Você está na página 1de 2

Nome: Pietro Lotti Pagliuso

As Ordens Balinesas da Definição-Pessoa


O autor descreve os tipos de rótulos aplicados aos indivíduos ali, um tipo de ordem
simbólica a ser descrita em: nomes de pessoas, nomes na ordem de nascimento, termo de
parentesco, tecnônimos, status e títulos públicos. Para se ter uma ideia, o nome pessoal não
possui muita importância social em Bali, pois são raramente usados. Aos demais vão se
acrescentando importância, afetando a condição humana social com tal estrutura.

Nomes pessoais
os balineses têm nomes pessoais, mas raramente os usam, tanto para referirem-se a si
mesmos quanto para os outros, sendo até mesmo um sacrilégio referir-se a seus antepassados
pelo nome pessoal. Normalmente são ultilizados para se referir a crianças e por isso são vistos
como “nomes de criança”. Os nomes são construções silábicas sem lógica e sentido inerentes.
Não indicam filiação ou qualquer outra coisa, sendo o último recurso para diferenciar uma
pessoa das outras, quando todos os outros nomes e/ou titulos já se esgotaram.
Nomes na ordem de nascimento

são os termos usados pela população para classificar a ordem estrutural familiar. São
determinados pela ordem de nascimento (em relação aos irmãos de um casal), sendo o
primogênito Wayan, o segundo Njoman, terceiro Made e Ktut para o quarto. Do quinto irmão
em diante a ordem vai sendo repetida. Em situações em que há muitos Wayans, por exemplo,
chama-se o indivíduo de Wayan + seu nome pessoal. Não são usados para pessoas que têm
filhos. Esses termos de nascimento não carregam, em si, pressupostos de qualidades
psicológicas ou físicas, O sistema de ordem de nascimento da definição-pessoa representa,
portanto, uma espécie de abordagem “plus ca change” da denominação dos indivíduos. Ele os
distingue de acordo com quatro designações totalmente sem conteúdo, que nem definem
classes genuínas, nem expressam qualquer característica concreta dos indivíduos aos quais é
aplicado.

Nomes de parentesco

os parentes são classificados de acordo com a geração que eles ocupam em relação à sua
própria. Irmãos, meio-irmãos e primos são classificados da mesma forma, mãe, pai e tios, idem.
A família é classificada em camadas geracionais. Estes termos não são usados como forma
vocativa. As formas referenciais só são usadas para especificar ou para transmitir alguma
informação sobre o parentesco, quase nunca como meio de identificar as pessoas. A criança,
assim que atinge suficiente idade para compreensão, começa a chamar seus pais pelo
tecnônimo, enquanto que elas são chamadas pela ordem de nascimento.
Tecnônimos
os tecnônimos são a principal forma vocativa da sociedade balinesa. Os indivíduos que têm
filhos são designados como “Pai de...” ou “Mãe de...”, sendo usado o nome do filho mais velho.
A terminologia muda para “Avô de...” quando nasce o primeiro neto e assim por diante. Este
modo de classificação demonstra a importância da procriação, ao invés do casamento, na
construção da identidade. Seu primeiro efeito é identificar o par formado pelo marido e pela
mulher, em vez de a noiva assumir o sobrenome do noivo, como acontece em nossa sociedade;
aqui, porém, não é o ato do casamento que cria a identificação, mas o de procriação. Em
virtualmente todas as atividades locais, o casal pai-mãe participa como uma unidade. Este
status confere uma posição na sociedade comparável à concepção de cidadania. Nesta lógica,
o que importa não é a capacidade reprodutiva ou a quantidade de filhos que se tem, mas a
continuidade reprodutiva que é considerada. É importante notar que o indivíduo não é
percebido como o “descendente de fulano” mas, sim, o “ancestral de sicrano”.
Títulos de "Status"
Todos em Bali têm um ou outro título, determinado numa escala de status que abrange toda
Bali. Cada título representa um grau específico de superioridade ou inferioridade cultural em
relação a cada um dos demais, e toda a população é dividida em conjuntos de castas
uniformemente graduadas. O status é uma característica pessoal: independe de quaisquer
fatores estruturais sociais. Não significa desempenhar qualquer papel particular, pertencer a
qualquer grupo particular ou ocupar qualquer posição particular, económica, política ou
sacerdotal. O sistema dos títulos de status é um sistema de puro prestígio. O tipo de
desigualdade dentro do sistema de títulos de status e ao sistema de etiqueta não é nem moral,
nem económico, nem político, é religioso e uma forma de ritual. O título de um homem não
indica sua riqueza, seu poder ou até mesmo sua reputação moral, mas sua composição
espiritual.

Títulos Públicos
Nessa ordem simbólica vemos as pessoas através de uma rede de categorias ocupacionais
fisicamente imbuídas de suas qualificações: carteiro, condutor, político ou vendedor. A função
social serve de veículo simbólico através do qual é percebida a identidade pesoal: os homens
são aquilo que eles fazem. Existe uma distinção entre os setores cívico e doméstico da
sociedade. A fronteira entre os domínios público e privado da vida é tanto conceptual como
institucional. os assuntos de preocupação geral se distinguem da preocupação individual ou
familiar. Para os Balinêses o público é visto como um organismo corporativo, que tem
interesses e objetivos próprios. o fato de ter atribuições com responsabilidades relativas a esses
interesses e objetivos faz com que o indivíduo seja colocado à parte em relação ao comum das
pessoas que não têm tais atribuições, e é esse status especial que os títulos públicos expressam.

Você também pode gostar