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Ano 4 - Nº 17 Abril /Junho – 2011

Plantas Medicinais como Recurso Terapêutico em Comunidade do Entorno da


Reserva Biológica do Tinguá, RJ, Brasil – Metabólitos Secundários e Aspectos
Farmacológicos.

Luciana Santos de Oliveira1


Farmacêutica Bioquímica (UFRJ)

Michelle Frazão Muzitano2


Doutora em Ciências (UFRJ)

Marcela Araújo Soares Coutinho3


Mestre em Ciências (UFRJ)

Giany Oliveira de Melo4


Doutora em Ciências (UFRJ)

Sônia Soares Costa5*


Doutora em Química (Université Paris XI)
Resumo
A Reserva Biológica do Tinguá, no centro-sul do Estado do Rio de Janeiro, possui uma rica
biodiversidade de Mata Atlântica. Um levantamento foi realizado em uma comunidade do entorno desta
Reserva, de forma a contribuir para o resgate e a preservação da sabedoria popular da região sobre o uso
de plantas medicinais. Observou-se que a maioria da comunidade recorre às plantas para cuidar da saúde.
Foram repertoriadas 72 espécies medicinais, suas formas de acesso, modo de preparo, dentre outras
informações relevantes. Os dados indicam que as plantas medicinais representam um importante recurso
terapêutico para a comunidade. A presença de metabólitos secundários bioativos nas espécies parece
justificar o seu uso. Adicionalmente, algumas dessas plantas medicinais são de interesse ao SUS.
Palavras-chave: Plantas Medicinais; Reserva Biológica do Tinguá; Mata Atlântica; Produtos Naturais.

1
Farmacêutica Bioquímica (UFRJ). Atualmente é professora da Faculdade de Farmácia da Universidade Severino Sombra (USS, Vassouras,
RJ). Contato: flordejava@click21.com.br
2
Farmacêutica e Doutora em Ciências (UFRJ). Atualmente é professora da UFRJ, Campus Macaé. Contato: mfmuzitano@yahoo.com.br
3
Farmacêutica Industrial e Mestre em Ciências (UFRJ). Atualmente é doutoranda no Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais (NPPN-
UFRJ). Contato: marcela_coutinho@ig.com.br
4
Farmacêutica e Doutora em Ciências (UFRJ). Atualmente é pesquisadora do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Contato:
gianymelo@yahoo.com.br
5*
Farmacêutica Bioquímica (UFMG), Doutora em Química (Université Paris XI, França) e Pós-Doutorado em Química de Produtos Naturais
(Muséum National d´Histoire Naturelle, França). Atualmente é professora e pesquisadora no Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais
(NPPN-UFRJ). Contato: sscbh@terra.com.br

Endereço para correspondência: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 21941-902, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Tel/Fax: (55) (21) 2562-
6791

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Ano 4 - Nº 17 Abril /Junho – 2011

Abstract
The Biological Reserve of Tinguá, in the center-south of the State of Rio de Janeiro, represents a
significant portion of the Atlantic Forest’s biological diversity. A survey of medicinal plants was carried
out in a surrounding community of this Reserve with the aim of recording and preserving its traditional
knowledge. Most of the inhabitants is dependent on plants for the treatment of illnesses. From the
interviews, 72 medicinal species have been listed as well as their origin and herbal preparations, among
other relevant information. The data collected indicate that medicinal plants are an important therapeutic
resource for the community. The presence of bioactive secondary metabolites in these species seems to
justify their use. Additionally, some of these medicinal species are of interest to SUS.

Key Words: Medicinal Plants; Biological Reserve of Tinguá; Atlantic Forest; Natural Products.

Introdução

Ao longo dos tempos a sabedoria popular vem sendo transmitida de forma empírica entre as gerações. O
conhecimento tradicional sobre o uso das plantas é vasto e, em muitos casos, é o único recurso disponível
que a população rural de países em desenvolvimento tem ao seu alcance (PASA et al., 2005; AGRA et al.,
2008; DE JESUS, 2009). Porém, atualmente, observa-se que as novas gerações não demonstram tanto
interesse por este conhecimento, fato que contribui para o seu consequente desaparecimento.

Diante desta situação, torna-se necessário uma maior valorização desta cultura e a recuperação do
conhecimento que a população detém sobre o uso dos recursos naturais. O resgate de tais informações
assume um papel indispensável, impedindo a sua perda com o passar dos anos, além de contribuir para a
ciência contemporânea (VENDRUSCOLO et al., 2005; LEITÃO et al., 2009). Trabalhos de campo
intensos, com o registro de todas as informações possíveis acerca da utilização das plantas medicinais de
uma determinada região, devem ser realizados para que esses conhecimentos possam ser preservados
(MARODIN & BAPTISTA, 2002).

A Organização de Saúde Mundial (OMS) estima que 65% da população mundial incorporam o uso de
plantas da medicina tradicional aos cuidados médicos. Diversos estudos ao longo dos anos permitiram
fazer uma associação entre diferentes espécies medicinais e suas respectivas atividades biológicas a partir
da observação, descrição e investigação experimental. Tais estudos, apoiados principalmente nos

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conhecimentos de botânica, química, bioquímica e farmacologia, contribuíram amplamente para a


descoberta de produtos naturais bioativos (FARNSWORTH, 1994).

A Reserva Biológica do Tinguá é uma das maiores Unidades de Conservação da Mata Atlântica do
Estado do Rio de Janeiro. A riqueza de sua flora e fauna torna-a uma das mais importantes áreas de vida
silvestre do centro-sul do Estado (BRAZ et al., 2004). As plantas medicinais aparecem com grande força
no interior da Reserva. Segundo Dias et al. (2002), estão presentes: Annona cacans (Warm.) - “Cortição”,
utilizada como purgante; Geissospermum vellosii (Allemão) - “Pau-pereira”, para problemas estomacais;
Sparattosperma leucanthum (Vell.) Schum. - “Cinco-chagas”, como depurativo do sangue; Salacia
grandifolia (Peyr.) - “Castanha-mineira”, para problemas renais; Copaifera trapezifolia (Hayne) -
“Copaíba”, cicatrizante e antiofídica; Hymenaea courbaril L. - “Jatobá-rosa”, em casos de cistite e
blenorragia; Sorocea guilleminiana (Gaud.) - “Falsa espinheira”, empregada contra gastrite e Ottonia
jaborandi (Vell.) - “Jaborandi”, utilizada como anestésico, dentre outras espécies.

Em torno da reserva, habitam diversas comunidades, praticamente rurais e de baixa renda (DIAS et al.,
2002). Geralmente, neste tipo de localidade, não existem farmácias comerciais e o suprimento de
medicamentos do Sistema Único de Saúde (SUS) é irregular. Este conjunto de fatores faz com que o
conhecimento e a utilização de plantas medicinais pela população destas áreas sejam de grande valor,
pois, muitas vezes, constituem a única opção no tratamento das enfermidades (DE JESUS, 2009).

As plantas são capazes de biossintetizar determinadas substâncias, denominadas metabólitos secundários,


que desempenham diversas funções, como por exemplo: proteção contra predadores, atratores voláteis,
fornecimento de cor às plantas - facilitando a polinização, dentre outras (DEWICK, 2002). Os metabólitos
secundários são, portanto, importantes para a adaptação e a propagação das espécies vegetais. Ao
contrário dos metabólitos primários, como exemplo os carboidratos e os ácidos graxos, os metabólitos
secundários não são necessariamente produzidos sob todas as condições. Como exemplo de metabólitos
secundários, temos os alcaloides, os terpenos e os flavonoides. Estes últimos representam uma classe
química de larga ubiquidade no grupo das substâncias fenólicas de origem vegetal (DEWICK, 2002). Um
vasto leque de atividades biológicas é descrito para estas classes de metabólitos secundários, como por
exemplo, ação antitumoral, anti-inflamatória, antioxidante, antibacteriana, antiparasitária, antiviral, dentre
outras (COWAN, 1999; MIDDLETON et al., 2000; SIMÕES et al., 2004; COUTINHO et al., 2009).
Estima-se que 40% dos medicamentos disponíveis na terapêutica atual foram desenvolvidos a partir de

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fontes naturais, sendo que dentre os fármacos aprovados no período entre 1981 e 2002, cerca de 60%
eram produtos naturais ou foram desenvolvidos a partir destes (CALIXTO, 2003; NEWMAN & CRAGG,
2007).

Com base no exposto, este trabalho visou repertoriar as plantas medicinais mais utilizadas em uma das
comunidades localizadas no entorno da Reserva Biológica do Tinguá, seus respectivos usos terapêuticos,
forma de obtenção e preparo. De forma integrada, buscou-se também apresentar alguns aspectos
relacionados à farmacologia e aos metabólitos secundários já descritos para as espécies, bem como
demais necessidades da comunidade em termos de acesso à medicação.

Materiais e Métodos

Descrição da área de estudo - O estudo foi realizado em uma comunidade que habita o entorno da
Reserva Biológica do Tinguá (REBIO do Tinguá). Esta reserva foi criada pelo Instituto Brasileiro de
Meio Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA), através do Decreto Federal nº 97.780 (23 de maio de
1989) e apresenta uma rica biodiversidade de Mata Atlântica nativa (BRAZ et al., 2004). O clima é
tropical úmido, com temperaturas variando entre 15,7° C a 27,7° C. Está situada entre os municípios de
Duque de Caxias, Petrópolis, Miguel Pereira e Nova Iguaçu, abrangendo uma área de 26.260 ha e 150 km
de perímetro (Figura 1). A REBIO do Tinguá tem uma importância social incontestável, por conter
mananciais de abastecimento de água que atendem a esses municípios. Também estão presentes em seus
limites, reminiscências históricas importantes, que datam do século passado, como por exemplo, o
caminho do ouro (trecho de 18 km construído por escravos para o transporte de ouro) e aquedutos. O
nome da reserva advém do Maciço do Tinguá, que é formado por tinguaíto, uma rocha alcalina
descoberta e descrita pela primeira vez na Serra do Tinguá. A palavra é de origem Tupi Guarani, Tin-gua
- Tin-qua, que significa pico em forma de nariz (DIAS et al., 2002).

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Figura 1: Mapa de localização da Reserva Biológica do Tinguá (RJ, Brasil). A região onde a Reserva se
situa está em verde no destaque (SOUZA, 2003).

Pesquisa de campo - Foram entrevistadas 30 famílias, em um total de 800 famílias, de uma comunidade
habitante do entorno da REBIO do Tinguá. Os dados coletados apresentam nível de significância () de
5% e erro amostral (e) de 3%. O questionário foi elaborado de forma a abranger os seguintes itens:
identificação do entrevistado, plantas medicinais utilizadas e suas aplicações, procedência do material
vegetal (cultivo caseiro, horto ou aquisição em feiras livres), preparo e forma de utilização das plantas e
uso do Sistema Único de Saúde (SUS). As entrevistas foram conduzidas durante visitas domiciliares, no
período compreendido entre abril e agosto de 2005. A abordagem foi realizada de forma a não interferir
nas respostas.

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Resultados e Discussão

Plantas utilizadas pela comunidade e aplicação terapêutica - A partir das entrevistas foram repertoriadas
72 espécies medicinais, distribuídas em 38 famílias botânicas, sendo a família Asteraceae a mais
representativa neste estudo, com nove espécies citadas pela população (Tabela 1), assim como em um
relato de Macía et al. (2005), sobre pesquisa realizada em comunidade latino-americana.

Tabela 1: Espécies medicinais repertoriadas durante as entrevistas em comunidade do entorno da Reserva


Biológica do Tinguá (RJ, Brasil).
Família Espécie Botânica Nome popular
Alismataceae Echinodorus grandiflorus Mitch Chapéu-de-Couro
Anacardium occidentale L. Caju
Anacardiaceae Mangifera indica L. Manga
Schinus terebinthifolia Raddi Aroeira
Annonaceae Annona muricata L. Graviola
Ageratum conyzoides L. Erva-de-São-João
Artemisia verlotorum Lamotte Novalgina
Baccharis trimera (less.) DC Carqueja
Bidens pilosa L. Picão
Asteraceae Chamomilla recutita (L.) Rauschert Camomila
Elephantopus mollis Kunth Erva-grossa
Mikania glomerata Spreng. Guaco
Solidago chilensis Meyen Arnica
Vernonia polyanthes Less Assa-Peixe
Bixaceae Bixa orellana L. Urucum
Bauhinia forficata Link Pata-de-Vaca
Caesalpiniaceae
Senna bicapsularis (L.) Roxb. Sene
Celastraceae Maytenus aquifolium Mart. Espinheira-Santa
Chenopodiaceae Chenopodium ambrosioides L. Erva-de-Santa-Maria
Combretaceae Terminalia catappa L. Amendoeira
Convolvulaceae Cuscuta racemosa Mart. Cipó-Chumbinho
Costaceae Costus spicatus (Jacq.) SW. Cana-do-Brejo
Crassulaceae Kalanchoe brasiliensis Camb. Saião
Momordica charantia L. Melão-de-São-Caetano
Cucurbitaceae
Sechium edule (Jacq.) SW. Chuchu
Equisetaceae Equisetum hiemale L. Cavalinha
Phyllanthus niruri L. Quebra-Pedra
Euphorbiaceae
Ricinus communis L. Mamona
Cajanus cajan (L.) Mill sp. Guandu
Fabaceae
Erythrina velutina Willd Mulungu
Giberaceae Alpinia zerumbet(Pers.)B.L.Burtt & R.M.Sm. Colônia
Leonurus sibiricus L. Erva-Macaé
Lamiaceae Melissa officinalis L. Melissa
Mentha piperita L. Hortelã-Pimenta

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Mentha pulegium L. Poejo


Ocimum gratissimum L. Alfavaca
Plectranthus barbatus Andrews Boldo
Laurus nobilis L. Louro
Lauraceae
Persea americana Mill Abacate
Allium cepa L. Cebola
Liliaceae
Allium sativum L. Alho
Lithraceae Cuphea carthagenesis (Jacq.) J.F. Mac Br. Sete-Sangria
Loranthaceae Phoradendron affine Nutt Erva-de-Passarinho
Malvaceae Malva sylvestris L. Malva
Eucalyptus globulus Labill Eucalipto
Myrtaceae Eugenia uniflora L. Pitanga
Psidium guajava L. Goiaba
Artocarpus incise L. Fruta-Pão
Moraceae
Morus alba L. Amora
Musaceae Musa paradisiaca L. Banana-Ouro
Oxalidaceae Averrhoa carambola L. Carambola
Arecaceae Cocos nucifera L. Coco-da-Bahia
Passifloraceae Passiflora edulis Sims Maracujá
Phytolaccaceae Petiveria alliacea L. Guiné
Plantaginaceae Plantago major L. Tanchagem
Bambusa vulgaris Schr. Bambu
Cymbopogon citratus (DC) Stapf Capim-Limão
Poaceae Eleusine indica (L.) Gaertn Capim Pé-de-Galinha
Gymnopogon filiosus Wild Grama-Barbante
Zea mays L. Milho
Punicaceae Punica granatum L. Romã
Rosaceae Rosa sp. Rosa-Branca
Rutaceae Citrus aurantium L. Laranja-da-Terra
Datura stramonium L. Trombeta
Lycopersicon pipinellifolium Mill Tomate
Solanaceae
Solanum americanum Mill Erva-Moura
Solanum cemuum Vell Panaceia
Urticaceae Phenax sonneratii (Poir) Wedd Parietaria

Dentre as nove espécies da família Asteraceae citadas pela comunidade da REBIO do Tinguá, destacam-
se as espécies Vernonia polyanthes Less, Baccharis trimera Less e Mikania glomerata Spreng. Também
foi possível observar que os usos mais frequentes de plantas medicinais pela comunidade no entorno do
Tinguá se aplicam às infecções respiratórias, problemas digestivos (afecções hepáticas), problemas renais
e ansiedade. As famílias botânicas mais significativas para a comunidade da REBIO do Tinguá estão
dispostas na Figura 2.

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11% Asteraceae
6% 26%
Lamiaceae
10% Poaceae
Costaceae
Verbenaceae
Rutaceae
15% Myrtaceae
17%
7% 8% Crassulaceae

Figura 2: Famílias botânicas mais significativas do levantamento de uso de plantas medicinais, em


termos de número de citações, na comunidade do entorno do em comunidade do entorno da Reserva
Biológica do Tinguá (RJ, Brasil).

Dentre as 72 espécies medicinais repertoriadas, as dez mais citadas pela comunidade estão dispostas na
Tabela 2, com destaque para Lippia alba (Mill) N.E. Br. (12 citações), Plectranthus barbatus Andrews.
(11 citações), Kalanchoe brasiliensis Camb. (8 citações) e Citrus aurantium L. (7 citações) - em ordem de
importância de uso pela comunidade. Algumas ações farmacológicas referentes ao uso popular das
espécies citadas são comprovadas cientificamente.

A espécie mais citada, Lippia alba (Verbenaceae), é conhecida pela comunidade como erva-cidreira,
alecrim-selvagem e salva-limão, dentre outros nomes. Suas folhas são utilizadas na forma de infusão em
casos de cólica e má digestão (PASCUAL et al., 2001; HENNEBELLE et al., 2008). Há relatos na
literatura de atividade analgésica, espasmolítica e antibacteriana para esta espécie (LORENZI & MATOS,
2002; AGUIAR & COSTA, 2005; HENNEBELLE et al., 2008), que apresenta como constituintes
químicos vários terpenos como limoneno, carvona, linalol, safrol, geranial, mirceno, neral, dentre outros.
Também estão presentes flavonas glicosiladas e biflavonoides (HENNEBELLE et al., 2008). Segundo
Oliveira et al. (2006), seu uso na medicina popular pode ser explicado, parcialmente, pela ocorrência
desses constituintes voláteis bioativos. Estudos científicos relatam o potencial terapêutico desta espécie na
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prevenção de ulcerações gástricas (PASCUAL et al., 2001) e sua influência no comportamento e bem-
estar (VALE et al., 1999).

A segunda espécie mais utilizada é Plectranthus barbatus (Lamiaceae), conhecida como falso-boldo,
malva-santa e boldo silvestre. Suas folhas são utilizadas na forma de infusão em casos de má digestão,
controle de gastrite, afecções do fígado, bronquite e pneumonia, dentre outras patologias (LUKHOBA et
al., 2006). Apresenta como constituintes químicos os terpenos β-cariofileno (anti-inflamatório), ferruginol
(antimicrobiano) e barbatusina (analgésico), dentre outros compostos. Estudo científico recente relata a
atividade inibitória da bomba H+, K+-ATPase gástrica por plectrinona A, um constituinte diterpênico
isolado desta espécie (SCHULTZ et al., 2007). Além disso, também já foi comprovado
experimentalmente, em animais de laboratório, que ambos os extratos aquosos e hidroalcoólicos das
partes aéreas dessa espécie reduzem consideravelmente o volume e a acidez da secreção gástrica,
protegendo contra úlceras induzidas por estresse e etanol (LORENZI & MATOS, 2002;
VENDRUSCOLO et al., 2005).

A espécie Kalanchoe brasiliensis (Crassulaceae), também muito usada pela comunidade, é conhecida
popularmente como saião, coirama-branca e folha-da-costa. Suas folhas são empregadas na forma de
sumo para tratamento de afecções pulmonares, queimaduras e feridas na pele. A partir do sumo das folhas
de K. brasiliensis foi possível isolar e identificar os componentes bioativos, especialmente flavonoides,
dentre os quais se incluem os acetil-ramnosídeos de patuletina (COSTA et al., 1994), que se mostraram
potentes inibidores da proliferação de linfócitos humanos. Dessa forma, observa-se que a composição
química de K. brasiliensis justifica o seu comportamento imunomodulador (IBRAHIM et al., 2002).

Por sua vez, a espécie Citrus aurantium (Rutaceae), conhecida pela população como laranja-da-terra e
laranja-amarga, tem suas folhas, flores e frutos utilizados nas formas de infusão e xarope. É indicada em
casos de má digestão, resfriados, dores estomacais, como calmante, dentre outros. Espécies do gênero
Citrus são ricas em flavonoides, óleos voláteis (limoneno, linalol, nerol), cumarinas e pectinas. Sua
atividade farmacológica é comprovada cientificamente na literatura. A atividade sedativa e hipnótica foi
demonstrada para o óleo volátil da casca do fruto e o efeito antiespamódico para o extrato alcoólico da
casca dos frutos. Atividade antimicrobiana in vitro (CARVALHO-FREITAS & COSTA, 2002;
VENDRUSCOLO et al., 2005) e ação sobre o bem-estar e o comportamento (PULTRINI et al., 2006)
também já foram evidenciadas.

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Tabela 2: Espécies medicinais mais citadas, seu respectivo uso popular e os metabólitos secundários
bioativos. Em destaque, as quatro espécies mais utilizadas pela comunidade do entorno da Reserva
Biológica do Tinguá (RJ, Brasil).

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Número Formas Parte Vegetal Atividades


Plantas Medicinais Uso Substâncias
De De Utilizada Farmacológicas Referências
Mais Citadas Popular Bioativas
Citações Utilização Comprovadas
Assa-Peixe
Vernonia polyanthes Folhas Vasodilatador, Óleos essenciais,
6 Tosse Sumo afecções flavonoides, DA SILVEIRA et al., 2003
Less.
pulmonares alcaloides
(Asteraceae)

Boldo Afecções LORENZI & MATOS, 2002;


hepáticas, Afecções
11 Infusão Folhas Terpenos, LUKHOBA et al., 2006;
Plectranthus barbatus gástricas e hepáticas
alcaloides SCHULTZ et al., 2007;
Andrews (Lamiaceae) pulmonares e gástricas
VENDRUSCOLO et al., 2005
Capim-Limão Óleos essenciais,
Cymbopogon citratus Infusão/ Folhas Antimicrobiano, taninos, ácidos FIGUEIRINHA et al., 2008;
6 Resfriado
Stapf. Xarope antioxidante fenólicos e PEREIRA et al., 2008
(Poaceae) flavonoides
Cana-do-Brejo DE SOUZA et al., 2004;
5 Afecções renais Infusão Antifúngico, Flavonoides,
Costus spicatus (Jacq) Partes aéreas SILVA et al., 2008
afecções renais saponinas
Sw. (Costaceae)
Carqueja
Baccharis trimera Afecções Partes aéreas Afecções
6 Infusão Terpenos,
(Less) DC. hepáticas hepáticas e JANUARIO et al., 2004
flavonoides
gástricas
(Asteraceae)
AGUIAR & COSTA, 2005;
Erva-cidreira Afecções HENNEBELLE et al., 2008;
Cólicas, afecções Óleos essenciais,
Lippia alba (Mill) 12 gástricas e Infusão gástricas, LORENZI & MATOS 2002;
Folhas terpenos,
N.E. Br. ansiedade ansiedade, OLIVEIRA et al., 2006;
flavonoides
(Verbenaceae) antimicrobiano PASCUAL et al., 2001;
VALE et al., 1999
Guaco OLIVEIRA et al., 2007
6 Tosse Xarope Óleos essenciais,
Mikania glomerata Folhas Antibacteriano SOARES DE MOURA et al.,
cumarinas
Spreng. (Asteraceae) 2002

Afecções gástricas CARVALHO-FREITAS &


Laranja-da-Terra Afecções
e pulmonares, Infusão/ Folhas, flores e COSTA, 2002;
Citrus aurantium L. 7 gástricas, Terpenos,
resfriados, Xarope frutos PULTRINI et al., 2006;
antimicrobiano, flavonoides
(Rutaceae) ansiedade VENDRUSCOLO et al., 2005;
sedativo
Pitanga
Eugenia uniflora L. 4 Resfriado Infusão Folhas e frutos Antibacteriano, Flavonoides, AURICCHIO et al., 2007;
antioxidante óleo essencial OLIVEIRA et al., 2008
(Myrtaceae)
Saião Afecções
pulmonares, Folhas Anti-
Kalanchoe brasiliensis COSTA et al., 1994;
8 queimaduras, Sumo inflamatório, Flavonoides
Camb. IBRAHIM et al., 2002
feridas na pele imunossupressor
(Crassulaceae) (inflamações)

Assim, observa-se que o grande número de citações relatado para estas espécies pode ser justificado por
suas ações frente às patologias mais frequentes e às necessidades da comunidade, tais como problemas
respiratórios, digestivos e ansiedade. Observa-se que além de Citrus aurantium L. (laranja-da-terra),
Plectranthus barbatus Andrews. (falso-boldo) e Kalanchoe brasiliensis Camb. (saião), plantas medicinais

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mais significativas na relação obtida durante a entrevista, a comunidade também tem acesso a quatro
outras espécies, muito utilizadas no tratamento de problemas pulmonares, como resfriados e tosses:
Vernonia polyanthes Less. (assa-peixe), Cymbopogon citratus (DC) Stapf. (capim-limão), Mikania
glomerata Spreng. (guaco) e Eugenia uniflora L. (pitanga). Os principais constituintes químicos, que
justificam o uso das espécies medicinais citadas, são mostrados na Figura 3.

Terpenos Flavonoides OH
OH
O
O O
Me O
HO MeO O
O HO
O OR2 OH O
Me O
limoneno carvona safrol R1O
OH OH

Cumarinas R1 R2
Kalambrosídeo A Ac Ac
O O Kalambrosídeo B H Ac
Kalambrosídeo C Ac H

Figura 3: Estruturas dos principais metabólitos secundários bioativos presentes nas espécies medicinais
citadas pela comunidade do entorno da Reserva Biológica do Tinguá (RJ, Brasil).

Plantas de interesse ao SUS - O Ministério da Saúde vem realizando no Brasil importantes ações
relacionadas ao uso de plantas medicinais e fitoterápicos no Sistema Único de Saúde (SUS). As diretrizes
deste projeto preconizam o apoio às pesquisas que visem o aproveitamento do potencial terapêutico da
flora nacional (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).

Atualmente, a Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS) apresenta uma
lista de 71 espécies medicinais. Entre as plantas listadas, encontram-se a alcachofra, a aroeira da praia e a
unha-de-gato, usadas pela sabedoria popular e confirmadas cientificamente, para distúrbios de digestão,
inflamação vaginal e dores articulares, respectivamente (PHARMACIA BRASILEIRA, 2009).

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Algumas das plantas repertoriadas durante entrevista na comunidade do entorno da Reserva Biológica do
Tinguá (REBIO-Tinguá) também estão incluídas na listagem do RENISUS, como por exemplo,
Plectranthus barbatus (boldo), Mikania glomerata (guaco) e Eugenia uniflora (pitanga), confirmando o
seu potencial terapêutico. Inclusive, atualmente, o SUS já oferece fitoterápicos derivados de guaco,
indicados em casos de tosses e gripes (PHARMACIA BRASILEIRA, 2009).

Assim, outras espécies repertoriadas durante a entrevista à comunidade poderiam possivelmente ser
incluídas na atual listagem, visto a sua importância medicinal e o seu uso popular no tratamento de
doenças, como por exemplo, Kalanchoe brasiliensis (saião) e Lippia alba (erva-cidreira).

Procedência do material vegetal - A população entrevistada mostrou obter as espécies medicinais em sua
maioria através de cultivo caseiro (66%), em relação à obtenção direta do habitat natural (34%). A
comunidade da REBIO do Tinguá usa preferencialmente plantas medicinais que não fazem parte da flora
típica da região (INSTITUTO DE PESQUISAS JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO, 2010),
mas que são cultiváveis em hortas e são comuns a diversas regiões do país. Desta forma, o maior número
de citações encontrado para as espécies da Tabela 2, pode ser justificado por essa facilidade em cultivar e
coletar as plantas medicinais, levando em consideração, inclusive, a sua disponibilidade em feiras
populares. Algumas das espécies constantes da Tabela 1 são plantas medicinais encontradas em região de
mata da REBIO e não se adaptam facilmente ao cultivo caseiro, como por exemplo: mulungu (Erythrina
velutina Willd.; Fabaceae) e espinheira-santa (Maytenus aquifolium Mart.; Celastraceae), o que também
justifica seu baixo número de citações.

O quintal, além de ser um espaço que colabora para a subsistência da família, é utilizado para o cultivo
das espécies medicinais, desempenhando um considerável papel econômico, assim como observado por
Pasa et al. (2005) durante estudo em comunidade do interior do Mato Grosso, Brasil. Dessa forma, a
população mantém a baixa dependência de produtos adquiridos externamente, pois os quintais são aptos a
fornecer produtos para uso local, bem como contribuir para a conservação dos recursos vegetais e da
diversidade cultural, fundamentada no saber e na cultura dos moradores locais (PASA et al., 2005).

Modo de preparo - Em relação ao modo de preparo do material vegetal foi possível observar que a
maioria da comunidade (70%) utiliza a forma de infusão (chá). O xarope, composto por mais de uma
espécie medicinal, é empregado por 10% da comunidade, enquanto os dois tipos de formulação – infusão
e xarope – são utilizados por 20% da população. A infusão também foi um dos modos de preparo mais

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citados em estudo realizado em comunidade latino-americana por Macía et al. (2005). Estes autores
observaram que a maioria das formulações era preparada a partir de uma simples espécie. Entretanto,
algumas aplicações eram preparadas a partir de uma mistura de plantas medicinais - o mesmo observado
durante o nosso levantamento botânico na comunidade da REBIO do Tinguá. Borba & Macedo (2006)
também relatam o uso preferencial das espécies na forma de chá, em estudo realizado na Chapada dos
Guimarães (Mato Grosso, Brasil). Além disso, também se pode observar que as partes da planta mais
frequentemente utilizadas pela população da REBIO do Tinguá são as folhas, assim como observado em
demais estudos realizados em comunidades rurais (MACÍA et al., 2005; TOGOLA et al., 2005; BORBA
& MACEDO, 2006; LIMA & SANTOS, 2006).

Dose, duração do tratamento e outras informações obtidas - Em relação à dosagem e à duração do


tratamento, a população entrevistada demonstrou não possuir conhecimento sobre as possíveis
consequências da ingestão de altas doses ou do uso prolongado das espécies medicinais utilizadas. Este
fato foi evidenciado através de afirmações, dentre as quais se pode citar: “a gente usa até enquanto tem
ou a gente vai usando até ficar curado...”.

Além disso, foi possível observar uma grande parcela da população (80%) faz uso das plantas medicinais
como forma de tratamento de diversas patologias, antes de consultar um especialista da área médica. A
comunidade apresenta um grande déficit na área de saúde, pois conta com um único posto de saúde, cujo
funcionamento é bastante precário (DIAS et al., 2002). No que diz respeito à utilização dos serviços do
SUS, foi possível verificar que 63,3% das famílias recorrem ao atendimento médico.

Através das entrevistas também foi possível constatar que os habitantes do entorno da REBIO do Tinguá
não tem acesso a cursos, palestras ou outras fontes de informações, que visem uma melhor orientação no
que diz respeito à utilização das plantas medicinais. Além disso, durante o processo de pesquisa de
campo, os entrevistados fizeram algumas reivindicações, tais como o apoio de um profissional da saúde
capacitado, a fim de orientar a comunidade em relação ao uso e a dosagem das plantas medicinais e em
relação às plantas antiofídicas para atendimento de emergência. A comunidade não possui conhecimento
dessas plantas e sofre com a ocorrência de acidentes ofídicos, principalmente com crianças.

Uma maior interação entre os conhecimentos de um profissional da saúde capacitado, juntamente aos
conhecimentos da população local, poderia levar a um máximo de aproveitamento em relação ao que o
material vegetal é capaz de oferecer, prevenindo também questões relativas à dose e tempo de tratamento

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com as plantas medicinais. Esta medida propiciaria melhoria da saúde através do uso de material de fácil
acesso à população, auxiliando a comunidade em relação às possíveis interações e toxicidade proveniente
do uso de altas concentrações, visto que esta já detém o conhecimento empírico. Desta forma, haveria
uma integração de conhecimentos e o resgate dos valores da cultura popular. Importante ressaltar que a
participação social é muito importante no resgate dessa cultura, pois só o respeito ao conhecimento e a
sua valorização poderá manter vivo o conhecimento através das gerações.

Conclusões
Através deste estudo foi possível repertoriar as espécies medicinais de maior importância para a
comunidade do REBIO do Tinguá. A análise das informações obtidas permitiu verificar que o uso
popular das espécies está de acordo com a literatura. Diversos estudos já comprovam a presença de
metabólitos secundários potencialmente terapêuticos nas plantas citadas, o que nos leva a sugerir que
estas substâncias possam estar relacionadas, de maneira benéfica, com o uso popular das espécies
vegetais pela comunidade. Este é o primeiro relato de levantamento botânico, relacionando aspectos
químicos e farmacológicos, realizado em uma comunidade que vive no entorno da região desta Reserva
biológica.

Agradecimentos
À comunidade visitada durante o projeto e a todos os entrevistados por suas sábias informações; à
entidade ambientalista Onda Verde por sua colaboração durante as pesquisas de campo; à raizeira
Luciene Alves Santos de Jesus pelo apoio e dedicação durante o projeto; ao raizeiro Dionísio Brives de
Carvalho pela colaboração como guia da localidade; à CAPES pelo suporte financeiro.

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