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O SOBRE CIUMES
Ciúme patológico e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)
O ciúme patológico (CP) pode ser definido como uma condição caracterizada por
pensamentos, emoções e comportamentos inaceitáveis ou extremos, cujo tema
dominante é a infidelidade do parceiro, podendo ocasionar sofrimento para o paciente e
para o parceiro. Apresenta-se de forma heterogênea, tais como idéias obsessivas,
prevalentes ou delirantes1,2. Reconhece-se que o CP pode constituir um sintoma,
presente em diferentes entidades nosológicas, como transtorno obsessivo-compulsivo
(TOC) e transtorno delirante. Portanto, uma vez detectado, deve-se identificar o
diagnóstico de base. Como o tema pode apresentar uma forte conotação paranóide, a
aproximação mais comum seria com transtornos psicóticos, em virtude de alguns
pacientes apresentarem boa resposta terapêutica a neurolépticos e apresentarem forte
convicção, próxima à delirante, de que estão sendo traídos3. No entanto, apesar de
alguns autores ressaltarem a associação desse sintoma com o TOC, são poucos os
artigos publicados sobre o tema. Neste caso, a terapêutica mais adequada seriam os
inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRS) associados à terapia cognitivo-
comportamental (TCC). Em casos refratários, a associação com doses baixas de
antipsicóticos por curto período de tempo poderia ser uma opção
O ciúme é uma emoção humana extremamente comum, senão universal, podendo ser
difícil a distinção entre ciúme "normal" e "patológico". 1-4 Num estudo populacional de
1994,5 todos os 351 entrevistados responderam positivamente a pelo menos uma
pergunta indicativa de ciúme, mas em menos de 10% este acarretava problemas no
relacionamento. O ciúme seria um conjunto de pensamentos, emoções e ações,
desencadeado por alguma ameaça à estabilidade ou qualidade de um relacionamento
íntimo valorizado. As definições de ciúme são muitas, tendo em comum três elementos:
1) ser uma reação frente a uma ameaça percebida; 2) haver um rival real ou imaginário
e; 3) a reação visa eliminar os riscos da perda do amor.6
A maneira como o ciúme é visto tem variações importantes nas diferentes culturas e
épocas. Assim, no século XIV relacionava-se a paixão, devoção e zelo à necessidade de
preservar algo importante, sem as conotações pejorativas de possessividade e
desconfiança.3 Nas sociedades monogâmicas, o ciúme associava-se à honra e moral,
sendo um instrumento de proteção da família, talvez até um imperativo biológico, uma
adaptação evolutiva à questão da incerteza da paternidade. Dava-se grande ênfase à
fidelidade feminina, enquanto a infidelidade masculina era bem aceita. Mesmo em
tempos modernos, pode-se atribuir um papel positivo ao fenômeno, considerando-o um
sinal de amor e cuidado, havendo quem se queixe da ausência de demonstrações de
ciúme e chegue a provocá-las propositadamente.4
O termo "ciúme patológico" (CP) engloba uma ampla gama de manifestações (de
reativas a delirantes) e diagnósticos psiquiátricos.1,3-5,8,13-17 Inclui os casos de ciúme
sintomático, ou seja, quando é parte de outro transtorno mental (ex.: alcoolismo,
demência, esquizofrenia).4,18 Nessas circunstâncias, o foco do tratamento seria o
processo principal subjacente.17
O potencial para atitudes violentas é destacado por vários autores, sendo uma área
importante em psiquiatria forense.8,10,13,17,24,25 As fichas policiais estariam subestimando
sua ocorrência, pois as mulheres, principais vítimas, raramente dariam queixa das
agressões e do "terror antecipatório" que sofrem, com exigências, ameaças e
restrições.10 O CP pode até motivar homicídios, mas muitas dessas pessoas sequer
chegam aos serviços médicos.26 Para Palermo et al.27 a maioria dos homicídios seguidos
de suicídio são crimes "de paixão", ou seja, relacionam-se a idéias paranóides de ciúme
em relações amorosas simbióticas, em geral cometidos por homens, na vigência de
alguma substância psicoativa (usualmente álcool) e quadros depressivos.
Pode-se ainda ter o delírio de ciúme bem sistematizado em sua forma pura, sem
alucinações ou deterioração da personalidade, numa apresentação
monossintomática.2 Este quadro, atualmente denominado transtorno delirante de ciúme,
seria bem mais raro. Shaji e Mathew,26 estudando 93 pacientes com transtorno
paranóide, observaram delírios de ciúme em 16% deles, e a maior parte estava na
comunidade. Para Mullen e Pathé,25 quando primário, esse sintoma seria compreensível
no contexto da história pessoal, situação vivencial e da personalidade do indivíduo.
Em 1961, Shepherd1 afirmava que nesta área os limites entre normal e patológico, não-
delirante e delirante, nem sempre seriam facilmente demarcáveis, havendo múltiplas
variantes clínicas entre reações compreensíveis de ciúme e estados delirantes francos,
incluindo casos de doenças orgânicas cerebrais (senilidade, abuso de álcool e outras
substâncias), psicoses funcionais (esquizofrenia, paranóia, psicoses afetivas), distúrbios
da personalidade e neuroses. Dentre as últimas, descreveu casos com idéias obsessivas
claramente irracionais e de caráter compulsivo.
Pela relativa escassez de trabalhos sobre esse aspecto específico do CP, o presente
estudo tem como objetivo discutir as características clínicas desses casos, ilustrando
com alguns pacientes selecionados no Serviço de Psiquiatria da Faculdade de Medicina
de Botucatu da Universidade Estadual de São Paulo (FMB/Unesp) que têm o ciúme
como conteúdo relevante na sua apresentação clínica, porém como um sintoma de linha
obsessivo-compulsiva
Apesar dos altos números disponíveis, acredita-se que a violência doméstica seja um
problema ainda maior quando consideramos o seguinte: (a) um número significativo de
casos não é notificado; (b) a dificuldade em reconhecer uma situação como violenta; (c)
certo nível de aceitação social ou justificativa para episódios de violência em alguns
casos (Baptista, 2012; Gomes & Costa, 2014; Puente & Cohen, 2003).
Para o fator prognóstico, assim como nos resultados de Puente e Cohen (2003), o
presente estudo encontrou pouca diferença, com tendência a pior prognóstico na
condição "ciúme", principalmente para o marido agressivo (2,08). Esse achado está de
acordo com o estudo de Zordan, Wagner e Mosmann (2012) que investigaram os
supostos motivos da separação por meio da análise de documentos de 152 separações
conjugais arquivadas entre 1992 e 2006. Dentre os motivos apontados (apenas 20,4%
dos casos), a maioria dos casais apontou brigas e discussões frequentes (28,9%) e
agressão do cônjuge (23,7%) como motivo da separação.
Para os fatores compreensivos e moralmente ruins, a não agressão foi vista como mais
compreensível no caso de "ciúmes" (6,09 no estudo original e 3,07 no presente estudo) e
o marido foi considerado mais moralmente errado quando apresentou comportamento
agressivo no caso de "sem ciúmes" (2,90 no estudo original e 4,00 no presente estudo),
resultados que corroboram os encontrados por Puente e Cohen (2003).
Resumo - A violência entre namorados adolescentes vem ganhando visibilidade no
âmbito científico, configurando-se como problema de saúde pública. Este estudo quanti-
qualitativo investiga como questões de gênero permeiam a violência física perpetrada
no namoro entre adolescentes. Realizou-se inquérito epidemiológico com 3.205
adolescentes (idades de 15 a 19 anos), estudantes do 2º ano do Ensino Médio de escolas
públicas e privadas de 10 capitais brasileiras. Entrevistas grupais e individuais foram
também realizadas com 519 participantes. Humilhações e agressões entre namorados
foram consideradas graves, entretanto, infidelidade e ciúme destacaram-se como
disruptores de conflitos e brigas, refletindo normas de gênero tradicionais legitimadoras
da violência. Destaca-se a necessidade de ações voltadas à desconstrução de
estereótipos de gênero e à problematização da banalização da violência entre
adolescentes
O objetivo deste artigo é investigar questões de gênero e práticas de violência física
perpetradas no namoro de adolescentes brasileiros. A violência entre namorados
adolescentes vem ganhando visibilidade no âmbito científico ao longo das últimas três
décadas. A partir da década de 80, o tema entra na pauta de pesquisas norte-americanas
e canadenses
A prevalências da violência física no namoro varia sobremaneira em função dos
diferentes métodos e conceituações utilizados, o que pode dificultar a constatação da
real gravidade e extensão do problema (Borrego et al, 2014; Foshee & Reyes, 2011).
Entretanto, diversos estudos têm mostrado índices preocupantes de agressão entre
namorados e a co-ocorrência de violência psicológica, física e sexual (Fernandez-
Fuertes & Fuertes, 2010; Sears, Byers, Whelan & Saint-Pierre, 2006; Schiff & Zeira,
2005). Estudos norte-americanos apresentam prevalências de agressão física perpetrada
contra o parceiro no namoro que variam de 11% a 41% (Foshee & Reyes, 2011). As
prevalências dos diversos tipos de agressões que podem ocorer no namoro mostramse
similares entre meninos e meninas (Fernadez-Fuertes & Fuertes, 2010; Malik, Sorenson,
& Aneshensel,1997; Molidor & Tolman, 1998; Schiff & Zeira, 2005; Wolfe, Scott,
ReitzelJaffe, et al., 2001). Direcionando o foco para pesquisas que utilizaram a escala
Conflict in Adolescents Dating Relationships (CADRI; Wolfe Scott, Reitzel-Jaffe, et al.,
2001), utilizada no presente artigo para aferição da violência entre namorados
adolescentes, obtêm-se resultados similares de prevalência de adolescentes que já
haviam perpetrado agressão física contra um namorado no Canadá, 24% (Wolfe, Scott,
Wekerle, et al., 2001), na Espanha, 24,3% (Fernandez-Fuertes & Fuertes, 2010), e no
Brasil, 24,1% (Oliveira, Assis, Njaine, & Oliveira, 2011).Comparando os resultados
entre os sexos, esses estudos mostram que as meninas apresentam mais relatos de
perpetração de violência física contra um parceiro em um momento de conflito: no
Brasil, 28,5% das meninas frente a 16,8% dos meninos (Oliveira, Assis, Njaine, &
Oliveira, 2011); entre os canadenses, 28% das meninas contra 11% dos meninos
(Wolfe, Scott, Wekerle, et al., 2001); e entre os espanhóis, 30,2% das meninas e 16,1%
dos meninos (Fernandez-Fuertes & Fuertes, 2010). Em contrapartida, são os meninos
que mais relatam terem sofrido violência física em uma relação de namoro: entre os
brasileiros, 24,9% dos meninos e 16,5% das meninas (Oliveira, Assis, Njaine, &
Oliveira, 2011); entre os canadenses, 28% dos meninos e 19% das meninas (Wolfe,
Scott, Wekerle, et al., 2001); e, por fim, entre os espanhóis, 26,3% dos meninos e 17,5%
das meninas (Fernandez-Fuertes & Fuertes, 2010). Além de apresentar altas
prevalências, a violência entre namorados adolescentes é considerada um forte preditor
da violência entre casais na idade adulta (Cornelius, Sullivan, Wyngarden, & Milliken,
2009; Frieze, 2000) e produz efeitos nefastos na saúde física e mental, bem como na
qualidade de vida de quem a vivencia, tais como baixa autoestima, dores crônicas,
ansiedade, entre outros (Cornelius et al., 2009; Foshee & Reyes, 2011). Revisão sobre
fatores protetivos e de risco para a perpetração de violência no namoro entre
adolescentes lista 53 fatores de risco, agrupando-os em problemas de saúde mental,
violência juvenil, uso de substâncias, comportamentos sexuais de risco, problemas de
relacionamento e qualidade das amizades, problemas de relacionamento familiar,
fatores demográficos e, por fim, violência na mídia. Alguns fatores de risco estiveram
presentes em múltiplos estudos dessa revisão: depressão, agressão em geral, violência
em namoros anteriores, raça/ etnia, vivência de violência entre pares, ter amigos que
cometem violência no namoro, conflito conjugal entre os pais (Vagi et al, 2013).
Entende-se que a violência entre namorados é expressão da violência de gênero, pois se
caracteriza por atos que geram danos físicos ou emocionais, perpetrados com abuso de
poder de uma pessoa contra a outra, que acontecem em relações desiguais e
assimétricas, produzidas por normas de gênero que são mecanismos por meio do qual
são naturalizadas as noções de masculino e de feminino (Butler, 2010). Dito de outra
forma, tais normas definem social e culturalmente o que é ser homem e ser mulher
(Zuma, Mendes, Cavalcanti, & Gomes, 2009). Nessas relações desiguais, via de regra, é
o feminino que figura como o polo subalternizado e oprimido, o que rendeu ao termo
“violência de gênero” a qualidade de sinônimo de violência contra a mulher, embora
não se refira somente a esse tipo de violência (Dantas-Berger & Giffin, 2005). A
violência no namoro pode trazer diversas consequências físicas, emocionais e sociais
para os adolescentes (Foshee & Reyes, 2011; Krug, Mercy, Dahlberg & Zwi, 2002).
Pautada em normas culturais tradicionais de gênero, que marcam os processos de
socialização, a violência no namoro ocorre entre
homens e mulheres e entre pessoas do mesmo sexo, embora as relações homoafetivas
não tenham sido abordadas neste estudo (Gomes, Minayo, & Silva, 2005; Saffiotti,
2004), e precisa ser entendida a partir de uma perspectiva relacional, entendendo a
violência como uma forma de comunicação (Gregori, 1993). Duas categorias são
importantes nas análises deste estudo: patriarcado (Saffiotti, 2004) e dominação
masculina (Bourdieu, 2011). Para Saffioti (2004), as categorias gênero, patriarcado e
violências estão profundamente imbricadas, já que a cultura patriarcal, fortemente
hierarquizante, tem a violência como um elemento constitutivo, com destaque para a
“pedagogia da violência” (Saffioti, 2004, p.74), em que se banaliza o exercício do poder
por meio da força e da dominação daqueles considerados hierarquicamente inferiores,
com a anuência, o incentivo ou apenas a tolerância da sociedade. Já a dominação
masculina refere-se a uma lógica social androcêntrica que se inscreve nas coisas e nos
corpos, por meio das práticas cotidianas, de forma sutil e tácita, que se traduz na
incorporação da ordem masculina a partir das “rotinas da divisão social do trabalho, ou
dos rituais coletivos e privados” que desvalorizam, subjugam e excluem o feminino
(Bourdieu, 2011, p. 7). São mecanismos sutis de dominação e exclusão social que
expressam uma submissão paradoxal que atravessa homens e mulheres, dominantes e
dominados, de forma imperceptível, o que o autor chamou de violência simbólica. No
que se refere às possibilidades de escape às normativas de gênero, de transformação e
de pluralidade de formas de vivenciar o ser homem e o ser mulher, este texto se apoia
nas proposições de Judith Butler (2010). Ancorada nas proposições foucaultianas sobre
o poder como exercício e como relação de forças, a autora recusa a noção de identidades
de gênero fixas, imutáveis e a-históricas. Afirma que as normas de gênero são
“contingenciais” e produzem identidades que se revelam de formas precárias,
construídas por meio de “performances instituídas”, repetições incorporadas de gestos,
movimentos e estilos reproduzidos e atualizados ao longo do tempo, ou mesmo
abandonados e esquecidos, conforme os contextos históricos e relacionais (Butler, 2010,
p. 200). O foco do presente artigo são as questões de gênero que permeiam a violência
física perpetrada nas relações de namoro entre adolescentes, uma vez que grande parte
dos estudos sobre esse tema e essa faixa etária privilegiam abordagens epidemiológicas
com enfoque nas agressões/ vitimizações por sexo, mas não aprofundam as discussões
sobre as relações de gênero (Tolman, Spencer, RosenReynoso, & Porshe, 2003). Além
disso, privilegia-se o diálogo com a literatura que trata de relacionamentos entre
adolescentes, dadas as especificidades dessa etapa da vida, entre elas, o que Heilborn
(2009) chamou de “aprendizado amoroso”, quando as vivências das primeiras
experiências afetivo-sexuais, em geral, estão em curso. Assim, acredita-se que este
estudo possa contribuir para um maior conhecimento sobre a violência nas relações
afetivosexuais na adolescência, bem como sobre as estratégias de prevenção, a partir da
compreensão das práticas de violência
Os relatos dos adolescentes destacam o ciúme e a infidelidade como fatores que
legitimam e justificam as agressões físicas entre namorados, tanto por parte dos
meninos, quanto por parte das meninas. Tal legitimidade encontra respaldo em normas
de gênero que se expressam na violência como construção da masculinidade, na
banalização da violência física feminina e na violência física contra meninas
perpetradas por ambos os sexos.
Conforme pode ser constatado na Tabela 1, em relação à garota humilhar ou agredir o
namorado, a maioria das respondentes avalia esses atos como graves ou muito graves
(acima de 90% do total), independente da prática pessoal ou não de agressão física no
namoro. Quando, porém, acrescentam-se motivações para as agressões físicas
embasadas em ciúmes ou fundamentadas na exigência de fidelidade no relacionamento
afetivo, cresce substancialmente o percentual de garotas que concorda com a
legitimidade das agressões físicas. Visto de outra forma, na Tabela 1, percebe-se que as
meninas que concordam com o ato de agredir outra garota por estar dando em cima de
seu namorado têm mais chances (OR=3,05) de praticar agressão física no namoro se
comparadas àquelas que discordam de tal ato. No que se refere à concordância com o
fato de uma garota apanhar do namorado por infidelidade no namoro, a chance daquelas
que perpetram agressão física na relação afetivo-sexual é 3,2 vezes maior se comparada
com as garotas que discordam de tal ato. Assim como observado em relação ao próprio
sexo, 98% das garotas consideram grave ou muito grave o ato de os rapazes humilharem
e agredirem as namoradas, sem diferenças significativas entre as que já agrediram
fisicamente seus parceiros em um relacionamento afetivosexual e as que nunca
agrediram. Quanto às agressões motivadas pela infidelidade do garoto, as meninas que
já praticaram agressões físicas no namoro concordam bem mais (OR=3,65) que o rapaz
merece apanhar, em relação às que
nunca praticaram agressão física no namoro. Não se notou distinção estatisticamente
significativa em relação ao item “o garoto tem direito de agredir outro que esteja dando
em cima de sua namorada”. Quando se compara a visão das meninas em relação ao sexo
feminino e masculino, verifica-se que as garotas, em sua maioria, condenam as
agressões físicas e as humilhações no namoro, mas, principalmente, aquelas praticadas
pelos meninos contra suas namoradas. Todavia, garotas se colocam com mais direitos
de agredir outra que esteja dando em cima do namorado do que admitem para o mesmo
fato no sexo oposto. Dito de outra forma, elas concordam mais com a agressão entre
garotas, por ciúme do namorado, do que com a agressão entre garotos, por ciúme das
namoradas. Já no que se refere a apanhar em caso de infidelidade, meninas se julgam
menos merecedoras. Tal qual observado entre as meninas, mais de 93% dos garotos
consideram muito grave ou grave que o namorado humilhe ou agrida a namorada
(Tabela 2). O direito de agredir outro rapaz que esteja dando em cima da namorada é
informado por um número grande de rapazes, indicando, mais uma vez, o ciúme como
um fator que motivaria a agressão física. Essa realidade é mais cristalizada entre os
rapazes perpetradores de agressão física no namoro (OR=2,41). Concordar com a
afirmativa de que o garoto infiel à namorada merece apanhar foi mencionado por muitos
rapazes. Entre aqueles perpetradores de agressão física no namoro, nota-se maior
concordância com tal visão (OR=2,14). A maioria dos garotos afirma que a namorada
humilhar e agredir o namorado é muito grave/grave, no entanto, muitos concordam com
o merecimento de a garota agredir outra que esteja dando em cima do namorado, com
uma OR=2,15, indicando a maior perpetração de agressão física entre os rapazes que
concordam com tal afirmativa. Entre os rapazes que relataram já terem praticado
agressão física no namoro, os que acham que a namorada merece apanhar se tiver sido
infiel ao namorado mostraram maior chance (OR=3,35) de perpetração de agressão
física no namoro. Comparando-se a visão dos garotos em relação ao próprio sexo e ao
oposto, notam-se mais similaridades do que diferenças. Destaca-se apenas o direito de
agredir outro por ciúme, que é mais legitimado para o sexo masculino. Comparando
meninos e meninas no que tange à agressão física a outra pessoa por ciúme do
parceiro(a), entre as meninas (Tabela 1), percebe-se que, embora os índices tenham sido
menores em comparação aos garotos (Tabela 2), os dados sugerem uma aceitação muito
maior da agressão de uma garota contra outra por ciúme do namorado do que da
agressão entre meninos por ciúme da namorada. Entre os meninos, embora esse tipo de
agressão tenha apresentado altos índices (Tabela 2), não houve, todavia, grandes
diferenças entre as visões de meninos e meninas. Embora tenha sido comum o discurso
chancelado socialmente de que a violência não é a melhor maneira de resolver conflitos,
a infidelidade é usada como justificativa para as agressões, tanto pelos meninos quanto
pelas meninas. O sentimento de ciúme provocado pela infidelidade, real ou apenas
suposta, é apontado como principal disparador dos conflitos no namoro, conflitos esses
que podem evoluir para brigas e atitudes violentas entre os parceiros. Associado ao
cuidado entre aqueles que se amam, o ciúme é percebido como negativo pelos
adolescentes somente quando é considerado exagerado, manifestando-se através de
comportamentos controladores ou de agressões diversas, inclusive físicas: “o ciúme
obsessivo coincide com a violência” (garota, GF misto).O comportamento controlador
mostrou-se comum entre ambos os sexos, com meninas considerando os garotos mais
controladores e ciumentos, em contraposição aos garotos, que, por sua vez, sentem-se
mais controlados e cerceados em sua liberdade por suas namoradas.
Schraiber et ai. (2007) afirmam que a violência sofrida pela mulher é muitas vezes
grave e repetitiva, com consequências que afetam a saúde física, psicológica e
reprodutiva da mulher, podendo persistir mesmo após a cessação da violência. Por isso,
os estudos são um importante instrumento para aprofundar nossa compreensão sobre a
problemática da violência contra a mulher e, assim, contribuir para sua redução.
Para Viviane Tavares Pessoa, psicóloga da plataforma online Telavita, que atua em
Feira de Santana (BA), é válido entender que esse tipo de ciúme tóxico não aparece do
nada. "O ciúme é uma característica humana, porém, pessoas com desequilíbrio
emocional, desordem do desenvolvimento psicossexual e um conjunto de processos
experienciados na vida pela pessoa ciumenta, pode chegar ao ponto de estar em um
ciclo doentio e de relacionamento abusivo", fala.
Ele salienta que o profissional também pode identificar que muitas vezes o ciúme pode
ter motivos reais e não só emocionais. "Isso significa que pode realmente existir traição,
indiferença e omissões da outra parte. As relações humanas são complexas e nem
sempre há apenas uma verdade. É sempre bom olhar com honestidade, carinho
e empatia a dor de quem nos relacionamos."
Ciúme excessivo pode ser algum transtorno mental? O que fazer?
O ciúme é um sentimento comum e normal em relações humanas e pode sim surgir por
conta de algum transtorno mental. Por isso, é de extrema importância buscar a ajuda de
um profissional, se o ciúme estiver muito intenso e cause sofrimento significativo, ou
interfira no trabalho, na própria relação amorosa, na família e em outros aspectos da
vida da pessoa. Tanto o psicólogo como o psiquiatra estão aptos para identificar até que
ponto este sentimento está em um nível adequado, ou se é necessária uma ajuda
específica.
O ciúme é um sentimento comum e normal em relações humanas e pode sim surgir por
conta de algum transtorno mental. Por isso, é de extrema importância buscar a ajuda de
um profissional, se o ciúme estiver muito intenso e cause sofrimento significativo, ou
interfira no trabalho, na própria relação amorosa, na família e em outros aspectos da
vida da pessoa. Tanto o psicólogo como o psiquiatra estão aptos para identificar até que
ponto este sentimento está em um nível adequado, ou se é necessária uma ajuda
específica.
Vale dizer que, em termos clínicos, não podemos falar em uma síndrome única. Na
verdade, há diversos tipos de quadros. Em comum, eles compreendem vários
sentimentos perturbadores, desproporcionais e absurdos, os quais determinam
comportamentos inaceitáveis ou bizarros.
É importante saber que o ciúme patológico pode aparecer relacionado com qualquer
outro diagnóstico psiquiátrico. É o caso por exemplo de psicoses orgânicas, distúrbios
paranoides, psicoses alcoólicas e esquizofrenias.
Em pacientes ambulatoriais o ciúme patológico relaciona-se em grande parte a quadros
depressivos, ansiosos e obsessivos. Nas mulheres, há incidência maior na gravidez e
menopausa. Há estudos ainda que indicam a prevalência do ciúme patológico no
alcoolismo, girando em torno de 34%.
Existe também o ciúme patológico em sua forma pura, sem alucinações ou deterioração
da personalidade, mas é bem raro que ele apareça dessa forma, estando em geral
relacionado a outros quadros. Há inclusive diversos estudos que relacionam o ciúme
doentio como motivo da obsessão em casos de Transtorno Obsessivo-Compulsivo
(TOC).
Como pudemos perceber, o diagnóstico do ciúme mórbido não é nada simples, havendo
uma grande gama de quadros e doenças relacionadas. Por isso, trata-se de uma situação
em que é imprescindível a ajuda de um profissional.
Se você passa por um quadro parecido ou conhece alguém para quem o ciúme tornou-se
uma fonte de dor e prejuízos sociais, não deixe de procurar ou indicar a procura de um
psicólogo.
Para cada quadro, há um tratamento diferente que pode proporcionar as condições para
que a pessoa recupere da melhor maneira suas condições de se relacionar e ter uma vida
saudável. Com amor, sim, mas com um ciúme que não seja possessivo nem agressivo.
MAS O QUE É O CIÚME PATOLÓGICO?
A partir disso, já podem surgir os prejuízos provocados por essas ideias delirantes,
como o namorado começar a se enraivecer e se comportar de maneira ríspida para com
os amigos dela, pois acredita apenas nas suas próprias interpretações sobre o fato.
Assim, paras as pessoas que não estavam experimentando essas ideias delirantes (a
namorada e o amigo dela), o momento divertido termina de maneira negativa e às vezes
até de maneira muito agressiva. E quando o casal se retira do ambiente, geralmente, a
briga prossegue com agressões verbais e até físicas, em alguns casos.
EVITE ESTIMULAR
COMO TRATAR
A dependência emocional costuma ter sinais claros, mas quem está na situação nem
sempre consegue enxergá-los. Ciúme, controle e possessividade são indicadores dessa
dependência que, em geral, acomete relacionamentos conjugais. Mas também pode
acontecer entre amizades e familiares: aquele amigo que quer atenção integral ou uma
mãe que acredita que precisa dar atenção total a um único filho, podem indicar o
problema.
"O conflito e as diferenças podem não ter espaço, pois se aparecem, ameaçam a
continuidade do vínculo, podendo gerar rompimento", justifica a psicóloga Débora S. de
Oliveira, docente do Curso de Psicologia da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul).
E isso ocorre justamente porque foi instalada uma dependência emocional. O outro
passa a ser colocado em uma posição no qual preenche o vazio, como se fosse o
responsável pela sua completude. Porém, esse tipo de relacionamento não é saudável e,
muitas vezes, é necessária ajuda profissional para conseguir reconhecê-lo.
Quem sofre com a dependência emocional tende a querer exclusividade e, para isso,
pode se valer de persuasão e chantagem. Nada do que o outro faça longe dele, ou seja,
outros contatos e situações, têm valor. "O dependente costuma criticar tudo que o outro
faz ou conquista em que ele (o dependente) não esteja presente, como se qualquer ação
sem a sua participação fosse problemática", detalha Guimarães.
A proposta é manter um isolamento, como se a atenção do outro devesse ser exclusiva
ao dependente. O especialista da UnB diz que essa situação pode ser muito presente
entre mãe e filho que desenvolve algum tipo de dependência química, como se a
genitora lhe devesse total atenção para superar o problema. E ela, por se sentir
responsável e até culpada pela situação, acaba dedicando-se integralmente ao filho
doente.
A dependência emocional em seu início parece banal, e até aceitável. Mas ela pode
evoluir para situações de total controle e violência. E isso costuma ser muito recorrente
em relacionamentos conjugais que, mesmo trazendo dores e sofrimento, acabam se
perpetuando mesmo com um convívio doentio.
Segundo o docente, casos em que o homem tira a vida da parceira e suicida-se podem
ser um sinal de dependência emocional. "É importante que os homens também falem
sobre relacionamentos, pois precisam de ajuda para perceber a violência que cometem",
considera Guimarães. Mas, na prática, qualquer pessoa pode cair nessa armadilha
independentemente de gênero, faixa etária ou classe social.
Extremos costumam ser fáceis de identificar. "O ciúme também é uma característica
muito frequente, pois a pessoa fica refém daquele relacionamento querendo manter um
controle exacerbado por medo de abandono", elucida o psiquiatra Aderbal Vieira Junior,
responsável pelo ambulatório de tratamento de dependências de comportamentos do
Proad da Unifesp (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da
Universidade Federal de São Paulo).
O psiquiatra explica que para quem convive com a situação ou está próxima dela pode
ser mais fácil notar o desequilíbrio. No entanto, essa dependência tende a provocar uma
anestesia emocional que impossibilita o paciente de perceber o problema.
Assim como existem pessoas que não conseguem se livrar das drogas ou da bebida,
também é possível tratar a dependência emocional. Portanto, a ajuda profissional pode
ser imprescindível para vencer o problema. "A terapia ajuda a encontrar padrões
repetitivos de relacionamentos com dependência emocional, além de auxiliar na busca
de alternativas sem que se fique preso em buscas por relações 'que vão me fazer feliz',
como se a felicidade pudesse ser encontrada no outro", afirma Oliveira.
O que é?
Todo relacionamento envolve o sentimento de ciúmes em certo grau. O ciúme é uma
reação humana, e por si só, não é algo negativo. Ele demonstra que o parceiro(a) está se
sentindo ameaçado frente a uma situação, com medo de perder a pessoa amada. Nesses
casos, uma conversa sincera e tranquilizadora tende a amenizar o sentimento de
insegurança. Porém, o ciúme patológico ou doentio, também conhecido como
“Síndrome de Otelo” envolve uma constante percepção de que o indivíduo está sendo
traído pelo parceiro (a). Assim, todo e qualquer estímulo pode servir como “sinal” de
traição, mesmo que não haja qualquer vestígio de rival. O ciumento fundamenta não
fundamenta suas ações em fatos reais, mas em falsas interpretações da
realidade. Combater o ciúme patológico é de extrema importância, pois ele desgasta o
relacionamento. O tratamento psicológico do ciúmes pode impedir que consequências
mais graves (como por exemplo, um crime passional) ocorram.
Sintomas do ciúme patológico ou doentio
Não existe uma ferramenta de medição do ciúme, que possa definir se ele deve ser
considerado normal ou patológico. Porém, o ciúme patológico causa intenso
sofrimento, tanto para o ciumento quanto para o parceiro (a). De qualquer forma,
existem algumas características que indicam a presença da Síndrome de Otelo e servem
como alerta para a procura por um tratamento do ciúme patológico:
Controlar o parceiro (a);
Fazer visitas “surpresa”;
Checar e-mails, bolsas, telefone, contas do cartão;
Telefonas inúmeras vezes ao dia;
Implicar com a roupa do parceiro (a) e com seus amigos;
Seguir o parceiro (a) ou até mesmo contratar um detetive.
Em muitos casos pode haver agressão física e ameaças de diversas ordens, o que indica
mais uma vez, a urgente necessidade de procurar um tratamento para o ciúme doentio.
Como identificar o ciúme patológico ou doentio
Como já mencionei, não existe um instrumento que mede o grau do ciúme. Porém,
o ciúme patológico é um sentimento que gera uma série de consequências e
desconfortos. O ciumento geralmente sente ansiedade, raiva, culpa, vergonha,
insegurança contínua, baixa autoestima, medo incontrolável de perder o parceiro(a),
desejo de vingança, depressão, remorsos e pensamentos intensos e recorrentes que o
levam aos comportamentos compulsivos (por exemplo, os de verificação). A vítima
pode facilmente desenvolver um transtorno de ansiedade ou depressão, por conta das
grandes limitações às quais é exposta pelo parceiro (a). Além disso, sentimentos de
injustiça, angústia, medo do parceiro (a), perseguição, baixa autoestima, desesperança
pela vida e sentimento de “perda de identidade” são constantes. É comum o afastamento
dos amigos e até mesmo da família, nos casos mais graves. A presença desses
sentimentos indica que a situação está “fugindo do controle” e a necessidade
de combater o ciúme patológico deve ser priorizada.
Como a terapia pode ajudar
O tratamento psicológico do ciúmes, por meio das terapias de abordagem
comportamental é altamente indicado, pois essas terapias possuem diversos estudos e
pesquisas de alto grau de evidência científica. Quando quem procura o tratamento é a
pessoa que sofre de ciúmes, o terapeuta busca identificar as causas desses
comportamentos e procura entender, juntamente com ele, as contingências que o
mantém a emitir tais comportamentos. Além disso, algumas crenças disfuncionais são
reestruturadas. Da mesma forma, quando o paciente é a vítima, são feitas análises que
buscam identificar quais comportamentos mantém os comportamentos ciumentos do
parceiro(a). Além disso, o terapeuta procura elevar o autoconhecimento da vítima, para
que assim, ela possa lidar com a situação de forma mais confiante e segura.
O ciúmes é um sentimento inerente aos seres humanos e que pode estar presente nas
mais diversas relações.
É bem verdade que, em geral, esse sentimento nos provoca mais descontentamentos do
que felicidade, mas você sabe classificar o seu ciúmes?
Provavelmente essa não seja uma tarefa tão fácil, por isso, vamos discutir hoje todos os
aspectos que estão envolvidos com essa emoção, para que você possa entender o quanto
o ciúmes está interferindo na sua vida e nas suas relações.
O que é o ciúmes?
Em uma relação, o ciúme pode estar presente quando existe desconfiança, insegurança,
tendência ao controle e posse, dentre outros fatores que dificultam confiar na outra
pessoa.
Para ela, relações mal-sucedidas anteriormente também podem influenciar. “Relações
anteriores em que houve traição ou um relacionamento abusivo e muitos conflitos
amorosos também podem contribuir para que o ciúme esteja presente na nova relação”,
afirma.
Na maioria dos casos, ter ciúmes em alguma relação é completamente normal. Porém,
quando esse grau de ciúmes é desproporcional, constante e até mesmo sem fundamento,
podemos vivenciar o ciúmes obsessivo, que está mais relacionado a necessidade de
controle e desconfiança, do que de amor.
A pessoa ciumenta obsessiva não costuma ter uma visão realista do seu próprio
comportamento, não enxergando que o limite pessoal está sendo destruído e invadido.
Agora você deve estar se perguntando, então qual a diferença entre o ciúmes saudável e
o obsessivo?
Como você deve perceber, o ciúmes inerente ao ser humano, ou seja, o saudável, está na
esfera apenas do receio e preocupação em se distanciar das pessoas e das relações que
criamos.
É um sentimento que não atrapalha, controla ou machuca a vida do outro e nem a de si
próprio.
Nesse transtorno, pequenas evidências, como chegar mais tarde em casa, perfumes
diferentes ou até mensagens privadas, tornam-se uma justificativa acumulada para o
delírio, que pode levar até a medidas extremas com acusações verbais, violência e
abuso.
Causas do ciúmes
As causas do ciúmes podem ser variadas de acordo com as pessoas e as relações, mas
sua base é sempre a questão de insegurança, falta de autoconfiança e baixa autoestima.
Para esses casos, a pessoa exprime sua necessidade de afeto e carência que vem desde a
fase infantil para o seu parceiro ou amigos. Outra causa comum é a insegurança fonte de
alguma experiência de humilhação ou trauma.
Sintomas do ciúmes
É difícil nos darmos conta dos sintomas que podem indicar um excesso de ciúmes ou
até os sinais de um ciúmes obsessivo, mas em geral há algumas atitudes e sensações
mais genéricas:
Violação da privacidade;
Ciúmes: tratamento
Você pode achar que ciúmes não tem tratamento ou cura, mas a verdade é que existe
sim formas de você administrar melhor esse sentimento e até se livrar dos sintomas
obsessivos.
E uma ferramenta que pode nos ajudar, tanto como indivíduo ou como casal, é
a psicoterapia. Com a ajuda de um especialista você irá conseguir identificar o que está
por trás desse sentimento e irá desenvolver habilidades para superá-lo.
Segundo a especialista Milena Lhano:
Nesses casos, quando ambos têm a mesma ideia e o ciúme não é um problema, ele pode
ser saudável sim, pois ajuda a manter o relacionamento”, explica Milena.
A terapia, assim como para outras questões da nossa vida, nos ajuda a nos transformar
nas pessoas que gostaríamos de nos conhecer.
Se você é uma vítima de uma outra pessoa ciumenta obsessiva, é bom não se intimidar e
tentar lutar pelos seus direitos de existir e viver com liberdade e cercada de amor.
É muito importante que você saiba avaliar o grau de obsessão do seu parceiro ou
parceira, para que não haja um perigo iminente que possa colocar você e sua integridade
moral e física em perigo.
Por isso, procure ajuda, converse com amigos e não se cale diante dessa situação.
Quando você é permissivo e deixa que haja o controle por parte do obsessor, você não
ajuda a resolver a situação, ao contrário, só o torna ainda mais agressivo e fora da
realidade.
Dicas para não ser tão ciumento
Há também algumas dicas dos especialistas que podem ajudar a controlar e a lidar
melhor com o seu ciúmes.
Lembrando, que ter uma ajuda profissional, caso você já tenha se identificado com os
sintomas, é ainda a melhor opção para se livrar desse sentimento.
De qualquer forma, vale algumas ações e pensamentos para você começar a trabalhar
esse problema dentro de si hoje mesmo:
Tenha inteligência emocional: a inteligência emocional irá lhe conectar com as suas
mais profundas relações com os seus próprios sentimentos, fazendo que não seja uma
surpresa constante as suas reações, decepções e sucessos;
Saiba dizer não, e sim também: limite é a palavra-chave, tanto para você ter para as
outras pessoas, como para si. Não se deve fazer tudo que todos pedem, é preciso se
conectar com as suas verdadeiras vontades e desejos para ser feliz.
Quer se conhecer, trabalhar o ciúmes e saber como controlar e ressignificar? Conheça
os especialistas em saúde emocional do Zenklub e comece a sua jornada rumo ao bem-
estar emocional.
Um novo estudo realizado pela Universidade de Houston, nos Estados Unidos, revelou
que pessoas ciumentas tendem a abusar de bebidas alcoólicas com mais facilidade. De
acordo com os pesquisadores, pessoas dependentes de um relacionamento amoroso e
que acreditam que são vítimas de traição apresentam maior risco de afogar as mágoas
no bar.
Alguns fatores presentes na sociedade tornam difícil combater os ciúmes. Por exemplo,
demonstrações do sentimento ainda costumam ser vistas como gestos
românticos quando, na verdade, existem maneiras mais saudáveis de expressar o amor.
Se você fica enciumado quando o seu parceiro interage com outras pessoas ou atende
compromissos sociais sem você, é provável que sofra de ciúme excessivo.
Questione-se sobre o motivo dos ciúmes. Qual é a situação que despertou o sentimento?
Por que você está com ciúmes? Aconteceu algo no passado para você se sentir assim
hoje? Se houver, é uma questão que deve ser conversada com seu companheiro.
A psicóloga Sandra Quero afirma ainda que os ciúmes mais comuns são os que
ocorrem no âmbito dos relacionamentos amorosos.
Esta situação de desconfiança contínua gera uma grande tensão emocional na pessoa
ciumenta e em seu parceiro. Este último se sente assediado, monitorado e interrogado na
maior parte do tempo, geralmente sem motivos.⠀
Se não houver consciência de que o ciúmes pode estar em excesso, é pouco provável
que a pessoa vá buscar ajuda. ⠀
O mais provável é que por trás disso existam pensamentos distorcidos acerca do
relacionamento amoroso e do comportamento da pessoa amada.
Uma vez recolhida esta informação, é preciso analisá-la. Temos que buscar provas de
que o que pensamos é real ou está realmente acontecendo.⠀
⠀
Por mais que as pessoas ciumentas tenham uma má fama, a verdade é que elas sofrem e
que seu sofrimento é real. Por isso, se este problema condiciona a sua vida em algum
grau, não se envergonhe e procure ajuda para controlar os ciúmes.⠀
Tudo o que você pode fazer é expressar os seus sentimentos e observar a reação do seu
parceiro.
Segundo o psicólogo Hélio Malka, o ciúme é um sentimento natural em todo ser capaz
de criar vínculos afetivos e funciona como um alarme interno, que pode ser acionado
por motivos concretos ou abstratos, imaginários.
Ele está relacionado com o medo de perder a atenção de alguém ou até mesmo perder
esse alguém para outro.
Antes de mais nada, reconheça quando você está sendo ciumento, credite que você
merece que alguém te ame e que quer ficar só com você. Além disso, aprenda a confiar
no outro.
Esta dica é um complemento das duas anteriores. Além de deixar bem claro o que você
procura no relacionamento, converse sempre que se sentir inseguro, após uma
discussão, e também compartilhe as coisas boas.
Você precisa sentir que pode se abrir com ele/ela. Caso contrário, o desconforto em
dialogar pode indicar um ponto a ser trabalhado.
5. Eleve a sua autoestima
Embora relacionar-se seja saudável e parte da vida, não se pode esquecer quem merece
toda a sua atenção: você mesmo. Por isso, trabalhe a sua autoestima para que você possa
amar também a pessoa refletida no espelho.
As pessoas são diferentes, portanto, vivem, pensam e agem de forma diferente. Quando
você não respeita isso, demonstra que não confia totalmente no seu parceiro.
Logo, quer controlar todos os seus passos. Mas, pense, você gostaria que alguém fizesse
isso com você?
Se você já sofreu uma traição, é normal ficar com alguns receios. No entanto, em algum
momento, precisará se libertar do passado.
8. Racionalize o sentimento
Quando a crise aparecer, veja os ciúmes com os olhos de um cientista. Faz sentido não
querer que o parceiro encontre os amigos? Todo mundo sai para se divertir com quem
ama e confia, então, qual é o problema? Esta dica é especialmente eficaz para quem
sofre com crises recorrentes.
9. Aprenda a demonstrar o amor de forma diferente
Os ciúmes, ao contrário do que muitos pensam, não são uma expressão de amor. São
uma forma de possessão.
Assim como você não deve cair em devaneios sobre relacionamentos passados, não
precisa se comparar com os ex-parceiros da outra pessoa. Afinal, cada um é cada um!
Se o seu parceiro está com você até hoje e lhe trata super bem, é sinal que escolheu ficar
com você porque gosta da sua personalidade.
Muitas pessoas se envolvem tanto com a relação que negligenciam amigos e familiares
assim como deixam de fazer o que amam para viver em função de agradar o
parceiro. Essa postura nociva pode se tornar tóxica. Todo mundo precisa de uma vida
social ativa.
13. Busque terapia
Segundo a psicóloga e psicanalista Giselle Ladeia, Freud dividia o ciúme em três níveis:
competitivo/normal, o projetado e o delirante.
Dessa forma, cada nível possui um grau diferente de intensidade e de mecanismos
emocionais envolvidos, podendo inclusive ter um caráter doentio nas condições mais
graves.
Para Freud, o ciúme é composto, principalmente, pelo pesar e sofrimento causado pelo
pensamento de perder o objeto amado, e da ferida narcísica, de sentimentos de
inimizade contra o rival bem-sucedido e de maior ou menor quantidade de autocrítica.
Nesse sentido, há vários sofrimentos implicados, como por exemplo: a perda do objeto
amado, que gera a dor do luto. Há também a dor narcísica, o defrontar-se com a ideia de
que não se é tão indispensável para o amado como se pensava (filhos mais velhos, por
exemplo, com a chegada do irmão mais novo, é bastante comum!).
Vittude está aqui para ajudar a libertá-lo dos ciúmes! Conte conosco para encontrar o
profissional certo para tratar essa questão e, ainda, devolver o amor leve e gostoso ao
seu relacionamento.
Quando nós temos algo com alguém, é comum ter medo de perder essa pessoa, e as
vezes essa insegurança nem tem justificativa, ela só existe. Nos casos em que existe sim
uma justificativa, é preciso refletir se isso vale ou não a pena.
Em alguns relacionamentos, a confiança já foi tão quebrada que não há mais esperança.
Contudo, precisamos ressaltar que em um relacionamento, os dois precisam ceder e se
esforçar as vezes e uma desses pontos é saber como controlar o ciúme.
O ciúme excessivo geralmente é motivo para grandes brigas, e com isso, o
relacionamento é cada vez mais desgastado. As consequências se concentram no
término, mas você pode reverter essa situação.
É importante que você entenda que o ciúme não é um problema, e sim a sua demasia.
Então, não se culpe por nenhum tipo de sentimento, só aquele que prejudica sua vida e a
do seu parceiro.
4) Negação. Quem está com o ciúme em alta não costuma admitir que está errado por
isso, e nas brigas ninguém consegue ter uma conversa normal sem que termine em
conflitos.
Queremos ressaltar aqui que ao primeiro sinal de interferência na sua vida, procure um
profissional da área de Psicologia, ele poderá ajudar a criar meios para saber como
controlar o ciúme. Não é normal parar a sua vida por causa de ciúmes, nem ter
dificuldades recorrentes para manter um relacionamento.
Nesses casos, você precisa de ajuda profissional, não só por relacionamentos amorosos,
como também as relações diárias, normais. Você precisa se conectar e comunicar com
pessoas ao longo de sua vida e relacionamento nenhum pode te impedir disso.
Não tome essas dicas como verdade absoluta, e sim como base para identificar um
possível problema futuro ou até mesmo presente.
– Admitir que está com um problema. Não tem nada de errado admitir que você está
errado(a) e que precisa de ajuda, o que é errado mesmo é guardar sentimentos ruins
dentro de você, isso só vai te prejudicar.
– Procure sempre alimentar a confiança com seu parceiro. A confiança é o pilar que
sustenta o relacionamento, e somente confiando você vai conseguir diminuir
esse sentimento de ciúme. Lembre-se que isso é mútuo, ou seja, tem que partir dos
dois.
Já os homens usavam o ciúme como uma forma de garantir que a parceira não geraria
filhos de outros machos”, diz o psicólogo Thiago de Almeida, especializado em relações
difíceis e autor do livro “Ciúme e Suas Consequências para os Relacionamentos
Amorosos” (Editora Certa). Dos primeiros enlaces românticos até hoje, o ciúme muitas
vezes apareceu atrelado a conceitos positivos, como zelo e proteção. A máxima de que
“quem ama cuida” é comumente citada pelos ciumentos para justificar seus atos.
“Porém, quando esse sentimento passa a ser um sofrimento muito grande, a ponto de
prejudicar a vida daquele que o sente, ou a de seu parceiro, pode se tratar de um quadro
de ciúme patológico”, alerta Almeida.
Os ciumentos sempre olham para tudo com óculos de aumento, os quais engrandecem
as coisas pequenas, agigantam os anões, e fazem com que as suspeitas pareçam
verdades (Cervantes)
Há muito tempo o ser humano se depara com preocupações sobre o ciúme, no tocante
aos conflitos amorosos e com suas conseqüências para os mesmos. Por que os casais se
desentendem, freqüentemente, em virtude do ciúme? Por que se separam? Por que o
amor acaba? Estas e tantas outras questões que desde há muito foram formuladas,
impulsionam-nos na busca de respostas.
Se por um lado, para muitos, o ciúme representa uma manifestação de amor, ele
também pode ser considerado, por outro lado, para outras pessoas, como um sentimento
que produz angústia, pode atingir formas doentias e abalar a saúde física e mental dos
envolvidos direta ou indiretamente com ele. Todavia, também se pode tratá-lo como
algo inevitável, porque em um maior ou menor grau, todas as pessoas estão sujeitas a
ele. Há que se ressaltar também a existência de uma pluralidade de entendimentos, pelas
diferentes culturas, no que se refere ao ciúme (Almeida, 2007b).
Dessa forma, quer como vítimas, ou ainda, como algozes dos parceiros, as pessoas são
obrigadas a permanecer atentas para saber elaborá-lo em favor de sua vida amorosa, a
fim de conquistarem um relacionamento amoroso com uma maior satisfação e menos
conflitos desnecessários (Almeida, 2003, 2004, 2007a, 2007b; Almeida & Mayor, 2006;
Clanton & Smith, 1998; Hintz, 2003; Melamed, 1991; Pines, 1998; Pines & Aronson,
1983). Logo, se não nos dermos o trabalho de refletir a respeito deste tema, talvez
estejamos perdendo uma preciosa oportunidade para otimizar a qualidade dos nossos
relacionamentos amorosos, os quais tanto valorizamos e queremos preservar, inclusive
por meio dos mecanismos do ciúme.
Há que se levar em conta que os casos de ciúme romântico que serão apresentados aqui
estão longe de esgotar este conceito, estabelecer a realidade, ou mesmo generalizar as
explicações para o fenômeno. Portanto, nos estudos apresentados a seguir, não se deve
esperar que o ciúme romântico heterossexual explique integralmente todas as possíveis
dinâmicas relacionadas. Por exemplo, muitos destes achados não podem ser
generalizados para pessoas que se afiliem homoeroticamente. Porém, estes estudos
auxiliam na compreensão de muitos casos similares, e, portanto, essas referências não
são tão inconclusivas como se pode previamente cogitar.
Entre todos os tipos de ciúme citados na literatura científica, o ciúme romântico, isto é,
aquele que ocorre em relacionamentos amorosos, é um dos que tem despertado maior
atenção de psicólogos e leigos. Dentre as mais diferenciadas emoções humanas, o ciúme
é extremamente comum (Kingham & Gordon, 2004). Segundo alguns teóricos, ele seria
inerente, isto é, constitutivo da natureza humana de maneira que todos nós seríamos
ciumentos em maior ou em menor grau. Ele pode ocorrer em quaisquer tipos de
relacionamentos, mas está comumente associado aos relacionamentos amorosos
(Bringle, 1995).
Pode-se dizer que mesmo quando não se trata de um namorado com vistas a um
relacionamento de longo prazo, as pessoas são temerosas de que seus parceiros
encontrem outros parceiros potencialmente mais atraentes e gratificantes do que elas, e
dessa forma, alimentam, freqüentemente, uma insegurança afetiva (Buss, 2000; Murray
& Holmes, 2000). Conseqüentemente, por se encarar os relacionamentos amorosos
como empreitadas de elevado risco e, talvez, com não tão significativos benefícios,
vive-se em busca de se apossar do que é melhor em cada pessoa, a cada momento, numa
dinâmica contraproducente à qualidade de qualquer relacionamento (Almeida, 2007a).
Todos nós cultivamos certo grau de ciúme. Afinal, quem ama cuida. Mas, como este
desvelo pode variar na interpretação de uma pessoa para a outra, de forma análoga, o
ciúme também variará. Portanto, o ciúme desenvolve-se quando sentimos que nosso
parceiro não está tão estreitamente conectado conosco como gostaríamos (Rosset,
2004). O ciúme geralmente surge quando um relacionamento diádico valorizado é
ameaçado devido à interferência de um rival e pode envolver sentimentos como medo,
suspeição, desconfiança, angústia, ansiedade, raiva, rejeição, indignação,
constrangimento e solidão, dentre outros, dependendo de cada pessoa (Daly & Wilson,
1983; Haslam & Bornstein, 1996; Knobloch, Solomon, Haunani, & Michael, 2001;
Parrott, 2001). Assim, segundo Ramos (2000) é possível se ter ciúme até mesmo em
relacionamentos platônicos, em que há um amor unilateral não correspondido.
Dessa forma, o ciúme pode ser entendido como o medo que sentimos de algum dia
sermos dispensáveis à pessoa com a qual nos relacionamos. Está presente com
freqüência nas relações humanas, e, quando relacionado às relações diádicas-afetivas,
isto é, aos casais, é denominado de ciúme romântico (Almeida, 2007a, 2007b; Bringle,
1995; Hansen et al., 1985; Harris, 2002; Salovey, 1986, 1989). É o sentimento de
apreensão que cultivamos, relacionado à possibilidade de sermos abandonados,
rejeitados, menosprezados, ou ainda, de haver uma infidelidade em andamento; é o
receio de não mais sermos importantes; é o medo de não sermos mais amados; o medo
de não possuirmos ou sermos donos de alguém; enfim, é o medo da solidão associado
com o abandono dos parceiros (Ferreira-Santos, 2003). Neste sentido, o ciúme está
relacionado à percepção de vinculação e de pertencimento do outro que, devido à
presença de um rival (real ou imaginado), podem parecer ameaçados. Concordes a esta
conceituação, para os autores Hintz (2003) e Branden (1998), o ciúme é uma emoção
experimentada por um indivíduo que percebe que o amor, a afeição e a atenção do
parceiro estão sendo encaminhados a uma terceira parte, quando julga que estas
oportunidades deveriam estar sendo-lhes oferecidas.
Várias perguntas podem ser formuladas sobre o ciúme: sua origem, sua intensidade, sua
duração, a forma como a pessoa que o sente reage, a importância que ele assume no seu
cotidiano, como ele interfere na vida de quem convive com a pessoa ciumenta, por
exemplo.
Como mencionado anteriormente, o ciúme pode ocorrer em quaisquer tipos de
relacionamentos, mas está comumente associado aos relacionamentos amorosos. Ainda
que haja alguma controvérsia sobre a inerência do ciúme, pode-se inferir que o ser
humano sente, não raramente, alguma forma de ciúme por algo ou por alguém nas
diversas fases dos relacionamentos interpessoais que vivencia. Segundo Ferreira-Santos
(2003) e Nogueira (2002), o ciúme pode ser considerado como uma manifestação
normal das pessoas, umas em relação às outras, assim como é normal sentir medo,
inveja, luto, alegria, raiva e saudade, dentre outras emoções humanas. Portanto poderia
ser considerado um sentimento constitutivo da natureza humana, de maneira que todos
nós seríamos ciumentos em maior ou em menor grau.
Porque tememos tal encontro do nosso parceiro com outros rivais potencialmente mais
atraentes e gratificantes do que nós, freqüentemente, temos alimentada nossa
insegurança. Dessa forma, o ciúme romântico não somente é um dos mais importantes
temas que envolvem os relacionamentos humanos, bem como um desafio para muitos
destes. Uma grande dificuldade ao se estudar o fenômeno do ciúme é o fato de que, para
muitos, ainda, ele é uma manifestação de afeto, de zelo ou até de amor que uma pessoa
sente por outra. Talvez isto seja mesmo verdade em algumas situações e,
provavelmente, não, em muitas outras.
Muito tem sido escrito sobre esse fenômeno chamado ciúme, que tantas vezes se instala
em nós e em quem amamos, e que nos priva da tranqüilidade, da concórdia e da
confiança em relacionamentos que nos são caros. É importante falarmos a respeito de
um tema como este porque provavelmente, em algum momento da vida, por ele seremos
afetados ou porque o sentiremos, ou ainda, porque seremos vitimizados como alvo de
uma pessoa ciumenta.
Para Clanton e Smith (1998), o adulto torna-se ciumento quando acredita que o
casamento ou o relacionamento romântico no qual está inserido está ameaçado por um
rival real ou imaginário. Levando-se em consideração o que foi apresentado
anteriormente, pode-se dizer que as pessoas ciumentas permanecem ambivalentes entre
o amor e a desconfiança de seu parceiro, tornando-se perturbadas, com labilidade
afetiva e obcecadas por triangulações, muitas vezes imaginárias (Almeida, 2007b).
Dessa forma, os ciumentos conflitam entre o medo de descobrir a infidelidade real dos
seus parceiros, e, não constatando a infidelidade, descobrir que sofrem de uma forma de
delírio de ciúme (Hintz, 2003). Ambas as situações são ruins, mas o pior é a incerteza
da verdade. A partir disso, ocorre, freqüentemente, que o(a) parceiro(a) infiel coloca o
outro em dúvida de suas próprias percepções e memórias. Algo que incomoda o
indivíduo ciumento é seu parceiro negar a existência de outra pessoa e que sempre foi
fiel e fazer com que ele(a) acredite que está imaginando coisas. Há casos que, após o
parceiro ciumento descobrir a verdade a respeito da infidelidade, irritar-se mais com a
mentira, que o fazia acreditar que ele próprio estava errado ou mesmo doente por
imaginar coisas, do que a própria infidelidade (Hintz, 2003).
O ciúme romântico, assim como outros traços da personalidade, tal qual a timidez,
dentre outros, pode ser influenciado por forças situacionais e/ou disposicionais. O
situacional é um sentimento natural que surge diante de um acontecimento que
apresente um perigo real de envolvimento do parceiro com um rival. No ciúme
situacional o grau de ciúme varia, para a mesma pessoa, quando exposta a situações
diferentes que apresentem diferentes graus de ameaça ao seu relacionamento (Bryson,
1977; Shackelford, Leblanc, & Drass, 2000). O ciúme disposicional é aquele que varia
entre as pessoas diante de uma mesma situação ameaçadora (Bringle, 1981; Cavalcante,
1997; Greenberg & Pyszczynski, 1985).
Numa relação afetada pelo ciúme, as pessoas, geralmente, são reificadas, ou seja,
tratadas como objetos pelos próprios parceiros. Muitas se anulam, e assim, perdem
grande parte de sua identidade para serem o que o ciumento quer que sejam, tentando
corresponder a todas as suas expectativas. Em tal caso, pode-se dizer que não há uma
aceitação mútua. O que mascara esta constatação é a percepção distorcida de que isso é
feito "altruisticamente" pela pessoa ciumenta, pelo bem do outro. Por esta perspectiva, o
ciúme pode ser considerado fundamentalmente egoísta à medida que leva o seu
possuidor a agir visando com isso tolher os direitos da pessoa a ela vinculada. Isto é,
quando o ciúme se manifesta, não visa proteger o outro, como erroneamente costuma se
pensar, e sim preservar a si mesmo de futuras preocupações que lhe sejam custosas em
relação ao investimento amoroso realizado (Almeida, 2007a). Uma relação como esta
pode ser caracterizada como doentia e destrutiva, na qual as pessoas se beneficiam umas
das outras, ou ainda, servem-se do outro como uma forma de obter garantia de que não
serão abandonadas, de que não serão desrespeitadas e menosprezadas (Ferreira-Santos,
2003).
Então, é por isso que muitas vezes, pode-se dizer que o ciúme destrói essas relações
saudáveis e faz com que a pessoa sofra. O ciumento, muitas vezes, pode ser percebido
como uma pessoa que tem baixa auto-estima e não consegue dar valor a si mesmo.
Justamente por isso, é possível de ser traído e abandonado. Acredita na idéia de que
pode ser traído de algum modo e conclui que a honestidade e a reciprocidade no
relacionamento não valem à pena (Ferreira-Santos, 2003).
O ciúme pode surgir depois que se é traído somente uma vez. E assim, pode-se
relacionar a uma infidelidade consumada. A partir daí, ciumentos costumam presumir
novamente quadros de infidelidade amorosa e a partir disso, passa a se generalizar a
expectativa de infidelidade. O ciúme deste tipo é alimentado pela crença de que os
parceiros passam a ser traidores em potencial, e dessa forma, começa o processo de
vigilância constante e o surgimento de conflitos, velados ou manifestos.
O ciúme pode também estar relacionado a uma infidelidade presumida e ser fruto de
uma profecia auto-realizadora de que haverá infidelidade amorosa entre os parceiros
(Almeida, 2007a). Sabe-se que muitos dos nossos comportamentos são largamente
influenciados, e até mesmo governados por normas e/ou expectativas que funcionam
como diretrizes para que as pessoas se comportem de determinada maneira em certa
situação.
O que poderá ocorrer, por conseguinte, é que dada a presença dessa profecia (como uma
hostilidade cumulativa dirigida ao parceiro que é suspeito de estar traindo), a pessoa que
é objeto de ciúme acaba se engajando em comportamentos infiéis (Almeida, 2007a).
Logo, o que ocorre é que a pessoa que se sente vigiada em tempo integral, torna-se
ressentida e, este processo possivelmente abre caminhos para uma relação paralela, em
que a compreensão e o respeito estejam mais presentes.
É preciso identificar os motivos que nutrem o ciúme para cada pessoa e utilizar suas
manifestações como sinal de alerta. É importante que uma pessoa, ao perceber que está
sendo tomada pelo ciúme, se dê conta disso, olhe para dentro de si e busque os recursos
necessários para os cuidados do equilíbrio emocional e assim assegurar o bem-estar da
relação. É necessário, também, conhecer esse fenômeno para que se saiba contorná-lo,
vencê-lo e usá-lo como trampolim para uma realidade mais positiva no relacionamento
conjugal.
Quando uma pessoa tem uma auto-estima rebaixada, provavelmente é tomada por fortes
ilusões com respeito ao que pode esperar dos outros, tem tendência a abrigar fortes
temores, além de ter uma forte predisposição para manifestar desapontamentos e
desconfiar das outras pessoas. É muito comum que pessoas com baixa auto-estima
escolham seus cônjuges para conseguir algo que lhes falta: pode ser a estima que
esperam que o outro tenha por si; pode ser alguma qualidade que vêem no outro e
sentem que lhes falta; pode ser o movimento e a ação que o outro faz e que espera que
faça por si, entre outras hipóteses. É comum, também, que pessoas com baixa auto-
estima, no relacionamento conjugal, estejam inclinadas a repetir ou ainda a fazer
completamente o oposto do que viram entre os seus pais (Rodrigues, 2005).
No momento em que duas pessoas se juntam para ser um casal, elas constituem um
sistema que passa a ser o subsistema conjugal. Assim, quando duas pessoas decidem se
unir, o fazem porque resolvem que parece ser bom para elas tal arranjo. Somos seres
gregários por natureza e, ao que parece, freqüentemente caminhamos ao encontro do
outro aspirando por uma completude (Almeida, 2007b). Esse subsistema poderá ser o
gerador de uma nova família; porém, mesmo que se encerre em si mesmo, será
responsável pelo desenvolvimento e pelo crescimento emocional das duas pessoas
envolvidas. Contudo, o fato de eleger uma pessoa para dedicar uma parte do seu tempo
e dos seus recursos não implica que não se possa mudar de idéia posteriormente e,
possivelmente, lesar, ou romper este subsistema constituído (Almeida, 2007b). O que é
sintomático é o fato de que nem sempre esse contrato é compreendido por ambas as
partes da mesma maneira. Embora isso possa nos parecer óbvio demais, continuamos a
realizar rituais e a fazer promessas de amor eterno (Lemos, 1994).
É muito comum que alguém espere do outro uma reação ciumenta de vez em quando,
com o intuito de testar se ainda existe afeto recíproco ou algo mais. Dessa maneira, toda
relação amorosa, a princípio, pressupõe um grau de ciúme saudável, por assim dizer.
Nesse sentido, uma total apatia, segundo o que raciocinam muitos casais, pode revelar
desinteresse, que para alguns representa um pesadelo mais indesejável do que ter um
parceiro ciumento. O problema é quando se considera que o oposto do ciúme é a total
insensibilidade ou apatia, pois nesse ponto, perde-se grande parte da noção de equilíbrio
numa relação, atuando apenas os limites extremos; ciúme excessivo ou negligência.
A questão do ciúme ainda remete ao medo de elaborar a perda do parceiro, ou, ainda, à
perda da qualidade do relacionamento tal qual a pessoa ciumenta presumia ter, e em
última instância, ao medo da morte. Esses sentimentos sempre estão mais presentes em
pessoas marcadas por experiências de abandono ou desamparo, sendo que qualquer
relação dispara esse conteúdo descrito. Se realmente as pessoas querem que uma relação
tenha êxito, elas devem se preocupar não apenas com os perigos da mesma, mas,
principalmente, quando tomam emprestados poderosos sentimentos humanos
destrutivos, que ao contrário de aprofundarem a intimidade, o comprometimento e o
desejo de manutenção da relação, corroem por completo algo que poderia ter um
desfecho de harmonia e prazer (Ferreira-Santos, 2003).
Segundo Nogueira (2002), as pessoas recalcam os seus sentimentos de ciúme como uma
forma de se adaptar a ele e conviver com o problema, e reprimem qualquer expressão
que o denote. Nogueira (2002) afirma também que se tentou até hoje sanar o problema
tratando da pessoa como um doente, ao invés de se buscar a origem deste sentimento.
Por essa razão, na prática, as terapias de casais com problemas de ciúme e de suas
nefastas conseqüências para os relacionamentos amorosos, muito pouco ou quase nada
produzem, e não ofereceram nada de concreto para solucionar este problema. Ainda que
o ciúme seja valorizado em uma dimensão social, que acredita que pode ser uma
demonstração de amor, na verdade, em muitos casais ele se torna um grande problema.
E pode até mesmo sucumbir o relacionamento em questão.
Muitas pessoas idealizam os relacionamentos amorosos, mas poucas pessoas sabem que
o vínculo amoroso, para diferentes pessoas, é construído no cotidiano, que vai se
consolidando no dia-a-dia (Almeida & Lourenço, 2007; Almeida & Oliveira, 2007). É
uma questão de convivência diária, é um sim que se renova, um contínuo compartilhar
de uma vida em comum que começa a partir de algum ponto (Amélio & Martinez,
2005). Dessa maneira, o ciúme, conforme pontua Rosset (2004), pode ser benéfico,
sobretudo, se ocorre em uma união consistente e provoca um comportamento de
aproximação dos companheiros. Algumas manifestações tênues de ciúme podem
funcionar como uma estratégia que une o casal e previne qualquer tendência natural ao
afastamento. Entretanto, quando o ciúme excede os limites do bom senso, ele provoca
sofrimento para as pessoas envolvidas. Assim, é até possível que conduza ao término da
relação.
Uma segunda razão para este sentimento são os contratos mal feitos, em que aspectos
importantes não são verbalizados, desejos não são explicitados, restrições não são
negociadas. Embora muitas vezes os parceiros concordem aparentemente com este
"contrato" automaticamente, ele se forma a partir de uma, por vezes, extensa negociação
que os componentes desse casal entabulam desde os primeiros encontros (Almeida,
2007b). Essa negociação acontece e se atualiza na medida em que diversas situações
surgem no relacionamento. Isso leva freqüentemente a crises repetitivas e profundas na
relação.
Segundo Fischer (2006), o ciúme é uma reação adaptativa, uma vez que homens e
mulheres captam sinais genuínos de que o relacionamento está prestes a fracassar. Isto
seria útil porque aqueles que permanecem com parceiros descompromissados, terão
menos oportunidades de conseguir parceiros mais adequados, além de diminuírem as
possibilidades de propagar sua descendência. Uma completa ausência de ciúme é
danosa para um relacionamento amoroso, por geralmente implicar numa baixa adesão
de pelo menos uma das partes envolvidas. Fischer ainda argumenta que o ciúme pode
estimular uma pessoa a acalmar o(a) parceiro(a) desconfiado(a) com declarações de
fidelidade e de vinculação, contribuindo para a durabilidade do relacionamento.
Considerações finais
Ao concluir este estudo podemos identificar as várias formas de entender o ciúme, esse
fenômeno tão complexo, tão repleto de interpretações. Talvez possamos considerar o
ciúme não apenas como um sentimento, mas como uma construção social que abrange
vários outros sentimentos como amor, ódio, medo, raiva, orgulho, inveja e que
desencadeia idiossincraticamente reações diferentes, reais ou imaginárias, podendo ser
ou não acompanhada de outro sentimento: a baixa auto-estima.
Pode-se ainda perceber que o ciúme é normal, embora sempre tenha uma origem mais
profunda, inconsciente, e seus diferentes graus de manifestação podem ocorrer de
acordo com a personalidade do enciumado e também do seu grau de auto-estima. E isso
pode estar influenciado pela forma como aprendemos a lidar com o ambiente e com o
nosso comportamento.
Também pudemos perceber que quando um membro da família sofre com o ciúme,
enquanto vítima ou algoz do mesmo, isso acabará por alterar toda a família, todo o
sistema, e à medida que o ciúme representa uma ação agressiva a uma perda efetiva ou
ameaça de perda, quase sempre ele carrega consigo um sentimento de abatimento, pela
afronta à nossa auto-estima e à sensação de segurança. De qualquer forma, o ciúme
geralmente pode ser entendido como um sinal de alerta de que algo não vai bem, seja no
relacionamento conjugal ou no relacionamento com nós mesmos.
O ciúme tem uma amplitude e uma profundidade que assinala que algo precisa ser
observado em nossos relacionamentos. Não admiti-lo é perder uma grande oportunidade
para a reflexão e, provavelmente, para a possível recuperação de um relacionamento que
possa estar se esgotando, por conta de uma série de motivos, no qual o principal deles é
a convicção distorcida de que sentir ciúme em demasia é estar zelando pelo outro.
A questão do ciúme perde-se em uma intrincada rede, derivada do desejo humano pelo
controle absoluto, pela inalterabilidade das circunstâncias e pela inefabilidade do outro e
de si mesmo, e embora o ciúme seja um tema recorrente trazido pelos casais em terapia,
a produção de pesquisas sobre o ciúme ainda é bastante escassa. Observa-se a falta de
instrumentos para que as pessoas possam conhecer mais e trabalhar essa questão que
gera tantas dúvidas e questionamentos e que envolve tantos sentimentos durante os
relacionamentos amorosos, quaisquer que estes sejam. Não obstante esta limitação,
acreditamos útil e oportuna a divulgação deste trabalho na medida em que poderá
contribuir para a realização de outros estudos que visem aumentar e/ou verificar a
generalidade dos estudos acerca deste tema.