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TUD

O SOBRE CIUMES
Ciúme patológico e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)

O ciúme patológico (CP) pode ser definido como uma condição caracterizada por
pensamentos, emoções e comportamentos inaceitáveis ou extremos, cujo tema
dominante é a infidelidade do parceiro, podendo ocasionar sofrimento para o paciente e
para o parceiro. Apresenta-se de forma heterogênea, tais como idéias obsessivas,
prevalentes ou delirantes1,2. Reconhece-se que o CP pode constituir um sintoma,
presente em diferentes entidades nosológicas, como transtorno obsessivo-compulsivo
(TOC) e transtorno delirante. Portanto, uma vez detectado, deve-se identificar o
diagnóstico de base. Como o tema pode apresentar uma forte conotação paranóide, a
aproximação mais comum seria com transtornos psicóticos, em virtude de alguns
pacientes apresentarem boa resposta terapêutica a neurolépticos e apresentarem forte
convicção, próxima à delirante, de que estão sendo traídos3. No entanto, apesar de
alguns autores ressaltarem a associação desse sintoma com o TOC, são poucos os
artigos publicados sobre o tema. Neste caso, a terapêutica mais adequada seriam os
inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRS) associados à terapia cognitivo-
comportamental (TCC). Em casos refratários, a associação com doses baixas de
antipsicóticos por curto período de tempo poderia ser uma opção

O ciúme patológico (CP) é um problema importante para a psiquiatria, que envolve


riscos e muito sofrimento, podendo ocorrer em diversos transtornos mentais.
Psicopatologicamente pode se apresentar de formas distintas, tais como idéias
obsessivas, prevalentes ou delirantes sobre infidelidade. Entretanto, sua apresentação no
transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), como uma obsessão em geral associada a
rituais de verificação, é relativamente pouco documentada. Para discutir esse aspecto
específico do CP, este trabalho é ilustrado com quatro casos clínicos selecionados, em
que o CP tem tais características, abordando aspectos de diagnóstico e tratamento. A
compreensão de alguns casos de CP como uma manifestação do TOC, mesmo quando
não claramente egodistônica, amplia as possibilidades terapêuticas e pode melhorar o
prognóstico.

O ciúme é uma emoção humana extremamente comum, senão universal, podendo ser
difícil a distinção entre ciúme "normal" e "patológico". 1-4 Num estudo populacional de
1994,5 todos os 351 entrevistados responderam positivamente a pelo menos uma
pergunta indicativa de ciúme, mas em menos de 10% este acarretava problemas no
relacionamento. O ciúme seria um conjunto de pensamentos, emoções e ações,
desencadeado por alguma ameaça à estabilidade ou qualidade de um relacionamento
íntimo valorizado. As definições de ciúme são muitas, tendo em comum três elementos:
1) ser uma reação frente a uma ameaça percebida; 2) haver um rival real ou imaginário
e; 3) a reação visa eliminar os riscos da perda do amor.6

A maneira como o ciúme é visto tem variações importantes nas diferentes culturas e
épocas. Assim, no século XIV relacionava-se a paixão, devoção e zelo à necessidade de
preservar algo importante, sem as conotações pejorativas de possessividade e
desconfiança.3 Nas sociedades monogâmicas, o ciúme associava-se à honra e moral,
sendo um instrumento de proteção da família, talvez até um imperativo biológico, uma
adaptação evolutiva à questão da incerteza da paternidade. Dava-se grande ênfase à
fidelidade feminina, enquanto a infidelidade masculina era bem aceita. Mesmo em
tempos modernos, pode-se atribuir um papel positivo ao fenômeno, considerando-o um
sinal de amor e cuidado, havendo quem se queixe da ausência de demonstrações de
ciúme e chegue a provocá-las propositadamente.4

No entanto, o potencial destrutivo, o "lado negro" desta emoção sempre foi


reconhecido, datando de 1694 a peça Othello, de William Shakespeare. O balanço entre
suas vantagens e desvantagens tem ampla variação histórica. No século XIX o ciúme
muda de uma prerrogativa masculina para se tornar especialmente um problema das
mulheres, não mais uma questão de honra ofendida, mas fraqueza e falta de controle.
Neste século associa-se à insegurança e imaturidade, expressão de desajustamento
psicológico e social, algo cada vez mais problemático, indesejável e patológico. 3 Para
uma visão aprofundada sobre o tema e seus aspectos psicodinâmicos, recomenda-se o
excelente livro "Ciúme, o medo da perda", de Eduardo Ferreira-Santos.7
O conceito de ciúme mórbido ou patológico ("síndrome de Othello") 8 compreende
várias emoções e pensamentos irracionais e perturbadores, além de comportamentos
inaceitáveis ou bizarros.9 Envolveria muito medo de perder o parceiro(a) para um(a)
rival, desconfiança excessiva e infundada, gerando significativo prejuízo no
funcionamento pessoal e interpessoal.10,11 De Silva4 considera a crença na infidelidade
um critério desnecessário, sendo crucial o medo da perda do outro, ou do espaço afetivo
ocupado na vida deste. Para Mooney,12 a base do CP estaria na sua irracionalidade, e
não na excessividade. Problema importante, pode chegar ao psiquiatra como sintoma
em diferentes formas de apresentação, relacionado tanto a transtornos da personalidade
quanto a doenças mentais francas.5

O termo "ciúme patológico" (CP) engloba uma ampla gama de manifestações (de
reativas a delirantes) e diagnósticos psiquiátricos.1,3-5,8,13-17 Inclui os casos de ciúme
sintomático, ou seja, quando é parte de outro transtorno mental (ex.: alcoolismo,
demência, esquizofrenia).4,18 Nessas circunstâncias, o foco do tratamento seria o
processo principal subjacente.17

Enquanto o ciúme normal seria transitório, específico e baseado em fatos reais, o CP


seria uma preocupação infundada, irracional e descontextualizada.10,19 Kast20 afirma que,
psicodinamicamente, enquanto no ciúme não-patológico deseja-se preservar o
relacionamento, no CP haveria o desejo inconsciente da ameaça de um rival. Na
verdade, pouco se sabe sobre experiências e comportamentos associados ao ciúme na
população geral. Haveria, entretanto, clara correlação entre baixa auto-estima e
ciúme.5 Williams e Schill21 relacionam a desconfiança e o medo do abandono ou do
desamor nas relações amorosas adultas com a falta de apego afetivo seguro com os pais
na infância.

Para Dolan e Bishay,11 o CP ocupa posição ambígüa e marginal na psiquiatria


contemporânea, predominando o pessimismo quanto aos aspectos terapêuticos. É
importante ressaltar, no entanto, que, quando presentes, tais preocupações costumam
dominar a apresentação clínica.9

O problema dar-se-ia na relação entre o indivíduo e o companheiro suspeito, sendo o(a)


rival uma figura obscura e afastada do campo de conflito, ou algum colega de trabalho,
vizinho ou mesmo familiar. A figura do rival costuma ser avaliada de modo extremo, ou
com enormes qualidades ou com total ausência de virtudes, gerando mais raiva e piora
da auto-estima.22

Os desejos, sentimentos e atitudes envolvidos seriam complexos e


contraditórios.4 Várias emoções são experimentadas, tais como: ansiedade, depressão,
raiva, vergonha, insegurança, humilhação, perplexidade, culpa, aumento do desejo
sexual e desejo de vingança. O indivíduo seria como um vulcão, cujas erupções
estariam sempre iminentes.22,23 Para Enoch,2 o delírio de ciúme é um modo de vivenciar
o amor que o distorce, deprecia e adoece. O indivíduo seria normalmente sensível,
vulnerável e desconfiado, com baixa auto-estima e pouco assertivo, enquanto algumas
vezes, ao contrário, poderia se apresentar impulsivo, egoísta e agressivo.

O potencial para atitudes violentas é destacado por vários autores, sendo uma área
importante em psiquiatria forense.8,10,13,17,24,25 As fichas policiais estariam subestimando
sua ocorrência, pois as mulheres, principais vítimas, raramente dariam queixa das
agressões e do "terror antecipatório" que sofrem, com exigências, ameaças e
restrições.10 O CP pode até motivar homicídios, mas muitas dessas pessoas sequer
chegam aos serviços médicos.26 Para Palermo et al.27 a maioria dos homicídios seguidos
de suicídio são crimes "de paixão", ou seja, relacionam-se a idéias paranóides de ciúme
em relações amorosas simbióticas, em geral cometidos por homens, na vigência de
alguma substância psicoativa (usualmente álcool) e quadros depressivos.

Esta síndrome, pouco compreendida e potencialmente trágica, poderia co-existir com


qualquer entidade diagnóstica.17 Soyka et al.28 analisaram 8.134 pacientes internados e
encontraram 93 (1,1%) com delírios de ciúme, mais freqüentes em: psicoses orgânicas
(7%), distúrbios paranóides (6,7%), psicoses alcoólicas (5,6%) e esquizofrenias (2,5%).
O problema foi raramente encontrado em distúrbios afetivos (0,1%) e distúrbios
neuróticos ou de personalidade (0,6%). Shaji e Mathew,26 entretanto, destacam os
prováveis viéses de prevalência, conforme o tipo de serviço estudado. Shepherd, 1 já em
1961, analisou 81 casos ambulatoriais de CP, encontrando uma enorme variedade de
apresentações clínicas, muitas relacionadas a quadros depressivos, ansiosos e
obsessivos, além dos "orgânicos" e "psicóticos" .

São bastante conhecidos os delírios de ciúme de alcoolistas, 9,29 descritos primeiramente


por Marcel em 1847. Kraft-Ebing em 1891 encontrou idéias de ciúme em 80% dos
dependentes de álcool avaliados, passando esse sintoma a ser considerado, durante
algum tempo, patognomônico do alcoolismo. 9,28 Noyesapud 8 destacava a impotência
sexual (proveniente do alcoolismo, da senilidade, do diabetes) como importante fator no
desenvolvimento de idéias de infidelidade, relacionadas a sentimentos de inferioridade e
rejeição. Nas mulheres, fases de menor interesse sexual ou atratividade física (gravidez,
puerpério, menopausa) aumentariam igualmente a insegurança e a ocorrência desse
problema. Shrestha et al.,29 entretanto, não encontraram no alcoolismo associação entre
CP e prejuízo do desempenho sexual.2

Michael et al.9 avaliaram 207 alcoolistas e encontraram 71 (34%) com CP: em nove


casos como idéia delirante, e em apenas sete antecedendo a dependência do álcool.
Houve tendência de evolução em estágios do sintoma, inicialmente ocorrendo apenas na
vigência da intoxicação e posteriormente também nos períodos de sobriedade. A
violência verbal e física contra as esposas foi bem maior nesse subgrupo, em relação
àqueles que não apresentavam CP. Mullen e Martin5 avaliaram 600 pessoas da
população geral e encontraram relação entre ciúme exagerado e abuso de álcool. Para os
autores, o álcool poderia ser uma estratégia para lidar com tais preocupações.

Soyka16 investigou a presença de delírios de ciúme em 630 esquizofrênicos internados,


encontrando apenas oito casos positivos, sendo que cinco destes apresentavam
diagnóstico adicional de abuso ou dependência de álcool. Concluiu ser este fenômeno
relativamente raro na esquizofrenia (prevalência entre 1% e 2,5%). Seria bem mais
freqüente em transtornos demenciais1,8,30 e em quadros depressivos.1,12,19,31

Pode-se ainda ter o delírio de ciúme bem sistematizado em sua forma pura, sem
alucinações ou deterioração da personalidade, numa apresentação
monossintomática.2 Este quadro, atualmente denominado transtorno delirante de ciúme,
seria bem mais raro. Shaji e Mathew,26 estudando 93 pacientes com transtorno
paranóide, observaram delírios de ciúme em 16% deles, e a maior parte estava na
comunidade. Para Mullen e Pathé,25 quando primário, esse sintoma seria compreensível
no contexto da história pessoal, situação vivencial e da personalidade do indivíduo.

Em 1961, Shepherd1 afirmava que nesta área os limites entre normal e patológico, não-
delirante e delirante, nem sempre seriam facilmente demarcáveis, havendo múltiplas
variantes clínicas entre reações compreensíveis de ciúme e estados delirantes francos,
incluindo casos de doenças orgânicas cerebrais (senilidade, abuso de álcool e outras
substâncias), psicoses funcionais (esquizofrenia, paranóia, psicoses afetivas), distúrbios
da personalidade e neuroses. Dentre as últimas, descreveu casos com idéias obsessivas
claramente irracionais e de caráter compulsivo.

Vários outros autores sugeriram a relação entre CP e transtorno obsessivo-compulsivo


(TOC), com abordagens terapêuticas comuns.10,11,14,19,31-37 Assim, pensamentos de ciúme
podem ser vivenciados como excessivos, irracionais ou intrusivos e podem levar a
comportamentos compulsivos, como os de verificação.35 Segundo Seeman,17 enquanto
no ciúme delirante o paciente está convencido da traição, o ciúme obsessivo caracteriza-
se por dúvidas e ruminações sobre provas inconclusivas, em que certeza e incerteza,
raiva e remorso alternam-se a cada momento. No entanto, nem sempre seria simples
essa distinção.2,28

É importante ressaltar que em estudos sobre TOC, o tema do CP é pouco abordado,


possivelmente por não ser um sintoma muito típico, e em trabalhos que estudam o CP
em geral, sua apresentação como uma manifestação sintomatológica do TOC também é
pouco enfatizada, talvez por não estar entre as mais freqüentes.

Pela relativa escassez de trabalhos sobre esse aspecto específico do CP, o presente
estudo tem como objetivo discutir as características clínicas desses casos, ilustrando
com alguns pacientes selecionados no Serviço de Psiquiatria da Faculdade de Medicina
de Botucatu da Universidade Estadual de São Paulo (FMB/Unesp) que têm o ciúme
como conteúdo relevante na sua apresentação clínica, porém como um sintoma de linha
obsessivo-compulsiva

Violência contra a mulher: O "ciúme" pode mitigar o significado da violência?

Crenças sobre amor e ciúme podem constituir-se em variáveis que influenciam a


violência contra a mulher. Esta replicação de um estudo norte-americano buscou,
sobretudo, comparar os dados encontrados com os do estudo original quanto à aceitação
da violência relacionada ao ciúme. Participaram 264 universitários. Todos ouviram e
avaliaram dois áudios ("ciúme" e "não ciúme"), porém, metade ouviu que o marido bate
na esposa e metade que ele não bate. Após cada áudio, os participantes avaliaram seis
questões, dentre elas, o quanto o marido amava a esposa e quanto duraria a relação.
Observou-se que a agressão, na condição "não ciúme", teve um significado
acentuadamente negativo tanto no estudo norte-americano quanto no atual, o que não
foi observado na condição "ciúme". Concluiu-se que a violência contra a mulher é uma
prática cultural no Brasil e que regras sociais sobre honra masculina, submissão
feminina e ciúme exercem influência sobre essa prática.

No Brasil, as mulheres são responsáveis por aproximadamente 8% de todos os


homicídios registrados (Waiselfisz, 2014). No ano passado, o Mapa da Violência 2014
mostrou que mais de 4.500 mulheres foram vítimas de homicídio. De acordo com os
dados obtidos no Mapa da Violência 2012, que analisou os registros hospitalares de
violência do Sistema Único de Saúde (SUS), 70.720 mulheres foram vítimas de
violência física em 2011. Destas, 71,8% das agressões ocorreram na casa da vítima. Em
quase metade dos casos, o agressor era o companheiro ou ex-companheiro da vítima,
caracterizando violência doméstica ou violência envolvendo parceiros íntimos, o que
tem impactado sobremaneira os índices de homicídios de mulheres. De 95 países, o
Brasil ocupa o 7º lugar no ranking de feminicídios.

Apesar dos altos números disponíveis, acredita-se que a violência doméstica seja um
problema ainda maior quando consideramos o seguinte: (a) um número significativo de
casos não é notificado; (b) a dificuldade em reconhecer uma situação como violenta; (c)
certo nível de aceitação social ou justificativa para episódios de violência em alguns
casos (Baptista, 2012; Gomes & Costa, 2014; Puente & Cohen, 2003).

Em relação à não identificação de alguns casos de violência, por envolver diversos


aspectos (físicos, sexuais, econômicos, psicológicos e sociais), a violência contra a
mulher é um fenômeno complexo, que muitas vezes ocorre de forma encoberta,
dificultando até mesmo para a mulher a identificação como no caso da violência
psicológica que raramente é identificada como tal até ser combinada com a violência
física (Baptista, 2012).
Além disso, a interpretação dos eventos de cada pessoa é comportamento e, portanto,
depende de como nos relacionamos com o meio ambiente. Nós respondemos
diferentemente ao mundo em que vivemos dependendo da experiência passada com o
meio ambiente (Skinner, 1974/1995). Portanto, alguns fatores que estão associados a
questões culturais e ontogenéticas presentes na vida da mulher dificultam que ela
interprete a situação como violenta, tais como: histórico de violência doméstica na
família, crença no amor romântico, forte crença na unidade familiar e o papel
estereotipado da mulher (Baptista, 2012
De maneira geral, o presente estudo consiste na reprodução das três pesquisas realizadas
por Puente e Cohen (2003), o que está descrito no método. Assim, os objetivos da
presente pesquisa, como mencionado anteriormente, são os mesmos dos autores, mas
acrescentamos mais dois objetivos: determinar se encontraríamos resultados
semelhantes aos do estudo norte-americano quanto à aceitação de violência relacionada
ao comportamento ciumento emocional; e identificar se há diferenças nas respostas
considerando o gênero do participante.
Considerando que o estudo buscou testar a hipótese de que a violência teria um
significado negativo se ocorresse no contexto de não "ciúme" e não teria esse
significado se ocorresse no contexto de "ciúme", comparando os resultados obtidos com
os No estudo de Puente e Cohen (2003) e verificando as diferenças nas respostas de
acordo com o gênero, descreveremos apenas os resultados que respondem a essa
hipótese.

Para os fatores amor romântico e amor companheiro, os resultados mostraram que os


participantes classificaram o marido que não bate na esposa, em ambas as condições
("ciúme" e "sem ciúme") como sendo mais amoroso, sugerindo que os participantes
desaprovavam a agressão independentemente da contexto.

Em contraste, Puente e Cohen (2003) constataram que no caso de "ciúme", o marido


agressivo era visto como um pouco mais amoroso romanticamente (4,36/agressão e
4,22/não agressão). Em nossa reprodução do estudo, o marido não agressivo foi visto
como mais amoroso romanticamente (2,90/agressão e 3,59/não agressão). Diferença
semelhante também foi encontrada para o fator amor companheiro, em que as médias
para o marido agressivo (3,43) e não agressivo (3,62) no caso de "ciúme" foram
semelhantes ao estudo norte-americano, enquanto no presente estudo foram acentuada
(2,36/agressão e 3,44/não agressão).
Os dados também foram diferentes dos encontrados por Vandello e Cohen (2003) que,
ao comparar uma amostra composta por americanos e brasileiros, constataram que
apenas os americanos acreditavam que o homem que agrediu sua esposa a amava menos
do que aquele que simplesmente gritava com ela. dela.
A violência contra a mulher é influenciada pela cultura, principalmente por estar
relacionada às regras sociais de gênero e família, de modo que esse fenômeno só pode
ser compreendido dentro do contexto cultural em que ocorre (Gomes, Diniz, Araújo, &
Coelho, 2007; Vandello & Cohen, 2003). Portanto, por se tratar de uma pesquisa
realizada em diferentes culturas (Brasil e Estados Unidos), é natural encontrar
diferenças entre os dados. Além disso, os indivíduos estão constantemente interagindo
com práticas e produtos culturais, o que pode determinar uma grande variabilidade
dentro de uma mesma cultura.

Para o fator prognóstico, assim como nos resultados de Puente e Cohen (2003), o
presente estudo encontrou pouca diferença, com tendência a pior prognóstico na
condição "ciúme", principalmente para o marido agressivo (2,08). Esse achado está de
acordo com o estudo de Zordan, Wagner e Mosmann (2012) que investigaram os
supostos motivos da separação por meio da análise de documentos de 152 separações
conjugais arquivadas entre 1992 e 2006. Dentre os motivos apontados (apenas 20,4%
dos casos), a maioria dos casais apontou brigas e discussões frequentes (28,9%) e
agressão do cônjuge (23,7%) como motivo da separação.

Para os fatores compreensivos e moralmente ruins, a não agressão foi vista como mais
compreensível no caso de "ciúmes" (6,09 no estudo original e 3,07 no presente estudo) e
o marido foi considerado mais moralmente errado quando apresentou comportamento
agressivo no caso de "sem ciúmes" (2,90 no estudo original e 4,00 no presente estudo),
resultados que corroboram os encontrados por Puente e Cohen (2003).
Resumo - A violência entre namorados adolescentes vem ganhando visibilidade no
âmbito científico, configurando-se como problema de saúde pública. Este estudo quanti-
qualitativo investiga como questões de gênero permeiam a violência física perpetrada
no namoro entre adolescentes. Realizou-se inquérito epidemiológico com 3.205
adolescentes (idades de 15 a 19 anos), estudantes do 2º ano do Ensino Médio de escolas
públicas e privadas de 10 capitais brasileiras. Entrevistas grupais e individuais foram
também realizadas com 519 participantes. Humilhações e agressões entre namorados
foram consideradas graves, entretanto, infidelidade e ciúme destacaram-se como
disruptores de conflitos e brigas, refletindo normas de gênero tradicionais legitimadoras
da violência. Destaca-se a necessidade de ações voltadas à desconstrução de
estereótipos de gênero e à problematização da banalização da violência entre
adolescentes
O objetivo deste artigo é investigar questões de gênero e práticas de violência física
perpetradas no namoro de adolescentes brasileiros. A violência entre namorados
adolescentes vem ganhando visibilidade no âmbito científico ao longo das últimas três
décadas. A partir da década de 80, o tema entra na pauta de pesquisas norte-americanas
e canadenses
A prevalências da violência física no namoro varia sobremaneira em função dos
diferentes métodos e conceituações utilizados, o que pode dificultar a constatação da
real gravidade e extensão do problema (Borrego et al, 2014; Foshee & Reyes, 2011).
Entretanto, diversos estudos têm mostrado índices preocupantes de agressão entre
namorados e a co-ocorrência de violência psicológica, física e sexual (Fernandez-
Fuertes & Fuertes, 2010; Sears, Byers, Whelan & Saint-Pierre, 2006; Schiff & Zeira,
2005). Estudos norte-americanos apresentam prevalências de agressão física perpetrada
contra o parceiro no namoro que variam de 11% a 41% (Foshee & Reyes, 2011). As
prevalências dos diversos tipos de agressões que podem ocorer no namoro mostramse
similares entre meninos e meninas (Fernadez-Fuertes & Fuertes, 2010; Malik, Sorenson,
& Aneshensel,1997; Molidor & Tolman, 1998; Schiff & Zeira, 2005; Wolfe, Scott,
ReitzelJaffe, et al., 2001). Direcionando o foco para pesquisas que utilizaram a escala
Conflict in Adolescents Dating Relationships (CADRI; Wolfe Scott, Reitzel-Jaffe, et al.,
2001), utilizada no presente artigo para aferição da violência entre namorados
adolescentes, obtêm-se resultados similares de prevalência de adolescentes que já
haviam perpetrado agressão física contra um namorado no Canadá, 24% (Wolfe, Scott,
Wekerle, et al., 2001), na Espanha, 24,3% (Fernandez-Fuertes & Fuertes, 2010), e no
Brasil, 24,1% (Oliveira, Assis, Njaine, & Oliveira, 2011).Comparando os resultados
entre os sexos, esses estudos mostram que as meninas apresentam mais relatos de
perpetração de violência física contra um parceiro em um momento de conflito: no
Brasil, 28,5% das meninas frente a 16,8% dos meninos (Oliveira, Assis, Njaine, &
Oliveira, 2011); entre os canadenses, 28% das meninas contra 11% dos meninos
(Wolfe, Scott, Wekerle, et al., 2001); e entre os espanhóis, 30,2% das meninas e 16,1%
dos meninos (Fernandez-Fuertes & Fuertes, 2010). Em contrapartida, são os meninos
que mais relatam terem sofrido violência física em uma relação de namoro: entre os
brasileiros, 24,9% dos meninos e 16,5% das meninas (Oliveira, Assis, Njaine, &
Oliveira, 2011); entre os canadenses, 28% dos meninos e 19% das meninas (Wolfe,
Scott, Wekerle, et al., 2001); e, por fim, entre os espanhóis, 26,3% dos meninos e 17,5%
das meninas (Fernandez-Fuertes & Fuertes, 2010). Além de apresentar altas
prevalências, a violência entre namorados adolescentes é considerada um forte preditor
da violência entre casais na idade adulta (Cornelius, Sullivan, Wyngarden, & Milliken,
2009; Frieze, 2000) e produz efeitos nefastos na saúde física e mental, bem como na
qualidade de vida de quem a vivencia, tais como baixa autoestima, dores crônicas,
ansiedade, entre outros (Cornelius et al., 2009; Foshee & Reyes, 2011). Revisão sobre
fatores protetivos e de risco para a perpetração de violência no namoro entre
adolescentes lista 53 fatores de risco, agrupando-os em problemas de saúde mental,
violência juvenil, uso de substâncias, comportamentos sexuais de risco, problemas de
relacionamento e qualidade das amizades, problemas de relacionamento familiar,
fatores demográficos e, por fim, violência na mídia. Alguns fatores de risco estiveram
presentes em múltiplos estudos dessa revisão: depressão, agressão em geral, violência
em namoros anteriores, raça/ etnia, vivência de violência entre pares, ter amigos que
cometem violência no namoro, conflito conjugal entre os pais (Vagi et al, 2013).
Entende-se que a violência entre namorados é expressão da violência de gênero, pois se
caracteriza por atos que geram danos físicos ou emocionais, perpetrados com abuso de
poder de uma pessoa contra a outra, que acontecem em relações desiguais e
assimétricas, produzidas por normas de gênero que são mecanismos por meio do qual
são naturalizadas as noções de masculino e de feminino (Butler, 2010). Dito de outra
forma, tais normas definem social e culturalmente o que é ser homem e ser mulher
(Zuma, Mendes, Cavalcanti, & Gomes, 2009). Nessas relações desiguais, via de regra, é
o feminino que figura como o polo subalternizado e oprimido, o que rendeu ao termo
“violência de gênero” a qualidade de sinônimo de violência contra a mulher, embora
não se refira somente a esse tipo de violência (Dantas-Berger & Giffin, 2005). A
violência no namoro pode trazer diversas consequências físicas, emocionais e sociais
para os adolescentes (Foshee & Reyes, 2011; Krug, Mercy, Dahlberg & Zwi, 2002).
Pautada em normas culturais tradicionais de gênero, que marcam os processos de
socialização, a violência no namoro ocorre entre
homens e mulheres e entre pessoas do mesmo sexo, embora as relações homoafetivas
não tenham sido abordadas neste estudo (Gomes, Minayo, & Silva, 2005; Saffiotti,
2004), e precisa ser entendida a partir de uma perspectiva relacional, entendendo a
violência como uma forma de comunicação (Gregori, 1993). Duas categorias são
importantes nas análises deste estudo: patriarcado (Saffiotti, 2004) e dominação
masculina (Bourdieu, 2011). Para Saffioti (2004), as categorias gênero, patriarcado e
violências estão profundamente imbricadas, já que a cultura patriarcal, fortemente
hierarquizante, tem a violência como um elemento constitutivo, com destaque para a
“pedagogia da violência” (Saffioti, 2004, p.74), em que se banaliza o exercício do poder
por meio da força e da dominação daqueles considerados hierarquicamente inferiores,
com a anuência, o incentivo ou apenas a tolerância da sociedade. Já a dominação
masculina refere-se a uma lógica social androcêntrica que se inscreve nas coisas e nos
corpos, por meio das práticas cotidianas, de forma sutil e tácita, que se traduz na
incorporação da ordem masculina a partir das “rotinas da divisão social do trabalho, ou
dos rituais coletivos e privados” que desvalorizam, subjugam e excluem o feminino
(Bourdieu, 2011, p. 7). São mecanismos sutis de dominação e exclusão social que
expressam uma submissão paradoxal que atravessa homens e mulheres, dominantes e
dominados, de forma imperceptível, o que o autor chamou de violência simbólica. No
que se refere às possibilidades de escape às normativas de gênero, de transformação e
de pluralidade de formas de vivenciar o ser homem e o ser mulher, este texto se apoia
nas proposições de Judith Butler (2010). Ancorada nas proposições foucaultianas sobre
o poder como exercício e como relação de forças, a autora recusa a noção de identidades
de gênero fixas, imutáveis e a-históricas. Afirma que as normas de gênero são
“contingenciais” e produzem identidades que se revelam de formas precárias,
construídas por meio de “performances instituídas”, repetições incorporadas de gestos,
movimentos e estilos reproduzidos e atualizados ao longo do tempo, ou mesmo
abandonados e esquecidos, conforme os contextos históricos e relacionais (Butler, 2010,
p. 200). O foco do presente artigo são as questões de gênero que permeiam a violência
física perpetrada nas relações de namoro entre adolescentes, uma vez que grande parte
dos estudos sobre esse tema e essa faixa etária privilegiam abordagens epidemiológicas
com enfoque nas agressões/ vitimizações por sexo, mas não aprofundam as discussões
sobre as relações de gênero (Tolman, Spencer, RosenReynoso, & Porshe, 2003). Além
disso, privilegia-se o diálogo com a literatura que trata de relacionamentos entre
adolescentes, dadas as especificidades dessa etapa da vida, entre elas, o que Heilborn
(2009) chamou de “aprendizado amoroso”, quando as vivências das primeiras
experiências afetivo-sexuais, em geral, estão em curso. Assim, acredita-se que este
estudo possa contribuir para um maior conhecimento sobre a violência nas relações
afetivosexuais na adolescência, bem como sobre as estratégias de prevenção, a partir da
compreensão das práticas de violência
Os relatos dos adolescentes destacam o ciúme e a infidelidade como fatores que
legitimam e justificam as agressões físicas entre namorados, tanto por parte dos
meninos, quanto por parte das meninas. Tal legitimidade encontra respaldo em normas
de gênero que se expressam na violência como construção da masculinidade, na
banalização da violência física feminina e na violência física contra meninas
perpetradas por ambos os sexos.
Conforme pode ser constatado na Tabela 1, em relação à garota humilhar ou agredir o
namorado, a maioria das respondentes avalia esses atos como graves ou muito graves
(acima de 90% do total), independente da prática pessoal ou não de agressão física no
namoro. Quando, porém, acrescentam-se motivações para as agressões físicas
embasadas em ciúmes ou fundamentadas na exigência de fidelidade no relacionamento
afetivo, cresce substancialmente o percentual de garotas que concorda com a
legitimidade das agressões físicas. Visto de outra forma, na Tabela 1, percebe-se que as
meninas que concordam com o ato de agredir outra garota por estar dando em cima de
seu namorado têm mais chances (OR=3,05) de praticar agressão física no namoro se
comparadas àquelas que discordam de tal ato. No que se refere à concordância com o
fato de uma garota apanhar do namorado por infidelidade no namoro, a chance daquelas
que perpetram agressão física na relação afetivo-sexual é 3,2 vezes maior se comparada
com as garotas que discordam de tal ato. Assim como observado em relação ao próprio
sexo, 98% das garotas consideram grave ou muito grave o ato de os rapazes humilharem
e agredirem as namoradas, sem diferenças significativas entre as que já agrediram
fisicamente seus parceiros em um relacionamento afetivosexual e as que nunca
agrediram. Quanto às agressões motivadas pela infidelidade do garoto, as meninas que
já praticaram agressões físicas no namoro concordam bem mais (OR=3,65) que o rapaz
merece apanhar, em relação às que
nunca praticaram agressão física no namoro. Não se notou distinção estatisticamente
significativa em relação ao item “o garoto tem direito de agredir outro que esteja dando
em cima de sua namorada”. Quando se compara a visão das meninas em relação ao sexo
feminino e masculino, verifica-se que as garotas, em sua maioria, condenam as
agressões físicas e as humilhações no namoro, mas, principalmente, aquelas praticadas
pelos meninos contra suas namoradas. Todavia, garotas se colocam com mais direitos
de agredir outra que esteja dando em cima do namorado do que admitem para o mesmo
fato no sexo oposto. Dito de outra forma, elas concordam mais com a agressão entre
garotas, por ciúme do namorado, do que com a agressão entre garotos, por ciúme das
namoradas. Já no que se refere a apanhar em caso de infidelidade, meninas se julgam
menos merecedoras. Tal qual observado entre as meninas, mais de 93% dos garotos
consideram muito grave ou grave que o namorado humilhe ou agrida a namorada
(Tabela 2). O direito de agredir outro rapaz que esteja dando em cima da namorada é
informado por um número grande de rapazes, indicando, mais uma vez, o ciúme como
um fator que motivaria a agressão física. Essa realidade é mais cristalizada entre os
rapazes perpetradores de agressão física no namoro (OR=2,41). Concordar com a
afirmativa de que o garoto infiel à namorada merece apanhar foi mencionado por muitos
rapazes. Entre aqueles perpetradores de agressão física no namoro, nota-se maior
concordância com tal visão (OR=2,14). A maioria dos garotos afirma que a namorada
humilhar e agredir o namorado é muito grave/grave, no entanto, muitos concordam com
o merecimento de a garota agredir outra que esteja dando em cima do namorado, com
uma OR=2,15, indicando a maior perpetração de agressão física entre os rapazes que
concordam com tal afirmativa. Entre os rapazes que relataram já terem praticado
agressão física no namoro, os que acham que a namorada merece apanhar se tiver sido
infiel ao namorado mostraram maior chance (OR=3,35) de perpetração de agressão
física no namoro. Comparando-se a visão dos garotos em relação ao próprio sexo e ao
oposto, notam-se mais similaridades do que diferenças. Destaca-se apenas o direito de
agredir outro por ciúme, que é mais legitimado para o sexo masculino. Comparando
meninos e meninas no que tange à agressão física a outra pessoa por ciúme do
parceiro(a), entre as meninas (Tabela 1), percebe-se que, embora os índices tenham sido
menores em comparação aos garotos (Tabela 2), os dados sugerem uma aceitação muito
maior da agressão de uma garota contra outra por ciúme do namorado do que da
agressão entre meninos por ciúme da namorada. Entre os meninos, embora esse tipo de
agressão tenha apresentado altos índices (Tabela 2), não houve, todavia, grandes
diferenças entre as visões de meninos e meninas. Embora tenha sido comum o discurso
chancelado socialmente de que a violência não é a melhor maneira de resolver conflitos,
a infidelidade é usada como justificativa para as agressões, tanto pelos meninos quanto
pelas meninas. O sentimento de ciúme provocado pela infidelidade, real ou apenas
suposta, é apontado como principal disparador dos conflitos no namoro, conflitos esses
que podem evoluir para brigas e atitudes violentas entre os parceiros. Associado ao
cuidado entre aqueles que se amam, o ciúme é percebido como negativo pelos
adolescentes somente quando é considerado exagerado, manifestando-se através de
comportamentos controladores ou de agressões diversas, inclusive físicas: “o ciúme
obsessivo coincide com a violência” (garota, GF misto).O comportamento controlador
mostrou-se comum entre ambos os sexos, com meninas considerando os garotos mais
controladores e ciumentos, em contraposição aos garotos, que, por sua vez, sentem-se
mais controlados e cerceados em sua liberdade por suas namoradas.

A relação entre comportamento ciumento emocional e violência foi discutida


anteriormente por Puente e Cohen (2003), conforme discutido no presente artigo. Os
pesquisadores realizaram três estudos e um deles foi analisar a hipótese de que as
pessoas podem mitigar o significado da violência quando ela ocorre em um contexto de
"ciúme" associado ao amor. Em seu estudo, realizado com 49 estudantes ingressantes de
Psicologia, os autores constataram que a hipótese inicial foi confirmada. Quando se
pressupunha o "ciúme", as pessoas aceitavam, ainda que disfarçadamente, a resposta
agressiva de um homem contra sua esposa quando ela era "justificada" por um
comportamento emocional ciumento.

Schraiber et ai. (2007) afirmam que a violência sofrida pela mulher é muitas vezes
grave e repetitiva, com consequências que afetam a saúde física, psicológica e
reprodutiva da mulher, podendo persistir mesmo após a cessação da violência. Por isso,
os estudos são um importante instrumento para aprofundar nossa compreensão sobre a
problemática da violência contra a mulher e, assim, contribuir para sua redução.

Ciúme demais indica necessidade de tratamento psicológico


Todo mundo experimenta, em menor ou maior grau, algum tipo de ciúme ao longo da
vida. É fácil, por exemplo, perceber como as crianças o demonstram em relação aos pais
ou aos amiguinhos. Trata-se de uma emoção que qualquer pessoa pode sentir quando
percebe a ameaça de perder algo que lhe é muito valioso. "O ciúme tem a ver com
processos vinculativos. O medo de ser abandonado ou trocado faz parte da natureza
humana e é algo normal. A intensidade do ciúme, porém, depende de fatores como
personalidade, mecanismos biológicos, autoconfiança e vivências", comenta Henrique
Bottura, diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista, em São Paulo (SP), e
colaborador do ambulatório do ambulatório de impulsividade do IPq-HCFMUSP
(Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo).
São essas condições, também, que podem tornar o ciúme disfuncional. Segundo o
psiquiatra Eduardo Perin, pesquisador do CenTOC-Unifesp (Centro de Assistência,
Ensino e Pesquisa em Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo da Universidade
Federal de São Paulo), o ciúme ultrapassa os limites de uma emoção normal e, em certo
ponto, saudável, quando começa a interferir na capacidade de concentração e disposição
da pessoa, afetando não só a relação afetiva como o trabalho, os estudos e a vida social.
"Quadros patológicos tendem a índices elevados de depressão e ansiedade e até
suicídio", alerta ele, que também atua como terapeuta sexual pelo Inpasex (Instituto
Paulista de Sexualidade).
Segundo Helio Malka Y Negri, psicólogo clínico da plataforma online Vittude no
Nordeste, quando há o entendimento da exclusividade em uma relação, é normal que se
sinta ciúmes em situações que pareçam ameaçadoras a essa exclusividade. "Porém, o
relacionamento se torna tóxico quando prejudica não apenas o envolvimento, mas
também o outro, seja por uma tentativa obsessiva de controle, pela crença superestimada
sobre a infidelidade do parceiro ou por pensamentos paranoicos e sem fundamentos,
podendo chegar ao descontrole agressivo. É uma situação que causa extremo sofrimento
aos envolvidos e é capaz de destruir as relações", explica.

Ainda conforme Negri, se o ciúme for realmente patológico, ou seja, com o


comprometimento severo da capacidade do indivíduo de dialogar interna e
externamente, não é facilmente resolvido com diálogos nem com mudanças de
comportamento. "As circunstâncias tendem a se agravar com o tempo, caso o problema
não seja tratado com seriedade, preferencialmente com a ajuda de um psicólogo, que
ajudará a pessoa a entender seus anseios e crenças", diz.

Percepção, autoconhecimento e busca por ajuda


De acordo com Marina Vasconcellos, psicóloga e terapeuta familiar e de casal pela
Unifesp, os ciumentos patológicos precisam procurar auxílio o quanto antes, pois "não
têm paz". "São pessoas em permanente estado de tensão e preocupação, que criam ou
procuram situações que alimentam a emoção nociva. Não dormem direito, porque o
cérebro 'não para', e levam uma vida regada a conflitos", aponta.
Vasconcellos trabalha como psicóloga voluntária do ambulatório de impulsividade do
IPq-HCFMUSP e relata que o primeiro passo par tratar o quadro é ajudar o paciente no
controle dos sintomas, como os pensamentos obsessivos. "Os medicamentos
antidepressivos auxiliam na estabilização do humor e da ansiedade e formam um
complemento à terapia", conta.

Já Lilian Fiorelli, ginecologista especialista em sexualidade feminina e uroginecologia


pela USP, avisa que em muitos casos a pessoa não se dá conta da gravidade da própria
situação. "São os amigos ou familiares que pontuam o comportamento disfuncional e
sugerem a busca por ajuda especializada. É importante aceitar esse feedback, pois o
ciúme patológico impede a visão clara e objetiva dos sentimentos e dos fatos", afirma.

É fundamental que o indivíduo pratique o autoconhecimento para tentar conhecer,


analisar e gerenciar suas emoções. "A psicoterapia é uma ferramenta poderosíssima
nesse sentido, mas existem formas alternativas, como meditação, arteterapia,
musicoterapia, hipnoterapia ou qualquer outra técnica que permita à pessoa se conectar
consigo mesma para catalisar seus sentimentos e harmonizar o seu estado de saúde",
indica Negri.

Para Viviane Tavares Pessoa, psicóloga da plataforma online Telavita, que atua em
Feira de Santana (BA), é válido entender que esse tipo de ciúme tóxico não aparece do
nada. "O ciúme é uma característica humana, porém, pessoas com desequilíbrio
emocional, desordem do desenvolvimento psicossexual e um conjunto de processos
experienciados na vida pela pessoa ciumenta, pode chegar ao ponto de estar em um
ciclo doentio e de relacionamento abusivo", fala.

E o que o par de um ciumento patológico pode e não pode fazer?


Não fazer nada não vai ajudar, ou seja, ignorar o sofrimento do outro não é uma boa
opção. Ao mesmo tempo, é sempre muito difícil ajudar quem não reconhece a
necessidade e não aceita ajuda. "Assim, o primeiro passo é tentar fazer o outro aceitar
que precisa de ajuda. Uma boa estratégia é propor a terapia de casal, pois será mais fácil
para um psicólogo demonstrar para o paciente ciumento patológico que a relação corre
mais risco por conta de suas próprias ações do que de possíveis atitudes do parceiro",
diz Negri.

Ele salienta que o profissional também pode identificar que muitas vezes o ciúme pode
ter motivos reais e não só emocionais. "Isso significa que pode realmente existir traição,
indiferença e omissões da outra parte. As relações humanas são complexas e nem
sempre há apenas uma verdade. É sempre bom olhar com honestidade, carinho
e empatia a dor de quem nos relacionamos."
Ciúme excessivo pode ser algum transtorno mental? O que fazer?
O ciúme é um sentimento comum e normal em relações humanas e pode sim surgir por
conta de algum transtorno mental. Por isso, é de extrema importância buscar a ajuda de
um profissional, se o ciúme estiver muito intenso e cause sofrimento significativo, ou
interfira no trabalho, na própria relação amorosa, na família e em outros aspectos da
vida da pessoa. Tanto o psicólogo como o psiquiatra estão aptos para identificar até que
ponto este sentimento está em um nível adequado, ou se é necessária uma ajuda
específica.

A insegurança e a baixa autoestima podem ser fatores que levam ao sentimento


exagerado, assim como o descaso ou a negligência sentida pela pessoa (quando o
parceiro desvia a atenção para o trabalho, hobbies, estudos e demais pessoas). Também
pode ser identificado o chamado ciúme obsessivo ou patológico. Este problema ocorre
quando o sentimento passa a ser muito frequente, a interferir no dia a dia do ciumento e
causa sofrimento para o casal.

Geralmente, a psicoterapia individual é prescrita pelo profissional da saúde mental, mas


é importante que o casal faça o tratamento. Além disso, também pode ser indicado a
psicoterapia de casal ou até mesmo o uso de medicamentos, mas tudo vai depender de
cada caso.

Em paralelo ao tratamento, é interessante mudar alguns comportamentos no dia a dia.


Trabalhar a parceria do casal e conversar sobre o assunto, ouvir com atenção os dois
lados e evitar usar do sarcasmo e ironia durante o bate-papo. Também é importante
melhorar a autoestima e a rotina da pessoa que está com ciúme. Realizar atividades que
gerem prazer para ela, e não para o casal ou somente para o outro indivíduo da relação.

O ciúme é um sentimento comum e normal em relações humanas e pode sim surgir por
conta de algum transtorno mental. Por isso, é de extrema importância buscar a ajuda de
um profissional, se o ciúme estiver muito intenso e cause sofrimento significativo, ou
interfira no trabalho, na própria relação amorosa, na família e em outros aspectos da
vida da pessoa. Tanto o psicólogo como o psiquiatra estão aptos para identificar até que
ponto este sentimento está em um nível adequado, ou se é necessária uma ajuda
específica.

A insegurança e a baixa autoestima podem ser fatores que levam ao sentimento


exagerado, assim como o descaso ou a negligência sentida pela pessoa (quando o
parceiro desvia a atenção para o trabalho, hobbies, estudos e demais pessoas). Também
pode ser identificado o chamado ciúme obsessivo ou patológico. Este problema ocorre
quando o sentimento passa a ser muito frequente, a interferir no dia a dia do ciumento e
causa sofrimento para o casal.

Geralmente, a psicoterapia individual é prescrita pelo profissional da saúde mental, mas


é importante que o casal faça o tratamento. Além disso, também pode ser indicado a
psicoterapia de casal ou até mesmo o uso de medicamentos, mas tudo vai depender de
cada caso.

Em paralelo ao tratamento, é interessante mudar alguns comportamentos no dia a dia.


Trabalhar a parceria do casal e conversar sobre o assunto, ouvir com atenção os dois
lados e evitar usar do sarcasmo e ironia durante o bate-papo. Também é importante
melhorar a autoestima e a rotina da pessoa que está com ciúme. Realizar atividades que
gerem prazer para ela, e não para o casal ou somente para o outro indivíduo da relação.
como a seu companheiro ou companheira?

Entendendo o ciúme patológico


Neste caso, estamos falando do “ciúme patológico” ou “mórbido”, muitas vezes
chamado “Síndrome de Otelo”, em virtude do personagem de Shakespeare que, tomado
de um ciúme doentio, assassina sua própria esposa, Desdêmona.

Vale dizer que, em termos clínicos, não podemos falar em uma síndrome única. Na
verdade, há diversos tipos de quadros. Em comum, eles compreendem vários
sentimentos perturbadores, desproporcionais e absurdos, os quais determinam
comportamentos inaceitáveis ou bizarros.

Além disso, todos os quadros envolvem um medo desproporcional de perder o parceiro


para um rival, além de desconfiança excessiva e infundada, que gera prejuízos em casa,
no trabalho e em toda a vida social.

No ciúme patológico, são diversas as emoções experimentadas, como ansiedade,


depressão, raiva, vergonha, humilhação, culpa e desejo de vingança. Vulnerável e muito
desconfiado, com autoestima muito rebaixada, o portador tem como defesa um
comportamento impulsivo, egoísta e agressivo.

Elementos ligados ao ciúme patológico

o Crença superestimada sobre a infidelidade do parceiro

o Medo desproporcional de perder o parceiro ou espaço na vida dele

o Absurdo e irracionalidade na avaliação da infidelidade ou nas reações a


ela

o Evidência de prejuízos sociais causados pelo ciúme

 Presenças de ideias obsessivas, prevalentes ou delirantes sobre a infidelidade

Quadros em que o ciúme patológico pode aparecer

É importante saber que o ciúme patológico pode aparecer relacionado com qualquer
outro diagnóstico psiquiátrico. É o caso por exemplo de psicoses orgânicas, distúrbios
paranoides, psicoses alcoólicas e esquizofrenias.
Em pacientes ambulatoriais o ciúme patológico relaciona-se em grande parte a quadros
depressivos, ansiosos e obsessivos. Nas mulheres, há incidência maior na gravidez e
menopausa. Há estudos ainda que indicam a prevalência do ciúme patológico no
alcoolismo, girando em torno de 34%.

Existe também o ciúme patológico em sua forma pura, sem alucinações ou deterioração
da personalidade, mas é bem raro que ele apareça dessa forma, estando em geral
relacionado a outros quadros. Há inclusive diversos estudos que relacionam o ciúme
doentio como motivo da obsessão em casos de Transtorno Obsessivo-Compulsivo
(TOC).

Importância de um diagnóstico correto

Como pudemos perceber, o diagnóstico do ciúme mórbido não é nada simples, havendo
uma grande gama de quadros e doenças relacionadas. Por isso, trata-se de uma situação
em que é imprescindível a ajuda de um profissional.

Se você passa por um quadro parecido ou conhece alguém para quem o ciúme tornou-se
uma fonte de dor e prejuízos sociais, não deixe de procurar ou indicar a procura de um
psicólogo.

Para cada quadro, há um tratamento diferente que pode proporcionar as condições para
que a pessoa recupere da melhor maneira suas condições de se relacionar e ter uma vida
saudável. Com amor, sim, mas com um ciúme que não seja possessivo nem agressivo.

O ciúme patológico pode ser o grande vilão de um relacionamento amoroso, que


poderia ser próspero ao considerarmos que o amor é a base na construção de qualquer
relacionamento. Geralmente o ciúme patológico é uma característica de um indivíduo
que apresenta outra psicopatologia, ou seja, outro quadro psicológico que não apenas o
seu ciúme excessivo. Dessa forma, podemos dizer que o ciúme patológico pode ser um
sintoma originado de outra questão a ser tratada no indivíduo. Por isso, temos recebido
também em nossa clínica inúmeros casos caracterizados por esse excessivo controle
sobre o outro, que é acompanhado de ideias delirantes, por exemplo, de estar sendo
traído.

 
MAS O QUE É O CIÚME PATOLÓGICO?

Isoladamente, o ciúme problemático é uma potencialização do ciúme, ou seja, uma


intensificação de uma emoção humana natural e presente em muitas relações. Essa
potencialização é caracterizada pela dificuldade de distinguir entre o real e o imaginário.
Em outras palavras, podemos dizer que um homem pode crer que sua fiel namorada o
trai sempre que consegue ficar sozinha. Neste exemplo, estamos falando de uma mulher
que não trai o seu namorado, mas, para ele, isso é impensável, pois a traição é real sob
sua ótica. A partir disso, o homem busca justificar a suposta traição a partir de ações da
sua parceira, ações essas que não comprovam a ideia delirante dele, porém, para ele,
justificam o que ele pensa. De maneira que ao observar sua namorada conversando com
um amigo, o namorado pode crer que ela está sendo demasiadamente simpática e que,
provavelmente, está agindo assim, pois seu amigo é seu amante. O namorado pode
ainda imaginar que o amigo já pode ter sido seu amante ou é um dos pretendentes dela e
por isso ela está tratando-o tão bem.

A partir disso, já podem surgir os prejuízos provocados por essas ideias delirantes,
como o namorado começar a se enraivecer e se comportar de maneira ríspida para com
os amigos dela, pois acredita apenas nas suas próprias interpretações sobre o fato.
Assim, paras as pessoas que não estavam experimentando essas ideias delirantes (a
namorada e o amigo dela), o momento divertido termina de maneira negativa e às vezes
até de maneira muito agressiva. E quando o casal se retira do ambiente, geralmente, a
briga prossegue com agressões verbais e até físicas, em alguns casos.

EVITE ESTIMULAR 

Nessa situação, é comum mulheres ou homens vítimas do ciúme patológico do(a)


parceiro(a) ficarem confusos e, as vezes, por imaturidade ou por pouca experiência com
esse tipo de conflito, pedirem desculpas por algo que não fizeram. Dessa maneira,
tentam acalmar o parceiro excessivamente enciumado e preservar a continuidade do
relacionamento. Na verdade, o pedido de desculpas acaba por reforçar o comportamento
do ciumento patológico, além de poder atuar como uma confirmação de que ele
realmente estava certo. Diante disso, é importante esclarecermos que caso uma das
partes não procure ajuda, é provável que o problema se mantenha e, até mesmo, avance
a níveis insuportáveis, ocasionando a futura ruptura do relacionamento e a perda do
amor.

COMO TRATAR

Onde há conflitos de qualquer ordem que fundamentalmente proporcionam sofrimento


persistente aos indivíduos, a psicologia em forma de Psicoterapia – tratamento
psicológico clínico – funciona como um significativo instrumento de mudança e de
alívio desse sofrimento. Esse processo terapêutico auxiliará o indivíduo na formulação
de hipóteses sobre o porquê desse sofrimento, como ele se desenvolveu e quais as
necessidades a serem tratadas. E somada à Terapia Cognitiva Comportamental, que é a
abordagem psicológica utilizada em nossa clínica, a pessoa será auxiliada a se
conscientizar de seu conflito, a conhecer os sintomas e desenvolver estratégias para
buscar diminuí-lo e/ou cessá-lo ao longo do processo.

Dependência emocional: entenda quando situação passa do limite

A dependência emocional costuma ter sinais claros, mas quem está na situação nem
sempre consegue enxergá-los. Ciúme, controle e possessividade são indicadores dessa
dependência que, em geral, acomete relacionamentos conjugais. Mas também pode
acontecer entre amizades e familiares: aquele amigo que quer atenção integral ou uma
mãe que acredita que precisa dar atenção total a um único filho, podem indicar o
problema.

"O conflito e as diferenças podem não ter espaço, pois se aparecem, ameaçam a
continuidade do vínculo, podendo gerar rompimento", justifica a psicóloga Débora S. de
Oliveira, docente do Curso de Psicologia da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul).

E isso ocorre justamente porque foi instalada uma dependência emocional. O outro
passa a ser colocado em uma posição no qual preenche o vazio, como se fosse o
responsável pela sua completude. Porém, esse tipo de relacionamento não é saudável e,
muitas vezes, é necessária ajuda profissional para conseguir reconhecê-lo.

É importante analisar os vínculos

Desde a infância, precisamos de vínculos seguros que irão garantir um processo


chamado apego seguro. E isso não significa apenas proximidade, mas uma relação de
qualidade, quantidade e frustrações, possibilitando ao indivíduo o desenvolvimento de
uma confiança e segurança na relação com os outros. "Tal processo facilita o
crescimento emocional na medida em que se leva em conta as necessidades e respostas
de cada um", informa Oliveira.

Na prática, os relacionamentos bons criam um senso de liberdade e as pessoas ficam


juntas por prazer e não porque precisam uma da outra. O contrário disso caracteriza uma
dependência, condição emocional ou comportamental que afeta a habilidade da pessoa
em ter um relacionamento saudável e mutualmente satisfatório trazendo impactos
negativos para esse convívio.

"A dependência emocional é muito presente em relacionamentos difíceis que acabam


criando um ciclo vicioso de ciúme e possessividade, o dependente quer vigiar o outro e
este se sente sufocado, podendo até se afastar", explica Fabrício Guimarães, professor
do Departamento de Psicologia Clínica da UnB (Universidade Federal de Brasília).

A face inicial do problema

Quem sofre com a dependência emocional tende a querer exclusividade e, para isso,
pode se valer de persuasão e chantagem. Nada do que o outro faça longe dele, ou seja,
outros contatos e situações, têm valor. "O dependente costuma criticar tudo que o outro
faz ou conquista em que ele (o dependente) não esteja presente, como se qualquer ação
sem a sua participação fosse problemática", detalha Guimarães.
A proposta é manter um isolamento, como se a atenção do outro devesse ser exclusiva
ao dependente. O especialista da UnB diz que essa situação pode ser muito presente
entre mãe e filho que desenvolve algum tipo de dependência química, como se a
genitora lhe devesse total atenção para superar o problema. E ela, por se sentir
responsável e até culpada pela situação, acaba dedicando-se integralmente ao filho
doente.

A dependência emocional em seu início parece banal, e até aceitável. Mas ela pode
evoluir para situações de total controle e violência. E isso costuma ser muito recorrente
em relacionamentos conjugais que, mesmo trazendo dores e sofrimento, acabam se
perpetuando mesmo com um convívio doentio.

Quem pode sofrer com isso

Por muito tempo, a dependência emocional esteve relacionada à figura feminina. O


tema foi abordado até em novela e acabou ganhando notoriedade como 'mulheres que
amam demais'. No entanto, nos últimos anos, os homens também passaram a ser
diagnosticados com o problema. "Eles podem ser muito dependentes emocionalmente e,
por isso têm dificuldade em aceitar uma separação, por exemplo. Usam a violência, as
agressões e a perseguição para evitar que a parceira vá embora", exemplifica
Guimarães.

Segundo o docente, casos em que o homem tira a vida da parceira e suicida-se podem
ser um sinal de dependência emocional. "É importante que os homens também falem
sobre relacionamentos, pois precisam de ajuda para perceber a violência que cometem",
considera Guimarães. Mas, na prática, qualquer pessoa pode cair nessa armadilha
independentemente de gênero, faixa etária ou classe social.

Como perceber o problema

Extremos costumam ser fáceis de identificar. "O ciúme também é uma característica
muito frequente, pois a pessoa fica refém daquele relacionamento querendo manter um
controle exacerbado por medo de abandono", elucida o psiquiatra Aderbal Vieira Junior,
responsável pelo ambulatório de tratamento de dependências de comportamentos do
Proad da Unifesp (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da
Universidade Federal de São Paulo).

O psiquiatra explica que para quem convive com a situação ou está próxima dela pode
ser mais fácil notar o desequilíbrio. No entanto, essa dependência tende a provocar uma
anestesia emocional que impossibilita o paciente de perceber o problema.

Vencer essa dependência é possível

Assim como existem pessoas que não conseguem se livrar das drogas ou da bebida,
também é possível tratar a dependência emocional. Portanto, a ajuda profissional pode
ser imprescindível para vencer o problema. "A terapia ajuda a encontrar padrões
repetitivos de relacionamentos com dependência emocional, além de auxiliar na busca
de alternativas sem que se fique preso em buscas por relações 'que vão me fazer feliz',
como se a felicidade pudesse ser encontrada no outro", afirma Oliveira.

Também é fundamental prevenir que essa dependência emocional se instale. E isso


provoca uma mudança de comportamento sociocultural, afinal é fundamental
desmistificar o amor romântico. "O amor e o afeto não precisam aprisionar. Ninguém
vive em função do outro, e muitos consideram que o controle é uma expressão do amor,
mas não é", alerta Guimarães. Em geral, muitas pessoas buscam ajuda na iminência do
abandono ou quando o outro realmente se afasta, mas é possível iniciar um tratamento
antes disso para elevar a autoestima e vencer alguns padrões limitantes

O que é?
Todo relacionamento envolve o sentimento de ciúmes em certo grau. O ciúme é uma
reação humana, e por si só, não é algo negativo. Ele demonstra que o parceiro(a) está se
sentindo ameaçado frente a uma situação, com medo de perder a pessoa amada. Nesses
casos, uma conversa sincera e tranquilizadora tende a amenizar o sentimento de
insegurança. Porém, o ciúme patológico ou doentio, também conhecido como
“Síndrome de Otelo” envolve uma constante percepção de que o indivíduo está sendo
traído pelo parceiro (a). Assim, todo e qualquer estímulo pode servir como “sinal” de
traição, mesmo que não haja qualquer vestígio de rival. O ciumento fundamenta não
fundamenta suas ações em fatos reais, mas em falsas interpretações da
realidade. Combater o ciúme patológico é de extrema importância, pois ele desgasta o
relacionamento. O tratamento psicológico do ciúmes pode impedir que consequências
mais graves (como por exemplo, um crime passional) ocorram.
Sintomas do ciúme patológico ou doentio
Não existe uma ferramenta de medição do ciúme, que possa definir se ele deve ser
considerado normal ou patológico. Porém, o ciúme patológico causa intenso
sofrimento, tanto para o ciumento quanto para o parceiro (a). De qualquer forma,
existem algumas características que indicam a presença da Síndrome de Otelo e servem
como alerta para a procura por um tratamento do ciúme patológico:
 Controlar o parceiro (a);
 Fazer visitas “surpresa”;
 Checar e-mails, bolsas, telefone, contas do cartão;
 Telefonas inúmeras vezes ao dia;
 Implicar com a roupa do parceiro (a) e com seus amigos;
 Seguir o parceiro (a) ou até mesmo contratar um detetive.
Em muitos casos pode haver agressão física e ameaças de diversas ordens, o que indica
mais uma vez, a urgente necessidade de procurar um tratamento para o ciúme doentio.
Como identificar o ciúme patológico ou doentio
Como já mencionei, não existe um instrumento que mede o grau do ciúme. Porém,
o ciúme patológico é um sentimento que gera uma série de consequências e
desconfortos. O ciumento geralmente sente ansiedade, raiva, culpa, vergonha,
insegurança contínua, baixa autoestima, medo incontrolável de perder o parceiro(a),
desejo de vingança, depressão, remorsos e pensamentos intensos e recorrentes que o
levam aos comportamentos compulsivos (por exemplo, os de verificação).  A vítima
pode facilmente desenvolver um transtorno de ansiedade ou depressão, por conta das
grandes limitações às quais é exposta pelo parceiro (a). Além disso, sentimentos de
injustiça, angústia, medo do parceiro (a), perseguição, baixa autoestima, desesperança
pela vida e sentimento de “perda de identidade” são constantes. É comum o afastamento
dos amigos e até mesmo da família, nos casos mais graves. A presença desses
sentimentos indica que a situação está “fugindo do controle” e a necessidade
de combater o ciúme patológico deve ser priorizada.
Como a terapia pode ajudar
O tratamento psicológico do ciúmes, por meio das terapias de abordagem
comportamental é altamente indicado, pois essas terapias possuem diversos estudos e
pesquisas de alto grau de evidência científica. Quando quem procura o tratamento é a
pessoa que sofre de ciúmes, o terapeuta busca identificar as causas desses
comportamentos e procura entender, juntamente com ele, as contingências que o
mantém a emitir tais comportamentos. Além disso, algumas crenças disfuncionais são
reestruturadas. Da mesma forma, quando o paciente é a vítima, são feitas análises que
buscam identificar quais comportamentos mantém os comportamentos ciumentos do
parceiro(a). Além disso, o terapeuta procura elevar o autoconhecimento da vítima, para
que assim, ela possa lidar com a situação de forma mais confiante e segura.

O ciúmes é um sentimento inerente aos seres humanos e que pode estar presente nas
mais diversas relações.

É bem verdade que, em geral, esse sentimento nos provoca mais descontentamentos do
que felicidade, mas você sabe classificar o seu ciúmes?

Provavelmente essa não seja uma tarefa tão fácil, por isso, vamos discutir hoje todos os
aspectos que estão envolvidos com essa emoção, para que você possa entender o quanto
o ciúmes está interferindo na sua vida e nas suas relações.

O que é o ciúmes?

O ciúmes é um sentimento de insegurança que vem do medo de perder uma pessoa, em


que o seu maior desejo é preservar e permanecer em uma relação.

Para a psicóloga e especialista do Zenklub, Milena Lhano:

Em uma relação, o ciúme pode estar presente quando existe desconfiança, insegurança,
tendência ao controle e posse, dentre outros fatores que dificultam confiar na outra
pessoa.
Para ela, relações mal-sucedidas anteriormente também podem influenciar. “Relações
anteriores em que houve traição ou um relacionamento abusivo e muitos conflitos
amorosos também podem contribuir para que o ciúme esteja presente na nova relação”,
afirma.  

Na maioria dos casos, ter ciúmes em alguma relação é completamente normal. Porém,
quando esse grau de ciúmes é desproporcional, constante e até mesmo sem fundamento,
podemos vivenciar o ciúmes obsessivo, que está mais relacionado a necessidade de
controle e desconfiança, do que de amor.

O que é ciúmes obsessivo?

Como mencionamos, o ciúmes obsessivo é o tipo de ciúme que se afasta do sentimento


de amor e se torna algo abusivo e controlador, podendo ser considerado, inclusive,
um transtorno obsessivo.

É no ciúmes obsessivo que pensamentos negativos e muitas vezes sem fundamento


invadem a consciência e se tornam recorrentes, a ponto de se tornar um sofrimento.

Essa espiral destrutiva de relacionamento, costuma ter como consequência o


rompimento da relação.

A pessoa ciumenta obsessiva não costuma ter uma visão realista do seu próprio
comportamento, não enxergando que o limite pessoal está sendo destruído e invadido.

Em geral, o ciumento obsessivo busca evidências a qualquer custo e chance de


desmascarar algo que, às vezes, está apenas em sua própria imaginação, não dando
ouvidos a argumentos reais e provadores do contrário.  

Ciúmes saudável x obsessivo

Agora você deve estar se perguntando, então qual a diferença entre o ciúmes saudável e
o obsessivo?

Como você deve perceber, o ciúmes inerente ao ser humano, ou seja, o saudável, está na
esfera apenas do receio e preocupação em se distanciar das pessoas e das relações que
criamos.
É um sentimento que não atrapalha, controla ou machuca a vida do outro e nem a de si
próprio.

Já o ciúmes obsessivo ou também chamado de ciúmes patológico, pode ser considerado


um distúrbio mental, que obceca, causa sofrimento e torna-se um transtorno repleto de
hostilidade e impactos negativos entre as pessoas.  

Ciúmes obsessivo diagnóstico

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR,


2002), é um Transtorno Delirante Paranóico centrado na obviedade sem motivo
evidente ou justo de que está sendo traído ou enganado pelo parceiro.

Nesse transtorno,  pequenas evidências, como chegar mais tarde em casa, perfumes
diferentes ou até mensagens privadas, tornam-se uma justificativa acumulada para o
delírio, que pode levar até a medidas extremas com acusações verbais, violência e
abuso.  

Causas do ciúmes

As causas do ciúmes podem ser variadas de acordo com as pessoas e as relações, mas
sua base é sempre a questão de insegurança, falta de autoconfiança e baixa autoestima.

Essas inseguranças podem ter origens anteriores, como outros relacionamentos


amorosos, como comentamos aqui, mas podem ir além, remontando lembranças da
infância ou de uma relação entre pais e filhos distante e ausente.

Para esses casos, a pessoa exprime sua necessidade de afeto e carência que vem desde a
fase infantil para o seu parceiro ou amigos. Outra causa comum é a insegurança fonte de
alguma experiência de humilhação ou trauma.
Sintomas do ciúmes

É difícil nos darmos conta dos sintomas que podem indicar um excesso de ciúmes ou
até os sinais de um ciúmes obsessivo, mas em geral há algumas atitudes e sensações
mais genéricas:

 Pensamentos de traição e abandono;

 Busca constante por pistas ou evidências que indiquem uma traição;

 Medo excessivo de perder a pessoa, causando até mal-estar físico;

 Análise constante dos pensamentos, gestos e atitudes do outro;

 Violação da privacidade;

 Controle excessivo do dia a dia do outro;

 Interferência nas relações pessoais e profissionais do outro;

 Criação de situações imaginárias que levam a conclusões sem sentido;

 Insônia, agitação, ansiedade e até depressão;

 Sentimento de solidão e tristeza profunda quando não está junto ao outro.

Ciúmes: tratamento

Você pode achar que ciúmes não tem tratamento ou cura, mas a verdade é que existe
sim formas de você administrar melhor esse sentimento e até se livrar dos sintomas
obsessivos.

E uma ferramenta que pode nos ajudar, tanto como indivíduo ou como casal, é
a psicoterapia. Com a ajuda de um especialista você irá conseguir identificar o que está
por trás desse sentimento e irá desenvolver habilidades para superá-lo.
Segundo a especialista Milena Lhano:

A presença de um profissional também é importante porque muitas vezes o ciúme pode


ter motivos reais e não só emocionais, ou seja, pode realmente existir traição,
indiferença e omissões da outra parte.
“Existem muitos casais que veem o ciúme como prova de amor e forma de
preocupação, e usam inclusive a famosa frase ‘Quem ama cuida’.

Nesses casos, quando ambos têm a mesma ideia e o ciúme não é um problema, ele pode
ser saudável sim, pois ajuda a manter o relacionamento”, explica Milena.

A terapia, assim como para outras questões da nossa vida, nos ajuda a nos transformar
nas pessoas que gostaríamos de nos conhecer.

Ela estimula a inteligência emocional, a autoestima e o autoconhecimento, que são


importantes quesitos para estarmos bem, acima de tudo, com nós mesmos.

Para vítimas de ciúmes obsessivo

Se você é uma vítima de uma outra pessoa ciumenta obsessiva, é bom não se intimidar e
tentar lutar pelos seus direitos de existir e viver com liberdade e cercada de amor.

É muito importante que você saiba avaliar o grau de obsessão do seu parceiro ou
parceira, para que não haja um perigo iminente que possa colocar você e sua integridade
moral e física em perigo.

Por isso, procure ajuda, converse com amigos e não se cale diante dessa situação.

Quando você é permissivo e deixa que haja o controle por parte do obsessor, você não
ajuda a resolver a situação, ao contrário, só o torna ainda mais agressivo e fora da
realidade.
Dicas para não ser tão ciumento

Há também algumas dicas dos especialistas que podem ajudar a controlar e a lidar
melhor com o seu ciúmes.

Lembrando, que ter uma ajuda profissional, caso você já tenha se identificado com os
sintomas, é ainda a melhor opção para se livrar desse sentimento.

De qualquer forma, vale algumas ações e pensamentos para você começar a trabalhar
esse problema dentro de si hoje mesmo:

 Trabalhe a autoestima: quando estamos felizes conosco, estamos felizes com o mundo.


Pessoas com autoestima elevada são mais seguras e cultivam boas relações;

 Tenha inteligência emocional: a inteligência emocional irá lhe conectar com as suas
mais profundas relações com os seus próprios sentimentos, fazendo que não seja uma
surpresa constante as suas reações, decepções e sucessos;

 Tenha pensamentos positivos: deixar-se levar por pensamentos negativos e que só


atrapalham a sua vida, podem refletir também nas pessoas com quem você se relaciona.
Ter empatia e resiliência para tratar os acontecimentos na vida podem te tornar mais
positivo;

 Converse: abrir o diálogo e deixar clara as suas incertezas e inseguranças, ou a tal


famosa D.R. (discutir a relação) pode ser extremamente útil, pois já expõe toda a sua
imaginação e realidade para ser conversada abertamente;

 Pratique atividades físicas e hobbies: nada melhor do que ocupar o tempo com


atividades que estimulam nosso corpo e mente. Essa prática, além de ocupar a cabeça,
traz benefícios para o corpo e consequentemente para a autoestima;

 Saiba dizer não, e sim também: limite é a palavra-chave, tanto para você ter para as
outras pessoas, como para si. Não se deve fazer tudo que todos pedem, é preciso se
conectar com as suas verdadeiras vontades e desejos para ser feliz.
Quer se conhecer, trabalhar o ciúmes e saber como controlar e ressignificar? Conheça
os especialistas em saúde emocional do Zenklub e comece a sua jornada rumo ao bem-
estar emocional.

São muitos os tipos de violência associados ao ciúme.  Violência psicológicas como


xingamentos e ameaças ou violência física que podem acabar em agressões mais graves
ou até mesmo casos de morte, como no caso da professora Sandra Afonso, que foi
morta na escola onde trabalhava pelo marido motivado por ciúmes.

Um novo estudo realizado pela Universidade de Houston, nos Estados Unidos, revelou
que pessoas ciumentas tendem a abusar de bebidas alcoólicas com mais facilidade. De
acordo com os pesquisadores, pessoas dependentes de um relacionamento amoroso e
que acreditam que são vítimas de traição apresentam maior risco de afogar as mágoas
no bar.

Estudos anteriores já haviam mostrado a relação entre o ciúme e o alcoolismo. Contudo,


esse é o primeiro trabalho que analisa três fatores juntos: a dependência de um
relacionamento para a autoestima, o ciúme e o hábito de consumir bebida alcoólica.
Para realizar o experimento, os pesquisadores investigaram como as diferentes maneiras
de sentir ciúme se relacionam com o abuso de álcool.

Como controlar os ciúmes no relacionamento é sempre uma questão polêmica.


Independente da idade, é comum casais se depararem com esse sentimento polêmico. 

Alguns fatores presentes na sociedade tornam difícil combater os ciúmes. Por exemplo,
demonstrações do sentimento ainda costumam ser vistas como gestos
românticos quando, na verdade, existem maneiras mais saudáveis de expressar o amor. 

O ciúme é, na verdade, um sinal de insegurança. 

A pessoa extremamente ciumenta ou não confia o suficiente no parceiro ou


tem autoestima baixa. Ela procura sabotar qualquer possibilidade do parceiro encontrar
outra pessoa porque, na cabeça dela, indivíduos solteiros são ameaça. 
Esta conduta controladora gera brigas e discussões frequentes, desgastando a relação.
Além disso, o ciúme exagerado é danoso para o indivíduo que o sente. Esse sentimento
estimula a ansiedade, a desconfiança e a raiva. 

Afinal, o que é o ciúme?

Segundo a Psicóloga Sandra Quero, ciúme é um sentimento bem difícil de controlar e


que aparece por diversas razões. Pode ser ciúme do namorado, de um amigo ou até do
irmão.⠀

Apesar de bem desagradável, ele é um sentimento natural do ser humano, só que,
dependendo do caso, pode estar em um nível exagerado, causando um ciúme
patológico, que requer a ajuda de um psicólogo.⠀

O ciúme surge como um sinal de alerta, quando acreditamos que algo não está indo bem
ou como desejamos.⠀

Pode ser um problema real ou estar presente apenas no imaginário. Só que faz parte do
nosso instinto querer eliminar toda e qualquer ameaça que nos tornam inseguros,
desprotegidos ou em desvantagem.⠀

Então, como manter o ciúme sobre controle?

Dicas de como controlar os ciúmes

Primeiramente, reflita sobre os fatores que costumam despertar os ciúmes. 

Se você fica enciumado quando o seu parceiro interage com outras pessoas ou atende
compromissos sociais sem você, é provável que sofra de ciúme excessivo.

O caso é especialmente complicado quando você sente ciúmes de amigos e


familiares, com quem o seu companheiro convive quase diariamente.  
Após fazer esse exercício, será mais fácil identificar quais aspectos do seu
comportamento devem ser trabalhados. Em seguida, relacione-os com as nossas dicas
de como controlar os ciúmes!

1. Analise a razão dos ciúmes

Questione-se sobre o motivo dos ciúmes. Qual é a situação que despertou o sentimento?
Por que você está com ciúmes? Aconteceu algo no passado para você se sentir assim
hoje? Se houver, é uma questão que deve ser conversada com seu companheiro. 

A psicóloga Sandra Quero afirma ainda que os ciúmes mais comuns são os que
ocorrem no âmbito dos relacionamentos amorosos.

Nestes casos, o desejo exagerado de posse e de exigência egocêntrica próprios de todas


as formas de ciúmes é somado à exigência de uma fidelidade mais ou menos acordada e
à desmoralização social que pode surgir a partir da infidelidade.⠀

Esta situação de desconfiança contínua gera uma grande tensão emocional na pessoa
ciumenta e em seu parceiro. Este último se sente assediado, monitorado e interrogado na
maior parte do tempo, geralmente sem motivos.⠀

Se não houver consciência de que o ciúmes pode estar em excesso, é pouco provável
que a pessoa vá buscar ajuda. ⠀

O mais provável é que por trás disso existam pensamentos distorcidos acerca do
relacionamento amoroso e do comportamento da pessoa amada.

Uma vez recolhida esta informação, é preciso analisá-la. Temos que buscar provas de
que o que pensamos é real ou está realmente acontecendo.⠀

Por mais que as pessoas ciumentas tenham uma má fama, a verdade é que elas sofrem e
que seu sofrimento é real. Por isso, se este problema condiciona a sua vida em algum
grau, não se envergonhe e procure ajuda para controlar os ciúmes.⠀

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2. Deixe as suas intenções claras

Logo no início do relacionamento já deixe as suas intenções claras. Se elas se


modificaram ao longo da relação, comunique-as ao parceiro para que não haja
desentendimentos no futuro. 

3. Trabalhe a confiança no relacionamento

Você confia no seu parceiro?

Se não conseguir responder ‘sim’, o melhor a fazer é conversar sobre isso. Explane


sobre os comportamentos do parceiro que causam desconfiança, mas tenha em mente
que não é possível mudar as pessoas.

Tudo o que você pode fazer é expressar os seus sentimentos e observar a reação do seu
parceiro. 

Segundo o psicólogo Hélio Malka, o ciúme é um sentimento natural em todo ser capaz
de criar vínculos afetivos e funciona como um alarme interno, que pode ser acionado
por motivos concretos ou abstratos, imaginários.

Ele está relacionado com o medo de perder a atenção de alguém ou até mesmo perder
esse alguém para outro.

Antes de mais nada, reconheça quando você está sendo ciumento, credite que você
merece que alguém te ame e que quer ficar só com você. Além disso, aprenda a confiar
no outro.

4. Mantenha o diálogo em dia

Esta dica é um complemento das duas anteriores. Além de deixar bem claro o que você
procura no relacionamento, converse sempre que se sentir inseguro, após uma
discussão, e também compartilhe as coisas boas.

Você precisa sentir que pode se abrir com ele/ela. Caso contrário, o desconforto em
dialogar pode indicar um ponto a ser trabalhado.  
5. Eleve a sua autoestima

Quando a autoestima é forte, é impossível acabar com a sua segurança. Além


disso, pessoas com autoestima elevada confiam em si mesmas. Conseguem distinguir
quais condutas merecem atenção e quais devem ser ignoradas, pois sabem o que é
melhor para elas. 

Embora relacionar-se seja saudável e parte da vida, não se pode esquecer quem merece
toda a sua atenção: você mesmo. Por isso, trabalhe a sua autoestima para que você possa
amar também a pessoa refletida no espelho. 

6. Combata o comportamento controlador

É impossível controlar a liberdade do outro. 

As pessoas são diferentes, portanto, vivem, pensam e agem de forma diferente. Quando
você não respeita isso, demonstra que não confia totalmente no seu parceiro.

Logo, quer controlar todos os seus passos. Mas, pense, você gostaria que alguém fizesse
isso com você? 

7. Não viva no passado

Se você já sofreu uma traição, é normal ficar com alguns receios. No entanto, em algum
momento, precisará se libertar do passado.

Não traga as inseguranças oriundas de outro relacionamento para a relação


atual. Se não conseguiu superar o trauma e sente que é uma constante negativa em sua
vida, já pensou em procurar ajuda profissional para curar a ferida? 

8. Racionalize o sentimento

Quando a crise aparecer, veja os ciúmes com os olhos de um cientista. Faz sentido não
querer que o parceiro encontre os amigos? Todo mundo sai para se divertir com quem
ama e confia, então, qual é o problema? Esta dica é especialmente eficaz para quem
sofre com crises recorrentes. 
9. Aprenda a demonstrar o amor de forma diferente

Os ciúmes, ao contrário do que muitos pensam, não são uma expressão de amor. São
uma forma de possessão.

Você provavelmente já se deparou com histórias de casais que brigaram em um local


público por causa de ciúmes. Esta é a verdadeira face dos ciúmes, desagradável e
egocêntrica. Em contraste, o amor é manso, gostoso e leve. 

10. Não se compare com os ex-companheiros

Assim como você não deve cair em devaneios sobre relacionamentos passados, não
precisa se comparar com os ex-parceiros da outra pessoa. Afinal, cada um é cada um!

Se o seu parceiro está com você até hoje e lhe trata super bem, é sinal que escolheu ficar
com você porque gosta da sua personalidade. 

11. Mantenha uma vida social ativa

Muitas pessoas se envolvem tanto com a relação que negligenciam amigos e familiares
assim como deixam de fazer o que amam para viver em função de agradar o
parceiro. Essa postura nociva pode se tornar tóxica. Todo mundo precisa de uma vida
social ativa.  

12. Fortaleça o seu amor próprio

Mais uma vez, reforça-se a importância de amar a si mesmo acima de tudo. Não se


trata de narcisismo ou egocentrismo, mas, sim, de respeito consigo mesmo. Lembre-se
todos os dias de como você é importante para este mundo e não permita que ninguém
lhe diga o contrário. 

13. Busque terapia

Segundo a psicóloga e psicanalista Giselle Ladeia, Freud dividia o ciúme em três níveis:
competitivo/normal, o projetado e o delirante.
Dessa forma, cada nível possui um grau diferente de intensidade e de mecanismos
emocionais envolvidos, podendo inclusive ter um caráter doentio nas condições mais
graves.

Para Freud, o ciúme é composto, principalmente, pelo pesar e sofrimento causado pelo
pensamento de perder o objeto amado, e da ferida narcísica, de sentimentos de
inimizade contra o rival bem-sucedido e de maior ou menor quantidade de autocrítica.

Nesse sentido, há vários sofrimentos implicados, como por exemplo: a perda do objeto
amado, que gera a dor do luto. Há também a dor narcísica, o defrontar-se com a ideia de
que não se é tão indispensável para o amado como se pensava (filhos mais velhos, por
exemplo, com a chegada do irmão mais novo, é bastante comum!).

Para Freud, não há quem já não o tenha sentido ciúmes!

O ciúme se torna patológico quando o indivíduo elabora seus conflitos. A psicoterapia é


uma ferramenta que auxilia no processo de elaboração dos conflitos internos que
impactam nossas formas de relacionar!

A terapia de casal pode ser uma alternativa para relacionamentos sufocados pelo


ciúmes. Conforme o sentimento aumenta, pode ser difícil extingui-lo totalmente.

Da mesma forma, a terapia pode ajudar você, como indivíduo, a encontrar


a autoconfiança necessária para, enfim, aprender como controlar os ciúmes.

Vittude está aqui para ajudar a libertá-lo dos ciúmes! Conte conosco para encontrar o
profissional certo para tratar essa questão e, ainda, devolver o amor leve e gostoso ao
seu relacionamento.

O ciúme normal, o exagerado e o patológico


Todo mundo em algum momento da vida já sentiu ciúme, seja de um parceiro, irmão,
amigo ou qualquer outro familiar. Isso é normal, pois se trata de um sentimento que é
motivado pela insegurança e despertado quando estamos ligados a alguém, mas nem
sempre ele é prejudicial para a relação, pois pode demonstrar uma parcela de carinho e
cuidado, além disso, podemos escolher como reagir diante de uma situação, evitando
possíveis brigas e comportamentos abusivos no relacionamento. 
Qualquer pessoa está sujeita a sentir ciúme, independente do quanto ela é autoconfiante,
pois o ciúme surge quando há o medo de que o relacionamento seja ameaçado, porém,
pessoas inseguras e com baixa autoestima estão mais vulneráveis ao ciúme.
Apesar de o ciúme ser normal e todos estarem suscetíveis a senti-lo, ele é considerado
um sentimento desagradável, pois sempre que ele surge está acompanhado de outros
sentimentos como:
 Medo,
 Ansiedade,
 Raiva,
 Tristeza,
 Impotência,
 Etc. 
O pensamento é o combustível do ciúme, pois quanto mais alimentamos nossos
pensamentos de desconfiança, mais sentimos ciúme, podendo até influenciar nossos
comportamentos. Por exemplo, uma pessoa muito ciumenta tem frequentemente
pensamentos do tipo: “ele pode me trocar por outra pessoa”, “meu parceiro deve estar
escondendo algo de mim”, “ele vai me deixar”.
Quanto mais vida a pessoa dá a esses pensamentos, mais ansiosa e desconfiada ela
pode ficar. 
Diante de todos esses pensamentos, há grande chance da pessoa ter o comportamento de
seguir o parceiro, bisbilhotar o celular e redes sociais, ler mensagens e e-mails e outras
atitudes, com o objetivo de descobrir algum fato do parceiro que vai confirmar os
pensamentos citados anteriormente e com isso passar a fazer várias suposições e
imaginar diversas situações.
Muitas vezes o indivíduo que é ciumento considera essas imaginações e suposições
como verdades absolutas, o que traz muitos prejuízos e brigas para a relação. 
Portanto, é importante saber diferenciar o ciúme normal do exagerado, e estes dois do
patológico.
O ciúme normal é aquele relacionado ao cuidado, carinho e preservação da relação,
geralmente não causa desentendimentos. Já o exagerado é mais intenso e causa muito
desconforto e tristeza para quem sente, normalmente é gerado devido à baixa autoestima
e o ciúme patológico causa sofrimento para quem sente e para o parceiro, é um ciúme
provocado por ideias fantasiosas ou até mesmo delirante. A seguir veremos como
funciona a mente ciumenta.
Como funciona a mente ciumenta
A mente ciumenta é formada por quatro elementos:
 Crenças centrais,
 Livros de regras,
 Pensamento enviesado,
 Preocupação e ruminação.
Calma, vou explicar cada um deles. Essas partes que compõem o ciúme contribuem
para detectar ameaças ao relacionamento, ou seja, o indivíduo fica atento a possíveis
pessoas e motivos que podem levar à perda do parceiro, favorece o exagero da
importância dos fatos, sendo que às vezes é uma simples situação e a mente
acaba exagerando e dando uma importância maior, colabora para a pessoa ter
comportamentos que vão confirmar seus medos, como por exemplo vigiar o parceiro
com o intuito de descobrir algo e deixa a pessoa paralisada imaginando o que pode
acontecer ou o que já aconteceu. 
Crenças centrais
São ideias que temos sobre nós mesmos e sobre os outros, é a maneira que pensamos
sobre as coisas e situações, geralmente são formadas desde a infância, mas também
podem surgir na vida adulta, elas se fortalecem ao longo da vida, são pensamentos tão
enraizados e profundos que torna difícil questioná-los, normalmente são considerados
pela pessoa como uma verdade absoluta.
Por exemplo, uma crença central sobre nós mesmos poderia ser: “não sou atraente”,
“não sou bonita”, “não mereço ser amada”.
Livros de regras
São regras e suposições que temos sobre nós mesmos e sobre outras pessoas.
Normalmente são pensamentos construídos assim: “Se isso acontecer, então aquilo vai
acontecer”. Um exemplo de regra sobre nós mesmos: “preciso ter um relacionamento
para ser feliz”, outro exemplo de regra sobre os outros: “não devo confiar em outras
pessoas porque elas vão me trair”. Reflita sobre suas regras e pergunte-se se elas são
inflexíveis e te causam sofrimento, caso sejam, é importante procurar ajuda. 
Pensamento enviesado
São pensamentos que surgem automaticamente, de forma espontânea baseados na
desconfiança e ciúme, eles podem ser verdadeiros ou não, e podem levar a distorções,
ou seja, situações que não são reais. Um exemplo de distorção é a rotulação, quando a
pessoa atribui rótulos negativos a ela e aos outros, como “eu sou feia” e “todo homem
trai”. Sugiro que observe como seus pensamentos negativos contribuem para seu
ciúme. 
Preocupação
São previsões negativas do futuro, por exemplo “se ele sair sozinho pode me trair”.
Ruminação
É se apegar aos aspectos negativos do passado ou presente. Uma forma de evitar as
preocupações e ruminações é vivendo o presente, o aqui-agora e não concentrar sua
atenção apenas no negativo.
Então para saber lidar com essa mente ciumenta é importante questionar suas crenças e
encontrar sinais que comprovam ou contestam elas, não considerar as regras como
verdades absolutas e torna-las mais flexíveis, observar os pensamentos automáticos e
evitar que eles dominem sua mente, além de viver o presente ao invés ficar preso em
situações do passado, generalizando, como se o seu parceiro sempre fosse fazer aquilo,
além também de evitar ficar imaginando possíveis situações que podem ou não
acontecer.
Agora vamos aprender, no próximo tópico, como controlar o ciúme.
Como lidar com o ciúme
1. Identifique as causas do seu ciúme: São vários motivos que podem gerar o ciúme,
às vezes pode ser experiências da infância, traumas de relacionamentos anteriores,
sensação de abandono, falta de afeto e outros. Se precisar, procure ajuda de um
psicólogo para te auxiliar nessa etapa, quando você é consciente das causas, fica
mais fácil controlar esse sentimento.
2. Tenha uma comunicação clara e objetiva: Quando há uma boa comunicação
entre o casal fica mais fácil expressar as opiniões e sentimentos, dizer o que
incomoda, o que é inadmissível no relacionamento para você e o que pode ser
evitado para serem mais felizes. Assim, seu parceiro terá consciência dos
comportamentos dele que causa ciúme em você e poderá evitar, caso sejam
coerentes.
3. Tenha um momento só seu: A vida a dois é bacana, mas isso não pode impedir que
você tenha sua individualidade, seu espaço e liberdade. É preciso que cada um tenha
seu momento sozinho, sua liberdade e que reserve um tempo para si mesmo. 
4. Viva o presente: Desapegue-se do seu passado. Muitas vezes, devido a experiências
de relacionamentos anteriores, a pessoa fica presa ao medo intenso de perder o outro.
Cada relacionamento é de um jeito, não compare o seu último relacionamento com o
atual e não fique imaginando possíveis situações que podem acontecer, não sofra
antecipadamente com o presente, viva o agora, desfrute do hoje.
5. Eleve a sua autoestima: Seja uma pessoa segura de si, confiante, reflita sobre suas
qualidades, cuide de você e valorize o que você tem de melhor. Uma pessoa
com autoestima saudável e positiva é mais confiante e sabe diferenciar atitudes do
parceiro que merecem atenção e que devem ser ignoradas. 
6. Busque terapia: A terapia pode ser uma opção para salvar o relacionamento que está
sendo sufocado pelo ciúme, pode auxiliar você a elevar sua autoestima, encontrar a
autoconfiança, a encontrar as causas do seu ciúme, a se amar mais, saber comunicar
com seu parceiro e ter um relacionamento leve e saudável. 
Então, diante dessa enxurrada de informações, eu te convido para me seguir no
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informações sobre esse assunto e outros.
Quer se conhecer, trabalhar o ciúme e saber como controlá-lo? Marque uma sessão
comigo e comece a sua jornada rumo ao bem-estar emocional.

É quase impossível que alguém não sinta ciúmes de outra pessoa, seja em um


relacionamento amoroso, familiar ou até com amigos. O ciúme em si é totalmente
normal, mas como tudo na vida, o excesso complica tudo. Então como controlar o
ciúme?
Dentro de um relacionamento, são vários os fatores que contribuem para o andamento
dessa relação, confiança, fidelidade, o sentimento (óbvio), mas as sensações ruins
também estão presentes, como a tristeza, a raiva e o ciúme. 

Quando nós temos algo com alguém, é comum ter medo de perder essa pessoa, e as
vezes essa insegurança nem tem justificativa, ela só existe. Nos casos em que existe sim
uma justificativa, é preciso refletir se isso vale ou não a pena. 

Em alguns relacionamentos, a confiança já foi tão quebrada que não há mais esperança.
Contudo, precisamos ressaltar que em um relacionamento, os dois precisam ceder e se
esforçar as vezes e uma desses pontos é saber como controlar o ciúme.
O ciúme excessivo geralmente é motivo para grandes brigas, e com isso, o
relacionamento é cada vez mais desgastado. As consequências se concentram no
término, mas você pode reverter essa situação.
É importante que você entenda que o ciúme não é um problema, e sim a sua demasia.
Então, não se culpe por nenhum tipo de sentimento, só aquele que prejudica sua vida e a
do seu parceiro. 

Vamos ver algumas dicas sobre como controlar o ciúme: 


Consequências que vem com o ciúme 
Claro que todos nós somos indivíduos e temos nossas particularidades, porém, atente-se
a alguns sinais de que você pode estar com um ciúme muito exacerbado, isto é
fundamental para saber como controlar o ciúme.
1) Você está mais agressivo(a): sim, a agressividade é um sinal de que o seu ciúme não
estava fazendo bem para nenhum dos dois…essa agressividade leva até a alguns crimes,
o que vemos na tv com uma certa frequência. Cuidado com esse sinal e cuide assim que
o perceber. 
2) A relação está desgastada: quando estamos com muito ciúmes, a gente costuma
ficar pegando mais no pé do parceiro, e por isso, a pessoa se sente sufocada e nem tem
os mesmos sentimentos de antes. O controle do ciúme pode auxiliar em uma retomada
da paixão. 
3) O casal começa a se afastar: com todo o desgaste presente, as brigas são mais
frequentes do que antes e o casal nem quer mais ficar junto. Por isso, o afastamento
pode ser sim algo recorrente em sua relação, junto com a perda do sentimento. 

4) Negação. Quem está com o ciúme em alta não costuma admitir que está errado por
isso, e nas brigas ninguém consegue ter uma conversa normal sem que termine em
conflitos. 
Queremos ressaltar aqui que ao primeiro sinal de interferência na sua vida, procure um
profissional da área de Psicologia, ele poderá ajudar a criar meios para saber como
controlar o ciúme. Não é normal parar a sua vida por causa de ciúmes, nem ter
dificuldades recorrentes para manter um relacionamento. 
Nesses casos, você precisa de ajuda profissional, não só por relacionamentos amorosos,
como também as relações diárias, normais. Você precisa se conectar e comunicar com
pessoas ao longo de sua vida e relacionamento nenhum pode te impedir disso. 

Entendemos que em alguns relacionamentos as desconfianças foram tão grandes que


você não sabe mais o que fazer. Nessa situação, você deve pensar em suas necessidades
e em seus limites. Você deve mesmo continuar nessa relação? O que você está vivendo
condiz com seus limites? 

Como controlar o ciúme?


Vamos listar algumas dicas para melhorar sua qualidade de vida e a qualidade do seu
relacionamento, mas, como dito anteriormente, se esse ciúme for muito alto, você deve
procurar ajuda profissional urgente e investigar as razões para tal acontecimento. 

Não tome essas dicas como verdade absoluta, e sim como base para identificar um
possível problema futuro ou até mesmo presente. 

– Admitir que está com um problema. Não tem nada de errado admitir que você está
errado(a) e que precisa de ajuda, o que é errado mesmo é guardar sentimentos ruins
dentro de você, isso só vai te prejudicar. 
– Procure sempre alimentar a confiança com seu parceiro. A confiança é o pilar que
sustenta o relacionamento, e somente confiando você vai conseguir diminuir
esse sentimento de ciúme. Lembre-se que isso é mútuo, ou seja, tem que partir dos
dois. 

– Converse com o seu parceiro. Se você já identificou e admitiu que tem um


problema, converse com seu parceiro ou parceira sobre o que está acontecendo. Peça
um pouco de paciência, peça compreensão, e ele(a) vai entender que também faz parte
disso, pois o ciúme é normal dentro de um relacionamento. Essa conversa pode
aumentar também a confiança e a parceria entre vocês. O diálogo é sempre a resposta, e
a confiança nasce a partir da comunicação. 
– Fuja de querer o controle de tudo. Não tente ter tudo sob o sue controle, isso só vai
afastar o outro. Se você tenta a todo custo pressionar o seu parceiro para provar a todo
momento que está certo, no fundo você não tem controle de nada. Quanto mais você
tenta, mais o outro se afasta. Por isso, se certifique somente que vocês dois estão bem
um com o outro e se algo de ruim acontecer, não se culpe, pois você está dando tudo de
si. 
– Amor próprio. Nós entendemos que em um relacionamento você divide muita coisa
com o outro, e acaba perdendo um pouco da sua personalidade. Mas dizemos isso com
tranquilidade, é normal mudar um pouco de personalidade, afinal estamos em constante
evolução. O que pode te prejudicar é se perder completamente e esquecer quem você é.
Alguém só pode te amar se você se ama, por isso, cultive o amor próprio, sempre faça
de tudo para se conectar cada vez mais consigo. 
– Esteja no seu relacionamento. Sei que parece óbvio, mas preserve a sua relação,
mantenha um respeito e carinho por seu parceiro. Nesse processo você pode querer
desistir a qualquer momento, mas se você estiver presente e andando em sintonia com o
outro, você sempre vai lembrar o motivo de estarem juntos, e esse será o seu impulso, a
sua motivação. 

Considerado por muitos o “tempero das relações”, o ciúme é um sentimento comum a


quase todos os humanos e pode até mesmo ter desempenhado papel fundamental na
evolução da espécie. Segundo teorias da psicologia evolucionista, é uma característica
biológica que herdamos de nossos ancestrais, que usaram esse sentimento como um
mecanismo de sobrevivência. “As mulheres das cavernas sentiam ciúme de seus machos
para que eles não copulassem com outras fêmeas, o que colocaria em risco a sua própria
prole.

Já os homens usavam o ciúme como uma forma de garantir que a parceira não geraria
filhos de outros machos”, diz o psicólogo Thiago de Almeida, especializado em relações
difíceis e autor do livro “Ciúme e Suas Consequências para os Relacionamentos
Amorosos” (Editora Certa). Dos primeiros enlaces românticos até hoje, o ciúme muitas
vezes apareceu atrelado a conceitos positivos, como zelo e proteção. A máxima de que
“quem ama cuida” é comumente citada pelos ciumentos para justificar seus atos.
“Porém, quando esse sentimento passa a ser um sofrimento muito grande, a ponto de
prejudicar a vida daquele que o sente, ou a de seu parceiro, pode se tratar de um quadro
de ciúme patológico”, alerta Almeida.

O retrato mais emblemático de ciúme doentio provém da literatura. No clássico “Otelo –


O Mouro de Veneza”, de William Shakespeare (1564-1616), o general protagonista da
história acredita piamente estar sendo traído por sua esposa, Desdêmona. Cego pelo
ciúme e pela raiva, ele asfixia a mulher. Depois, no entanto, ao descobrir que ela não era
adúltera, tira a própria vida com um punhal e antes de morrer ainda beija o corpo inerte
de Desdêmona. A tragédia shakespeariana acabou por batizar a condição chamada de
ciúme patológico, também conhecida como “síndrome de Otelo”. “Diferentemente do
ciúme normal, o doentio não precisa de uma motivação. Ele pode surgir sem que algo
desencadeie uma suspeita”, explica a psicanalista Tatiana Ades, autora dos livros
“Hades: Homens Que Amam Demais” e “Escravas de Eros” (Editora Isis). De acordo
com especialistas, há dois tipos mais comuns de ciúme (leia quadro na pág. 78). No
ciúme normal, ou protecionista, o ciumento se sente ameaçado por alguma situação ou
por um rival em potencial e quer proteger a relação ou a pessoa que ama. Já no doentio
ou retaliador, o medo de perder o ser amado faz com que a pessoa aja de forma punitiva,
sem considerar argumentos racionais. “O ciumento patológico acredita em seus próprios
delírios e essa autoilusão, em casos extremos, pode levar a agressões ou até à morte”,
diz Almeida.

O presente estudo pretende discorrer a respeito do ciúme romântico heterossexual, na


tentativa de compreender um dos sentimentos mais presentes na vida do ser humano.
Mesmo que para muitos o ciúme possa representar uma manifestação de amor, ele é, na
verdade, um sentimento que produz angústia em muitos parceiros e pode atingir formas
doentias, e abalar a saúde mental. Mas também é inevitável, porque em maior ou menor
grau, todos estão sujeitos a ele, o que nos obriga a ficar atentos para saber elaborá-lo em
favor de nossa vida amorosa. É preciso conhecer profundamente esse sentimento para
que se possa compreendê-lo, e elaborarmos estratégias profícuas de enfrentamento para
lidarmos com esse fenômeno.

Os ciumentos sempre olham para tudo com óculos de aumento, os quais engrandecem
as coisas pequenas, agigantam os anões, e fazem com que as suspeitas pareçam
verdades (Cervantes)

Há muito tempo o ser humano se depara com preocupações sobre o ciúme, no tocante
aos conflitos amorosos e com suas conseqüências para os mesmos. Por que os casais se
desentendem, freqüentemente, em virtude do ciúme? Por que se separam? Por que o
amor acaba? Estas e tantas outras questões que desde há muito foram formuladas,
impulsionam-nos na busca de respostas.

Muitos destes questionamentos estão relacionados com a questão do ciúme romântico


que seria aquele que ocorre entre os casais constituídos, somente para diferenciá-lo de
outras possíveis manifestações. Ao se considerar a escassez de estudos que abarquem
estas e outras questões, e dada a relevância deste fenômeno, este artigo pretende propor
alguns encaminhamentos para os presentes questionamentos a fim de subsidiar o
trabalho do psicólogo (e outros profissionais de saúde) e das pessoas que são
vitimizadas, ou ainda, que infligem sofrimentos aos parceiros devido a este tipo
específico de ciúme.

Se por um lado, para muitos, o ciúme representa uma manifestação de amor, ele
também pode ser considerado, por outro lado, para outras pessoas, como um sentimento
que produz angústia, pode atingir formas doentias e abalar a saúde física e mental dos
envolvidos direta ou indiretamente com ele. Todavia, também se pode tratá-lo como
algo inevitável, porque em um maior ou menor grau, todas as pessoas estão sujeitas a
ele. Há que se ressaltar também a existência de uma pluralidade de entendimentos, pelas
diferentes culturas, no que se refere ao ciúme (Almeida, 2007b).

Dessa forma, quer como vítimas, ou ainda, como algozes dos parceiros, as pessoas são
obrigadas a permanecer atentas para saber elaborá-lo em favor de sua vida amorosa, a
fim de conquistarem um relacionamento amoroso com uma maior satisfação e menos
conflitos desnecessários (Almeida, 2003, 2004, 2007a, 2007b; Almeida & Mayor, 2006;
Clanton & Smith, 1998; Hintz, 2003; Melamed, 1991; Pines, 1998; Pines & Aronson,
1983). Logo, se não nos dermos o trabalho de refletir a respeito deste tema, talvez
estejamos perdendo uma preciosa oportunidade para otimizar a qualidade dos nossos
relacionamentos amorosos, os quais tanto valorizamos e queremos preservar, inclusive
por meio dos mecanismos do ciúme.

Há que se levar em conta que os casos de ciúme romântico que serão apresentados aqui
estão longe de esgotar este conceito, estabelecer a realidade, ou mesmo generalizar as
explicações para o fenômeno. Portanto, nos estudos apresentados a seguir, não se deve
esperar que o ciúme romântico heterossexual explique integralmente todas as possíveis
dinâmicas relacionadas. Por exemplo, muitos destes achados não podem ser
generalizados para pessoas que se afiliem homoeroticamente. Porém, estes estudos
auxiliam na compreensão de muitos casos similares, e, portanto, essas referências não
são tão inconclusivas como se pode previamente cogitar.

Ao se considerar a escassez de estudos que abordem estas e outras questões, e dada a


relevância deste fenômeno, este artigo pretende viabilizar alguns encaminhamentos
para: (1) subsidiar o trabalho do psicólogo (e outros profissionais de saúde), (2) para as
pessoas que são vitimizadas pelos desdobramentos do ciúme romântico (3) e ainda, para
as pessoas que infligem sofrimentos aos parceiros relacionados a este tipo específico de
ciúme. Assim, procuramos, primeiramente, entender o que é o ciúme romântico, quais
os seus tipos, como ele se manifesta e como influencia a dinâmica dos relacionamentos
conjugais.

O que é o ciúme romântico?

Entre todos os tipos de ciúme citados na literatura científica, o ciúme romântico, isto é,
aquele que ocorre em relacionamentos amorosos, é um dos que tem despertado maior
atenção de psicólogos e leigos. Dentre as mais diferenciadas emoções humanas, o ciúme
é extremamente comum (Kingham & Gordon, 2004). Segundo alguns teóricos, ele seria
inerente, isto é, constitutivo da natureza humana de maneira que todos nós seríamos
ciumentos em maior ou em menor grau. Ele pode ocorrer em quaisquer tipos de
relacionamentos, mas está comumente associado aos relacionamentos amorosos
(Bringle, 1995).

Pode-se dizer que mesmo quando não se trata de um namorado com vistas a um
relacionamento de longo prazo, as pessoas são temerosas de que seus parceiros
encontrem outros parceiros potencialmente mais atraentes e gratificantes do que elas, e
dessa forma, alimentam, freqüentemente, uma insegurança afetiva (Buss, 2000; Murray
& Holmes, 2000). Conseqüentemente, por se encarar os relacionamentos amorosos
como empreitadas de elevado risco e, talvez, com não tão significativos benefícios,
vive-se em busca de se apossar do que é melhor em cada pessoa, a cada momento, numa
dinâmica contraproducente à qualidade de qualquer relacionamento (Almeida, 2007a).

Todos nós cultivamos certo grau de ciúme. Afinal, quem ama cuida. Mas, como este
desvelo pode variar na interpretação de uma pessoa para a outra, de forma análoga, o
ciúme também variará. Portanto, o ciúme desenvolve-se quando sentimos que nosso
parceiro não está tão estreitamente conectado conosco como gostaríamos (Rosset,
2004). O ciúme geralmente surge quando um relacionamento diádico valorizado é
ameaçado devido à interferência de um rival e pode envolver sentimentos como medo,
suspeição, desconfiança, angústia, ansiedade, raiva, rejeição, indignação,
constrangimento e solidão, dentre outros, dependendo de cada pessoa (Daly & Wilson,
1983; Haslam & Bornstein, 1996; Knobloch, Solomon, Haunani, & Michael, 2001;
Parrott, 2001). Assim, segundo Ramos (2000) é possível se ter ciúme até mesmo em
relacionamentos platônicos, em que há um amor unilateral não correspondido.

Dessa forma, o ciúme pode ser entendido como o medo que sentimos de algum dia
sermos dispensáveis à pessoa com a qual nos relacionamos. Está presente com
freqüência nas relações humanas, e, quando relacionado às relações diádicas-afetivas,
isto é, aos casais, é denominado de ciúme romântico (Almeida, 2007a, 2007b; Bringle,
1995; Hansen et al., 1985; Harris, 2002; Salovey, 1986, 1989). É o sentimento de
apreensão que cultivamos, relacionado à possibilidade de sermos abandonados,
rejeitados, menosprezados, ou ainda, de haver uma infidelidade em andamento; é o
receio de não mais sermos importantes; é o medo de não sermos mais amados; o medo
de não possuirmos ou sermos donos de alguém; enfim, é o medo da solidão associado
com o abandono dos parceiros (Ferreira-Santos, 2003). Neste sentido, o ciúme está
relacionado à percepção de vinculação e de pertencimento do outro que, devido à
presença de um rival (real ou imaginado), podem parecer ameaçados. Concordes a esta
conceituação, para os autores Hintz (2003) e Branden (1998), o ciúme é uma emoção
experimentada por um indivíduo que percebe que o amor, a afeição e a atenção do
parceiro estão sendo encaminhados a uma terceira parte, quando julga que estas
oportunidades deveriam estar sendo-lhes oferecidas.

Logicamente, devemos considerar os extremos: para diferentes pessoas, a ausência de


ciúme pode ser tão perniciosa quanto seus excessos. Isso quer dizer que algumas
pessoas se sentirão lisonjeadas com as manifestações mais efusivas de ciúme por parte
do outro, enquanto que, para outras, até mesmo as mais modestas expressões ciumentas
não são toleradas quando lhes são dirigidas. Portanto, o ciúme eclode das relações
amorosas devido a fatores tais como comparação, competição e medo da substituição
pelos rivais.

Ciúme e características dos relacionamentos amorosos por ele afetados

Várias perguntas podem ser formuladas sobre o ciúme: sua origem, sua intensidade, sua
duração, a forma como a pessoa que o sente reage, a importância que ele assume no seu
cotidiano, como ele interfere na vida de quem convive com a pessoa ciumenta, por
exemplo.
Como mencionado anteriormente, o ciúme pode ocorrer em quaisquer tipos de
relacionamentos, mas está comumente associado aos relacionamentos amorosos. Ainda
que haja alguma controvérsia sobre a inerência do ciúme, pode-se inferir que o ser
humano sente, não raramente, alguma forma de ciúme por algo ou por alguém nas
diversas fases dos relacionamentos interpessoais que vivencia. Segundo Ferreira-Santos
(2003) e Nogueira (2002), o ciúme pode ser considerado como uma manifestação
normal das pessoas, umas em relação às outras, assim como é normal sentir medo,
inveja, luto, alegria, raiva e saudade, dentre outras emoções humanas. Portanto poderia
ser considerado um sentimento constitutivo da natureza humana, de maneira que todos
nós seríamos ciumentos em maior ou em menor grau.

Porque tememos tal encontro do nosso parceiro com outros rivais potencialmente mais
atraentes e gratificantes do que nós, freqüentemente, temos alimentada nossa
insegurança. Dessa forma, o ciúme romântico não somente é um dos mais importantes
temas que envolvem os relacionamentos humanos, bem como um desafio para muitos
destes. Uma grande dificuldade ao se estudar o fenômeno do ciúme é o fato de que, para
muitos, ainda, ele é uma manifestação de afeto, de zelo ou até de amor que uma pessoa
sente por outra. Talvez isto seja mesmo verdade em algumas situações e,
provavelmente, não, em muitas outras.

Muito tem sido escrito sobre esse fenômeno chamado ciúme, que tantas vezes se instala
em nós e em quem amamos, e que nos priva da tranqüilidade, da concórdia e da
confiança em relacionamentos que nos são caros. É importante falarmos a respeito de
um tema como este porque provavelmente, em algum momento da vida, por ele seremos
afetados ou porque o sentiremos, ou ainda, porque seremos vitimizados como alvo de
uma pessoa ciumenta.

Para Clanton e Smith (1998), o adulto torna-se ciumento quando acredita que o
casamento ou o relacionamento romântico no qual está inserido está ameaçado por um
rival real ou imaginário. Levando-se em consideração o que foi apresentado
anteriormente, pode-se dizer que as pessoas ciumentas permanecem ambivalentes entre
o amor e a desconfiança de seu parceiro, tornando-se perturbadas, com labilidade
afetiva e obcecadas por triangulações, muitas vezes imaginárias (Almeida, 2007b).
Dessa forma, os ciumentos conflitam entre o medo de descobrir a infidelidade real dos
seus parceiros, e, não constatando a infidelidade, descobrir que sofrem de uma forma de
delírio de ciúme (Hintz, 2003). Ambas as situações são ruins, mas o pior é a incerteza
da verdade. A partir disso, ocorre, freqüentemente, que o(a) parceiro(a) infiel coloca o
outro em dúvida de suas próprias percepções e memórias. Algo que incomoda o
indivíduo ciumento é seu parceiro negar a existência de outra pessoa e que sempre foi
fiel e fazer com que ele(a) acredite que está imaginando coisas. Há casos que, após o
parceiro ciumento descobrir a verdade a respeito da infidelidade, irritar-se mais com a
mentira, que o fazia acreditar que ele próprio estava errado ou mesmo doente por
imaginar coisas, do que a própria infidelidade (Hintz, 2003).

O ciúme romântico, assim como outros traços da personalidade, tal qual a timidez,
dentre outros, pode ser influenciado por forças situacionais e/ou disposicionais. O
situacional é um sentimento natural que surge diante de um acontecimento que
apresente um perigo real de envolvimento do parceiro com um rival. No ciúme
situacional o grau de ciúme varia, para a mesma pessoa, quando exposta a situações
diferentes que apresentem diferentes graus de ameaça ao seu relacionamento (Bryson,
1977; Shackelford, Leblanc, & Drass, 2000). O ciúme disposicional é aquele que varia
entre as pessoas diante de uma mesma situação ameaçadora (Bringle, 1981; Cavalcante,
1997; Greenberg & Pyszczynski, 1985).

Há ainda autores para os quais esse sentimento assume um volume monstruoso e


desfigura e perturba a vida de ciumentos e de suas vítimas, de tal forma que não há mais
sossego possível. São os casos em que o ciúme se torna patológico, doentio, e torna-se
uma obsessão descontrolada e descontroladora (Cavalcante, 1997; Lazarus, 1993;
Mathes, 1992).

Numa relação afetada pelo ciúme, as pessoas, geralmente, são reificadas, ou seja,
tratadas como objetos pelos próprios parceiros. Muitas se anulam, e assim, perdem
grande parte de sua identidade para serem o que o ciumento quer que sejam, tentando
corresponder a todas as suas expectativas. Em tal caso, pode-se dizer que não há uma
aceitação mútua. O que mascara esta constatação é a percepção distorcida de que isso é
feito "altruisticamente" pela pessoa ciumenta, pelo bem do outro. Por esta perspectiva, o
ciúme pode ser considerado fundamentalmente egoísta à medida que leva o seu
possuidor a agir visando com isso tolher os direitos da pessoa a ela vinculada. Isto é,
quando o ciúme se manifesta, não visa proteger o outro, como erroneamente costuma se
pensar, e sim preservar a si mesmo de futuras preocupações que lhe sejam custosas em
relação ao investimento amoroso realizado (Almeida, 2007a). Uma relação como esta
pode ser caracterizada como doentia e destrutiva, na qual as pessoas se beneficiam umas
das outras, ou ainda, servem-se do outro como uma forma de obter garantia de que não
serão abandonadas, de que não serão desrespeitadas e menosprezadas (Ferreira-Santos,
2003).

A relação amorosa constitui-se enquanto um fenômeno de movimentos opostos, na qual


o desprendimento e a admiração mútua resultam em uma forma do entendimento e da
compreensão do casal estabelecido. Por este prisma, uma relação saudável seria aquela
em que cada indivíduo tem a sua própria identidade e deseja fazer o bem à pessoa
amada, sem esperar recompensa (Rosset, 2004).

Então, é por isso que muitas vezes, pode-se dizer que o ciúme destrói essas relações
saudáveis e faz com que a pessoa sofra. O ciumento, muitas vezes, pode ser percebido
como uma pessoa que tem baixa auto-estima e não consegue dar valor a si mesmo.
Justamente por isso, é possível de ser traído e abandonado. Acredita na idéia de que
pode ser traído de algum modo e conclui que a honestidade e a reciprocidade no
relacionamento não valem à pena (Ferreira-Santos, 2003).

Segundo Rosset (2004), ciúme é um conjunto de emoções desencadeadas por


sentimentos de ameaça à estabilidade ou qualidade de um relacionamento íntimo
valorizado. As definições de ciúme são muitas, mas todas têm em comum três
elementos: (1) é uma reação frente a uma ameaça percebida; (2) haver um rival real ou
imaginário; e (3) a reação visa eliminar os riscos da perda da pessoa amada.

Dentro de certos limites, o ciúme pode constituir uma demonstração de preocupação e


de interesse pelo outro, e sinalizar um reflexo desse amor (Almeida, 2007a).
Evidentemente, o ciúme implica certo cerceamento do outro, porque o parceiro
ciumento, de algum modo, interfere no comportamento do outro e em sua liberdade,
tornando-se possessivo e controlador. Contudo, quando não há nenhum sinal de ciúme,
deve-se ficar igualmente em alerta, e examinar se a relação não está se desgastando, e,
portanto, tornando-se desprovida de amor, o que pode transformar este relacionamento
amoroso em uma relação com características fraternas (Ferreira-Santos, 1998).
Conseqüentemente, o ciúme romântico não somente é um dos mais importantes temas
que envolvem os relacionamentos humanos, bem como um desafio para muitos destes.
Dessa forma, várias ciências (Psiquiatria, Psicologia, Sociologia, Neurociências, dentre
outras) procuram explicar quais as razões para alguém ser ciumento, mas nenhuma
delas ofereceu ainda uma resposta definitiva.

O ciúme pode surgir depois que se é traído somente uma vez. E assim, pode-se
relacionar a uma infidelidade consumada. A partir daí, ciumentos costumam presumir
novamente quadros de infidelidade amorosa e a partir disso, passa a se generalizar a
expectativa de infidelidade. O ciúme deste tipo é alimentado pela crença de que os
parceiros passam a ser traidores em potencial, e dessa forma, começa o processo de
vigilância constante e o surgimento de conflitos, velados ou manifestos.

O ciúme pode também estar relacionado a uma infidelidade presumida e ser fruto de
uma profecia auto-realizadora de que haverá infidelidade amorosa entre os parceiros
(Almeida, 2007a). Sabe-se que muitos dos nossos comportamentos são largamente
influenciados, e até mesmo governados por normas e/ou expectativas que funcionam
como diretrizes para que as pessoas se comportem de determinada maneira em certa
situação.

Ao se refletir sobre expectativas que influenciam os comportamentos, pensa-se logo em


profecias auto-realizadoras. Estas profecias são, em resumo, definidas como crenças
capazes de exercer influência sobre aqueles que nelas crêem: as pessoas mudam de
atitude e se engajam em comportamentos que aumentam as chances de ocorrer aquilo
que crêem ou temem (Rosenthal & Jacobson, 1968). Dessa forma, as pessoas não
seriam inertes aos encontros interpessoais e tampouco estariam ilesas às expectativas
ciumentas dos próprios parceiros em uma situação amorosa. Conseqüentemente, o outro
teria a propriedade de modelar o nosso comportamento nas mais diversas circunstâncias.

Normalmente, as pessoas muito ciumentas monitoram constantemente os parceiros na


tentativa de diminuir, ou mesmo, evitar que os mesmos possam vir a traí-las. Logo,
ainda que sutilmente, tais expectativas podem influenciar o comportamento dos
parceiros, aproximando-os de outras pessoas que anteriormente lhes passavam
despercebidas O ciúme também pode estar relacionado ao acúmulo insidioso de
conflitos e a uma possível perda de qualidade no relacionamento valorizado.

O que poderá ocorrer, por conseguinte, é que dada a presença dessa profecia (como uma
hostilidade cumulativa dirigida ao parceiro que é suspeito de estar traindo), a pessoa que
é objeto de ciúme acaba se engajando em comportamentos infiéis (Almeida, 2007a).
Logo, o que ocorre é que a pessoa que se sente vigiada em tempo integral, torna-se
ressentida e, este processo possivelmente abre caminhos para uma relação paralela, em
que a compreensão e o respeito estejam mais presentes.

É preciso identificar os motivos que nutrem o ciúme para cada pessoa e utilizar suas
manifestações como sinal de alerta. É importante que uma pessoa, ao perceber que está
sendo tomada pelo ciúme, se dê conta disso, olhe para dentro de si e busque os recursos
necessários para os cuidados do equilíbrio emocional e assim assegurar o bem-estar da
relação. É necessário, também, conhecer esse fenômeno para que se saiba contorná-lo,
vencê-lo e usá-lo como trampolim para uma realidade mais positiva no relacionamento
conjugal.

Ferreira-Santos (2003) acrescenta que o ciúme é uma manifestação atrapalhada de


vários elementos reprimidos no inconsciente, que se estende desde uma baixa auto-
estima, até mesmo o sentimento de culpa por ter feito algo errado para o outro, passando
por diversas possibilidades de transformação.

O ciumento duvida de si mesmo, assim como atribui ao outro uma série de


desconfianças. O ciúme pode, portanto, ser considerado imaginário, porque toma a
pessoa com a imaginação obsessiva de que pode estar sendo ameaçada de perda ou
humilhação. A comprovação, em muitos casos, chega a atenuar o sofrimento. Como o
ciúme reside na dúvida, no medo, quando há a certeza da infidelidade, o sentimento que
aparece é outro. Pode ser raiva, depressão, desespero, mas não é mais ciúme, ou ainda,
este pode aparecer simultaneamente a estas manifestações.

O ciúme patológico (Síndrome de Otelo)

Vemos na literatura inúmeros casos emblemáticos para a questão do ciúme. Um dos


mais conhecidos é o drama Otelo - O Mouro de Veneza, de William Shakespeare. Em
sua obra, o autor intitula o ciúme como o monstro dos olhos verdes. Nessa história, o
protagonista, Otelo, envenenado de ciúme pelo astucioso Iago, deixa-se levar por um
ciúme doentio, que envolve o seu melhor amigo e a sua esposa, e acaba matando a
honesta, terna e doce Desdêmona. Observa-se que, no âmbito do ciúme, não é preciso
haver provas para se acusar os parceiros e, tampouco, concluir a partir de fatos que
validem as crenças ciumentas, a exemplo do Mouro de Veneza. As pessoas,
sobremaneira as ciumentas excessivas, podem se pautar parcialmente na realidade e
colecionar fatos que lhes conduzam a uma decisão baseada mais na forma distorcida
como enxergam a realidade.

O conceito de ciúme mórbido ou patológico, também chamado de Síndrome de Otelo,


em referência ao drama shakeasperiano, escrito por volta do ano de 1603, compreende
várias emoções e pensamentos irracionais e perturbadores, além de comportamentos
inaceitáveis ou bizarros (Leong et al, 1994). Envolveria muito medo de perder o
parceiro para um rival, desconfiança excessiva e infundada, gerando significativo
prejuízo no funcionamento pessoal e interpessoal (Todd & Dewhurst, 1955). Esses
casos estão cada vez mais acorrendo à clínica, onde casais buscam suporte para sua
dinâmica conturbada por esse fenômeno.

O que aparece no ciúme patológico é um grande desejo de controle total sobre os


sentimentos e comportamentos do companheiro. Há ainda preocupações excessivas
sobre relacionamentos anteriores, isto é, ciúme do passado dos parceiros, as quais
podem ocorrer na forma de pensamentos repetitivos, imagens intrusivas e ruminações
sem fim sobre fatos de outrora e seus detalhes (Cavalcante, 1997). Esses sentimentos
envolveriam um medo desproporcional de perder o parceiro para um rival (real atual,
ex-parceiros, ou mesmo, rivais imaginários), desconfiança excessiva e infundada, o que
provoca um significativo prejuízo no relacionamento interpessoal.

O ciúme patológico, então, corresponde a uma preocupação infundada, absurda e


emancipada do contexto. Enquanto no ciúme não-patológico, o maior desejo é preservar
o relacionamento, no ciúme patológico haveria o desejo inconsciente da ameaça de um
rival (Cavalcante, 1997).

No ciúme patológico, várias emoções são experimentadas, tais como a ansiedade,


depressão, raiva, vergonha, insegurança, humilhação, perplexidade, culpa, aumento do
desejo sexual e desejo de retaliação. O portador do ciúme patológico é um vulcão
emocional sempre prestes à erupção e apresenta um modo distorcido de vivenciar o
amor, pois, para esta pessoa, o quadro que está sendo manifestado é uma contingência
obrigatória do sentimento amoroso e, portanto, não passível de crítica. Esse paciente
com ciúme patológico seria extremamente sensível, vulnerável e muito desconfiado,
geralmente portador de auto-estima muito rebaixada, tendo como defesa um
comportamento impulsivo. Ainda que o ciúme seja valorizado pelas pessoas como uma
forma de demonstrar apreço pela outra pessoa, de fato, para muitos casais, ele vem a ser
um grande problema. E pode prejudicar seriamente a relação em questão. Segundo
Ferreira-Santos (2003), uma pessoa com auto-estima reduzida nutrirá por si mesma um
forte sentimento de ansiedade e incerteza. Sentirá, dessa forma, que sua segurança
depende do outro e do que imagina que as pessoas pensam a seu respeito. Isso
geralmente enfraquece sua autonomia e individualidade.

Uma característica do ciúme bastante observada é o sentimento de frustração que


acompanha o indivíduo, devido à sua baixa auto-estima e a sua insegurança. Rosset
(2004) afirma que auto-estima é o sentimento da importância ou valor que a pessoa tem
por si mesma, é o auto-respeito e auto-consideração. Ela é construída a partir das
experiências que provam e comprovam a sua competência nos vários aspectos da sua
vida.

Quando uma pessoa tem uma auto-estima rebaixada, provavelmente é tomada por fortes
ilusões com respeito ao que pode esperar dos outros, tem tendência a abrigar fortes
temores, além de ter uma forte predisposição para manifestar desapontamentos e
desconfiar das outras pessoas. É muito comum que pessoas com baixa auto-estima
escolham seus cônjuges para conseguir algo que lhes falta: pode ser a estima que
esperam que o outro tenha por si; pode ser alguma qualidade que vêem no outro e
sentem que lhes falta; pode ser o movimento e a ação que o outro faz e que espera que
faça por si, entre outras hipóteses. É comum, também, que pessoas com baixa auto-
estima, no relacionamento conjugal, estejam inclinadas a repetir ou ainda a fazer
completamente o oposto do que viram entre os seus pais (Rodrigues, 2005).

A teoria sistêmica de Bowen (1978) se propõe a elucidar a tendência universal de buscar


a fusão dos cônjuges. Esta teoria afirma que essa fusão está relacionada à incompleta
diferenciação da pessoa em relação à sua família de origem. Em outras palavras, os
casais buscam completar-se um no outro, na medida em que não conseguiram resolver
anteriormente seus relacionamentos com os pais (Carter & McGoldrick, 1995). No
entanto, ainda segundo estes autores, há uma imensa diferença entre estabelecer um
relacionamento íntimo com outra pessoa e servir-se de um relacionamento de casal para
satisfazer a si mesmo e melhorar a auto-estima ou para modificar vivências observadas
no relacionamento dos pais.
Segundo a abordagem sistêmica, uma pessoa com baixa auto-estima nunca se separou
realmente dos pais, isto é, jamais conseguiu estabelecer, com eles, uma relação de
independência.

No momento em que duas pessoas se juntam para ser um casal, elas constituem um
sistema que passa a ser o subsistema conjugal. Assim, quando duas pessoas decidem se
unir, o fazem porque resolvem que parece ser bom para elas tal arranjo. Somos seres
gregários por natureza e, ao que parece, freqüentemente caminhamos ao encontro do
outro aspirando por uma completude (Almeida, 2007b). Esse subsistema poderá ser o
gerador de uma nova família; porém, mesmo que se encerre em si mesmo, será
responsável pelo desenvolvimento e pelo crescimento emocional das duas pessoas
envolvidas. Contudo, o fato de eleger uma pessoa para dedicar uma parte do seu tempo
e dos seus recursos não implica que não se possa mudar de idéia posteriormente e,
possivelmente, lesar, ou romper este subsistema constituído (Almeida, 2007b). O que é
sintomático é o fato de que nem sempre esse contrato é compreendido por ambas as
partes da mesma maneira. Embora isso possa nos parecer óbvio demais, continuamos a
realizar rituais e a fazer promessas de amor eterno (Lemos, 1994).

Segundo Rosset (2004), ao enfatizar a psicodinâmica do relacionamento marital, o


relacionamento conjugal exerce influência na natureza da homeostase familiar.
Constitui o eixo em torno do qual se formam todas as outras relações familiares. A
teoria sistêmica de Bowen (1978) trata o individuo como parte do sistema em que está
inserido, que abrange todo o sistema fundamental que condiciona a vida desde os
primeiros instantes do nascimento, ou seja, a família. Na visão sistêmica, a família ainda
é vista como um todo que influencia as partes e, por sua vez, estas influenciam o todo.
Nesse contexto, tanto o relacionamento conjugal quanto o crescimento individual,
podem ser reconstruídos através da abertura de novas perspectivas de visão (Rodrigues,
2005).

No início de uma relação amorosa os indivíduos depositam nela um conjunto de desejos


e expectativas que quase sempre lhes cegam parcialmente para a realidade. Mas, como
pode se pressupor, a paixão é transitória, e a relação amorosa realmente começa quando
se consegue sair de um aparente estado de transe e encarar a realidade tal como ela é.
Então, um primeiro questionamento a ser feito se dá quando as pessoas investem em
conhecer o outro. Entretanto, se as pessoas não têm um conhecimento prévio de si
mesmas, algumas vezes, no relacionamento amoroso, há uma mistura e confusão quanto
à contribuição de cada parceiro e isso pode desembocar em alguns conflitos
desnecessários (Araújo, 2003).

Os vínculos considerados simbióticos, como analogamente aqueles configurados na


situação em que um ciúme excessivo se manifesta, ou seja, quando uma pessoa vive em
função da outra, podem ser considerados doentios. É como se o resto do mundo não
existisse, pois a pessoa passa a não mais se preocupar com ela própria, com sua vida,
com sua profissão, com seu círculo de amizades e permanece constantemente prestes a
exercer o controle sobre o outro.

É muito comum que alguém espere do outro uma reação ciumenta de vez em quando,
com o intuito de testar se ainda existe afeto recíproco ou algo mais. Dessa maneira, toda
relação amorosa, a princípio, pressupõe um grau de ciúme saudável, por assim dizer.
Nesse sentido, uma total apatia, segundo o que raciocinam muitos casais, pode revelar
desinteresse, que para alguns representa um pesadelo mais indesejável do que ter um
parceiro ciumento. O problema é quando se considera que o oposto do ciúme é a total
insensibilidade ou apatia, pois nesse ponto, perde-se grande parte da noção de equilíbrio
numa relação, atuando apenas os limites extremos; ciúme excessivo ou negligência.

A questão do ciúme ainda remete ao medo de elaborar a perda do parceiro, ou, ainda, à
perda da qualidade do relacionamento tal qual a pessoa ciumenta presumia ter, e em
última instância, ao medo da morte. Esses sentimentos sempre estão mais presentes em
pessoas marcadas por experiências de abandono ou desamparo, sendo que qualquer
relação dispara esse conteúdo descrito. Se realmente as pessoas querem que uma relação
tenha êxito, elas devem se preocupar não apenas com os perigos da mesma, mas,
principalmente, quando tomam emprestados poderosos sentimentos humanos
destrutivos, que ao contrário de aprofundarem a intimidade, o comprometimento e o
desejo de manutenção da relação, corroem por completo algo que poderia ter um
desfecho de harmonia e prazer (Ferreira-Santos, 2003).

Segundo Nogueira (2002), as pessoas recalcam os seus sentimentos de ciúme como uma
forma de se adaptar a ele e conviver com o problema, e reprimem qualquer expressão
que o denote. Nogueira (2002) afirma também que se tentou até hoje sanar o problema
tratando da pessoa como um doente, ao invés de se buscar a origem deste sentimento.
Por essa razão, na prática, as terapias de casais com problemas de ciúme e de suas
nefastas conseqüências para os relacionamentos amorosos, muito pouco ou quase nada
produzem, e não ofereceram nada de concreto para solucionar este problema. Ainda que
o ciúme seja valorizado em uma dimensão social, que acredita que pode ser uma
demonstração de amor, na verdade, em muitos casais ele se torna um grande problema.
E pode até mesmo sucumbir o relacionamento em questão.

Freud (1922/1995) acreditava que a escolha do outro se fundamentava na opção por


alguém que se parecia conosco, ou ainda, como gostaríamos de ser, ou até mesmo, de
alguém que representou um papel importante em nossas vidas, como a figura paterna ou
materna. Almeida (2003) afirma que este raciocínio pode ser considerado perigoso na
medida em que, caso seja verdadeiro, são impostos ditames de conduta e padrões de
comportamentos reparatórios que não se aplicam ao relacionamento atual.
Conseqüentemente, ambos os parceiros ficarão frustrados, pois a expectativa de que o
outro venha a suprir as experiências afetivas que cada um viveu ou fantasiou ter vivido,
será sempre maior do que o(a) parceiro(a) pode realmente realizar.

Geralmente, quando se pensa no ciúme, costuma-se refletir sobre os seus excessos e


suas conseqüências negativas para os relacionamentos amorosos. Entretanto, o ciúme
não tem somente funções negativas, retaliadoras e hostilidades para o parceiro, e que
podem colaborar para o desgaste da relação (Almeida, 2007b). Segundo Rosset (2004),
o ciúme pode ser positivo e necessário. Em seu lado positivo, ele seria a consciência de
um distanciamento ou de uma interferência numa relação de compromisso. Em geral,
este benefício aparece quando o cônjuge sente que o parceiro não está tão ligado a ele
como gostaria. Então, é uma indicação de que alguém ou alguma coisa se interpôs entre
ambos e os vínculos se tornam mais frágeis. Dessa forma, muitas pessoas vão fazer uma
tentativa de investir mais em si e em seus parceiros quando percebem uma ameaça para
a unidade do relacionamento (Almeida, 2007a, 2007b). O ciúme também pode ser
entendido como um sinal de alerta. Uma espécie de sinalizador a indicar que algo
malogrou. Seja em um ou no outro parceiro, seja na relação, algum distanciamento é
denunciado pelo ciúme. Quanto mais intenso e menos controlável, maior o problema
advindo do mesmo.

Muitas pessoas idealizam os relacionamentos amorosos, mas poucas pessoas sabem que
o vínculo amoroso, para diferentes pessoas, é construído no cotidiano, que vai se
consolidando no dia-a-dia (Almeida & Lourenço, 2007; Almeida & Oliveira, 2007). É
uma questão de convivência diária, é um sim que se renova, um contínuo compartilhar
de uma vida em comum que começa a partir de algum ponto (Amélio & Martinez,
2005). Dessa maneira, o ciúme, conforme pontua Rosset (2004), pode ser benéfico,
sobretudo, se ocorre em uma união consistente e provoca um comportamento de
aproximação dos companheiros. Algumas manifestações tênues de ciúme podem
funcionar como uma estratégia que une o casal e previne qualquer tendência natural ao
afastamento. Entretanto, quando o ciúme excede os limites do bom senso, ele provoca
sofrimento para as pessoas envolvidas. Assim, é até possível que conduza ao término da
relação.

O ciúme pode ser demasiado por várias razões. Em se tratando de relacionamentos de


longo prazo, como casamentos, a primeira delas é uma interação matrimonial
perturbada. Nesse caso, trata-se de casais que funcionam fundamentados numa
psicodinâmica de "estar no controle", entre outros padrões que dão lugar à escalada cada
vez maior de crises ciumentas.

Uma segunda razão para este sentimento são os contratos mal feitos, em que aspectos
importantes não são verbalizados, desejos não são explicitados, restrições não são
negociadas. Embora muitas vezes os parceiros concordem aparentemente com este
"contrato" automaticamente, ele se forma a partir de uma, por vezes, extensa negociação
que os componentes desse casal entabulam desde os primeiros encontros (Almeida,
2007b). Essa negociação acontece e se atualiza na medida em que diversas situações
surgem no relacionamento. Isso leva freqüentemente a crises repetitivas e profundas na
relação.

A terceira razão são dificuldades emocionais particulares de cada um dos


parceiros. Indivíduos com sérias deficiências em sua estruturação de personalidade
terão menos habilidades para lidar com relacionamentos e com todas as vertentes
"perigosas" que existem, como desacertos, rejeições, desavenças. Podem ainda se sentir
perseguidos e traídos, o que alimenta o excesso de ciúme (Rosset, 2004). Para a pessoa
que costuma refletir a respeito dos próprios sentimentos, o se sentir dominado pelo
ciúme a leva a questionamentos sobre este fenômeno e sua maneira de se relacionar
amorosamente. Pode tirar conclusões importantes a respeito de sua forma de ser.
Em questão de ciúme, a linha divisória entre imaginação, fantasia, crença e certeza se
torna vagas e imprecisas. As dúvidas podem se transformar em idéias supervalorizadas,
ou ainda, delirantes. A pessoa é compelida à verificação compulsória de suas dúvidas.
Ciumentos, entre outras atitudes, têm comportamentos obsessivos como a confirmação
de onde o parceiro ou a parceira está, e se está mesmo com quem disse que estaria, abrir
correspondências e ouvir telefonemas, examinar bolsos, bolsas, carteiras, recibos, e
roupas íntimas. Seguem o companheiro ou a companheira. Até contratam detetives
particulares para vasculhar o cotidiano dele ou dela. Toda essa tentativa de aliviar
sentimentos, além de ser vista como ridícula pelo(a) próprio(a) ciumento(a), não
ameniza o mal-estar da dúvida.

O ciúme e os relacionamentos entre os casais

Segundo Fischer (2006), o ciúme é uma reação adaptativa, uma vez que homens e
mulheres captam sinais genuínos de que o relacionamento está prestes a fracassar. Isto
seria útil porque aqueles que permanecem com parceiros descompromissados, terão
menos oportunidades de conseguir parceiros mais adequados, além de diminuírem as
possibilidades de propagar sua descendência. Uma completa ausência de ciúme é
danosa para um relacionamento amoroso, por geralmente implicar numa baixa adesão
de pelo menos uma das partes envolvidas. Fischer ainda argumenta que o ciúme pode
estimular uma pessoa a acalmar o(a) parceiro(a) desconfiado(a) com declarações de
fidelidade e de vinculação, contribuindo para a durabilidade do relacionamento.

Rosset (2004) estabelece que o ciúme é um tipo de projeção para a infidelidade


amorosa, ou seja, a pessoa acusa o outro de desejar o que ela própria gostaria, porém
sempre nega tal fato, seja por culpa, vergonha ou orgulho. Entretanto, em outro estudo,
Almeida (2007a) não encontrou quaisquer correlações entre o ciúme de um parceiro e as
próprias infidelidades como prediz esta outra autora.

Considerações finais

Ao concluir este estudo podemos identificar as várias formas de entender o ciúme, esse
fenômeno tão complexo, tão repleto de interpretações. Talvez possamos considerar o
ciúme não apenas como um sentimento, mas como uma construção social que abrange
vários outros sentimentos como amor, ódio, medo, raiva, orgulho, inveja e que
desencadeia idiossincraticamente reações diferentes, reais ou imaginárias, podendo ser
ou não acompanhada de outro sentimento: a baixa auto-estima.

Pode-se ainda perceber que o ciúme é normal, embora sempre tenha uma origem mais
profunda, inconsciente, e seus diferentes graus de manifestação podem ocorrer de
acordo com a personalidade do enciumado e também do seu grau de auto-estima. E isso
pode estar influenciado pela forma como aprendemos a lidar com o ambiente e com o
nosso comportamento.

Também pudemos perceber que quando um membro da família sofre com o ciúme,
enquanto vítima ou algoz do mesmo, isso acabará por alterar toda a família, todo o
sistema, e à medida que o ciúme representa uma ação agressiva a uma perda efetiva ou
ameaça de perda, quase sempre ele carrega consigo um sentimento de abatimento, pela
afronta à nossa auto-estima e à sensação de segurança. De qualquer forma, o ciúme
geralmente pode ser entendido como um sinal de alerta de que algo não vai bem, seja no
relacionamento conjugal ou no relacionamento com nós mesmos.

O ciúme tem uma amplitude e uma profundidade que assinala que algo precisa ser
observado em nossos relacionamentos. Não admiti-lo é perder uma grande oportunidade
para a reflexão e, provavelmente, para a possível recuperação de um relacionamento que
possa estar se esgotando, por conta de uma série de motivos, no qual o principal deles é
a convicção distorcida de que sentir ciúme em demasia é estar zelando pelo outro.

A questão do ciúme perde-se em uma intrincada rede, derivada do desejo humano pelo
controle absoluto, pela inalterabilidade das circunstâncias e pela inefabilidade do outro e
de si mesmo, e embora o ciúme seja um tema recorrente trazido pelos casais em terapia,
a produção de pesquisas sobre o ciúme ainda é bastante escassa. Observa-se a falta de
instrumentos para que as pessoas possam conhecer mais e trabalhar essa questão que
gera tantas dúvidas e questionamentos e que envolve tantos sentimentos durante os
relacionamentos amorosos, quaisquer que estes sejam. Não obstante esta limitação,
acreditamos útil e oportuna a divulgação deste trabalho na medida em que poderá
contribuir para a realização de outros estudos que visem aumentar e/ou verificar a
generalidade dos estudos acerca deste tema.

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