo
recomendado por Alarção, Fafaiol e Bento Coelho (2008) de 40 dB para paredes divisórias
ALVENARIA DE TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO nos ambientes de instituições de ensino.
O tijolo de solo-cimento modular, conhecido como tijolo ecológico, foi pro- Segundo Torgal e Jalali (2010), o gesso “pode ser reciclado indefinidamente sem
posto como alvenaria de vedação para todos os fechamentos externos e parte dos perda de propriedades” e a principal dificuldade do processo é a remoção de impurezas.
fechamentos internos. Sua escolha deve-se a suas propriedades termo acústicas favo- Em alguns países, a reciclagem do gesso é uma atividade consolidada, e acredita-se que
ráveis, a suas características associadas a um menor impacto ambiental adverso de sua no futuro será algo mais frequente no Brasil (TORGAL, JALALI, 2010, p. 111).
produção e a um menor custo da construção.
Na composição do tijolo predomina o solo, que corresponde a 90% a 95%, con- TINTA ECOLÓGICA
siderando também o cimento. (SOUZA, 2016). A utilização de terra nas construções,
como no caso do tijolo de solo-cimento, e da tinta ecológica à base de terra emulsão A tinta ecológica à base de terra e emulsão aquosa sugerida apresenta baixos índi-
aquosa é associada com um baixo consumo de energia, baixas emissões de carbono e ces de emissão de COVs e evita a utilização de produtos químicos para a remoção de seus
de poluição durante o seu processo de beneficiamento resíduos em outras superfícies. Desse modo pretende-se obter uma qualidade do ar inter-
Em Teresina há a fábrica de tijolos de solo-cimento modular da Associação Tere- no adequadas para a saúde de funcionários responsáveis pela construção e de futuros
sinense dos Profissionais de Olaria (ATPO), que antes fabricava tijolos cerâmicos e que, usuários da edificação (SOLUM, 2017).
com a relocação dos moradores feita pelo Programa Lagoas do Norte e coma perda A utilização de terra nas construções, como no caso do tijolo de solo-cimento, e da
da fonte de argila, passou a fabricar esse novo tipo de tijolo (MACÊDO, 2016). tinta ecológica à base de terra emulsão aquosa é associada com um baixo consumo de
Soares, Soares e Lima (2016, p. 784) atestaram o cumprimento da norma ABNT energia, baixas emissões de carbono e de poluição durante o seu processo de beneficia-
NBR 8491/2012 nos critérios “Análise Dimensional, Absorção de Água e Resistência a mento (TORGAL e JALALI, 2010).
Compressão do tijolo Solo-Cimento” fabricado pela ATPO, sendo essa informação
importante para a escolha de um produto visando o menor impacto ambiental adverso FORRO MINERAL
por reduzir perdas por peças defeituosas e garantir maior durabilidade do produto.
A escolha de materiais produzidos localmente é um dos critérios para a escolha Os forros minerais foram especificados para os ambientes do setor pedagógico,ad-
de materiais com menor impacto ambiental adverso por reduzir a necessidade de ministrativo e apoio pedagógico e são produzidos com uma fibra branca biossolúvel com-
transporte e suas consequências. Além dessa vantagem, o tijolo ecológico é constituí- posta por areia, vidro reciclado e calcário. A tinta utilizada também é livre de solvente e
do principalmente pelo solo, um material abundante no planeta, e dispensa o processo composta por pigmentos naturais. Os forros não emitem COVs como o formaldeído e
de aquecimento em fornos, evitando a poluição do ar e a queima de combustível podem ser totalmente reciclados ou depositados em aterro comum com impactos am-
(MOTTA et al, 2014). bientais reduzidos por serem biossolúveis (OWA, 2017).
7l8
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PÁTIO ENTRE OS DOIS BLOCOS


FACHADA SUL DO BLOCO SUL

PÁTIO INTERNO DO BLOCO SUL


FACHADA SUL DO BLOCO SUL
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A eficiência energética foi abordada pricipalmente por meio da Arquitetura Bioclimática buscando adequa-
ção ao clima e valorizando a iluminação natural. Outros elementos utilizados com o objetivo de obtenção de
maior eficiência energética não serão especificados no nível de detalhamento de projeto como o tipo de luminá-
rias, lâmpadas e aparelhos de ar-condicionado, sensores de presença, minuterias e sistema de controle fotoelétri-
co capazes de regular a intensidade da iluminação artificial de acordo com a necessidade, mas todos estes ele-
mentos seriam desejáveis caso o edifício fosse ser construído.
Do mesmo modo, não serão especificadas ou detalhadas outras ações visando o uso eficiente, a gestão e
a conservação da água devido ao nível de detalhamento do projeto e/ou por serem elementos geralmente pro-
jetados por profissionais com outras especialidades. Entre os elementos desejáveis caso o projeto viesse a ser
construído tem-se o projeto do sistema de distribuição, com características que evitem vazamentos e com pres-
são mínima para funcionamento, a coleta de águas pluviais e o reuso de águas cinzas para usos em que seja
aceito água não potável, a gestão da água por meio do monitoramento do consumo e da identificação de eleva-
ção repentina do consumo, bem como metais e louças sanitárias capazes de reduzir o consumo de água..
Além da eficiência energética também houve grande preocuáção com a sustentabilidade dos materias de
FACHADA NORTE DO BLOCO NORTE
construção considerando seus os diversos impactos ambientais.
8l8 REFERÊNCIAS
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INSITUTO EDUCACIONAL PARA CIDADE E CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS
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