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Por que é importante ter consciência corporal? Aonde eu a aplico?

A linguagem do nosso corpo é uma forma de comunicação poderosa que pode revelar
nosso estado emocional, sentimentos, posicionamentos diante das situações e até da
vida, pois ela, de certa forma, informa o modo que nos colocamos no mundo (num
exemplo simples: alguém que caminha com os ombros fechados – encolhendo o tórax –
e cabeça baixa passará a impressão de tímido e inseguro, ao contrário de alguém
caminhando de cabeça erguida, com os ombros abertos e colocados e tórax
preponderante, que certamente passará a mensagem oposta).

Nas aulas, experimentamos a partir dos conceitos de Rudolf Laban, coreografo,


dançarino e teórico de dança alemão, que buscava a organicidade dos movimentos a
partir de suas pesquisas em crianças e na natureza. Aprendemos sobre as bases
mecânicas do movimento (dobrar, torcer e esticar), seus fatores básicos (Peso – de firme
a suave –, espaço – de direto a flexível – e tempo – de súbito a sustentado –, os apoios,
as alavancas (impulsão realizada pela união de apoio e articulação) e os níveis (baixo,
médio e alto), pausas (importantes para a finalização de um movimento ser percebida) e
as transferências de peso.

Os elementos citados estão naturalmente presentes nas movimentações dos corpos, mas
nem sempre estamos cientes de quando e como os realizamos. Quando temos
consciência das possibilidades assim como de nossa própria anatomia, podemos ter
precisão no que queremos comunicar. Tal conhecimento tão detalhado também pode
nos ajudar a quebrar vícios que podem vir a ser prejudiciais a nossa saúde física – como
uma postura inadequada ao sentar, um modo de se agachar que compromete os joelhos,
uma maneira de carregar peso que prejudica a lombar, dentre outros exemplos – e achar
soluções – como flexionar mais os joelhos ajuda para dar uma passada larga de maneira
mais eficiente. É importante ressaltar também que utilizando nossos movimentos com
consciência é menos provável que nos machuquemos.

No teatro, a consciência corporal nos ajuda a potencializar a comunicação com a plateia


e a desvendar o personagem, pois a pesquisa do corpo dele ajudará na busca de sua
essência. Um simples posicionamento corporal pode revelar muito sobre o personagem.
Além disso, o movimento interno do ator em cena, sua chamada presença, deve
acontecer até nas pausas. O ator deve ter tônus e estar vivo a todos os instantes, sempre
pronto para agir.

Para cantar a consciência também é extremamente importante, pois envolve o corpo


inteiro: O “enraizamento” no chão, colocação de cervical e da cabeça, da coluna como
um todo, joelhos levemente flexionados, expansão de costelas, umbigo para dentro
(dependendo do método, a indicação pode ser barriga “para fora”, expandida), e
também a consciência da musculatura responsável pela fonação. Temos além de tudo a
necessidade de sabermos unir movimento e canto e nada melhor do que o tônus e a
consciência de nosso corpo como um todo para que isso seja bem realizado.
Já na dança também comunicamos e, diferentemente do teatro e do canto, não temos o
artifício da palavra. É comum ouvirmos nos estudos de teatro musical que quando falar
não basta, o personagem canta e quando a emoção é tanta que falar e cantar não são
suficientes, ele dança. Precisamos então expressar a mensagem além dos passos pré-
definidos, pois, segundo Laban, nosso corpo, além de físico, é emocional e espiritual.

No meu corpo, sinto a diferença na resistência física, mesmo que leve. Também consigo
ver diferença no meu equilíbrio – que sempre foi um questão pra mim na dança –, ter
mais clareza das possibilidades que ele oferece e mais rapidamente entender as posições
e os ajustes necessários nos exercícios.

Para Laban, qualquer que seja nossa movimentação, ela nos revela algo sobre nós
mesmos. Conscientes, poderemos nos expressar o que pretendemos de forma eficaz e
também nos descobrir e nos modificarmos no dia-a-dia se assim desejarmos.
TeenBroadway
Curso Profissionalizante de Teatro Musical
Mayara de Paula

CONSCIÊNCIA CORPORAL
Relatório

São Paulo
Março/2017

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