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DE PROJETOS
autora
ORNELLA PACÍFICO
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2016
Conselho editorial solange moura; roberto paes; gladis linhares; karen bortoloti;
jessâmine thaize sartorello salvini
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016.
isbn: 978-85-5548-180-2
Prefácio 7
4.1 Introdução 83
4.2 Payback 84
4.2.1 Payback Simples 84
4.2.2 Payback Descontado 86
4.3 Valor Presente Líquido (VPL) 89
4.4 Taxa interna de retorno (TIR) 93
4.5 Índice custo-benefício (b/c) 99
4.6 Valor anual uniforme equivalente (VAUE) 101
4.7 Considerações sobre projetos independentes
ou mutuamente excludentes 104
Bons estudos!
7
1
Valor do Dinheiro
no Tempo – Uma
Breve Revisão
Para iniciarmos os estudos a respeito da Análise Financeira de Projetos, relem-
braremos nesta primeira unidade os conceitos iniciais relativos à Matemática
Financeira, o conceito de valor do dinheiro no tempo e o regime de juros sim-
ples e composto juntamente com as taxas de juros relativas a cada regime de ca-
pitalização. A partir do conceito de juros compostos, serão apresentadas as sé-
ries de pagamentos, mostrando a relação ao longo do tempo entre valor inicial
de um financiamento, por exemplo, e a série de pagamentos a ele associada.
OBJETIVOS
• Entender o mecanismo do cálculo dos juros simples e dos juros compostos;
• Conhecer as taxas de juros empregadas em cada um desses regimes;
• Construir um diagrama de fluxo de caixa;
• Visualizar a série de recebimentos e pagamentos como fluxo.
10 • capítulo 1
1.1 Principais conceitos da matemática
financeira
Se seu amigo lhe fizesse uma proposta de investir R$ 10.000,00 em uma lancho-
nete, provavelmente você pensaria em algumas questões:
• Que retorno eu terei mensalmente (ou anualmente) com este dinhei-
ro aplicado?
• Em quanto tempo terei meu dinheiro de volta?
• Qual o percentual de retorno que eu terei deste investimento?
• Se eu permanecesse com o dinheiro, poderia aplicá-lo na poupança e as-
sim ganharia juros durante todo este período!
COMENTÁRIO
O juro é como uma compensação (aluguel) que se paga pelo uso de determinado valor em
dinheiro (aqui no caso para quem está pedindo emprestado). Combinado o prazo, valor e
taxa, o tomador arcará com os custos do capital e o investidor receberá a remuneração da
aplicação (valor emprestado).
capítulo 1 • 11
O tempo é uma variável importante para a Matemática Financeira. Existem
duas formas básicas para considerar a evolução dos juros durante o tempo: o
regime de capitalização simples e o regime de capitalização composta.
Além dos juros, devemos conhecer outros termos importantes dentro da
Matemática Financeira:
• Capital inicial (C) ou Valor Presente (VP) ou Present Value (PV): é o recur-
so financeiro transacionado no início de uma determinda operação financeira,
ou seja, é o valor do capital na data focal zero. A data focal zero é a data de início
da operação financeira.
• Juros (J): como definido anteriormente, é o custo do capital. Os juros po-
dem ser obtidos a partir de uma taxa de juros.
• Taxa de juros (i): simbolizado pela letra i, do inglês interest rate, taxa de
juros. A determinação da taxa de juros deve ser eficiente de forma a remunerar
o risco envolvido na operação de empréstimo ou aplicação.
A taxa pode ser representada em forma percentual ou unitária¸ e sempre
mencionando a unidade de tempo considerada (ano, semestre, mês etc.), como
demonstrado a seguir:
COMENTÁRIO
Para fazermos os cálculos na calculadora HP-12C, utilizaremos a forma percentual, enquanto
que nas operações algébricas utilizaremos taxas unitárias.
12 • capítulo 1
1.2 Diagrama de fluxo de caixa
O diagrama de fluxo de caixa é uma representação gráfica da movimentação
das entradas e saídas de dinheiro ao longo do tempo, como pode ser visto na
figura 1.
No diagrama é demostrando:
• O tempo, na escala horizontal, que podem ser meses, anos, semestres etc.
• As entradas de dinheiro (recebimentos), que têm sinal positivo e são re-
presentadas por setas apontadas para cima;
• As saídas de dinheiro (pagamentos, que têm sinal negativo e são represen-
tadas por setas apontadas para baixo).
Entradas de
caixa (+)
tempo
Saídas de 1 2 3 4
caixa (–)
capítulo 1 • 13
EXEMPLO
Uma pessoa aplicou a quantia de R$ 100 no Banco do Futuro, pelo prazo de 3 meses, com
uma taxa de 10% ao mês, no regime de juros simples. Determinar o saldo final acumulado
nesta aplicação.
Resolução:
Com base nesse exemplo, podemos chegar à fórmula dos juros simples:
J = PV × i × n
Sendo que:
J = juros
PV = valor presente
i = taxa de juros
n = número de períodos
Nesse exemplo, os juros de cada mês foi de R$ 1,00, totalizando, no final de três
meses, R$ 30,00. Assim, podemos concluir que a pessoa irá resgatar R$ 130,00.
FV = 100 + 30 = 130
14 • capítulo 1
EXERCÍCIO RESOLVIDO
Determine os juros obtidos a partir de um capital de R$ 2.350,00 durante 8 meses com uma
taxa de 3% ao mês, no regime de juros simples.
Resolução:
J = PV × i × n
PV = R$ 2.350,00
J = 2.350 × 0, 03 × 8
i = 3 % a.m. = 3/100 = 0,03
J = 564
n = 8 meses
J= ?
Na HP – 12C:
f Reg (para limpar)
2350 CHS PV
240 n
36 i
(f) INT
Visor => $ 564
COMENTÁRIO
É importante observar que a taxa (i) e o tempo (n) devem estar na mesma unidade de tempo.
Nesse exemplo, a taxa está em mês e o tempo também está na mesma unidade. Já para
resolvermos exercícios de juros simples na HP – 12C, a taxa deve estar expressa em ano, e
o tempo, em dias!
Para mais detalhes, leia o apêndice sobre a calculadora HP-12C.
ATENÇÃO
Pouquíssimos são os exemplos que conseguiremos resolver na HP-12C no regime de juros
simples. Para esse regime, a calculadora é bastante limitada. Só é possível resolver exercí-
cios como o exemplo apresentado anteriormente.
Já no regime de juros compostos, é ampla a sua utilização.
capítulo 1 • 15
Se quisermos calcular o montante acumulado (FV) do exercício anterior, a
resolução ficará da seguinte maneira:
Resolução:
FV = PV + J
FV = 2.350 + 564
FV = 2.914
J = PV × i × n
FV = PV + (PV × i × n)
FV = PV × (1 + i × n)
Agora vamos calcular o valor futuro (FV) do mesmo exercício resolvido ante-
riormente com esta nova fórmula:
Resolução:
FV = PV × (1 + i × n)
FV = 2.350 × (1 + 0, 03 × 8)
FV = 2.350 × (1 + 0, 24)
FV = 2.350 × (1, 24)
FV = 2.914
COMENTÁRIO
Para chegarmos ao valor futuro, realizando o cálculo pela HP-12C, devemos somar o valor
presente ao resultado encontrado (juros).
16 • capítulo 1
EXEMPLO
Calcular os montantes acumulados no final de 1 ano, a partir de um capital inicial de R$ 100,00,
no regime de juros simples, com as seguintes taxas de juros:
a) 1 % ao mês
b) 6 % ao semestre
c) 12 % ao ano
Resolução:
FV = PV × (1+ i × n)
a) PV = $ 100
FV = 100 × (1+ 0, 01×12)
i = 1 % a.m. = 1/100 = 0,01
FV = 100 × (1+ 0,12)
n = 1 ano = 12 meses
FV = 112
FV= ?
FV = PV × (1+ i × n)
b) PV = $ 100
FV = 100 × (1+ 0, 06 × 2)
i = 6 % a.sem. = 6/100 = 0,06
FV = 100 × (1+ 0,12)
n = 1 ano = 2 semestres
FV = 112
FV= ?
FV = PV × (1+ i × n)
c) PV = $ 100
FV = 100 × (1+ 0,12 ×1)
i = 12 % a.a. = 12/100 = 0,12
FV = 100 × (1+ 0,12)
n = 1 ano
FV = 112
FV= ?
capítulo 1 • 17
Por exemplo, se temos uma taxa anual, dividimos por 12 para encontrar a
respectiva taxa mensal. Assim, 12% ao ano equivalem a 1% ao mês (12% ÷12).
Já para uma taxa semestral, multiplicamos por 2 para encontrar a equiva-
lente anual. Deste modo, 6% ao semestre equivalem a 12% ao ano (6% × 2) → em
1 ano há 2 semestres.
É muito comum, em operações de curto prazo, termos o prazo definido em
número de dias. Nestes casos, o número de dias pode ser calculado de duas
maneiras: tempo exato e tempo comercial:
• Para cálculo do tempo exato, utilizamos o calendário do ano civil (365
dias) → o juro apurado desta forma é chamado de juro exato;
• Para cálculo do juro comercial, admitimos o mês com 30 dias e o ano com
360 dias → o juro apurado desta forma é chamado de juro comercial.
EXERCÍCIO RESOLVIDO
Calcular a taxa mensal proporcional a:
a) 36% a.a.
b) 10% a.b. (ao bimestre)
c) 24% a.s. (ao semestre)
d) 15% a.t. (ao trimestre)
e) 9% a.q. (ao quadrimeste)
Resolução:
36%
a) = 3%
12
10%
b) = 5%
2
24%
c) = 4%
6
15%
d) = 5%
3
9%
e) = 2, 25%
4
18 • capítulo 1
Com estes exemplos finalizamos os conceitos relativos ao regime de juros
simples. Agora, na próxima sessão, aprenderemos um pouco sobre o regime de
capitalização mais utilizado no mercado, o regime de juros compostos.
EXEMPLO
Uma pessoa aplicou a quantia de R$ 100 no Banco do Futuro, pelo prazo de 3 meses, com
uma taxa de 10% ao mês, no regime de juros compostos. Determinar o saldo final acumulado
nesta aplicação.
Resolução:
2 $ 110 × 10 % = $ 11 $ 121
capítulo 1 • 19
Diferentemente dos juros simples, nos juros compostos o dinheiro cres-
ce exponencialmente ou em progressão geométrica com o passar do tempo.
Assim, em vez de multiplicarmos os juros pelo período como fizemos, no regi-
me de capitalização simples, os juros serão elevados ao perído. Então, a fórmu-
la utilizada será:
FV = PV × (1 + i )
n
Sendo que:
PV (ou VP) = valor presente
FV (ou VF) = valor futuro
i = taxa de juros
n = número de períodos
EXEMPLO
Utilizando a fórmula dos juros compostos, o exemplo anterior será desenvolvido da seguin-
te maneira:
FV = PV × (1+ i)
n
Resolução:
FV = 100 × (1+ 0,1)
3
PV = $ 100
n = 3 meses FV = 100 × (110
, )3
i = 10 % a.m. = 10/100 = 0,10 FV = 100 × (1331
, )
FV = ? FV = 133,10
Na HP-12C:
f REG (para limpar)
100 CHS PV
10 i
3n
FV
visor => 133,10
20 • capítulo 1
EXERCÍCIO RESOLVIDO
Qual o valor do juro correspondente a um empréstimo de R$ 78.000, pelo prazo de 7 meses,
sabendo que a taxa cobrada é de 3 % ao mês?
Resolução: Primeiro calcularemos o valor futuro (FV) para depois encontrarmos os juros.
PV = $ 78.000
FV = PV × (1+ i)
n J = FV − PV
n = 7 meses
J = 95.930,16 − 78000
FV = 78.000 × (1+ 0, 03)
7
i = 3 % a.m. = 3/100 = 0,03
J = 17.930,16
FV =? FV = 78.000 × (103
, )7
J=? FV = 78.000 × (1229874
, )
FV = 95.930,16
Na HP-12C:
f REG (para limpar)
78.000 CHS PV
3i
7n
FV
visor => 95.930,16
78.000 [-]
visor => 17.930,16
ATENÇÃO
Antes de iniciarmos qualquer exercício na HP, deveremos limpar sua memória.
A função [f] [FIN] apaga somente os registros das memórias financeiras e não apaga
o visor.
A função [f] [REG] apaga todos os registros armazenados nas memórias da HP-12C e
também o visor.
capítulo 1 • 21
financiamentos e empréstimos, sempre tentamos identificar qual o custo des-
se financiamento. Para qualquer um desses casos, estamos procurando a taxa
de juros, ou seja, o i.
O exemplo a seguir é um conceito que devermos entender bem, pois utiliza-
remos nas próximos capítulos!
EXEMPLO
Fernanda gostaria de comprar uma casa no valor de R$ 200.000,00. Por não ter este valor
no ato da compra, propôs ao dono quitá-la por R$ 212.304,00, daqui a 6 meses. Qual a taxa
mensal de juros compostos embutida na proposta?
FV = PV × (1+ i)
n
= 6 (1+ i)
6 1061520 6
Resolução: ,
212.304 = 200.000 × (1+ i)
6
PV = $ 200.000 , = 1+ i
101
FV = $ 205.000 212.304 i = 101
, −1
= (1+ i)
6
n = 6 meses
200.000 i = 0, 01
, 61520 = (1+ i)
6
10
i=?
para transformarmos este valor em %,
Na HP-12C:
f REG (para limpar)
deveremos multiplicar por 100
212.304 CHS FV i = 0,01×100 = 1% ao mês
200.000 PV
6n
i
visor => 1
22 • capítulo 1
quero
=
q ( 1 + i ) tenho − 1
Sendo que:
iq= taxa equivalente a i
quero = período da taxa que eu quero
tenho = período da taxa que eu tenho
Vejamos o exemplo a seguir:
EXEMPLO
Qual a taxa equivalente composta anual de uma taxa de 1% ao mês?
Resolução: Se fosse no regime de juros simples, a resposta seria 12% ao ano, mas,
como queremos encontrar a taxa equivalente composta, vamos utilizar a fórmula 6:
Período da taxa que eu tenho = 1 mês
Período da taxa que eu quero = 1 ano = 12 meses
12
iq = (1+ 0, 01) 1 − 1
iq = (101
, )12 − 1
iq = 1126825
, −1
iq = 0,126825
para transformarmos em taxa em percentual:
0,126825 ×100 = 12,6825 % ao ano
EXEMPLO
Calcular os montantes acumulados no final de 1 ano, a partir de um capital inicial de
R$ 100,00, no regime de juros compostos, com as seguintes taxas de juros:
capítulo 1 • 23
a) 1% ao mês
b) 12,6825% ao ano
FV = PV × (1+ i)
n
Resolução:
FV = 100 × (1+ 0,126825 )
1
a) PV = $ 100
i = 1 % a.m. = 1/100 = 0,01 FV = 100 × (1126825
, )1
n = 1 ano = 12 meses FV = 100 × (1
1,126825)
FV= ? FV = 112, 6825
Na HP-12C:
f REG (para limpar)
100 CHS PV
12,6825 i
1n
FV
visor => 112,6825
FV = PV × (1+ i)
n
b) PV = $ 100
FV = 100 × (1+ 0, 01)
12
i = 12,6825 % a.a. = 12,6825/100=
= 0,0,126825 FV = 100 × (101
, )12
n = 1 ano FV = 100 × (11268
, 25)
FV= ? FV = 112, 6825
Na HP-12C:
f REG (para limpar)
100 CHS PV
1i
12 n
FV
visor => 112,6825
Os itens anteriores foram uma base conceitual para nós iniciarmos no mun-
do dos fluxos. Em Matemática Financeira, tudo é fluxo, ou seja, as entradas e as
saídas de dinheiro ao longo do tempo.
A seguir, serão apresentados os principais conceitos relativos às séries uni-
formes de pagamentos – séries em que os pagamentos ou recebimentos são
iguais em intervalos regulares de tempo.
24 • capítulo 1
1.5 Séries de pagamentos
Séries uniformes de pagamentos são aquelas em que os pagamentos ou rece-
bimentos são constantes (fixos) e ocorrem em intervalos de tempo iguais. As
séries uniformes são bastante comuns em financiamentos de eletrônicos, au-
tomóveis, imobiliários. Uma representação de uma série de pagamentos pode
ser vista na figura 1.2.
Número de
Entradas de caixa
pagamentos iguais
1 2 3 4
n
0
Saídas de caixa
Prestações ou pagamentos
b) periodicidade
• periódicos: todos os períodos são iguais;
• não periódicos: os períodos não são iguais entre si.
c) duração
• limitados (finitos): duração limitada, é conhecido o número de pagamen-
tos (ou recebimentos);
• indeterminados (indefinidos).
capítulo 1 • 25
d) valores
• constantes (ou uniformes): todos os pagamentos (ou recebimentos)
são iguais;
• variáveis: os pagamentos (ou recebimentos) não são iguais entre si.
(tempo)
0 1 2 3 n-1 n
Figura 1.3 – Modelo padrão de série uniforme de pagamentos postecipada. Fonte: Assaf
Neto (2002, p. 186).
PV
0 1 2 3 n
Figura 1.4 – Série uniforme de pagamentos postecipada (relação entre PV e PMT). Fonte:
elaborado pela autora
26 • capítulo 1
A fórmula que calcula do valor da prestação pode ser definida por:
( 1 + i )n − 1
PV = PMT ×
(1 + i ) × i
n
Sendo que:
PV (ou VP) = valor presente ou valor que será financiado
PMT (ou R) = pagamentos ou recebimentos (prestações)
i = taxa de juros
n = período
Para entendermos melhor estes conceitos, resolveremos os casos a seguir:
EXEMPLO
Um carro é vendido à vista por R$ 35.000,00. Um comprador deseja financiá-lo em 36
meses, pagando uma taxa de 1,99% ao mês. Calcule o valor da prestação, sabendo que a
primeira prestação foi paga um mês após a compra.
0 1 2 3 --- 36
PMT=?
(1+ i)n − 1
PV = PMT ×
(1+ i) × i
n
Resolução:
PV= $ 35.000 (1+ 0, 0199 )36 − 1
n = 36 meses 35.000 = PMT ×
(1+ 0, 0199 ) × 0, 0199
36
EXERCÍCIO RESOLVIDO
Um apartamento custa à vista R$ 200.000,00, mas pode ser adquirido com uma entrada de
20% e o financiamento do saldo restante em 60 prestações iguais mensais, a uma taxa de
juros de 2% ao mês. Calcule o valor das parcelas.
Resolução: Valor à vista = $ 200.000 => como o comprador irá dar 20% de entrada,
financiará somente o restante:
$ 200.000 × 20% = $ 40.000=> $ 200.000 - $ 40.000 = $ 160.000 => este valor
será o PV (valor inicial do financiamento) (1+ i)n − 1
n = 60 meses PV = PMT ×
(1+ i) × i
n
pois
Cabe ressaltar que essa situação é uma série postecipada, (102 60 − 1
, a)entrada é diferente das
160.000 = PMT ×
(102
, )60
× 0,
demais prestações. O desenvolvimento do exercício ficará da seguinte maneira:02
3, 281031− 1
(1+ i)n − 1 160.000 = PMT ×
PV = PMT × 3, 281031× 0, 02
(1+ i) × i
n
2, 281031
160.000 = PMTT×
(1+ 0, 02)60 − 1 0, 065620
160.000 = PMT ×
(1+ 0, 02 ) × 0, 02
60 160.000 = PMT × 34, 760887
160.000
(102 , )60 − 1 = PMT
160.000 = PMT × 34, 760887
(102
, ) × 0, 02
60
PMT = 4.602, 88
3, 281031− 1
160.000 = PMT ×
3, 281031× 0, 02
2, 281031
160.000 = PMT T×
0, 065620
28 • = PMT × 34
160.000capítulo
160.000
1 , 760887
= PMT
34, 760887
PMT = 4.602, 88
Na HP-12C:
f Reg (para limpar)
g END (modo postecipado)
160.000 CHS PV
2i
60 n
PMT
Visor => 4.602,88
PV
0 1 2 n
Figura 1.5 – Série uniforme de pagamentos antecipada (relação entre PV e PMT). Fonte:
elaborado pela autora.
( 1 + i )n − 1
PV = PMT × n −1
(1 + i ) × i
Sendo que:
PV (ou VP) = valor presente ou valor que será financiado
PMT (ou R) = pagamentos ou recebimentos (prestações)
i = taxa de juros
n = período, número de prestações em determinado período
capítulo 1 • 29
COMENTÁRIO
Para resolvermos uma série antecipada, devemos antes apertar os comandos g BEG – apa-
recerá a palavra BEGIN no visor (para tirar, é só apertar g END).
EXEMPLO
Um carro é vendido à vista por R$ 35.000,00. Um comprador deseja financiá-lo em 36
meses, pagando uma taxa de 1,99% ao mês. Calcule o valor da prestação, sabendo que a
primeira prestação foi paga no ato da compra.
PV = R$ 35.000,00
0 1 2 3 --- 36
PMT=?
Entrada igual às
demais prestações
Resolução:
PV= $ 35.000
n = 36 meses
i = 1,99 % a.m. = 1,99/100 = 0,0199
PMT = ?
(1+ i)n − 1
PV = PMT × n −1
2, 03270 − 1
(1+ i) × i 35.000 = PMT ×
,
1993039 × 0, 0199
(1+ 0, 0199 )36 − 1 10327
, 0
35.000 = PMT × 36 −1 35.000 = PMT ×
(1+ 0, 0199 ) × 0, 0199 0, 039661
35.000 = PMT × 26, 038173
(10199
, )36 − 1
35.000 = PMT × 36 −1 35.000
(1019
, 9) × 0, 0199 = PMT
26, 038173
(10199, ) − 1
36
PMT = 1.344, 20
35.000 = PMT ×
(10199 ) × 0, 0199
35
,
30 • capítulo 1
Na HP-12C:
Para resolvermos uma série antecipada, devemos antes
apertar os comandos g BEG – aparecerá a palavra BEGIN
no visor (para tirar, é só apertar g END):
MULTIMÍDIA
Veja neste vídeo a importância das compras à vista. O vídeo é uma parceria da BM&FBOVES-
PA com a TV Cultura: https://www.youtube.com/watch?v=LIAjyO2-118.
FV
0
1 2 3 n
Figura 1.6 – Série uniforme de pagamentos postecipada (plano de poupança). Fonte: ela-
borado pela autora
capítulo 1 • 31
O valor acumulado (FV) a partir desses depósitos pode ser encontrado atra-
vés da seguinte fórmula:
( 1 + i )n − 1
FV = PMT *
i
Sendo que:
FV = valor futuro, montante acumulado
PMT (ou R) = pagamentos, depósitos
i = taxa de juros
n = período, número de prestações em determinado período
ATENÇÃO
É importante destacar que esta fórmula aqui apresentada é para uma série postecipada, em
que os depósitos são efetuados ao final do período. Então, para resolvermos estes exercícios
na calculadora HP-12C, deveremos utilizar o modo END.
EXEMPLO
Pretendo depositar R$ 100,00 durante 3 meses na poupança a uma taxa de 2% ao mês.
Qual o valor acumulado na poupança ao final dos 3 meses?
FV=?
1 2 3
0 PMT=$100
Resolução:
PMT = $ 100
n = 3 meses
i = 2 % a.m. = 2/100 = 0,02
FV= ?
32 • capítulo 1
(1+ i)n − 1 1061208
, − 1
FV = PMT × FV = 100 ×
i 0, 02
(1+ 0, 02 )3 − 1 0, 061208
FV = 100 ×
FV = 100 × 0, 02
0, 02
FV = 100 × 3, 0604
(102
, ) − 1
3
FV = 306, 04
FV = 100 ×
0, 02
Na HP-12C:
EXERCÍCIO RESOLVIDO
Se meu filho entrar na faculdade daqui a 5 anos, pretendo dar um carro a ele no valor de
R$ 30.000,00. Quanto devo depositar, mensalmente, para obter o montante necessário ao final
deste período, supondo que a taxa mensal de remuneração da poupança é de 0,6% ao mês?
Resolução:
FV= $ 30.000
n = 5 anos = 60 depósitos mensais
i = 0,6 % a.m. = 0,6/100 = 0,006
PMT = ?
capítulo 1 • 33
Na HP-12C:
CONEXÃO
Para conhecer um pouco mais sobre rendas vitalícias, leia esta reportagem da revista Exa-
me: http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/noticias/saco-a-previdencia-de-uma-vez-ou-re-
cebo-a-renda-vitalicia/.
PMT
PV =
i
34 • capítulo 1
PV (ou P) = valor presente, valor inicial
PMT (ou R) = pagamentos, recebimentos
i = taxa de juros
EXEMPLO
Marcela recebeu uma herança da família no valor de R$ 400.000,00 e deseja investir em um
plano de aposentadoria para garantir um rendimento vitalício mensal de 1% durante toda a
sua vida. Qual o rendimento mensal de Marcela?
Resolução:
PV = $ 400.000
PMT = ?
i = 1% a.m. = 1/100 = 0,01
PMT
PV =
i
PMT
400.000 =
0, 01
PMT = 400.000 × 0, 01
PMT = 4.000
PMT
PV =
i−g
Sendo que:
PV (ou P) = valor presente, valor inicial
PMT (ou R) = pagamentos, recebimentos
i = taxa de juros da operação, custo de capital, custo de oportunidade
g = taxa de crescimento
capítulo 1 • 35
EXEMPLO
Uma ação pagará dividendos (perpétuos) de R$ 5,00 por ação ao ano. Prevendo que
esses dividendos crescerão a uma taxa constante de 3% ao ano, calcule qual o valor da ação
em que o custo de capital da empresa está estimado em 12% ao ano.
Resolução:
PV = ?
PMT = $ 5
i = 12% a.a. = 1/100 = 0,12
g = 3% a.a. = 3/100 = 0,03
PMT
PV =
i−g
5
PV =
0,12 − 0, 03
5
PV =
0, 09
PV = 55, 55
ATIVIDADES
Juros Simples
01. Determinar o número de meses necessários para um capital dobrar de valor, a uma taxa
de 2,5% ao mês, no regime de juros simples.
02. Qual é a taxa mensal de juros simples ganha por uma aplicação de R$ 12.000,00 que
produz, após um ano, um montante de R$ 17.750,00?
Juros Compostos
36 • capítulo 1
04. Uma empresa solicita um empréstimo de R$ 75.000,00 a juros compostos, à taxa com-
posta de 30 % ao ano. Qual o valor a ser pago após 3 anos?
05. Um banco lança um título pagando 4% a.m. Se uma pessoa necessitar de R$ 38.000,00
daqui a 5 anos, quanto ela deverá aplicar neste título?
Série de pagamentos
06. Ao comprar um tênis, paguei 5 parcelas mensais iguais de R$ 80,00 sem entrada. A
loja cobrou uma taxa de juros de 2,5% ao mês. Qual o seu valor se quisesse tê-lo adquirido
à vista?
08. Um investidor aplicará, ao final de cada mês, a quantia de R$ 1.500,00 em uma alterna-
tiva de poupança que rende 0,7% ao mês. Que montante irá resgatar após 3 anos?
REFLEXÃO
Neste capítulo, fizemos uma breve revisão dos conceitos de Matemática Financeira. Es-
tudamos os regimes de capitalização simples e o composto e suas taxas de juros. No regime
de juros simples, o juro incide somente sobre o capital inicial da operação financeira (apli-
cação ou empréstimo), ou seja, não incide sobre o saldo dos juros acumulados. Apesar da
facilidade dos cálculos, ele não é bastante difundido na prática. Nas operações financeiras
(empréstimos, aplicações, financiamentos etc.), o mais comum é a utilização do regime de
juros compostos.
Já no regime de juros compostos, o cálculo dos juros ocorre sempre de forma cumulativa,
ou seja, os juros gerados em cada período são incorporados ao capital, formando o montante
(capital mais juros) do período.
E, para finalizar o capítulo, foram apresentadas as séries de pagamentos.
capítulo 1 • 37
Esses conceitos são muito importantes para o início do entendimento de como o dinheiro
se comporta ao longo do tempo e de como as taxas de juros influenciam cada decisão que
deveremos tomar, quanto a investimentos ou financiamentos.
LEITURA
Para conhecer mais sobre operações financeiras e valor do dinheiro no tempo, recomenda-
se o livro:
PASCHOARELLI, R. V. A regra do jogo: descubra o que não querem que você saiba no jogo do
dinheiro. São Paulo: Saraiva, 2006.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSAF NETO, A. Matemática Financeira e suas aplicações. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2002.
BRANCO A.C.C. Matemática Financeira Aplicada: método algébrico, HP-12C, Microsoft Excel®.
São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
BRUNI; A. L.; FAMÁ, R. Matemática financeira: com HP 12C e Excel. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2003.
38 • capítulo 1
2
Conceitos Básicos
de Investimento e
Criação de Valor
Neste capítulo vamos conhecer como se dá o processo de tomada de decisão de
investimento. São explorados os fundamentos das decisões de investimento de
longo prazo e os principais motivos que levam as empresas a realizar tais de-
sembolsos. Também abordam-se os conceitos de risco e retorno, elementos de
fundamental importância para a atuação do administrador financeiro.
OBJETIVOS
Após este capítulo, esperamos que você seja capaz de entender as motivações para a rea-
lização de investimentos e entender a etapas de um processo de decisão de investimento.
40 • capítulo 2
2.1 Projetos de investimentos
As empresas têm a intenção de crescer, aumentar sua produção e vendas e,-
consequentemente, seu lucro. Uma das maneiras de alcançar estes objetivos é
realizando investimentos. Investimento pode ser caracterizado genericamente
como um sacrifício hoje visando à obtenção de uma série de benefícios futuros.
As decisões de investimento envolvem a elaboração, avaliação e seleção de
propostas de aplicação de capital, normalmente a médio e longo prazo, capa-
zes de produzir determinado retorno aos proprietários de ativos (ASSAF NETO,
2003). A este processo de avaliação e seleção de investimentos a longo prazo,
chamamos de orçamento de capital (GITMAN, 2001).
CONCEITO
Orçamento de capital é o processo de ordenamento das premissas e informações que visam
à elaboração do fluxo de caixa projetado para a tomada de decisão de investimento de longo
prazo (LEMES JUNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2002).
capítulo 2 • 41
Para escolher entre duas ou mais alternativas de investimento, existe um
conjunto de procedimentos para avaliar, comparar e selecionar projetos. Esse
conjunto de procedimentos é chamado de orçamento de capital (GROPPELLI;
NIKBAKHT, 2005).
Veremos a seguir as etapas desse processo de orçamento de capital.
42 • capítulo 2
Após os fundos estarem disponíveis, inicia-se a fase da implementa-
4ª – IMPLEMENTAÇÃO ção. Muitas vezes os gastos para uma única proposta de investimen-
to podem ocorrem em fases diferentes, e não só no início do projeto.
Geração da Originadas na
proposta própria empresa
Analisadas de acordo
Discussão e com as estratégias da
análise empresa e viabilidade
financeiro econômica
Monitoramento e
Acompanhamento controle
capítulo 2 • 43
dos resultados obtidos através das análises, e discernimento para tomar deci-
sões corretas e seguras, a fim de que a empresa alcance os resultados esperados
sem que ocorram problemas indesejáveis.
O processo de orçamento de capital deve ser consistente com a meta da em-
presa de maximização de riqueza e geração de valor (GITMAN, 2001). É através
dele que são avaliados e selecionados os projetos de investimento de longo pra-
zo que fazem parte da estratégia da empresa para a maximização do seu valor.
Essas estratégias são geradas a partir de motivações internas à empresa, o
que será mostrado com mais detalhes no item a seguir.
CONEXÃO
Acesse o site www.valor.com.br para informações e notícias sobre Economia.
44 • capítulo 2
• Ampliação (expansão) do volume de atividade: é um tipo de decisão que se
tem quando a capacidade máxima de produção e venda de uma empresa for in-
suficiente para atender à demanda efetiva de seus produtos. Os investimentos
são feitos normalmente em máquinas, equipamentos e instalações, ou ainda
na aquisição de outra empresa.
• Reposição e modernização de ativos fixos: esta decisão é tomada por em-
presas que já atingiram certo grau de crescimento e amadurecimento em suas
atividades e que se faz necessária a substituição de seus ativos fixos obsoletos
ou desgastados pelo uso.
Além da substituição, a empresa também pode elaborar propostas visando
à modernização de seus ativos fixos, ou seja, a empresa pode estudar a troca
de um ativo que esteja em condições normais de uso por outro mais moderno,
cuja despesa de manutenção e capacidade de produção sejam mais atraentes.
• Arrendamento ou aquisição: é uma decisão que envolve a comparação en-
tre arrendar um bem ou adquiri-lo plenamente. É feita uma comparação dos
desembolsos e benefícios que originarão a partir de cada uma das propostas.
O leasing ou arrendamento mercantil (como é conhecido no Brasil) é um
acordo entre um arrendatário e um arrendador, sendo que o arrendatário é o
usuário do equipamento, e o arrendador é o proprietário do equipamento. O
contrato de arrendamento determina que o arrendatário tem o direito de usar
um ativo e, em troca, deve fazer pagamentos periódicos ao arrendador (ROSS,
WESTERFIELD; JAFFE, 2002).
CONEXÃO
No site da Abel (Associação das Empresas de Leasing), você encontra toda a legislação a
respeito: http://www.leasingabel.com.br.
capítulo 2 • 45
Os aspectos que envolvem as decisões de investimentos dizem respeito às
diferentes situações com que a empresa pode se deparar no momento da esco-
lha. Essas situações ocorrem sempre que se apresentar à empresa uma quanti-
dade de propostas maior do que aquela que ela estiver disposta (ou em condi-
ções físicas ou orçamentárias) a aceitar (ASSAF NETO, 2003).
No item a seguir, veremos com quais tipos de decisão a empresa pode
se deparar.
46 • capítulo 2
São considerados dependentes quando uma das
seguintes situações ocorrer:
- a aceitação de um investimento exerce influên-
cias negativas sobre os resultados líquidos dos
demais, seja diminuindo as receitas ou elevando
os custos. Quando um projeto reduz a rentabili-
dade do outro, os investimentos são chamados
INVESTIMENTOS de substitutos.
ECONOMICAMENTE - a aceitação de um investimento exerce influên-
DEPENDENTES cias economicamente positivas sobre os demais,
seja por incremento das receitas ou decréscimo
dos custos e despesas. Nesse caso, os projetos são
chamados de complementares.
- a aceitação de um investimento depende rigo-
rosamente da implementação de outro, seja essa
dependência definida em termos tecnológicos ou
econômicos.
capítulo 2 • 47
©© TOMAS HAJEK | DREAMSTIME.COM
©© TOMAS HAJEK | DREAMSTIME.COM
48 • capítulo 2
Cálculo dos custos de máquinas/equipamentos.
Cálculo dos custos de fábrica: matéria-prima, mão de
obra e custos indiretos fixos. Cálculo das despesas
ANÁLISE DE CUSTOS administrativas, de vendas e financeiras. Determinação
do ponto de equilíbrio e margem de contribuição. Simu-
lação de custeios e alavancagem operacional.
capítulo 2 • 49
©© MORENO SOPPELSA | DREAMSTIME.COM
50 • capítulo 2
financiamento. Além disso, a taxa com que os fluxos de caixa foram investidos
pode não permanecer igual. Estes imprevistos podem afetar a previsão dos flu-
xos de caixa de maneira positiva ou negativa.
As decisões financeiras de uma empresa não são geralmente tomadas con-
siderando-se um cenário realista com a certeza em relação a resultados pre-
vistos. No entanto, como essas decisões são fundamentalmente voltadas para
o futuro, é imprescindível que se considere a variável incerteza como um dos
mais importantes aspectos de estudo. Assim, também podemos dizer que risco
é outra expressão para incerteza e instabilidade.
CONCEITO
Risco, em orçamento de capital, é a chance de que um projeto vai provar-se inaceitável, e isto
pode ocorrer devido ao grau de variabilidade dos fluxos de caixa (GITMAN, 2001).
©© FFATSERIFADE | DREAMSTIME.COM
capítulo 2 • 51
que o “retorno é o ganho ou a perda total sofrido por um investimento em certo
período”. Nota-se que essa última definição considera a possibilidade de retor-
nos negativos, o que de fato é possível, por exemplo em títulos de renda variá-
vel, caso das ações.
De acordo com Groppelli e Nikbakht (2006), risco e retorno são a base fun-
damental sobre a qual se tomam as decisões racionais e inteligentes sobre in-
vestimentos. Como já informado risco é uma medida de incerteza dos retornos,
os quais são os fluxos de caixa esperados de um investimento.
Um exemplo simples pode ajudar na compreensão dessa relação. Todos
sabem que depositar dinheiro numa caderneta de poupança é mais seguro do
que apostar na loteria. A poupança rende uma taxa de juros constante e baixa
e é garantida pelo governo federal, o que representa um alto grau de confiança
no resgate dos juros e do valor inicial depositado. Os retornos da caderneta de
poupança não se alteram demasiadamente, o que os classifica como seguros
e com baixo grau de risco. Em contrapartida, ao apostarem na loteria, as pes-
soas desconhecem o resultado, podem ganhar muito, porém também podem
perder todo o valor apostado. Assim, os retornos sobre os valores apostados em
loteria são altamente incertos, portanto são muito voláteis e com elevado grau
de risco. Se dois investimentos geram o mesmo retorno, a escolha final será
baseada em função do risco. Assim, o projeto que apresentar o menor nível de
risco será o escolhido.
ATENÇÃO
O retorno esperado pela aplicação do seu dinheiro deve ser proporcional ao risco incorrido
nessa decisão de investimento. Risco é uma medida do grau de incerteza associado aos
resultados futuros e da volatilidade dos retornos de um investimento.
52 • capítulo 2
CONCEITO
MARTINS (2001) explica que custo de oportunidade representa quanto a empresa sacrificou
em se tratando de remuneração por ter optado por aplicar seus recursos em uma alternativa
em vez de ter aplicado em outra alternativa. Essa comparação é um pouco difícil de se fazer;
nesse caso, o risco deve ser considerado.
capítulo 2 • 53
}
Usos Fontes
}
• Retenção de resultados
Recursos Próprios líquidos
• Projetos • Integração de novas
• Terronos ações
Ativo fixo • Construção
• Equipamentos
• Outros
Recurso de terceiros
Capital de
giro
Figura 2.2 – Baseado em Casarotto Filho & Kopittke (1998) e Assaf Neto & Lima (2010)
54 • capítulo 2
positivos (lucros), gera uma questão aos seus administradores ou proprietários:
quanto devo reaplicar na empresa? Ou mesmo quanto devo pagar aos sócios?
Dessa forma, é possível observar a existência de dois fluxos para o capital
oriundo do patrimônio líquido: um para investimentos que ocorrem por meio
do dinheiro aplicado inicialmente e contribuições seguintes, além do lucro rea-
plicado na empresa; e outro fluxo para a distribuição dos resultados aos inves-
tidores do negócio. (MATIAS, 2007). A figura 2.3 demonstra esses dois fluxos e
seu posicionamento em termos do balanço patrimonial da empresa.
ATIVO PASSIVO
DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS
TIPO DE CAPITAL
CARACTERÍSTICA CAPITAL PRÓPRIO CAPITAL DE TERCEIROS
Influência nas decisões Sim Não
da administração1
Subordinado ao capital de Preferencial em relação ao
Direitos sobre resultados e
terceiros capital próprio
ativos
Prazo de vencimento Nenhum Determinado
Tratamento fiscal Não há dedução Dedução de juros
1
No caso de violação das obrigações contratuais pelo emitente, os credores e os acionistas preferenciais podem
receber o poder de influenciar as decisões da administração; caso contrário, somente os acionistas ordinários têm
direito de voto.
Tabela 2.1 – Principais diferenças entre capital próprio e capital de terceiros. Adaptado de
Gitman (2001), p. 86.
capítulo 2 • 55
• Fontes de Recursos Próprios
Basicamente, existem duas formas de captação de recursos próprios para a
empresa. A primeira delas é pela retenção de resultados líquidos, o chamado
autofinanciamento; a segunda e principal é pela integralização de novas ações.
Em face disso, é importante fixar que as ações são títulos de propriedade e
representam a menor fração do capital social de uma empresa (sociedade anô-
nima, sociedade por ações ou companhia). Ressalta-se que o detentor da ação
(acionista) não é um credor da empresa, mas, sim, um co-proprietário com di-
reito a participação em seu resultado.
©© JAKUB JIRSÁK | DREAMSTIME.COM
Ao contrário das dívidas, uma ação não tem prazo de resgate, podendo ser
convertida em dinheiro a qualquer momento mediante negociação no merca-
do. Sempre que desejar, o investidor poderá alterar sua posição acionária, seja
desfazendo-se dos títulos que possui , seja vendendo as ações de uma empresa
e adquirindo as de outra.
Dentre os métodos utilizados para apuração do custo de capital próprio, po-
dem-se citar, a) o Modelo de prêmio pelo risco; b) Modelo de precificação de
ativos (CAPM) e c) Método do fluxo de caixa descontado dos dividendos futuros
esperados pelo mercado. Todos esses métodos serão discutidos no capítulo 5,
na temática custo de capital.
56 • capítulo 2
CONEXÃO
Desenvolva ainda mais seu conhecimento sobre ações visitando o site da BM&FBovespa
(www.bmfbovespa.com.br). Nele são realizadas as transações de títulos corporativos. Fa-
zendo uma visita, você poderá encontrar informações sobre demonstrações financeiras das
empresas listadas, cotações de ações, principais índices de mercado, valores de mercado de
empresas etc.
Obtenha mais conhecimento sobre as fontes de financiamento de longo prazo disponí-
veis para as empresas consultando o site da Comissão de Valores Mobiliários – CVM (www.
cvm.gov.br) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico – BNDES (www.bndes.gov.
br). Navegue e divirta-se!
CONCEITO
Assaf Neto e Lima (2009) informam que as linhas de financiamento para o setor produ-
tivo disponíveis no Brasil têm diversas características que as diferenciam de outras eco-
nomias desenvolvidas. Entre elas podem-se citar: 1) altos encargos financeiros; 2) baixa
oferta interna de crédito de longo prazo; 3) restrições a ofertas de novas ações e debêntures
no mercado.
capítulo 2 • 57
EMPRÉSTIMOS E Referem-se às operações de captação de recursos que
FINANCIAMENTOS são realizadas diretamente por uma empresa nas institui-
DIRETOS ções financeiras.
58 • capítulo 2
CONEXÃO
Nesse artigo, você poderá aprender um pouco mais sobre a metodologia de cálculo do custo
de capital no Brasil:
LIMA, F. G. ; ARAUJO, A. M. P. ; ASSAF NETO, A. . Metodologia de cálculo do custo de
capital no Brasil. In: 6º Congresso USP-Controladoria e Contabilidade, 2006, São Paulo. 6º
Congresso USP-Controladoria e Contabilidade e 3º Congresso USO-Iniciação científica em
Contabilidade, 2006. Disponível em http://www.institutoassaf.com.br/downloads/metodolo-
gia_calculo_ke_brasil.pdf.> Acessado em 15 de Julho de 2015.
ATIVIDADES
01. Por que as decisões de orçamento de capital são essenciais para o sucesso da empresa?
02. Identifique e explique, em poucas palavras, quais são os tipos de decisão de investimentos.
REFLEXÃO
Sabe-se que o grande objetivo da administração de uma empresa é gerar valor. Dentre as
várias estratégias financeiras possíveis estão as decisões de financiamento de longo prazo
que uma entidade precisa obter para garantir a execução de seus projetos de investimento.
Quando um investidor ou um administrador financeiro deseja avaliar a possibilidade de
implantação de um projeto, deve simular a sua viabilidade. Essa análise é feita através de
orçamento de capital, que é um processo de planejamento, avaliação, comparação e seleção
de projetos de investimento. A análise desses projetos deve ser feita de acordo com as es-
tratégias da empresa e com o objetivo de maximizar o seu valor.
Na busca pela maximização, a empresa deve considerar alternativas como:
a) Comprar de qual fornecedor: X ou Y?
b) Substituir os equipamentos ou manter os atuais?
c) Investir em um novo produto e também abrir uma nova empresa?
d) Tenho fundos ilimitados ou racionamento de capital disponível para investir?
capítulo 2 • 59
Esses são alguns exemplos dos tipos de decisão possíveis: investimentos economica-
mente independentes, investimentos com restrição orçamentária, investimentos economica-
mente dependentes e investimentos mutuamente excludentes. Os aspectos que envolvem
cada proposta de investimento devem ser bem caracterizados para que posteriormente faci-
litem a análise e a decisão a ser tomada.
No entanto, para que essa decisão seja bem fundamentada, conceitos importantes de-
vem ser considerados: o risco envolvido, o retorno esperado o custo de capital, e quais serão
as fontes de financiamento.
LEITURA
Para incrementar seus conhecimentos sobre a avaliação de recursos próprios, mais especi-
ficamente das ações, procure o livro:
ASSAF NETO, Alexandre; LIMA, Fabiano Guasti. Investimentos em ações: guia teórico e prático para
investidores. Ribeirão Preto: Inside Books, 2008.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003.
ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
ASSAF NETO, A; LIMA, F. G. Curso de administração financeira. São Paulo: Atlas, 2009.
ASSAF NETO, A; LIMA F.G. Fundamentos de Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 2010.
BUARQUE, C. Avaliação econômica de projetos: uma apresentação didática. Rio de Janeiro:
Elsevier, 1984. 26 reimpressão.
GITMAN, L.J. Princípios de Administração Financeira – Essencial. 2.ed. Porto Alegre: Bookman,
2001.
GROPPELLI, A. A.; NIKBAKHT, E. Administração Financeira. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
60 • capítulo 2
LEMES JUNIOR, A.B.; RIGO, C.M.; CHEROBIM, A.P.M.S. Administração Financeira: princípios,
fundamentos e prática brasileiras. Rio de Janeiro, Campus: 2002.
MATIAS, A. B. (coord.). Finanças corporativas de longo prazo, volume 2: criação de valor com
sustentabilidade financeira. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
ROSS, S. A; WESTERFIELD, R. W; JAFFE, J. F. Administração Financeira. 2 ed. São Paulo: Atlas,
2002
WOILER, S.; MATHIAS, W.F. Projetos: planejamento, elaboração, análise. 2 e.d. São Paulo: Atlas, 2011.
capítulo 2 • 61
62 • capítulo 2
3
Construção dos
Fluxos de Caixa
Neste capítulo será apresentado como deve ser construído um fluxo de caixa
operacional para posteriormente fazermos as análises de viabilidade.
OBJETIVOS
• Calcular o investimento inicial de acordo com os dados relevantes do projeto;
• Determinar o fluxo de caixa operacional livre a partir da demonstração de resultados;
• Determinar o valor residual do projeto.
64 • capítulo 3
3.1 Elementos para construção do fluxo de
caixa
ATENÇÃO
No dimensionamento do fluxo de caixa, somente são relevantes aqueles valores que se alte-
ram na suposição de ser implementada a proposta de investimento.
Assaf Neto (2003) mostra que devem ser considerados nas estimativas de
fluxos de caixa:
capítulo 3 • 65
Referem-se aos gastos operacionais de uma empresa
CUSTOS E DESPESAS determinadas pela decisão de implementação de um
OPERACIONAIS investimento.
CONCEITO
A depreciação é definida como o desgaste efetivo pelo uso ou perda de utilidade, mesmo por
ação da natureza ou obsolescência O valor inicial do ativo é deduzido na contabilidade pela
parcela da depreciação de cada período até tornar-se nulo (MANUAL DE CONTABILIDADE
DA SOCIEDADE POR AÇÕES, 2009).
66 • capítulo 3
3.2 Determinação do investimento inicial
O investimento inicial é o valor que precisa ser desembolsado para viabilizar o
início do projeto ou das atividades (SOUZA, 2007). No investimento inicial de-
vem ser considerados todos os itens necessários para o início do funcionamen-
to da alternativa que está sendo analisada.
Para iniciar as atividades de um restaurante, podemos considerar como in-
vestimento inicial:
• Imóvel (terreno e edificação);
• Mobiliário em geral (cadeiras, mesas, refrigeradores, pratos, talheres, co-
pos, toalhas etc.)
• Material de higiene e limpeza.
capítulo 3 • 67
Quando a empresa deseja modernizar (substituir) um ativo, é comum que
ocorra a venda do ativo antigo. Ao vender o ativo antigo, a empresa deverá utili-
zar o valor recebido para pagamento do novo ativo, e o valor a ser considerado
como investimento inicial na compra do novo ativo será o valor do ativo novo
menos o valor recebido pela venda do ativo antigo. Ao realizar a venda do ativo
antigo, a empresa deverá abater os impostos caso haja algum ganho pela venda.
O ativo usado que será vendido já sofreu um desgaste pelo uso e pode já
estar parcialmente (ou totalmente) depreciado. Assim, seu valor contábil pode
ser diferente do valor da venda.
CONEXÃO
Entre no site da Receita Federal e olhe a Instrução Normativa, que define as taxas de depre-
ciação dos bens do ativo imobilizado: https://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/ins/
Ant2001/1998/in16298.htm.
EXEMPLO
Uma empresa deseja vender uma máquina que foi adquirida há 10 anos por
R$ 150.000,00 (valor inicial) e tem uma vida útil de 15 anos. Sabendo que a alíquota do Im-
posto de Renda é igual a 30%. Calcule o valor líquido que a empresa irá receber pela venda
da máquina nas seguintes situações:
a) Supondo um valor de venda: R$ 80.000,00
b) Supondo um valor de venda: R$ 50.000,00
c) Supondo um valor de venda: R$ 30.000,00
68 • capítulo 3
a) Supondo um valor de venda: R$ 80.000,00
Primeiro precisamos calcular o valor contábil dessa máquina:
A máquina deprecia por ano R$ 10.000,00. Então, como a máquina já foi utilizada duran-
te 10 anos, ainda terá o valor referente aos 5 anos restantes:
Esta máquina tem um valor contábil de R$ 50.000 e será vendida por máquina por
R$ 80.000, ou seja, a máquina tem um valor de venda (valor de mercado) maior que seu valor
contábil. Então, a empresa deverá pagar imposto sobre esse ganho. Após pagar o imposto, o
valor líquido resultante da venda será:
capítulo 3 • 69
c) Supondo um valor de venda: R$ 30.000,00
Seguindo os mesmos passos do item a:
Nesse caso, a venda com prejuízo não faria a empresa ganhar dinheiro do governo
(R$ 6.000,00), mas, no conjunto de operações da empresa, este prejuízo de R$ 20.000,00
será um redutor do lucro global e implicará em uma economia de R$ 6.000,00 para a empre-
sa no pagamento do Imposto de Renda total.
EXEMPLO
No exemplo anterior, a empresa possuía uma máquina antiga com um valor contábil de
R$ 50.000,00 e que foi vendida por R$ 80.000,00. Agora vamos supor que essa empresa
vai substituir essa máquina antiga por uma nova que custa R$ 250.000,00. Qual o valor que
deverá ser considerado como investimento inicial no fluxo de caixa?
Já que a máquina antiga será vendida, a empresa não precisará desembolsar todos os
R$ 250.000,00, ou seja, deverá desembolsar só a diferença. Com a venda da máquina antiga
por R$ 80.000,00, a empresa teve uma entrada de caixa de R$ 71.000,00. Então, só preci-
saremos calcular quanto a empresa deverá desembolsar para comprar essa nova máquina
(investimento inicial do projeto):
70 • capítulo 3
Nos exemplos anteriores, foi calculado o valor do investimento inicial su-
pondo uma modernização de equipamentos. O próximo passo será estimar as
entradas e as saídas de caixa originadas desse investimento.
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Os investidores aplicam dinheiro em um determinado projeto de investimen-
to com o objetivo de receber retornos ao longo do tempo de vida do projeto,
também na forma de dinheiro. Esse retorno líquido gerado pelo investimento é
chamado de fluxo de caixa operacional.
Como já foi mostrado no início do capítulo, para estimar o fluxo de caixa
operacional, devem ser considerados os recebimentos das vendas referentes
ao projeto (receitas incrementais de vendas), os custos e as despesas operacio-
nais, as despesas não desembolsáveis (depreciação, por exemplo) e o imposto
de renda.
O fluxo de caixa pode ser representado esquematicamente por meio de um
diagrama de fluxo de caixa, em que as setas voltadas para baixo representam as
saídas, e as setas voltadas para cima representam as entradas. Observe que a
seta na data zero indica o investimento inicial, e as setas voltadas para cima, os
retornos esperados pelo investidor ao longo do tempo.
capítulo 3 • 71
Retornos esperados
n
0
1 2 3 4
Investimento
Inicial
Figura 3.1 – Diagrama de fluxo de caixa.
O fluxo de caixa operacional pode ser calculado mais rapidamente com base
na demonstração de resultados. As despesas financeiras (pagamento de juros
de juros) não devem ser consideradas na elaboração do fluxo de caixa (ASSAF
NETO, 2003).
É importante destacar que somente é, considerados na análise do projeto
os resultados operacionais. Após o cálculo do lucro operacional líquido (lucro
operacional antes dos juros e após IR), deverá ser somado a depreciação.
ATENÇÃO
Como a depreciação não é uma saída de caixa, ela é trazida de volta, ou seja, somada ao
final. O efeito líquido da depreciação é apenas a redução dos tributos sobre a renda (MAR-
TELANC, PASIN, CAVALCANTE, 2005).
72 • capítulo 3
Receita de vendas
(-) Custos de Produção (CPV)
= Lucro Bruto
(-) Despesas Operacionais
(-) Depreciação
= Lucro Operacional antes juros
(-) Provisão para IR
= Lucro Operacional líquido
(+) Depreciação
= Fluxo de Caixa Operacional
Tabela 3.1 – Como obter o fluxo de caixa operacional. Fonte: baseado em BRUNI; FAMÁ
(2003)
EXEMPLO
Uma empresa deseja lançar um novo produto no mercado. Após uma série de análises, rea-
lizaram-se projeções para os próximos 3 anos, como pode ser visto no quadro abaixo. Nas
despesas operacionais está incluída a depreciação no valor de R$ 50.000,00, e a alíquota do
IR é 30%. Com base nos dados, calcule o lucro/prejuízo operacional do exercício e posterior-
mente o fluxo de caixa operacional.
capítulo 3 • 73
O fluxo de caixa operacional livre da empresa citada no exemplo anterior
será calculado a partir do lucro operacional (lucro operacional antes dos juros
e imposto de renda). Desse lucro operacional antes dos juros e IR, o lucro ope-
racional líquido será apurado descontando-se o Imposto de Renda. Esse proce-
dimento é feito porque, para a construção do fluxo de caixa operacional, só são
relevantes os resultados operacionais.
Depois de calculado o lucro operacional líquido, acrescentaremos a depre-
ciação, que, nesse exemplo, seguindo o enunciado, tem um valor de R$ 50.000
e já está incluída na despesa operacional.
Como a depreciação não representa uma saída de caixa, essa deve ser acres-
centada ao lucro operacional líquido. A depreciação só é considerada para o
cálculo do imposto de renda. Assim, a resolução do fluxo de caixa ficará da se-
guinte maneira:
EXEMPLO
Continuando o exemplo anterior, o fluxo de caixa operacional será obtido da seguinte maneira:
74 • capítulo 3
3.3.1 Determinação do Fluxo de Caixa Residual e do Capital de Giro
como Valor Residual
COMENTÁRIO
Enquanto o investimento fixo é recuperado por meio da depreciação periódica, o capital apli-
cado em giro retorna com a extinção do investimento.
capítulo 3 • 75
No exemplo a seguir, será demonstrada com maiores detalhes, a construção
do fluxo de caixa operacional livre.
EXEMPLO
Para aumentar a capacidade produtiva, uma empresa necessita da implantação de uma má-
quina com valor estimado em R$ 90.000,00 com vida econômica útil de 5 anos. No final
de sua vida útil, o equipamento poderá ser vendido por 50% do seu valor de aquisição. As
receitas do novo investimento são estimadas em R$ 50.000,00 no ano um, com acréscimos
de R$ 6.000,00 por ano. Os de produção são estimados assim: os custos variáveis são 40%
da receita vendas, e os custos fixos são R$ 7.000,00 por ano.
Para poder gerir esse negócio, a empresa necessita de R$ 30.000,00 de capital de giro
investido integralmente no momento da aquisição dos equipamentos. Sabe-se que a alíquota
do imposto de renda empresa é igual a 30%.
Com base nos dados acima, construa o fluxo de caixa livre desse projeto.
Resolução:
A máquina tem um valor estimado em R$ 90.000,00 e tem vida útil de 5 anos. Calculan-
do a depreciação:
Como a máquina será vendida no final do quinto ano, já terá seu valor depreciado total-
mente. Assim, a máquina terá um valor residual de:
A montagem do fluxo de caixa operacional livre pode ser vista na tabela a seguir. Obser-
ve que o investimento inicial em máquinas no valor de R$ 90.000 tem um valor residual final
de R$ 31.500,00, representando uma entrada de caixa para a empresa. O mesmo ocorre
com o capital de giro, que retorna integralmente no final do projeto.
76 • capítulo 3
Projeções 0 1 2 3 4 5
Receita de vendas 50.000 56.000 62.000 68.000 74.000
(-) custo variável (20.000) (22.400) (24.800) (27.200) (29.600)
(-) custo fixo (7.000) (7.000) (7.000) (7.000) (7.000)
(-) depreciação (18.000) (18.000) (18.000) (18.000) (18.000)
= Lucro antes IR 5.000 8.600 12.200 15.800 19.400
(-) IR (30%) (1.500) (2.580) (3.660) (4.740) (5.820)
= Lucro Operacional
3.500 6.020 8.540 11.060 13.580
líquido
+ depreciação 18.000 18.000 18.000 18.000 18.000
= Fluxo de caixa
21.500 24.020 26.540 29.060 31.580
operacional
(+/-) Investimen-
tos líquidos em (90.000) 31.500
máquinas/equipamentos
(+/-) Investimentos líqui-
(30.000) 30.000
dos em capital de giro
= Fluxo de caixa opera-
120.000 21.500 24.020 26.540 29.060 93.080
cional livre
Após realizadas as projeções dos fluxos de caixa para a alternativa que está
sendo estudada, devemos fazer as análises. As análises de viabilidade de im-
plantação do projeto serão feitas a partir do fluxo de caixa operacional livre.
Para realizar essas análises, aplicaremos algumas técnicas que serão apren-
didas no próximo capítulo.
ATIVIDADES
01. Uma empresa deseja modernizar a área de tecnologia da informação. Esse projeto de
investimento em computadores e redes exige um desembolso inicial no valor total de R$
600.000,00. Já para a instalação desses computadores, será necessário desembolsar R$
130.000,00 em materiais e R$ 100.000,00 em mão de bra. As estimativas das despesas
de treinamento do pessoal de operação e manutenção são R$ 55.000,00. Qual o valor do
investimento inicial que deverá ser considerado para o projeto?
02. A diretoria da Companhia das Águas deseja investir R$ 1.200.000,00 em sua fro-
ta de caminhões para distribuição dos produtos. O projeto tem uma duração prevista de
quatro anos, e também será necessário um investimento em capital de giro no valor de
R$ 140.000,00. Esse capital de giro retornará ao final do projeto. Os caminhões têm uma
vida útil de 4 anos, podendo ser vendido, ao final desse período, a preço de mercado, por
capítulo 3 • 77
R$ 140.000,00. A empresa trabalha com uma alíquota de Imposto de Renda de 34%. A
seguir são apresentados outros resultados estimados do projeto de investimento sem incluir
a depreciação. Calcule o fluxo de caixa operacional livre para este projeto.
03. Uma máquina foi comprada há 2 anos por R$ 200.000,00 e tem uma vida útil de 5 anos.
Supondo uma alíquota de Imposto de Renda de 30%, calcule o valor líquido que a empresa
irá receber pela venda da máquina.
a) A máquina é vendida por R$ 220.000,00.
b) A máquina é vendida por R$ 150.000,00.
c) A máquina é vendida por R$ 80.000,00.
d) A máquina é vendida por R$ 120.000,00.
REFLEXÃO
Neste capítulo aprendemos que, quando decidirmos fazer um investimento em algum projeto,
primeiro é necessário projetar os retornos esperados desse projeto. Essas projeções são fei-
tas através do fluxo de caixa operacional. Nessas projeções são considerados o investimento
inicial do projeto e as receitas, custos e despesas associados a ele, ou seja, os valores incre-
mentais. Já a depreciação é um gasto a ser considerado apenas para cálculo do imposto de
renda, pois não representa uma saída de caixa. Pelo fato de a depreciação reduzir os lucros,
quanto mais altas as despesas de depreciação, menor o lucro líquido, o que acaba acarre-
tando um pagamento menor de imposto de renda. Isso significa que maiores depreciações
aumentam os fluxos de caixa, pois, quanto mais alta a depreciação de uma empresa, menor
o imposto a pagar.
78 • capítulo 3
LEITURA
Para aprofundamento no assunto recomenda-se a leitura.
LEMES JUNIOR, A. B.; RIGO, C. M.; CHEROBIM, A. P. M. S. Administração Financeira: princípios,
fundamentos e prática brasileiras. Rio de Janeiro, Campus: 2002.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003.
BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. As decisões de investimentos. Série desvendando as finanças. v.2. São
Paulo: Atlas, 2003.
MANUAL DE CONTABILIDADE DAS SOCIEDADES POR AÇÕES: aplicável às demais sociedades.
FIPECAFI. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MARTELANC, R.; PASIN, R.; CAVALCANTE, F. Avaliação de empresas: um guia para fusões &
aquisições e gestão de valor. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
ROSS, S. A; WESTERFIELD, R. W; JAFFE, J. F. Administração Financeira. 2 ed. São Paulo: Atlas,
2002
SOUZA, A. F. de. Avaliação de Investimento: uma abordagem prática. São Paulo: Saraiva, 2007.
capítulo 3 • 79
80 • capítulo 3
4
Ferramentas
de Análise de
Investimentos
A partir do fluxo de caixa, serão aplicadas técnicas que permitirão evidenciar
se os retornos esperados compensarão a realização do investimento. Essas téc-
nicas permitem decidir escolher qual o projeto mais viável e que pode agregar
maior valor a empresa.
Neste capítulo serão apresentadas ferramentas quantitativas para a análi-
se dos projetos de investimentos. Aprenderemos algumas ferramentas; o Valor
Presente Líquido – VPL que analisa um projeto em termos monetários, a Taxa
Interna de Retorno – TIR que analisa qual o retorno dos projetos em termos
percentuais; o payback, que analisa o tempo de retorno, e, por fim, a relação
custo-benefício e o valor anual uniforme equivalente.
OBJETIVOS
Aprender a tomada de decisão sobre investimentos utilizando as ferramentas valor presente
líquido (VPL), taxa interna de retorno (TIR), payback, índice custo benefício (B/C), e valor
anual uniforme equivalente (VAUE).
82 • capítulo 4
4.1 Introdução
No capítulo anterior, aprendemos como calcular o fluxo de caixa operacional
que servirá de embasamento ao administrador na análise da melhor proposta
de investimento.
Já a outra fase das decisões de investimento de longo prazo, segundo Assaf
Neto (2003), consiste na utilização de métodos de avaliação econômica com vis-
ta em apurar os resultados das aplicações de capital. Há diversas técnicas para
realizar essas análises.
As abordagens mais comuns envolvem a integração de procedimentos de
valor do dinheiro no tempo, considerações quanto ao risco e retorno e concei-
tos de avaliação para selecionar investimentos de capital condizentes com o
objetivo da empresa de maximizar a riqueza dos proprietários (GITMAN, 2001).
No orçamento de capital, o custo médio ponderado de capital é utilizado
como taxa de desconto. Segundo Lemes Junior; Rigo; Cherobim (2002), custo
de capital é um dos fatores mais controversos em qualquer decisão de investi-
mento que use o método do fluxo de caixa descontado. Na prática, costuma-se
adotar uma taxa que mescle resultados obtidos nos projetos existentes, com
alternativas existentes no mercado financeiro e com retorno sobre o patrimô-
nio líquido de empresas líderes sobre os ramos. O custo médio ponderado de
capital será abordado em detalhes no próximo capítulo.
Assaf Neto (2003) mostra que as técnicas de análise de investimentos po-
dem ser classificadas em dois grupos: as que levam em consideração o valor do
dinheiro no tempo (critério do fluxo de caixa descontado) e as que não levam
em consideração esse critério.
Damodaram (2010) também apresenta alguns métodos para análise de via-
bilidade: a avaliação relativa, a avaliação dos direitos contingentes e a avaliação
do fluxo de caixa descontado. Na avaliação relativa, o valor do ativo é estabeleci-
do a partir do valor de ativos simples, comparados em função de uma ou mais
variáveis, tais como Índices P/L ou giros de estoques. A avaliação de direitos
contingentes considera que os fluxos de caixa gerados pelo ativo estarão con-
dicionados à ocorrência de determinado evento, e a avaliação do fluxo de caixa
descontado é um modelo de análise usado pelos analistas financeiros para es-
timarem o valor de uma empresa ou de um projeto através do custo de capital.
capítulo 4 • 83
Por se tratar de decisões financeiras de longo prazo, é preferível que as
análises sejam feitas através dos métodos que consideram o valor do dinheiro
no tempo.
As técnicas aplicadas para a análise aqui apresentadas serão o payback, a
taxa interna de retorno (TIR), o valor presente líquido (VPL), o valor anual uni-
forme equivamente (ou valor uniforme líquido), que veremos com mais deta-
lhes nos itens a seguir.
4.2 Payback
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O payback é um método simples que estima qual o prazo necessário para a re-
cuperação do investimento. Para o cálculo do payback simples, basta somar os
fluxos de caixa gerados pelo investimento até igualar ao investimento inicial.
84 • capítulo 4
Quanto a aceitar ou rejeitar determinado projeto de investimento baseado
no cálculo do payback, o período de payback obtido deve ser confrontado com
o período limite estabelecido pela empresa.
EXEMPLO
Calcule o payback simples dos projetos apresentados a seguir, supondo um prazo máximo
aceitável pela empresa para recuperação do investimento igual a três anos.
Para calcular o payback simples, basta somar os fluxos de caixa até igualar ao investi-
mento inicial. O cálculo do payback do projeto A ficará da seguinte maneira:
Payback A = 300
+ 300
.000
= 600.000
.000
ano 1 ano 2
Payback A = 2 anos
Também poderemos montar uma tabela, verificando em qual período o saldo se tornou
igual a zero:
FC SALDO DE INVESTIMENTO
0 (600.000,00) (600.000,00)
1 300.000,00 (300.000,00)
2 300.000,00 -
3 50.000,00 50.000,00
4 100.000,00 150.000,00
5 200.000,00 250.000,00
100.000
Payback B = 3 + = 3,5 anos
200.000
capítulo 4 • 85
Ou calculando por meio de uma tabela:
SALDO DE
FC
INVESTIMENTO
0 (600.000,00) (600.000,00)
1 100.000,00 (500.000,00)
2 200.000,00 (300.000,00)
3 200.000,00 (100.000,00)
Falta R$ 100.000,000
4 200.000,00 100.000,00
5 100.000,00 200.000,00 Preciso de R$ 100.000,00 dos
R$ 200.000,00 do ano 4
100.000
= 0, 5
200.000
Por ser um método de cálculo fácil, o payback simples não leva em conside-
ração o valor do dinheiro no tempo. Os fluxos de caixa são simplesmente soma-
dos, e não descontados a uma determinada taxa de juros, ou custo de capital ou
custo de oportunidade.
Com a intenção de contornar essa situação apresentada, aprenderemos ou-
tro critério, o payback descontado, que considera a taxa de desconto no cálculo.
86 • capítulo 4
FV
PV =
(1 + i)n
EXEMPLO
Calcule o payback simples dos projetos apresentados a seguir, supondo um prazo máximo
aceitável pela empresa para recuperação do investimento igual a três anos e um custo de
capital de 10% ao ano.
300.000
2 PV = = 247.933,88
(1+ 0,10)2
50.000
3 PV = = 37.565,74
(1+ 0,10)3
50.000
4 PV = = 37.565,74
(1+ 0,10)3
100.000
5 PV = = 68.301,34
(1+ 0,10)4
Payback A = 272
.727
+ 247.933,88
, 27 + 37.
5 +
65,74 68.301,34
= 626.530, 23
ano 1
ano 2
ano 3 ano
4
558.228, 89 precisa de $41.771,11 desse total
(ainda precisa de $ 41.771,11 para completar os $600.000)
41.771,11
Paayback A = 3 + = 3, 61 anos
68.301,34
capítulo 4 • 87
Payback do Projeto B:
200.000
2 PV = = 165.289, 25
(1+ 0,10)2
200.000
3 PV = = 150.262, 96
(1+ 0,10)3
200.000
4 PV = = 136.602, 69
(1+ 0,10)4
100.000
5 PV = = 62.092,13
(1+ 0,10)5
62.092,13
= 605.156,12
ano
5
precisa de $56.93
36,01 desse total
56.936,01
Payback = 4 + = 4, 91 anos
A 62.092,13
88 • capítulo 4
Os métodos apresentados a seguir considerarão todos os valores do fluxo de
caixa. Os métodos apresentados serão o Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa
Interna de Retorno (TIR).
capítulo 4 • 89
A fórmula para o cálculo do VPL é apresentada a seguir:
FC FC FC FC
VPL = + + + ... − Investimento Inicial
(1 + i)1 (1 + i)2 (1 + i)3 (1 + i)n
Sendo que:
FC = fluxo de caixa de cada período (obtido após a determinação do fluxo
de caixa)
i = taxa de desconto, taxa mínima de atratividade, custo de oportunidade,
custo de capital
É importante destacar que o VPL (ou NPV) não identifica diretamente a taxa
de rentabilidade (ou custo) da operação financeira – “ao descontar todos os flu-
xos de entradas e saídas de caixa por uma taxa de desconto mínima aceitável,
denota, em última análise, o resultado econômico da alternativa financeira ex-
pressa em moeda atualizada” (ASSAF NETO, 2008, p. 278).
Para decidir se um investimento deve ou não ser realizado utilizando-se a
VPL, deve-se seguir a seguinte regra:
ATENÇÃO
Como Interpretar o VPL
• VPL > $ 0 → o projeto deve ser aceito, pois mostra uma geração de riqueza líquida positiva;
• VPL < $ 0 → o projeto deve ser rejeitado, pois mostra uma destruição de valor;
• VPL = $ 0 → é indiferente aceitar ou não o projeto.
COMENTÁRIO
Devemos respeitar o sinal dos números no cálculo do Valor Presente Líquido: as saídas (de-
sembolsos) são negativas e as entradas são positivas. Isto é necessário para interpretar o re-
sultado, pois ele poderá ser positivo ou negativo. O resultado sempre será em valor monetário.
90 • capítulo 4
EXEMPLO
Calcule o valor presente líquido do projeto apresentado na tabela abaixo. A taxa mínima de
atratividade é de 15% ao ano. O projeto deve ser aceito?
Resolução:
Resposta: O projeto deve ser aceito, pois apresenta um VPL positivo de R$ 37,91.
CURIOSIDADE
E na HP – 12C?
Na HP-12 C, estes cálculos são realizados utilizando-se as teclas: CFj e CF0, sendo que
CF0 é o investimento inicial e CFj são os fluxos de caixa. Primeiro deveremos entrar com a
sequência de dados, sempre respeitando os de sinais positivos e negativos. Se for um valor
negativo, deveremos usar a tecla CHS (inverte o sinal).
Os dados devem ser inseridos sempre respeitando-se a ordem do fluxo de caixa, ou seja,
digita-se primeiro o investimento inicial (digita o valor e depois f CF0) e depois cada um dos
fluxos de caixa. Para cada entrada de dados, digita-se o valor e depois f CFj.
Se formos calcular o VPL, deveremos apertar f NPV e, para calcular a TIR, deveremos
apertar f IRR.
Não se esquecendo de que, para o cálculo do VPL, deveremos inserir a taxa de desconto,
ou seja, o i.
capítulo 4 • 91
A resolução ficará da seguinte maneira calculando-se na HP-12C:
Resolvendo na HP-12C:
600 CHS g CF0
200 g CFj
250 g CFj
220 g CFj
15 i
f NPV
37,97 (resposta visor)
EXERCÍCIO RESOLVIDO
Uma transportadora está analisando a compra de um caminhão no valor de R$103.000,00.
A utilização desse veículo nos próximos cinco anos deverá gerar receitas líquidas estimadas
em R$ 30.000,00, R$ 35.000,00, R$ 32.000,00, R$ 28.000,00 e R$ 37.000,00, respectiva-
mente. Se a empresa espera uma taxa de retorno de 15% a.a., qual o valor presente líquido?
Resolução:
0 1 2 3 4 5 Anos
103.000,00
Resolvendo na HP-12C:
103.000 CHS g CF0
30.000 g CFj
35.000 g CFj
32.000 g CFj
28.000 g CFj
37.000 g CFj
15 i
f NPV
4.997,13 (resposta visor)
Resposta: O projeto deve ser aceito, pois apresenta um VPL positivo de R$ 4.997,13.
Deve-se destacar que, se o VPL for maior do que zero, significa que o re-
torno gerado pelo investimento excede o mínimo desejado pela empresa.
Simultaneamente, o método da TIR aponta que o investimento produz uma
taxa de rentabilidade periódica superior à taxa mínima requerida.
Em resumo, o critério deste método estabelece que, enquanto o valor pre-
sente das entradas for maior que o valor presente das saídas, o projeto deve ser
recomendado do ponto de vista econômico.
O método do Valor Presente Líquido analisa o projeto em valores monetá-
rios. O método que veremos a seguir, taxa interna de retorno (TIR), fará a análi-
se em termos percentuais (taxa).
capítulo 4 • 93
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FC FC FC FC
Investimento Inicial = + + + ...
(1 + i)1 (1 + i)2 (1 + i)3 (1 + i)n
Também podemos dizer que a TIR é a taxa de desconto que torna o Valor
Presente Líquido igual a zero, como pode ser visto na fórmula abaixo:
FC FC FC FC
0= + + + ... − Investimento Inicial
(1 + i)1 (1 + i)2 (1 + i)3 (1 + i)n
94 • capítulo 4
ATENÇÃO
Como interpretar a TIR
• se TIR > TMA, o investimento deve ser realizado;
• se TIR < TMA, o investimento não deve ser realizado.
• A TIR representa uma taxa periódica (mensal, anual etc.), e não uma taxa para todo o pro-
jeto, como alguns podem interpretar;
EXEMPLO
Com o mesmo exemplo utilizado para o cálculo do VPL, calcule a taxa interna de retorno do
projeto apresentado na tabela abaixo. A taxa mínima de atratividade é de 15% ao ano.
Resolvendo na HP-12C:
600 CHS g CF0
200 g CFj
230 g CFj
250 g CFj
220 g CFj
f IRR
18,02 (resposta visor)
capítulo 4 • 95
400,00
300,00
TIR
VPL 200,00
100,00
0,00
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%
- 100,00
- 200,00
taxa de desconto
(+)
entradas
0 1
tempo
2 3 4 n
(-)
saídas
96 • capítulo 4
Assaf Neto (2001) afirma que, mediante a aplicação do conceito da TIR, po-
dem ser encontradas três respostas:
• Mais de uma taxa interna de retorno que iguala, em determinado momen-
to, as entradas com as saídas de caixa;
• Uma única taxa interna de retorno;
• Não encontra uma taxa de retorno (sem solução).
EXEMPLO
Considere o fluxo de caixa a seguir. Calcule a taxa interna de retorno.
R$ 50
0 2
Anos
1
R$ 30 R$ 10
FC FC FC FC
Investimento Inicial = + + + ...
(1+ i) (1+ i)
1 2 (1+ i) 3 (1+ i)n
Ou também a TIR é a taxa de desconto que torna o Valor Presente Líquido igual a zero,
como pode ser visto na fórmula abaixo:
FC FC FC FC
0= + + + ... − Investimento Inicial
(1+ i)1 (1+ i)2 (1+ i)3 (1+ i)n
30 50 10
− + − =0
(1+ i)0 (1+ i)1 (1+ i)2
50 10
− − 30 = 0
(1+ i)1 (1+ i)2
capítulo 4 • 97
Considerando (1+i)2 como o mínimo múltiplo comum (MMC):
A expressão a que chegamos é uma equação do segundo grau, com duas raízes, uma
positiva e outra negativa, encontrada através da formulação:
−b ± b2 − 4ac
i=
2a
−( −10) ± −102 − 4( −30)10
i=
2( −30)
10 ± 100 + 1.200
i=
−60
10 ± 1.300
i=
−60
10 ± 36, 05
i=
−60
10 + 36, 05 46, 05
i1 = = = −0, 7675
−60 −60
ou
TIR = −76, 75%
10 − 36, 05 −26, 05
i2 = = = 0, 4342
−60 −60
ou
TIR = 43, 42%
98 • capítulo 4
R$ 40,00
VPL
R$ 30,00
R$ 20,00
R$ 10,00
0%
VPL
-100% -80% -60% -40% -20% 20% 40% 60%
- R$ 10,00
- R$ 20,00
- R$ 30,00
- R$ 40,00
EXEMPLO
Admita-se um projeto com os seguintes fluxos de caixa. Se a taxa de atratividade for de 20 %
ao ano, qual o índice custo-benefício?
FLUXOS DE CAIXA
VALOR DO INVESTIMENTO
ANO 1 ANO 2 ANO 3
- $ 1.000 $ 400 $ 600 $ 800
capítulo 4 • 99
Resolução:
1º passo: Traremos todas as entradas (benefícios) a valor presente:
Na HP-12C:
f REG (para limpar)
Comentário: não será necessário inserir o investimento inicial,
pois estamos apenas calculando o valor presente (VP) dos
fluxos de caixa:
400 g CFj
600 g CFj
800 g CFj
20 i
f NPV
1.212,96 (resposta no visor)
Agora a divisão:
1.212,96 ENTER
1.000 ÷
1,21 (resposta no visor)
100 • capítulo 4
ATENÇÃO
Como Interpretar o Custo-Benefício (B/C)
• se B/C > 1, o investimento deve ser realizado indicando um VPL > 0, ou seja, o valor das
entradas é maior do que os desembolsos;
• se B/C < 1, o investimento não deve ser realizado, indica um VPL < 0, ou seja, o valor das
entradas é menor do que o valor dos desembolsos.
( 1 + i )n − 1
PV = PMT ×
(1 + i ) × i
n
Igualmente, projeta-se o valor médio anual dos fluxos negativos (PMT -), to-
mando-se por base a taxa de desconto, e apura-se o resultado líquido desses
valores.
capítulo 4 • 101
EXEMPLO
Calcule o valor anual uniforme equivalente (VAUE) do fluxo de caixa abaixo, utilizando a
mesma taxa de 15% ao ano.
Resolução:
a) Cálculo do PMT dos fluxos positivos
Os fluxos de caixa positivos serão trazidos a valor presente para, posteriormente, ser cal-
culado um fluxo de caixa uniforme (médio) com a fórmula da série uniforme de pagamentos:
(1+ i)n − 1
PV = PMT ×
(1+ i) × i
n
(1+ 0,15)5 − 1
42.405, 55 = PMT ×
(1+ 0,15) × 0,15
5
102 • capítulo 4
(1+ i)n − 1
PV = PMT ×
(1+ i) × i
n
(1+ 0,15)5 − 1
25.000 = PMT ×
(1+ 0,15) × 0,15
5
Portanto:
VAUE = 12.650,24 – 7.457,89
VAUE = 5.192,35
Na HP-12C:
a) PMT dos fluxos positivos
12.000 g CFj
11.000 g CFj
10.000 g CFj
9.000 g CFj
24.000 g CFj
15 i
f NPV
42.405,55 (resposta visor)
f REG
42.405,55 CHS PV
15 i
5n
PMT
12.650,24
f REG
25.000 CHS PV
15 i
5n
PMT
7.457,89
Portanto:
VAUE = 12.650,24 – 7.457,89
VAUE = 5.192,35
capítulo 4 • 103
ATENÇÃO
Como Interpretar o Vaue:
Se o VAUE é maior que zero, então o projeto é viável. Se fosse igual a zero, ainda seria
viável, pois o mínimo desejado de 15% teria sido atingido. Podemos entender o VAUE como
um lucro médio, por período, ao longo da vida útil do projeto. Neste projeto, seria equivalente
alcançar um lucro médio (receitas – despesas) de $5.192,35 ao ano, durante 5 anos.
ATIVIDADES
01. Uma empresa está considerando um projeto que exige um investimento inicial de
R$ 42.000,00 e fluxos de entrada de caixa após o IR de R$ 7.000,00 por ano durante 10
anos. O período de payback máximo aceitável é de 8 anos.
a) Determine o payback simples para esse projeto. A empresa deve aceitar esse projeto?
Por quê?
b) Determine o payback descontado para esse projeto, supondo um custo de capital de 8%
ao ano. A empresa deve aceitar esse projeto? Por quê?
104 • capítulo 4
02. A Fábrica Cheirosa está considerando investir em uma nova máquina para envasar os
perfumes. A máquina exige um investimento inicial de R$ 30.000,00 e vai gerar fluxos de
caixa após o imposto de renda de R$ 6.000,00 durante o período de 8 anos. Calcule o valor
presente líquido (VPL) para cada um dos custos de capital listados abaixo e indique se a
máquina deve ou não ser aceita. Explique sua decisão.
a) custo de capital 10% ao ano
b) custo de capital 12% ao ano
c) custo de capital 14% ao ano
04. Uma empresa está considerando um investimento em um projeto de longo prazo que
necessita de um investimento inicial de R$ 18.250,00 e terá retornos anuais após o imposto
de renda de R$ 4.000,00 durante 7 anos. O custo de capital da empresa é de 10% ao ano.
a) Determinar a taxa interna de retorno (TIR);
b) Determinar o valor presente líquido (VPL);
c) A empresa deve aceitar o projeto? Por quê?
REFLEXÃO
Neste capítulo aprendemos que, depois de calculado o fluxo de caixa operacional livre dos
projetos de investimento, utilizamos algumas técnicas que analisam a viabilidade deles. As
técnicas apresentadas para análise de viabilidade neste capítulo foram Valor Presente Lí-
quido (VPL), taxa interna de retorno (TIR), payback, índice custo-benefício e o valor anual
uniforme equivalente.
capítulo 4 • 105
O payback, um indicador mais simples, apenas analisa o projeto em termos de tempo
de retorno. As outras metodologias analisam os projetos em termos monetários (absolutos)
ou percentuais (relativos). O valor presente líquido analisa o projeto em valores monetários,
com isso é possível verificar qual o valor atual que está tendo de retorno do projeto. O índice
custo-benefício compara as entradas de caixa (benefícios) com as saídas de caixa (desem-
bolsos). Já o valor anual uniforme equivalente faz um comparação média entre os fluxos de
caixa durante o horizonte de tempo analisado. E, por fim, a TIR verifica qual a taxa embutida
na proposta, ou seja, analisa em termos percentuais qual é este retorno.
LEITURA
Aprofunde seus conhecimentos a respeito dos temas tratados aqui lendo o artigo “Os mé-
todos quantitativos de análise de investimentos”, do professor Alexandre Assaf Neto, que
se encontra nos Cadernos de Estudos da FIPECAFI, número 06, outubro de 1992. Você
poderá acessá-lo em: http://www.eac.fea.usp.br/cadernos/completos/cad06/meto-
dos_quantitativos.pdf.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003.
ASSAF NETO, Alexandre. Matemática financeira e suas aplicações. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2008.
BRUNI, A.L.; FAMÁ, R. As decisões de investimentos. Série desvendando as finanças. v.2. São
Paulo: Atlas, 2003.
DAMODARAM, A. Avaliação de Investimentos: Ferramentas e técnicas para a determinação do valor
de qualquer ativo. 2. Ed. Qualitymark, 2010.
GITMAN, L.J. Princípios de Administração Financeira – Essencial. 2.ed. Porto Alegre: Bookman,
2001.
LAPPONI, J.C. Projetos de investimento: construção e avaliação do fluxo de caixa: modelos em Excel.
São Paulo: Lapponi Treinamento e Editora, 2000.
LEMES JUNIOR, A.B.; RIGO, C.M.; CHEROBIM, A.P.M.S. Administração Financeira: princípios,
fundamentos e prática brasileiras. Rio de Janeiro, Campus: 2002.
MARTELANC, R.; PASIN, R.; CAVALCANTE, F. Avaliação de empresas: um guia para fusões &
aquisições e gestão de valor. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
106 • capítulo 4
5
Custo de Capital
Neste capítulo são explorados os principais conceitos acerca do custo de capital
das empresas. Essa medida é utilizada como a taxa mínima de atratividade das
decisões de investimento, indicando a importância do seu estudo no campo
das finanças de longo prazo.
OBJETIVOS
Neste capítulo pretende-se atingir os objetivos a seguir:
• Estudar a taxa de retorno exigida pelos credores.
• Aprender a taxa de retorno requerida pelos proprietários.
• Compreender como se dá o cálculo do custo de capital das empresas.
108 • capítulo 5
5.1 O conceito de custo de capital
Conforme Assaf Neto (2009, p. 392), o “custo de capital de uma empresa reflete,
em essência, a remuneração mínima exigida pelos proprietários de suas fontes
de recursos (credores e acionistas)”.
Neste capítulo serão abordados os conceitos relacionados ao custo de capi-
tal das diferentes fontes de financiamento da empresa. Inicialmente será tra-
tado o custo de capital de terceiros, sendo o custo proveniente das fontes de
recursos de terceiros (credores) que financiam a empresa. Em seguida, discute-
-se o conceito de custo de capital próprio, isto é, o custo referente aos recursos
de capital próprio (de acionistas) aportados na empresa. E, finalmente, o con-
ceito de custo total de capital da empresa, o custo médio ponderado de capital
(CMPC), o qual engloba a ponderação de ambos os custos das possíveis fontes
de financiamento de longo prazo da empresa.
ATENÇÃO
Esta unidade lhe permitirá compreender o conceito e os cálculos do custo de capital, o que
lhe possibilitará avaliar a viabilidade absoluta e relativa de propostas de investimentos de
longo prazo.
capítulo 5 • 109
©© PY2000 | DREAMSTIME.COM
CONCEITO
O passivo oneroso representa as fontes de financiamento disponíveis à empresa que apre-
sentam custo financeiro explícito, isto é, sabe-se como exatamente a taxa que é cobrada pela
utilização ou pela opção de captar esses recursos. É interessante também acrescentar, que
todos os passivos que apresentam custo fazem parte desse grupo, independentemente de
sua fonte, inclusive contemplando recursos provenientes de credores internos (nacionais) e
externos (estrangeiros).
110 • capítulo 5
final. Nesse sentido, Gitman (2004) também afirma que o custo de capital de
terceiros deve ser medido após o imposto de renda. Para a obtenção desse custo
líquido, a forma de cálculo é a seguinte:
EXEMPLO
Para o cálculo do custo de capital de terceiros líquido, considere uma empresa com um
financiamento de R$200.000 com taxa de 20% ao ano. A alíquota de IR é de 34% os juros
do período atingem:
Se a empresa tem uma despesa financeira (por exemplo, juros de um financiamento), ela
reduzirá seu lucro e, consequentemente a quantidade de imposto de renda a pagar. Assim,
ela terá uma economia, abatendo um valor R$ 13.600,00 do imposto de renda. Então, suas
despesas financeiras líquidas de IR serão de R$ 26.400,00
Relacionando as despesas financeiras com seu respectivo passivo gerador tem-se:
R$26.400,00
=Kd = 13,20% a.a
R$200.000,00
CONEXÃO
Obtenha mais informações sobre regras e normas de financiamentos das instituições finan-
ceiras brasileiras acessando o site do Banco Central do Brasil: www.bcb.gov.br
capítulo 5 • 111
Ao decidir endividar-se, o tomador assume um compromisso de desembol-
so financeiro em condições fixas estabelecidas previamente, dessa forma, seu
retorno fica vinculado ao sucesso da aplicação desses recursos.
112 • capítulo 5
Dentre os métodos utilizados para apuração do custo de capital próprio, po-
de-se citar:
CONEXÃO
Veja mais informações sobre variáveis de mercado que podem ser usadas no cálculo do
CAPM no Brasil acessando: www.risktech.com.br
O CAPM, capital asset pricing model, estabelece uma relação entre o retorno de
um ativo e o retorno do mercado. Seus resultados demonstram alta sensibilida-
de com a taxa requerida de retorno (custo de capital), a qual deve ter compor-
capítulo 5 • 113
tamento harmônico com o risco. Dessa forma, quanto mais elevado for o risco
associado à decisão, maior será o retorno exigido pelos proprietários de capital;
em contrapartida, é possível remunerar os investidores com taxas de retornos
mais reduzidas se os níveis de risco forem mais baixos.
De acordo com esse modelo, um ativo deve propiciar uma promessa de retorno
que compense o risco assumido. Nesse modelo, o risco de um ativo é mensurado pelo
coeficiente beta, o qual é determinado pela inclinação da reta de regressão linear en-
tre o retorno do ativo e a taxa de retorno possibilitada pela carteira de mercado.
Para o modelo CAPM, a taxa de retorno requerida de um investimento é ob-
tida pela expressão da linha de mercado de títulos (Security Market Line – SML),
como expresso a seguir:
K e = R F + β × (R M − R F )
Em que:
Ke = taxa de retorno mínima requerida pelos investidores
RF = taxa de retorno de ativos livres de risco
β = coeficiente beta, medida do risco do ativo em relação ao risco sistemáti-
co do mercado
RM = rentabilidade oferecida pelo mercado em sua totalidade (carteira
de mercado)
(RM - RF) = prêmio pelo risco de mercado
Conforme Ross; Westerfield; Jaffe (2002), o beta (β) indica o risco do ativo
em relação ao risco sistemático do mercado. Dessa forma, um beta menor que 1
indica um risco inferior ao da carteira de mercado. Um beta igual a 1 demonstra
um risco igual ao da carteira de mercado. E um beta superior a 1 indica um risco
sistemático superior ao da carteira de mercado.
CONCEITO
O coeficiente beta de uma ação mede a volatidade de uma ação com relação à de uma car-
teira que contém todas as ações (ROSS; WESTERFIELD; JAFFE, 2002).
114 • capítulo 5
EXEMPLO
Suponha que as ações de sua companhia tenham um beta igual a 1,3. A empresa é
financiada integralmente com capital próprio, ou seja, não tem nenhuma dívida. Sua empresa
está analisando uma série de projetos de investimentos que dobrarão seu tamanho.
Como esses projetos são semelhantes aos ativos existentes, é feita a hipótese de que o
beta médio desses novos projetos é igual ao beta existente na empresa. A taxa livre de risco
é igual a 8%.
Qual seria a taxa apropriada de desconto para avaliar esses novos projetos, supondo um
prêmio por risco (RM-RF) de mercado igual a 9%?
Ke = RF + β × (RM − RF )
Ke = 8% + 13
, × ( 9%)
Ke = 8% + 117
, % = 19, 7%
Resposta: Essa taxa de 19,7% é a que deve ser requerida diante ao nível de risco des-
se ativo.
Agora que você já viu como são apurados os custos específicos de cada uma
das fontes de capital da empresa, pode-se estabelecer o cálculo do custo total
de capital. Isso você encontrará no item a seguir.
capítulo 5 • 115
5.3.2 O coeficiente beta
COV (R i ,R M )
β=
VAR (R M )
} b - inclinação
a - intercepção
0
} x
116 • capítulo 5
CONCEITO
Podemos definir o resíduo, para uma amostra de dados emparelhados (X,Y), através do cál-
culo da diferença entre o Y observado e o Y previsto: Resíduo = Y (observado) - Y (previsto).
Sendo que:
Y = variável dependente (retorno dos títulos da empresa)
X = variável independente (retorno da carteira do mercado)
a = intercepto (é o valor de Y quando X = 0)
b = coeficiente angular da reta
n∑ xy − ∑ x ∑ y
b= a = y − bx
n∑ x 2 − ( ∑ x )
2
EXEMPLO
Considere que os excessos de retornos do mercado de valores e das ações das empresas fictícias
Gama e Omega, nos últimos bimestres, estejam apresentados nesta tabela. Com base nos valores
fornecidos, pode-se encontrar o modelo de regressão linear, inclusive o beta, de cada uma das ações:
capítulo 5 • 117
BIMESTRE MERCADO EMPRESA GAMA EMPRESA OMEGA
5 0 1 0
6 -2 1 1
EMPRESA GAMA
BIMESTRE MERCADO (X) XY X^2 Y^2
(Y)
1 -4 -2 8 16 4
2 5 3 15 25 9
3 3 2 6 9 4
4 4 2 8 16 4
5 0 1 0 0 1
6 -2 1 -2 4 1
∑ 6 7 35 70 23
Média 1 1,17
n∑ xy − ∑ x ∑ y
b=
n∑ x2 − ( ∑ x )
2
6 × 35 − 6 × 7
b=
6 × 70 − (6)2 a = y − bx
210 − 42 a = 117
, − 0, 4375 ×1
b=
420 − 36
a = 117
, − 0, 4375
168
b= = 0, 4375 a = 0, 7325
384
y = a + bx
y = 0, 7325 + 0, 4375x
Resposta: O valor encontrado para o coeficiente b indica que a ação move-se menos que
o mercado. Ou seja, variações de 1% no mercado estão associadas a variações de 0,4375%
na ação.
Resolução Empresa Omega:
EMPRESA GAMA
BIMESTRE MERCADO (X) XY X^2 Y^2
(Y)
-2 -2 -2 8 16 4
3 2 2 10 25 4
2 2 2 6 9 4
118 • capítulo 5
EMPRESA GAMA
BIMESTRE MERCADO (X) XY X^2 Y^2
(Y)
2 3 3 12 16 9
1 0 0 0 0 0
1 1 1 -2 4 1
∑ 6 6 34 70 22
Média 1 1,00
n∑ xy − ∑ x ∑ y
b=
n∑ x2 − ( ∑ x )
2
6 × 34 − 6 × 6
b=
6 × 70 − (6)2 a = y − bx
204 − 36 a = 1− 0, 4375 ×1
b=
420 − 36 a = 1− 0, 4375
168
b= = 0, 4375 a = 0, 2675
384
y = a + bx
y = 0, 2674 + 0, 4375x
Agora que você já viu como são apurados os custos específicos de cada uma
das fontes de capital da empresa, pode estabelecer o cálculo do custo total de
capital. Isso você encontrará no item a seguir.
capítulo 5 • 119
©© SYDA PRODUCTIONS | DREAMSTIME.COM
Conforme afirma Assaf Neto e Lima (2009), o custo total de capital de uma
empresa não é uma função somente do risco associado às decisões financeiras,
importando também a natureza relativa dos passivos na estrutura de capital
(credores e acionistas).
Dessa forma, conforme os custos de cada fonte de financiamento da empre-
sa (capital próprio e capital de terceiros), é importante determinar o seu custo to-
tal de capital. Isso permite melhor orientação para as suas decisões financeiras.
O custo total de capital representa a taxa de atratividade da empresa, ou
seja, a remuneração mínima que deve ser exigida na alocação de capital, levan-
do à maximização de seu valor de mercado.
Esse custo é apurado pelo método da média ponderada. Sua fórmula de cál-
culo é expressa por:
N
WACC = ∑ WJ × K J
J =1
Em que:
WACC = Weighted Average Cost of Capital ou custo médio ponderado de
capital (CMPC)
KJ = custo específico de cada fonte de financiamento (de terceiros e própria)
WJ = participação relativa de cada fonte de capital no financiamento total.
120 • capítulo 5
A forma de apuração do custo médio ponderado de capital também pode
assumir a seguinte expressão:
E D
CMPC = × Ke + × Kd
(D + E) (D + E)
Em que:
CMPC = custo médio ponderado de capital ou Weighted Average Cost of
Capital (WACC)
Kd= custo de capital de terceiros
Ke = custo de capital próprio
D = passivo oneroso
E= patrimônio líquido
EXEMPLO
Considere uma empresa com a seguinte posição patrimonial:
PROPORÇÃO DE CADA
MONTANTE CUSTO APÓS IR
FONTE
PATRIMÔNIO LÍQUIDO R$ 1.000.000,00 67% 24% a.a
(CAPITAL PRÓPRIO)
FINANCIAMENTOS (CAPI- R$ 500.000,00 33% 18% a.a
TAL DE TERCEIROS)
TOTAL R$ 1.500.000,00 100%
Note que nesse, caso o custo total de capital, sobe de 21,8% (com valores do
balanço) para 22,32% (com valores de mercado), refletindo o maior custo in-
corrido pela maior proporção de recursos próprios no financiamento do ativo
capítulo 5 • 121
total, os quais são mais caros que os recursos de terceiros, quando considera-
dos os valores de mercado.
CONCEITO
À utilização de passivos onerosos na estrutura de capital da empresa chamamos de alavan-
cagem financeira. Assaf Neto (2009) define alavancagem financeira como a capacidade
que os recursos de terceiros, utilizados para se implantarem investimentos, apresentam de
elevar o lucro operacional de uma empresa. Quanto mais capital de terceiros a empresa
utilizar como sua forma de financiamento, maior será a alavancagem financeira empregada
(Ross et all, 2002).
122 • capítulo 5
β
β0 =
D
1 + (1 − T ) ×
E
Sendo que:
β0 = beta desalavancado
T = alíquota do imposto de renda (IR)
D = passivo oneroso, dívida com terceiros
E = Patrimônio Líquido, dívida do acionista
D
βa = β0 × 1 + (1 − T ) ×
E
Sendo que:
βa = beta ajustado ou beta alavancado
EXEMPLO
Atualmente, os valores do capital próprio e do capital de terceiros de uma determinada empre-
sa são, respectivamente, R$ 300 milhões e R$ 200 milhões. O beta do capital próprio é 0,6.
A empresa pretende expandir sua produção investindo em um novo projeto. Após os
empréstimos, a nova composição da dívida da empresa passa a ser igual a R$ 330 milhões
de capital próprio e R$ 250 milhões de capital de terceiros, sendo que o custo do capital
de terceiros é de 5%. Encontre o custo de capital para o acionista desta empresa e o custo
médio ponderado de capital da empresa, com essa nova estrutura de dívida.
Informações adicionais:
Rentabilidade dos ativos livre de risco = 8% a.a.
IR = 30%
Retorno esperado do mercado = 10% a.a.
capítulo 5 • 123
Resolução:
Primeiro encontraremos o beta desalavancado, ou seja, retiraremos os efeitos da alavan-
cagem financeira:
β
β0 =
D
1+ (1− T ) ×
E
0, 6
β0 =
200
1+ (1− 0, 3) ×
300
0, 6
β0 =
1+ ( 0, 70 ) × 0, 6667
0, 6
β0 =
1 + 0, 46667
0, 6
β0 = = 0, 4991
,
1466 67
D
βa = β0 × 1+ (1− T )
E
250
βa = 0, 4991× 1+ (1− 0, 30)
330
βa = 0,44991× 1+ ( 0, 70) × 0, 7575
βa = 0, 4991× [1+ 0, 5303]
βa = 0, 4991× [15
, 303]
βa = 0, 7637
Conhecendo o beta alavancado para essa nova estrutura de capital, o custo do capital
próprio ficará da seguinte maneira:
Ke = RF + β × (RM − RF )
Ke = 8% + 0,7637 × (10% − 8%)
Ke = 8% + 0,7637 × (2%)
Ke = 8% + 15274
, %
Ke = 9, 5274%
124 • capítulo 5
Por fim, o Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC) será obtido da seguinte maneira:
E D
CMPC = × Ke + × Kd
(D + E) (D + E)
330 250
CMPC = × 0,095274 + × 0,05
(250 + 330) (250 + 330)
330 250
CMPC = × 0,095274 + × 0,05
(580) (580)
CMPC = [0, 5689 × 0,095274 ] + [0, 4311× 0,05]
CMPC = [0, 054201] + [0,02155]
CMPC = 0, 0757 ×100 = 7, 57%
Resposta: O custo total do capital desta empresa em sua nova estrutura de financia-
mento é de 7,57%.
ATIVIDADES
01. Com base nos conceitos explorados no capítulo, calcule o custo de capital de terceiros
líquido, de uma empresa que tem um financiamento de R$300.000 com taxa de 15% ao ano.
Considere uma alíquota de IR de 34%.
02. Calcule o custo de capital de terceiros líquido de uma empresa, considerando um em-
préstimo de R$850.000 com taxa de 16% ao ano e uma alíquota de IR de 34%. Utilize as
duas formas de cálculo.
03. Como o CAPM pode ser usado para obter o custo de capital de uma empresa?
04. Qual a taxa de retorno que deve ser requerida por um investidor que deseja aplicar em
uma empresa que apresenta um beta de 1,2 (representando risco sistemático acima do mer-
cado), admitindo um RF = 6% e RM = 13%?
capítulo 5 • 125
05. Para uma empresa que apresenta um beta de 1,5, refletindo um risco sistemático acima
do mercado, admitindo-se um RF = 10% e RM = 18,7%, qual a taxa de retorno que deve ser
requerida pelos seus investidores?
06. Uma empresa possui um passivo oneroso total no valor de R$325.000 e um patrimônio
líquido de R$585.000. O custo de capital de terceiros líquido do IR dessa empresa é de
9,25% e o seu custo de capital próprio é igual a 22%. Qual o custo total de capital des-
sa empresa?
REFLEXÃO
Você viu que o custo de capital pode ser encarado como o ponto de referência ao qual os
investidores devem comparar seus investimentos a fim de determinar se estes são rentáveis
ou não.
Conhecer e compreender o custo total do capital (WACC) de uma empresa é fundamen-
tal para a tomada de decisão de seus gestores. Como o WACC é obtido pela ponderação
do custo das diferentes fontes de capital, nesse processo, é necessário identificar o custo
de capital de terceiros, que é explícito (conhecido por todos) por definição e mais barato.
Além do custo de capital próprio, de apuração mais complexa, mas não impossível, e de
alta relevância.
A minimização do custo total de capital é o que permite à empresa atingir seu valor
máximo. Para isso, é preciso entender as definições acerca da estrutura de capital, assunto
destacado no próximo capítulo.
LEITURA
CATAPAN, E. A. ; CATAPAN, A.; CATAPAN, D. Cálculo do custo de capital: Uma abordagem teórica.
Economia & Tecnologia (UFPR), v. 23, p. 175-189, 2010. Disponível em < http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/
index.php/ret/article/viewFile/26926/17947>. Acessado em 15 de Julho de 2015.
126 • capítulo 5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
ASSAF NETO, A; LIMA, F. G. Curso de administração financeira. São Paulo: Atlas, 2009.
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 10. ed. São Paulo: Pearson Addison Wesley,
2004.
MATIAS, A. B. (coord.). Finanças corporativas de longo prazo, volume 2: criação de valor com
sustentabilidade financeira. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
ROSS, S.; WESTERFIELD, R.; JAFFE, J. Administração financeira: corporate finance. 2ª ed. São
Paulo: Atlas, 2002.
10 ENTER 5 +
Visor => 15
capítulo 5 • 127
Figura 5.2 – Calculadora HP-12 C “dourada” (GOLD)
128 • capítulo 5
2. O Teclado
Uma mesma tecla da HP-12C pode operar até 3 funções:
• Função normal, escrita na face superior da tecla (cor branca);
• Função amarela ( f ) escrita acima da tecla;
• Função azul, ( g ) escrita na face inferior da tecla.
3. Pontuação
Para alterar a pontuação para a notação europeia, que é habitualmente uti-
lizada no Brasil, proceda da seguinte forma:
• Desligue a calculadora (ON);
• Aperte a tecla ( . ) e mantenha pressionada;
• Ligue a calculadora (ON);
• Solte a tecla ( . )
4. Limpando Registradores
Temos várias teclas para limpeza dos registradores da calculadora:
• Tecla (CLX) limpa apenas o que aparece no visor (memória x);
• Tecla ( f ) (FIN) limpa apenas o conteúdo das memórias financeiras.
• Tecla ( f ) (Reg) limpa de uma só vez, os conteúdos das memórias: princi-
pal, secundária e financeira – é o mais recomendado.
• Tecla ( f ) (Prefix) cancela o prefixo amarelo ( f ) ou o prefixo azul ( g ).
• Tecla ( f ) (PRGM) limpa os programas que estão gravados na HP-12C.
capítulo 5 • 129
6.2 Radiciação
• Raiz quadrada x
Exemplo: 4
4 (g) x
Visor => 2
• Outras raízes
Exemplo: 3 8
8 (ENTER) 3 (1/x) (yx)
Visor => 2
• (%T)
Exemplo: Em uma sala de aula tem 55 alunos; deste total, 30 são mulheres.
Qual a porcentagem de mulheres nesta sala?
55 (ENTER) 30 (%T)
Visor => 54,55
• (∆%)
Exemplo: Em Janeiro, o preço do leite era R$ 1,50; em Julho, o preço subiu
para R$2,00. Qual o percentual de aumento?
1,50 (ENTER) 2 (%T)
Visor => 33,33
7. Funções Financeiras
( n ); ( i ); (PV); (PMT) e (FV)
n = número de períodos (Number)
i = taxa de juros (Interest)
PV = valor presente ou capital inicial (Present Value)
PMT = prestação, pagamento, recebimento (Payment)
FV = valor futuro ou montante (Future Value)
130 • capítulo 5
CHS = troca o sinal de um número (change signal) - de negativo para positivo
e vice-versa
Os parâmetros PV, PMT e FV precisam ser informados à calculadora com
o sinal apropriado, + (para as entradas de caixa) ou – (para as saídas de caixa).
Colocamos o sinal negativo em um dos parâmetros, pois se trata de opera-
ções que envolvem entrada e saída de dinheiro. Se considerarmos o FV negati-
vo, o PV aparecerá positivo e vice-versa.
Se a convenção de sinal não for respeitada e todos os parâmetros forem
abastecidos com mesmo sinal, a HP-12C alerta o usuário com a seguinte men-
sagem: ERRO 5.
Para armazenar valores, basta digitar o valor no visor e pressionar a tecla
correspondente a uma das funções acima. Lembrando que a variável procurada
deverá ser a última teclada.
capítulo 5 • 131
3 (n)
(FV)
Visor => 164.775
132 • capítulo 5
GABARITO
Capítulo 1
Juros Simples
01. PV = 1
FV = 2
n=?
i = 2,5% a.m. / 100 = 0,025
FV = PV(1+ i × n)
2 = 1× (1+ 0, 025 × n)
2
= 1+ 0, 025 × n
1
2 − 1 = 0, 025 × n
1 = 0, 025 × n
1
n=
0, 025
n = 40 meses
02. PV = 12.000,00
FV = 17.750,00
n = 1 ano = 12 meses
i = ? mensal
FV = PV × (1+ i × n)
17.750 = 12.000 × (1+ i ×12)
17.750 = 12.000 + 144.000i
7.750 − 12000 = 144.000i
17
5.750 i = 0, 039931 x 100
i= i = 3, 99% a.m.
144.000
Juros Compostos
03. PV = 34.000,00
FV = 57.300,00
n = 3 anos = 36 meses
i=?
capítulo 5 • 133
FV = PV × (1+ i)n
57.300 = 34.000(1+ i)36
57.300
= (1+ i)36
34.000
16852
, 94 = (1+ i)36
36 1685294
, = 36 (1+ i)36
,
1014604 = 1+ i
i = 1014604
, −1
i = 0, 014604 ×100
i = 146
, %a.m.
04. PV = 75.000,00
i = 30% a.a.
n = 3 anos
FV = ?
FV = PV × (1+ i)n
38.000 = PV × (1+ 0, 04)60
38.000 = PV × (104
, )60
38.000 = PV ×10, 519627
38.000
PV =
10, 519627
PV = 3.612, 30
Série de pagamentos
06. PMT = 80, 00
i = 2, 5% ÷ 100 ⇒ 0, 025
(1+ i)n − 1
n=5 PV = PMT ×
(1+ i) ×1
n
PV = ?
PMT = 80 (1+ 0, 025)5 − 1
PV = 80 ×
(1+ 0, 025 ) × 0, 025
5
1131408
, −1
PV = 80 ×
,
1131408 × 0 , 025
0,131408
PV = 80 ×
0, 028285
PV = 80 × 4, 645854
134 • capítulo 5
PV = 371678
,
(1+ 0, 025)5 − 1
PV = 80 ×
(1+ 0, 025 ) × 0, 025
5
1131408
, −1
PV = 80 ×
1131408
, × 0, 025
0,131408
PV = 80 ×
0, 028285
PV = 80 × 4, 645854
PV = 371678
,
, ) × 0, 03
(103 60
230.000 = PMT ×
(103, ) − 1
60
5, 891603 − 1
230.000 = PMT ×
5, 891603 × 0, 03
4, 891603
230.000 = PMT T×
0,176748
230.000 = PMT × 27, 675577
230.000
PMT =
27, 675577
PMT = 8.310, 59
08. FV = ?
PMT = 1500
(1+ i)n × i
i = 0, 7%a.m. ⇒ 0, 007 FV = PMT ×
n = 36meses i
(1+ 0, 007)36 − 1
FV = 1500 ×
0, 007
(1007
, ) − 1
36
FV = 1500 ×
0, 007
1285467
, − 1
FV = 1500 ×
0 , 007
0, 285467
FV = 1500 ×
0, 007
FV = 1500 × 40, 781000
FV = 61.171, 50
capítulo 5 • 135
Capítulo 2
01. O processo de orçamento de capital deve ser consistente com a meta da empresa de
maximização de riqueza e geração de valor. É através dele que são avaliados e selecionados
os projetos de investimento de longo prazo que fazem parte da estratégia da empresa para
a maximização do seu valor.
02. Os tipos de investimento de capital são:
Investimentos economicamente independentes: quando a aceitação de um deles não
implicar a desconsideração dos demais.
Investimentos com restrição orçamentária: quando a empresa tem uma quantidade
de dinheiro limitada para investir e a aceitação de um projeto poderá rejeitar a aceitação
dos demais.
Investimentos economicamente dependentes: são considerados dependentes quando
uma das seguintes situações ocorrer: a aceitação de um investimento exerce influências ne-
gativas sobre os resultados líquidos dos demais, seja diminuindo as receitas ou elevando os
custos; a aceitação de um investimento exerce influências economicamente positivas sobre
os demais, e a aceitação de um investimento depende rigorosamente da implementação de
outro, seja essa dependência definida em termos tecnológicos ou econômicos.
Investimentos mutuamente excludentes: são propostas de investimentos com funções
similares, e a aceitação de uma proposta elimina totalmente a possibilidade de implementar
outra.
03. As empresas têm a intenção de crescer, aumentar sua produção e, vendas e consequen-
temente, seu lucro, e uma das maneiras de alcançar estes objetivos é realizando investimentos.
As decisões de investimento geralmente envolvem grandes investimentos de dinheiro
e com efeitos duradouros sobre a organização, e, estando de acordo com a estratégia da
empresa, gera valor e maximiza sua riqueza.
A sua correta utilização depende da visão dos dirigentes da empresa e como ele é in-
centivado e apoiado. Vale destacar a importância do gestor financeiro: ele é o responsável
pelo planejamento e pelas decisões que devem ser tomadas. É preciso que ele tenha conhe-
cimento da situação da empresa, compreensão dos resultados obtidos através das análises,
e discernimento para tomar decisões corretas e seguras a fim de que a empresa alcance os
resultados esperados sem que ocorram problemas indesejáveis.
136 • capítulo 5
Capítulo 3
01.
COMPUTADORES 600.000,00
INSTALAÇÃO 130.000,00
MÃO DE OBRA 100.000,00
TREINAMENTO 55.000,00
INVESTIMENTO INICIAL 885.000,00
1.200.000
02. depreciação
= = 300.000
4
VALOR DE VENDA 140.000,00
(-) VALOR CONTÁBIL 0,00
(=) RESULTADO DECORRENTE DE VENDA 140.000,00
(-) IR (34%) (47.600,00)
(=) VALOR LÍQUIDO (RESIDUAL) 92.400,00
Receita de
R$ 2.500.00 R$ 2.700.000 R$ 2.600.000 R$ 3.000.000
vendas
Custo de
(R$ 1.300.000) (R$ 1.400.000) (R$ 1.350.000) (R$ 1.400.000)
produção
(=) Lucro
R$ 1.200.000 R$ 1.300.000 R$ 1.250.000 R$ 1.600.000
Bruto
(-) Despesa
R$ (630.000) R$ (600.000) R$ (510.000) R$ (730.000)
Operacional
(-)
R$ (300.000) R$ (300.000) R$ (300.000) R$ (300.000)
Depreciação
(=) Lucro
R$ 270.000 R$ 400.000 R$ 440.000 R$ 570.000
Operacional
(=) Lucro
R$ (91.800) R$ (136.000) R$ (149.000) R$ (193.800)
Oper. após IR
(+)
R$ 300.000 R$ 300.000 R$ 300.000 R$ 300.000
Depreciação
(=) Fluxo de
R$ 478.200 R$ 564.000 R$ 590.000 R$ 676.200
Caixa Oper.
(-) Invest. Ini- R$
R$ 92.400
cial Equipam. (1.200.000)
(-) Invest.
R$
Inicial Cap. R$ 140.000
(140.000)
Giro
(=) Fluxo de
R$
Caixa Oper. R$ 478.200 R$ 564.000 R$ 590.000 R$ 908.600
(1.340.000)
Livre
capítulo 5 • 137
200.000
03. depreciação = = 40.000
5
Valor contábil = 3 anos de vida útil × 40.000 = 120.000
Neste caso, como o valor contábil é maior que o valor da venda, ocorre uma economia
de imposto de renda de R$ 12.000,00. Esse valor, então, deve ser considerado como um
benefício fiscal que a empresa deixou de pagar e, portanto, deve ser acrescentado ao valor
da venda do bem.
d) Venda por $ 120.000
138 • capítulo 5
Capítulo 4
01.
a)
Payback
8% (42.000,00)
1 6.481,48 (35.518,52)
2 6.001,37 (29.517,15)
3 5.555.83 (23.960,32)
4 5.145,21 (18.815,11)
5 4.764,08 (14.051,03)
6 4.411,19 (9.639,84)
7 4.084,43 (5.555,41)
8 3.781,88 (1.773,53)
9 3.501,74
10 3.242,35
No oitavo ano, a empresa consegue recuperar quase o total do investimento; falta apenas
1.773, 53
R$ 1.773,53, sendo o restante recuperado no seguinte. = 0, 50
350174,
O payback desse investimento será de 8,5 anos.
02.
0 - 30.000,00
1 6.000,00
2 6.000,00
3 6.000,00
capítulo 5 • 139
4 6.000,00
5 6.000,00
6 6.000,00
7 6.000,00
8 6.000,00
a)
Na HP – 12 C
f REG
30.000 CHS g CF0
6.000 g CFj Outra maneira de resolver na HP – 12C
6.000 g CFj f REG
6.000 g CFj 30.000 CHS g CF0
6.000 g CFj 6.000 g CFj
6.000 g CFj 8 g Nj
6.000 g CFj 10 i
6.000 g CFj f NPV
6.000 g CFj 2.009,55
10 i
f NPV
2.009,55
b)
140 • capítulo 5
Na HP – 12 C
f REG
30.000 CHS g CF0
6.000 g CFj Outra maneira de resolver na HP – 12C
6.000 g CFj f REG
6.000 g CFj 30.000 CHS g CF0
6.000 g CFj 6.000 g CFj
6.000 g CFj 8 g Nj
6.000 g CFj 12 i
6.000 g CFj f NPV
6.000 g CFj -194,16
12 i
f NPV
-194,16
c)
Na HP – 12 C
f REG
30.000 CHS g CF0
6.000 g CFj Outra maneira de resolver na HP – 12C
6.000 g CFj f REG
6.000 g CFj 30.000 CHS g CF0
6.000 g CFj 6.000 g CFj
6.000 g CFj 8 g Nj
6.000 g CFj 14 i
6.000 g CFj f NPV
6.000 g CFj -2.166,81
14 i
f NPV
-2.166,81
A empresa deverá aceitar o projeto somente na opção a), pois tem um VPL positivo. As
letras b) e c) deverão ser rejeitadas pois os VPLs foram negativos.
capítulo 5 • 141
03.
Na HP – 12 C
f REG
30.000 CHS g CF0
6.000 g CFj Outra maneira de resolver na HP – 12C
6.000 g CFj f REG
6.000 g CFj 30.000 CHS g CF0
6.000 g CFj 6.000 g CFj
6.000 g CFj 8 g Nj
6.000 g CFj f IRR
6.000 g CFj 11,81%
6.000 g CFj
f IRR
11,81%
0 18.250,00
1 4.000,00
2 4.000,00
3 4.000,00
4 4.000,00
5 4.000,00
6 4.000,00
7 4.000,00
Na HP – 12 C
f REG
18.250 CHS g CF0
Outra maneira de resolver na HP – 12C
4.000 g CFj
f REG
4.000 g CFj
18.250 CHS g CF0
4.000 g CFj
4.000 g CFj
4.000 g CFj
7 g Nj
4.000 g CFj
f NPV
4.000 g CFj
1.223,67
4.000 g CFj
f IRR
f NPV
12,01%
1.223,67
f IRR
12,01%
a) 12,01%
b) R$ 1.223,88
c) A empresa deverá aceitar o projeto, pois tem VPL positivo e TIR maior que o custo
de capital.
142 • capítulo 5
04.
PROJETO A PROJETO B
Na HP – 12 C Na HP – 12 C
f REG f REG
10.000 CHS g CF0 30.000 CHS g CF0
5.000 g CFj 9.000 g CFj
4.000 g CFj 12.000 g CFj
3.000 g CFj 15.000 g CFj
f IRR f IRR
10,65% 13,78%
0 - 360.000,00
1 50.000,00
2 50.000,00
3 70.000,00
4 70.000,00
5 80.000,00
6 80.000,00
7 80.000,00
Na HP – 12 C
f REG
360.000 CHS g CF0
50.000 g CFj
50.000 g CFj
70.000 g CFj
70.000 g CFj
80.000 g CFj
80.000 g CFj
80.000 g CFj
f IRR
7,08%
Capítulo 5
01. Kd ( ap s IR) = Kd ( antes IR) × (1− IR)
Kd = 15% × (1− 0,34)
Kd = 15% × (0,66)
Kd = 9,90% a.a.
capítulo 5 • 143
02. Despesas financeiras brutas: R$ 850.000 × 16% = R$ 136.000,00
Economia de IR: R$ 136.000 × 34% = R$ 46.240,00
Despesas Financeiras Líquidas do IR = R$ 89.760,00
R$89.760,00
=Kd = 10,56% a.a.
R$850.000,00
03. O CAPM, capital asset pricing model, estabelece uma relação entre o retorno de um
ativo e o retorno do mercado. Seus resultados demonstram alta sensibilidade com a taxa
requerida de retorno (custo de capital), a qual deve ter comportamento harmônico com o
risco. Dessa forma, quanto mais elevado for o risco associado à decisão, maior será o retorno
exigido pelos proprietários de capital; em contrapartida, é possível remunerar os investidores
com taxas de retornos mais reduzidas se os níveis de risco são mais baixos.
04. Ke = RF + β × (RM − RF )
Ke = 6% + 12
, × (13% − 6%)
Ke = 6% + 12
, × (7%)
Ke = 6% + 8, 4% = 14, 40%
05. Ke = RF + β × (RM − RF )
Ke = 10% + 15
, × (18, 7% − 10%)
Ke = 10% + 15
, × ( 8, 7%)
0% + 13, 05% = 23, 05%
Ke = 10
06.
144 • capítulo 5